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segunda-feira, 18 de agosto de 2025

REMORSO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Convivendo com o infortúnio de encarnados e desencarnados por muitas décadas, o médium Chico Xavier comentou que “tudo passa, mas o remorso faz com que o tempo pare dentro da gente. O relógio não espera ninguém, mas a consciência culpada se recusa a avançar”. O caso seguinte comprova esta afirmação. Começa com uma manifestação psicofônica havida ao final da reunião de 13 de maio de 1954, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Usando a mediunidade de Chico, comunicou-se um Espírito identificado apenas pelas iniciais J.P. que, curiosamente, ligava-se a uma das integrantes do grupo ali presente, a qual, meses antes da mensagem, revelava todos os sintomas de uma gravidez aparente e dolorosa, tendo sido tratada espontaneamente em várias reuniões sucessivas por um dos Benfeitores Espirituais que, carinhosamente, a libertou, através de passes magnéticos, das estranhas impressões de que se via possuída. Com grande surpresa para todos, soube-se que o Espírito J.P., era o candidato ao renascimento que não chegou a positivar-se. A história de J.P. talvez possa ser iniciada pela noite/madrugada de março de 1866, após o mesmo ter retornado de uma reunião de que participara na Câmara Municipal de Vassouras (MG), a convite de amigo pessoal para tratar de assunto que lhe era inteiramente desagradável: “a adoção de medidas compatíveis com a campanha abolicionista, então na culminância”. Admitindo que o negro havia nascido para o eito, não cogitando de concessões nem transações, apoiado  por outros que lhe partilhavam das opiniões, viu sua causa vencedora, em meio a acalorados debates. Retornando à sua propriedade, todavia, tomou conhecimento que a inspiração da providencia sugerida partira inicialmente de um dos servos de sua casa, Ricardo, a quem presumia dedicar sua melhor afeição. A ele se ligara desde pequeno por profunda simpatia por sua inteligência invulgar, propiciando-lhe condições de uma formação esmerada que o tornara hábil tradutor do francês. Afeiçoado ao rapaz, tornara-o companheiro, confidente, amigo, tudo, reconhecia hoje, por implacável egoísmo, por admirar-lhe as qualidades inatas, aproveitando-lhe o concurso, como quem se reconhece dono de uma animal raro, querendo-o como se não passasse de mera propriedade sua. Enraivecido, disposto a castiga-lo apesar do horário, determinou sua imediata prisão, contra a qual não houve nenhuma resistência e, após interrogatório encarado com calma, resignação e bondade, que só fez atiçar a ira do que se julgava seu senhor, ordenou que a prisão no tronco fosse transformada em suplício comandado através de gritos, para que sua gente por meio de violentas pancadas, dilacerassem o dorso nu de Ricardo que, apesar do jorro abundante de sangue, mergulhara em lacrimoso silêncio. À face daquela resistência tranquila, induziu o capataz a massacrar-lhe mãos e pés, recomendação imediatamente cumprida, após o que os grilhões foram dasatados. Recorda J.R., que “aquele homem, que parecia guardar no peito um coração diferente, ainda teve forças para arrastar-se, nas vascas da morte e, endereçando-me inesquecível olhar, inclinou-se à maneira de um cão agonizante e beijou-me os pés”... Acrescenta “não haver quem possa compreender o martírio de um Espírito que abandona a Terra, não posição em que deixei. Um pelourinho de brasas que me retivesse por mil anos sucessivos talvez me fizesse sofrer menos, pois desde aquele instante a existência se me tornou insuportável e odiosa”. Sem noção de tempo, em dado instante, na treva em que se debatia, a voz de Ricardo se fez ouvir aos seus pés: -Meu filho!..Meu filho!...Conta que “num prodígio de memória, em vago relâmpago na escuridão de minh’alma, recordei cenas que haviam ficado a distância, quadros que a carne da Terra havia conseguido transitoriamente apagar. Com emoção indizível, vi-me de novo nos braços de Ricardo, nele identificando meu próprio pai, meu próprio pai que algemara cruelmente ao poste de martírio e a cuja flagelação eu assistira, insensível, até ao fim... Não posso entender os sentimentos contraditórios que então me dominaram... Envergonhado, em vão tentei fugir de mim mesmo. Em desabalada carreira, desprendi-me dos braços carinhosos que me enlaçavam e busquei a sombra, qual o morcego que se compraz tão somente com a noite, a fim de chorar o remorso que meu pai, meu amigo, meu escravo e minha vítima não poderia compreender. No entanto, como se a Justiça, naquele momento, houvesse acabado de lavrar contra mim a merecida sentença condenatória, após tantos anos de inquietação, reconheci, assombrado, que meus pés e minhas mãos estavam retorcidos. Procurei levantar-me e não consegui. A Justiça vencera”. O testemunho de J.R. prossegue, narrando outras desventuras que experimentou a partir daquele dia, provocadas por cativos que lhe conheceram a truculência, até que, décadas depois, no calendário de nossa Dimensão, começasse a ser preparado para nova reencarnação a se efetivar em breve, possibilitando-lhe expiar o tenebroso e triste passado.



