Muito se cita o Carma para justificar ocorrências que fazem no mundo de hoje, questionar-se a existência de Deus. Sua concepção, ao que tudo indica, irradiou-se pelo mundo, a partir dos princípios religiosos introduzidos no nosso Planeta, pelo grupo de Espíritos exilados de Capela reencarnados na região conhecida como Índia. Ao menos é o que revela Espírito Emmanuel, através de Chico Xavier, na obra A CAMINHO DA LUZ. A ideia sofreu ao longo das civilizações deformações, deturpações, até que no lado Ocidental da Terra, foi sendo progressivamente esquecida com o apagar doutro princípio, o da reencarnação, a partir das lamentáveis decisões do Segundo Concílio de Constantinopla, promovido pelo Imperador Justiniano, em 553 DC. Praticamente treze séculos e inúmeras gerações, distanciaram as criaturas humanas da responsabilidade de viver, infundida com as perspectivas do inevitável encontro consigo mesmas e da reparação dos estragos cometidos nos diferentes caminhos da evolução. Coube ao Espiritismo ressuscitar ambas, dentro das exigências de uma Humanidade ávida por respostas sobre porque existimos e sofremos. As pesquisas conduzidas por Allan Kardec nas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, desde abril de 1858, resultaram em expressiva coleta de dados, obtidos através de inúmeros entrevistados que se manifestaram por diversos médiuns, sendo muitos desses depoimentos reproduzidos na REVISTA ESPÍRITA, publicada sob a direção do Codificador de janeiro de 1858 a março de 1869. Tal material serviu também para que os aterrorizantes conceitos da morte pudessem ser reformulados objetivamente a partir dos exemplos contidos n’ O CÉU E O INFERNO segundo o Espiritismo. Nele, entra-se em contato com interessantes relatos de personalidades evocadas por Kardec, testemunhando as sensações, impressões e realidades registradas por eles na transição desta para outra dimensão. Analisando-os, o Codificador enumerou 32 artigos do que ele chama de Código Penal da Vida Futura, reproduzido no capítulo 7, da Primeira Parte do livro citado. Mostram por variados ângulos a Lei implícita na afirmação “a cada um segundo as suas obras”. A vida mostra-se como uma única realidade, apesar de desenvolver-se em duas dimensões. Toma-se conhecimento, através desse conteúdo, que as leis espirituais que controlam o indivíduo aplicam-se à família, à nação, às raças, ao conjunto de habitantes dos mundos, os quais formam individualidades coletivas. As faltas do indivíduo, as da família, as da nação, qualquer seja o seu caráter, se expiam em virtude da mesma Lei. Comentando o aspecto, Kardec considera que “a criatura renasce no mesmo meio, na mesma nação, na mesma raça, quer por simpatia, quer para continuar, com os elementos já elaborados, estudos começados, para se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos encetados e que a brevidade da vida não lhe permitiu acabar,(...) até que o progresso os haja completamente transformado”. Acrescenta que “não se pode duvidar haver famílias, cidades, nações, raças culpadas, porque, dominadas por instintos de orgulho, egoísmo, ambição, enveredam pelo caminho errado, fazendo coletivamente o que um indivíduo faz isoladamente. Uma família se enriquece a custa de outra; um povo subjuga outro povo, levando-lhe a desolação e a ruína; uma raça se esforça por aniquilar outra raça. Essa a razão por que há famílias, povos e raças sobre os quais desce a pena de Talião”. Identificando cinco exemplos de provas e expiações, individuais e coletivas, destacamos alguns do extraordinário acervo construído por Kardec ou pelo trabalho do médium Chico Xavier. Didaticamente os alinharemos mostrando o efeito e a correspondente causa determinante. CASO 1 – Efeito - Industrial, morto doze horas após explosão de caldeira em sua empresa, envolvendo seu corpo em verniz fervente nela contida. Socialmente queridíssimo pela postura pessoal, em toda sua cruel agonia, não se lhe ouviu um só gemido, uma só queixa, apesar das dores lancinantes resultantes das profundas queimaduras sofridas. Causa – Ação assumida 200 anos antes, quando, na condição de juiz e inquisidor italiano condenou a morrer queimados os envolvidos numa conspiração visando a politica clerical, entre os quais uma jovem entre 12 e 14 anos, contra a qual os executores se recusavam cumprir a sentença, tornando-se ele, além de juiz, o carrasco que ateou fogo na quase menina. CASO 2 – Efeito – Antonio B., escritor, morto repentinamente ( provavelmente um ataque cataléptico), teve seu corpo encontrado virado de bruços durante exumação feita 15 dias após o sepultamento, procedimento efetuado para que familiares recuperassem medalhão por acaso esquecido no caixão. Causa – Ação em vida anterior em que descoberta infidelidade da esposa, a enterrou viva num fosso. CASO 3 – Efeito - João Fausto Estuque, desencarnado em 16/10/1976, em acidente aéreo com avião de pequeno porte, na região de Votuporanga, SP. Causa – Ter sido protagonista 300 anos antes, em ações objetivando conquistar destaque nas posições da finança e do poder, que culminaram na morte de várias pessoas de vasta comunidade humana, precipitadas em penhascos, sem que seus delitos fossem descobertos ou punidos.
