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domingo, 31 de março de 2024

FISIOGNOMONIA- ANÁLISE DE KARDEC; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Religioso, filósofo, poeta, entusiasta do magnetismo animal, Johan Gaspar Laváter (1741/1801), é considerado o fundador da Fisiognomonia, a arte de conhecer a personalidade das pessoas através dos traços fisionômicos, baseando-se no princípio incontestável de que é o pensamento que põe os órgãos em jogo, imprimindo aos músculos certos movimentos. No número de julho de 1860, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec analisa o tema. Diz ele: -“Estudando as relações entre os movimentos aparentes e o pensamento, dos movimentos vistos, podemos deduzir o pensamento, que não vemos. É assim que não nos enganaremos quanto à intenção de quem faz um gesto ameaçador ou amigável; que reconheceremos o modo de andar de um homem apressado e o do que não o é. De todos os músculos, os mais móveis são os da face; ali se refletem muitas vezes até os mais delicados matizes do pensamento. Eis por que, com razão, se diz que o rosto é o espelho da alma. Pela frequência de certas sensações, os músculos contraem o hábito dos movimentos correspondentes e acabam formando a ruga. A forma exterior se modifica, assim, pelas impressões da alma, de onde se segue que, dessa forma, algumas vezes se podem deduzir essas impressões, como do gesto podemos deduzir o pensamento. Tal é o princípio geral da arte ou, se se quiser, da ciência fisiognomônica. Este princípio é verdadeiro; não apenas se apoia sobre base racional, mas é confirmado pela observação.(...) Entre as relações fisiognomônicas, existe principalmente uma sobre a qual a imaginação muitas vezes se exerceu: é a semelhança de algumas pessoas com certos animais. Procuremos, então, buscar a causa. A semelhança física entre os parentes resulta da consanguinidade que transmite, de um a outro, partículas orgânicas semelhantes, porque o corpo procede do corpo. Mas não poderia vir ao pensamento de ninguém supor que aquele que se parece com um gato, por exemplo, tenha nas veias o sangue de gato. (...) Conforme os Espíritos, nenhum homem é a reencarnação do Espírito de um animal. Os instintos animais do homem decorrem da imperfeição de seu próprio Espírito, ainda não depurado e que, sob a influência da matéria, dá preponderância às necessidades físicas sobre as morais e sobre o senso moral, não ainda suficientemente desenvolvido. (...) Outra indução não menos errônea é tirada do princípio da pluralidade das existências. Da sua semelhança com certas personagens, algumas concluem que podem ter sido tais personagens. Ora, do que precede, é fácil demonstrar que aí existe apenas uma ideia quimérica. Como dissemos, as relações consanguíneas podem produzir uma similitude de formas, mas não é este aqui o caso, pois Esopo pode ter sido mais tarde um homem bonito e Sócrates um belo rapaz. Assim, quando não há filiação corporal, só haverá uma semelhança fortuita, porquanto não há nenhuma necessidade para o Espírito habitar corpos parecidos e, ao tomar um novo corpo, não traz nenhuma parcela do antigo. Entretanto, conforme o que dissemos acima, quanto ao caráter que as paixões podem imprimir aos traços, poder-se-ia pensar que, se um Espírito não progrediu sensivelmente e retorna com as mesmas inclinações, poderá trazer no rosto identidade de expressão. Isto é exato, mas seria no máximo um ar de família, e daí a uma semelhança real há muita distância. Aliás, este caso deve ser excepcional, pois é raro que o Espírito não venha em outra existência com disposições sensivelmente modificadas. Assim, dos sinais fisiognomônicos não se pode tirar absolutamente nenhum indício das existências anteriores. Só podemos encontrá-las no caráter moral, nas ideias instintivas e intuitivas, nas inclinações inatas, nas que não resultam da educação, assim como na natureza das expiações suportadas. 


Fui a uma igreja, e o pastor me disse que eu estava para sofrer um acidente, mas porque fui à igreja, Deus me livrou desse acidente. Confesso que não pude acreditar no que ele disse. Acho que ele me fez essa revelação para mostrar que tem poder. Depois disso, cheguei a conversar com uma amiga, que me orientou que ouvisse este programa. O que vocês pensam sobre isso? (Ouvinte anônima)


Nós achamos que você foi muito prudente, cara ouvinte. E, além disso, revela uma grande capacidade de controle emocional. Muita gente, diante de uma “revelação” inesperada como essa, ficaria extremamente comovida e a emoção, quando fragilizada, bloqueia o raciocínio e aceita tudo como verdade. Portanto, seu desempenho foi de muito equilíbrio, ainda mais que, depois do fato, você ainda discutiu essa situação com pessoas de sua confiança, procurando ouvir outras opiniões a respeito.