 Eu gostaria de saber o seguinte:  segundo a Doutrina Espírita, quase todas as pessoas são obsedadas. No entanto, quem vai ao centro espírita são muito poucas pessoas em relação à população total do planeta. Como fazem essas pessoas, que não sabem e nem acreditam em obsessores, para se curar da obsessão? ( Márcia Elisa Tenório, Marília)

 Primeiramente,  Márcia, vamos conceituar bem o que é obsessão, do ponto de vista espírita. Na verdade, todos nós, invariavelmente, devido à nossa condição espiritual ainda muito comprometida com o egoísmo, estamos sujeitos a influência de Espíritos mal-intencionados, da mesma forma que estamos sujeitos ao assédio de pessoas encarnadas que não nos querem bem ou que pretendem nos causar algum mal. A obsessão, segundo Kardec, se deve à nossa imperfeição moral, do mesmo modo que a doença do corpo se deve à nossa imperfeição física.

 Assim, qualquer pessoa está mais ou menos exposta a influências nocivas de Espíritos adversários através do pensamento, mas, no fundo, é ela própria quem oferece essas condições. É claro que não devemos esquecer que temos também os nossos protetores, mas que sua ação é limitada, quando não damos ensejo para nos ajudarem. Desse modo, quando não guarnecemos suficientemente a nossa casa, o ladrão entra com facilidade. Assim a obsessão; quando não pautamos por uma vida reta e equilibrada do ponto de vista moral, damos ensejo à intromissão de malfeitores desencarnados.

 Kardec não diz que a cura da obsessão só acontece no Espiritismo. Pelo contrário, ele afirma, no último capítulo d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, que, na maior parte das vezes, essa cura se dá pela simples mudança de comportamento do obsedado, sem que haja necessidade de intervenção de terceiros. Mas, quando em estágio mais avançado, ela pode ser ajudada também por intervenção de psicólogos, de médicos, pessoas amigas e das diversas religiões, quando essa intervenção contribui para o equilíbrio espiritual do paciente.

  Devemos compreender também, que nem todos os processos obsessivos são ostensivos ou violentos. Na maioria das vezes, a obsessão se caracteriza por um tipo velado de condução da pessoa por parte de alguma entidade espiritual.  Ela mesma nem percebe que está a serviço de uma entidade mal-intencionada. Esse tipo de envolvimento é muito comum entre as pessoas que se deixam levar pela desonestidade, pela corrupção ou por outra má conduta. Nesses casos, os obsessores são seus parceiros e atuam no sentido de mantê-la nesse perigoso caminho.

 Já as pessoas, que chegam ao centro, são um grupo muito reduzido, que vem por indicação de outras ou mesmo por convencimento de que algo está errado com sua vida espiritual e precisa mudar. Assim, em geral, as pessoas em qualquer parte do mundo – ou permanece indefinidamente sob uma ação disfarçada de Espíritos habilidosos para o resto da vida, ou cai em malhas inextrincáveis de desequilíbrio, tendo de recorrer constantemente a terapias psiquiátricas e psicológicas para manter o mínimo de controle de suas emoções.


 

 

 

 

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