– Sei que o Espiritismo não admite
a ressurreição da carne. Mas, os evangelhos contam que Jesus ressuscitou ao
terceiro dia e se apresentou com seu corpo, tanto para as mulheres no tumulo,
como para seus discípulos algumas vezes. Um dos apóstolos, Tomé, não acreditou
senão quanto viu Jesus e pôs as mãos em suas feridas. Como se explica isso?
– Na antiguidade, a crença na ressurreição
não foi exclusiva do povo judeu, como muita gente supõe. A História nos informa
que essa crença nasceu na Pérsia, séculos antes de Cristo, com o Zoroastrismo, religião
que não só acreditava na ressurreição da carne, como também no fim do mundo e
no juízo final. Os judeus, que viveram muito tempo sob o domínio dos persas, acabaram
trazendo vários elementos do zoroastrismo para sua religião, absorvendo essa crença.
– Na Palestina, com exceção dos saduceus e de
grupos menores, todos acreditavam na imortalidade e na ressurreição ao tempo de
Jesus, tanto quanto no fim do mundo e no juízo final, quando todos seriam
ressuscitados. Entretanto, tais crenças
não existiam nesse povo antes do domínio persa. Não existiam, por exemplo, no
tempo de Abraão e de Moisés. Aliás, naquela época nem se cogitava da
sobrevivência da alma ou da vida após a morte. Basta examinar a Bíblia e consultar
a história, para ver como o pensamento religioso do povo hebreu veio se
transformando ao longo dos séculos, até Jesus.
– Quando Jesus se apresentou às mulheres e
depois aos apóstolos, após sua morte na cruz, ele vinha comprovar uma verdade que
sempre ensinara: que a vida não termina com a morte e que, portanto, toda sua
doutrina moral tinha razão de ser. Valia a pena amar e sofrer por amor ao
semelhante e até se sacrificar pelo ideal do bem, porque a vida não se resumia
numa só, mas teria continuidade após a morte.
- A
notícia das aparições de Jesus após a morte não só causou um grande espanto,
como se propagou logo, chegando aos ouvidos das dezenas de seus discípulos e
que haviam fugido de medo ante o espetáculo covarde e deprimente de sua
crucificação. Muitos dos que, abalados, já haviam perdido a crença em Jesus,
compreenderam que ele tinha razão, porque voltara da morte. Entenderam esse
fenômeno como a ressurreição de que ele própria falara. A palavra “ressurreição”
provém do verbo “ressuscitar”, que tem o sentido de “ressurgir “, ou seja,
surgir de novo, aparecer novamente.
– Mas, com exceção de alguns mais
observadores, a maioria tomou essa volta como “ressurreição do corpo que já
morrera ”, principalmente em razão do episódio de Tomé , que teve a
oportunidade, não só de ver Jesus, mas de tocar-lhe o corpo e sentir-lhes as
feridas. Para a Doutrina Espírita, o que aconteceu foi o que chamamos comumente
de “materialização do espírito”, um fenômeno muito conhecido nos meios
espíritas, e que se caracteriza pela aparição do desencarnado num corpo
aparentemente de carne mas que, na verdade, é constituído de uma matéria sutil
– o mesmo que o apóstolo Paulo chamou de “corpo espiritual”, em sua primeira
carta aos Coríntios.
- No conhecido episódio da transfiguração,
narrado por três evangelistas, você vai encontrar um fato inusitado. Moisés e
Elias aparecem ao lado de Jesus, sob a observação de Pedro, João e Tiago. Ora
esses personagens, que tinham vivido séculos antes de Jesus, ali estavam com
seus corpos espirituais, ou seja, ressuscitados.
– Mais tarde, Paulo, na carta citada, deixa
bem clara sua posição a respeito desse fenômeno, afirmando: ”Semeia-se o corpo
material, ressuscitará o corpo espiritual. Se há corpo material, há também
corpo espiritual”, conforme lemos no capítulo 15, versículo 44. Paulo, era um
homem culto no seu tempo e percebeu o verdadeiro sentido da ressurreição,
quando Jesus lhe apareceu subitamente, no Caminho de Damasco, concitando-o a
seguir e propagar sua doutrina.
– Se remontarmos aos fatos mediúnicos que
aconteceram no Monte Tabor, quando Jesus foi orar em companhia de alguns
apóstolos, vamos perceber que ali se materializaram dois Espíritos, Moisés e
Elias. Então, perguntamos se Moises e Elias não eram Espíritos
ressuscitados. Apenas que os judeus não
entendiam o fenômeno e julgavam, como muitos religiosos julgam ainda hoje, se
tratava de um milagre.
– Portanto, prezado ouvinte, o Espiritismo
não nega a “ressurreição” de Jesus, mas entende que ele voltou com seu corpo
espiritual, o corpo com o qual todos nós ressuscitaremos um dia, depois que
passarmos desta para a outra dimensão da vida. No Espiritismo, no entanto, a
esse corpo espiritual Kardec deu o nome de perispírito. Em sessões de
materialização, ele se torna tão sólido e palpável como o nosso corpo e, muitas
vezes, com detalhes mínimos de que o corpo físico era dotado. Desse modo,
podemos entender como Tomé pode tocar o corpo de Jesus.
– O tema, contudo, é complexo e teríamos
muito mais a falar, mas o tempo não nos permite, de modo que o convidamos a ler
alguma coisa nesse sentido em obras espíritas, que tratam das sessões de
materialização ou ectoplasmia. Há um livro muito especial sobre fenômenos dessa
natureza, intitulado “FATOS ESPÍRITAS”, autoria do eminente físico inglês,
William Crookes.
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