Infelizmente, hoje em dia, há muita gente, que usa o nome de Deus e até mesmo de Satanás, para envolver e impressionar pessoas emocionalmente fragilizadas. Qualquer um de nós - você ou eu - quando estamos passando por uma situação difícil na vida, por um problema que nos pareça impossível resolver, ficamos emocionalmente fracos e impressionáveis e, é nessas ocasiões, em que devemos tomar cuidado para não nos deixarmos levar facilmente por aqueles, que querem tirar uma vantagem da nossa condição.


Precisamos, acima tudo, cultivar a fé em Deus, mas conceber Deus não como uma propriedade exclusiva desta ou daquela religião, desta ou daquela igreja, - que estaria comprometido com interesses particulares para favorecer unicamente alguns poucos escolhidos e privilegiados. Imaginar que Deus esteja confinado a uma crença particular é desmerecer a sua grandeza e a sua bondade. Deus é deus de toda a humanidade, dos homens e mulheres de todas as crenças e também daqueles que não professam religião alguma.


É muito natural que, diante de uma situação difícil, procuremos Deus nas igrejas. Não temos nada contra isso. Pelo contrário; muitas vezes, só lembramos de Deus na hora da dificuldade. Muitas vezes, é diante do sofrimento que acordamos para as leis da vida. Mas, precisamos nos conscientizar que, mais do que procurar Deus neste ou naquele templo, é necessário que vivamos Deus em nosso coração – ou seja, em nossos sentimentos do dia-a-dia, na convivência com as pessoas que nos cercam, no trabalho, nas obrigações comuns da vida e no trato com todos, sejam quem forem.


Por outro lado, precisamos ter muito cuidado com as chamadas “revelações divinas”. Em todos os meios há pessoas bem intencionadas e verdadeiramente cristãs, que podem ser facilmente reconhecidas. Mas isso não impede que haja também quem explore a boa fé do povo, até mesmo em nome do Espiritismo. No evangelho encontramos Jesus se referindo ao que ele chamou de “falsos profetas”- que já existiam no seu tempo – e continuam existindo até hoje, em qualquer religião. A esse respeito, ele recomendou examinássemos a árvore, dizendo que a boa árvore dá bons frutos e a má árvore dá maus frutos.


Conhece-se a boa árvore pelo bem que ela faz, pela fome que sacia, pelas lágrimas que seca. Conhece-se o homem de bem pela sua conduta, pelo seu caráter, pelo modo de conviver, pela sua sensibilidade às necessidades e sofrimento do próximo. Pergunte numa comunidade quem é homem de bem e todo mundo apontará. O homem de bem é sempre pessoa que se coloca do lado do amor, da justiça e da caridade; que é capaz de atos de generosidade para com todos indistintamente, independente de estar atendendo alguém da sua crença ou não. O homem de bem é afável, generoso, compreensivo, e é por isso que ele impõe respeito e admiração; não por causa de seu título ou do cargo que ocupa.


O homem de bem atende a quem necessita, sem exigir recompensa, nem mesmo reconhecimento ou gratidão. Não pergunta ao necessitado qual a sua religião e tampouco dele exige que ele mude de religião, apenas para atender a seu interesse. Não impõe condições. Ele faz como o samaritano da parábola: atende ao desconhecido, sem questionar sua vida..


Ele não intimida com ameaças, nem seduz com falsas promessas. Não exalta as próprias qualidades e nem quer parecer superior a ninguém, tampouco se diz detentor de algum privilégio diante de Deus. Não fere com palavras e nem suscita medo ou insegurança em quem o procura. Esforça-se por fazer como Jesus, amar a todos, aconselhar, orientar, mas jamais exigir fidelidade, pois ele sabe que devemos amar incondicionalmente, até mesmo os inimigos. As qualidades de um homem de bem você pode encontrar n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO de Allan Kardec.


sábado, 30 de março de 2024

CHICO XAVIER E AS MENSAGENS EM OUTROS IDIOMAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Allan Kardec, desenvolvendo uma classificação inicial da variedade dos médiuns escreventes no excelente compêndio intitulado O LIVRO DOS MÉDIUNS, chamou de médium poliglota, “o que tem a faculdade de falar ou escrever em línguas que não conhecem”, acrescentando, contudo, serem “muito raros”. Uma dentre as hipóteses alinhadas na referida compilação é que o fenômeno só seria possível pela existência, no inconsciente da individualidade de registros arquivados em encarnações em que se serviu desse idioma para se expressar e comunicar na região, raça ou pátria em que renascera. Chico Xavier, entre as múltiplas formas em que sua mediunidade foi utilizada foi para a recepção de mensagens, está a em outros idiomas. Vários, em sua longa jornada a serviço dos Espíritos. Sabe-se que Chico não teve formação além do antigo primário, tendo repetido duas vezes a quarta série, O primeiro a fazer referências a esse tipo de mensagem foi o repórter Clementino de Alencar, enviado especial do jornal O Globo, para investigar Chico Xavier, a origem dos escritos pós-morte do escritor Humberto de Campos e dos vários poetas do PARNASO DE ALEM TÚMULO. Surpreso com o que encontrou - um jovem humilde, pobre, cultura incipiente -, permaneceu em Pedro Leopoldo, MG, por dois meses testando o objeto de sua pesquisa, obtendo da Espiritualidade inúmeras demonstrações de sua ação junto ao médium. Um dos fatos que o surpreendeu foram relatos que davam conta da recepção por ele de mensagens em inglês e italiano, cujo aprendizado, à época, somente era acessível nos grandes centros. E Chico, pelos rudes labores e carga de trabalho remunerado na venda do “seu” Zé Felizardo, não permitiam tais “luxos”. Numa de suas matérias, de doze de maio de 1935 – Chico contava 25 anos de idade -, Alencar faz referências a algumas dirigidas em inglês ao doutor Romulo Joviano. Formara-se ele em Zootecnia pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, sendo seu autor Alexander Seggie, colega de estudos e amigo íntimo durante os anos de formação, desencarnado na França, durante a Primeira Guerra Mundial. Nas referidas páginas, Alexander, cuja existência o jovem médium ignorava, referia-se ao amigo, num trocadilho, “Jove”,alusão ao sobrenome Joviano. Ainda no texto enviado ao diário carioca, o repórter reproduz mensagem recebida na reunião de 23 de novembro de 1933, assinada por Emmanuel escrita em ingles com as letras enfileiradas ao inverso. Ao reescrevê-la no sentido correto, o destinatário, profundo conhecedor do inglês, identificou um erro na colocação de um artigo e um pronome. Resolve, em inglês, interpelar Emmanuel, recebendo dele extensa resposta no mesmo idioma, entre outras coisas desculpando-se pelos erros cometidos, dizendo-se, apenas um aluno inábil e não um mestre na utilização da língua. Alencar inclui ainda uma mensagem em italiano, grafada da mesma maneira curiosa que a precedente. Objetivando testar se por trás daquele jovem ingênuo havia algo mais, quando solicitado a encerrar aqueles dois meses de experiência, formulou quatro perguntas em inglês, a última das quais mentalmente, obtendo dezoito linhas de resposta a esta, também em inglês. Mais ou menos na mesma época, o médium psicografou mensagem em inglês ao Consul da Inglaterra, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Senhor Harold Walter. Anos depois, presente à solenidade levada a efeito no Teatro Municipal de São Paulo, Chico psicografaria perante numeroso público, entre outras, uma mensagem/ saudação de Emmanuel aos presentes, em inglês, escrita de trás para frente, a chamada especular, somente possível de ser lida diante de um espelho. Testemunha de muitos desses momentos, o doutor Rômulo Joviano, contou ao amigo Clóvis Tavares que, por força do trabalho, “em visita, certa vez, a uma fazenda do Doutor Louis Ensch, engenheiro luxemburguês, fundador da Usina de Monlevade da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, em Monlevade, MG, Chico recebeu mensagem, endereçada ao mesmo, em idioma luxemburguês. Maravilhado, o destinatário declarou que as páginas foram escritas no melhor estilo da língua nacional de sua pátria, o Grão Ducado de Luxemburgo”. Noutra ocasião, em visita a uma parenta sua residente em Barbacena, MG, a escritora Maria Lacerda de Moura, assistindo uma reunião de estudos orientalistas, após esta ter escrito no quadro-negro algumas palavras em português, possivelmente um “mantra”, para meditação dos presentes, “Chico recebe, através da psicofonia sonambúlica, uma mensagem em idioma hindu, havendo a entidade comunicante, conduzido o médium até o mesmo quadro-negro, traçando diversas expressões ininteligíveis para os presentes, posteriormente reconhecidas como mantras grafados em caracteres sânscritos”. Inúmeras mensagens particulares foram recebidas ao longo dos anos, em vários idiomas, que o médium também ignorava completamente: alemão, árabe e grego. Perderam-se, no entanto, pelo seu caráter estritamente pessoal dos destinatários.


Ouvi dizer que já tivemos perto de 7 mil encarnações na Terra. Se a gente considerar quanto tempo leva o Espírito para reencarnar e quanto tempo vive neste mundo para, depois, voltar para o outro, quantos anos temos então? (K.F.M.)


Na condição espiritual, em que nos encontramos hoje, impossível estimar o número de encarnações que já tivemos, até porque o Espírito tem uma história tão longa, que remonta aos tempos em que ainda não era sequer um ser humano. Acreditamos na Lei de Evolução, que os Espíritos foram criados simples e ignorantes, ou seja, na sua condição mais primitiva, mas com capacidade de se aperfeiçoar.


Naturalmente, quem fala em 7 mil encarnações, deve estar se referindo ao Espírito, a partir de sua fase de humanidade. Mesmo assim, não dá para precisar. Tudo leva a crer que as encarnações do homem primitivo - o homem pré-histórico - eram geralmente muito rápidas, por causa das condições desfavoráveis que enfrentava neste planeta: ambiente inóspito, ataque de animais, doenças epidêmicas e as intempéries da natureza. A grande maioria dos Espíritos reencarnava e desencarnava em seguida, verificando-se elevado numero de abortos, mortes prematuras de bebês e de crianças.


Com os conhecimentos científicos de hoje, dá para avaliar a trajetória difícil que a humanidade veio fazendo ao longo dos milênios. E, por tais conhecimentos, concluir que toda essa trajetória de dificuldade nada mais foi do que uma experiência necessária para que o Espírito viesse construindo seu próprio caminho em busca de uma condição espiritual cada vez melhor, o que está acontecendo neste momento. Ao lado da evolução do corpo, houve a evolução do Espírito, ambos se adequando a novas necessidades e aspirações.


O importante é saber que hoje – depois de cerca de 10 mil anos de civilização – estamos adentrando um período de grandes e profundas mudanças, que deve direcionar a humanidade para uma etapa nova de seu desenvolvimento. Já não somos mais Espíritos primitivos, já superamos a fase da completa ignorância e já podemos ter aspirações para um futuro de paz e amor, o que nos faz capazes de lutar por esse ideal.


Sem arriscar qualquer número, no entanto, André Luiz, no livro EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS – pela psicografia de Chico Xavier - conta a trajetória do Espírito desde o início da vida na Terra. Indicamos este livro para sua consulta: EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, André Luiz.


sexta-feira, 29 de março de 2024

O QUE ENSINA O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O ESPIRITISMO

 

Em sua REVISTA ESPIRITA de agosto de 1865, Allan Kardec inicia a pauta com um artigo intitulado O QUE ENSINA O ESPIRITISMO, respondendo às pessoas que perguntam quais as conquistas novas que devemos ao Espiritismo. Num trecho de seus comentários, diz que “é incontestável que o Espiritismo ainda tem muito a nos ensinar. É o que não temos cessado de repetir, pois jamais pretendemos que ele tenha dito a última palavra”. Em outro, que “para alcançar a felicidade, Deus não pergunta o que se sabe, nem o que se possui, mas o que se vale e o bem que se terá feito. É, pois, no seu melhoramento individual que todo espírita sensato deve trabalhar, antes de tudo. Só aquele que dominou suas más inclinações aproveitou realmente o Espiritismo e receberá sua recompensa”. Alinha 10 argumentos, demonstrando a lógica de seus raciocínios: 1 – Inicialmente, ele dá, como sabem todos, a prova patente da existência e da imortalidade da alma. É verdade que não é uma descoberta, mas é por falta de provas sobre este ponto que há tantos incrédulos ou indiferentes quanto ao futuro; é provando o que não passava de teoria que ele triunfa sobre o materialismo e evita as funestas consequências deste sobre a sociedade. Tendo mudado em certeza a dúvida sobre o futuro, é toda uma revolução nas ideias, cujas consequências são incalculáveis. Se aí, se limitassem os resultados das manifestações, esses resultados seriam imensos. 2 – Pela firme crença que desenvolve, exerce uma ação poderosa sobre o moral do homem; leva-o ao Bem, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nas provações da vida e o desvia do pensamento do suicídio. 3 – Retifica todas as ideias falsas que se tivessem sobre o futuro da alma, sobre o céu, o inferno, as penas e as recompensas; destrói radicalmente, pela irresistível lógica dos fatos, os dogmas das penas eternas e dos demônios; numa palavra, descobre-nos a vida futura e nô-lo mostra racional e conforme à justiça de Deus. É ainda uma coisa de muito valor. 4 – Dá a conhecer o que se passa no momento da morte; este fenômeno, até hoje insondável, não mais tem mistérios; as menores particularidades dessa passagem tão temida são hoje conhecidas; ora, como todo mundo morre, tal conhecimento interessa a todo mundo. 5 – Pela Lei da Pluralidade das existências, abre um novo campo à filosofia; o homem sabe de onde vem, para onde vai; com que objetivo está na Terra. Explica a causa de todas as misérias humanas, de todas as desigualdades sociais; dá as mesmas leis da natureza para base dos princípios de solidariedade universal, de fraternidade, de igualdade e de liberdade, que só se assentavam na teoria. Enfim, lança a luz sobre as questões mais complexas da metafísica, da psicologia e da moral. 6 – Pela teoria dos fluidos perispirituais, dá a conhecer o mecanismo das sensações e das percepções da alma; explica os fenômenos da dupla vista, da visão à distância, do sonambulismo, do êxtase, dos sonhos, das visões, das aparições, etc; abre um novo campo à Fisiologia e à Patologia. 7 – Provando as relações existentes entre os mundos corporal e espiritual, mostra neste último uma das forças ativas da natureza, um poder inteligente e dá a razão de uma porção de efeitos atribuídos a causas sobrenaturais, e que alimentaram a maioria das ideias supersticiosas. 8 – Revelando o fato das obsessões, faz conhecer a causa, até aqui desconhecida, de numerosas afecções, sobre as quais a ciência se havia equivocado, em detrimento dos doentes, e dá os meios de os curar. 9 – Dando-nos a conhecer as verdadeiras condições da prece e seu modo de ação; revelando-nos a influência recíproca dos Espíritos encarnados e desencarnados, ensina-nos o poder do homem sobre os Espíritos imperfeitos para os moralizar e os arrancar aos sofrimentos inerentes à sua inferioridade. 10Dando a conhecer a magnetização espiritual, que era desconhecida, abre ao magnetismo uma via nova e lhe trás um novo e poderoso elemento de cura. Conclui, por fim, que “o Espiritismo deu sucessivamente e em alguns anos todas as bases fundamentais do novo edifício. Cabe agora a seus adeptos por em obra esses materiais, antes de pedir novos. Deus saberá bem lhes fornecer, quando tiverem completado sua tarefa”.




Se nós já tivemos outras encarnações, por que não lembramos dessas vidas? (Heraldo Coelho – e-mail)


Há várias razões para isso Heraldo. A primeira, de ordem filosófica, baseia-se no fato de que lembrar desse passado pode prejudicar o presente, ou seja, pode trazer transtornos psicológicos para o espírito, que está tentando reerguer-se nesta nova encarnação. O passado, quase sempre, envolve cometimentos graves e sofrimentos que não merecem ser lembrados, sob pena de comprometer os planos da vida atual. O rompimento com o passado, na maioria das vezes, é a melhor forma de começar uma vida nova.


Quando o passado distante está marcado por condutas delituosas graves – casos em que o individuo praticou violência contra os outros - é natural que, com o passar do tempo, tomando consciência da gravidade do mal que cometeu, esse Espírito venha a desenvolver um sentimento de culpa, um espécie de remorso, que pode levá-lo a atitudes de punição contra si mesmo. Lembrar do passado, manchado de cruéis delitos, é entrar em conflito com a própria consciência moral que está em crescimento, e até decidir pela autodestruição, ou seja, pelo suicídio, o que certamente cria um grave transtorno no seu processo evolutivo.


Por outro lado, quando o Espírito foi vítima da violência e da crueldade de outros, ele pode reencontrar, na nova encarnação, com seus algozes, até mesmo no seio da própria família. Imagine, por exemplo, um individuo que na vida anterior foi assassinado pelo Espírito que, agora, é seu pai, o qual veio justamente nesta encarnação para reparar o mal que lhe praticou - tendo-o como filho querido, a quem dedica proteção. Se esse filho lembrasse do mal que sofreu, com certeza, não teria condições de ter contato com seu pai, em hipótese alguma – talvez dominado pelo medo, talvez pelo ódio e pela revolta.


Desse modo, o papel do esquecimento, Heraldo, é fundamental para a continuidade da vida e para o longo processo de evolução, que se dá através das reencarnações. Quando Jesus, no evangelho, recomenda a reconciliação com o adversário e o amor aos inimigos, é nesse sentido, pois, de encarnação em encarnação, vamos tendo a oportunidade de nos reaproximar daqueles que rejeitamos. Novas experiências, novas oportunidades de convivência, em situações diferentes, fazem com que espíritos inimigos aprendam a se amar. É assim que a Lei de Deus funciona, aperfeiçoando cada um no caminho da perfeição.


Por outro lado, do ponto de vista científico, podemos explicar esse esquecimento pelo fato de que, em cada encarnação, o Espírito tem um novo cérebro, que só vai ser utilizado com as impressões que recebe das experiências desta encarnação. Não há passado para esse cérebro, porque ele não existiu antes. Mas para o Espírito, sim, pois ele guarda na sua memória profunda, no inconsciente de seu perispírito as informações do passado, que geralmente não afloram à mente, a não ser em casos muito excepcionais.

quinta-feira, 28 de março de 2024

FUNÇÃO NOBRE DA MEDIUNIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Quando Allan Kardec escreveu n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS que a “mediunidade é inerente ao homem, podendo dizer-se que todo mundo é, mais ou menos, médium” e, que a “faculdade propriamente dita é orgânica”, ainda não se tinha no Mundo Ocidental associado a mesma à glândula pineal ou epífise. Escolas religiosas da Antiguidade, contudo, já dominavam tal conhecimento e o próprio filósofo e matemático René Descartes a considerava a sede da alma. Kardec foi além, escrevendo que “o médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos”, diante da quantidade espantosa de informações vertidas do Plano Espiritual abrindo caminho para uma compreensão mais precisa sobre a razão de ser e existir. O tempo foi consagrando o acerto de suas afirmações com os Espíritos do Senhor fomentando o surgimento de inúmeras alternativas para o acesso das criaturas humanas aos princípios da Verdade concernente à sua própria imortalidade. Múltiplas formas de manifestação por sinal classificadas previamente pelo erudito pesquisador foram despertando consciências ao redor do Planeta em que vivemos. No Brasil, o caso Chico Xavier, especialmente, nas três últimas décadas de sua tarefa, constitui-se em importante e segura fonte de pesquisa. Sobre essa fase, afirmou que “como médium, essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na Terra foi o que sempre mais me gratificou”, pois, “não existe sofrimento maior do que a dor de perder um filho”. Acrescentou outra ocasião que “os Espíritos ainda não encontraram uma palavra para definir a dor de um coração de mãe quando perde um filho”. E esse conforto em grande parte deve-se à mediunidade que interliga diferentes Dimensões existenciais. Prova disso é o trabalho do também médium norte-americano James Van Praagh, autor do livro autobiográfico CONVERSANDO COM OS ESPÍRITOS (salamandra,1998). Convivendo com a paranormalidade desde a infância sem que compreendesse bem suas percepções, já adulto acatou os conselhos de outro sensitivo, buscou instrumentalizar-se de conhecimentos e pôs-se a trabalhar para a Espiritualidade, oferecendo conforto e esperança para pessoas que o procuraram na expectativa – apesar do ceticismo da maioria - de obter algum tipo de informação sobre os porquês da dura separação nunca cogitada nesse mundo em que o materialismo ofusca qualquer possibilidade de atentar-se para outros aspectos da vida. James em seu livro generosamente repassa sua visão pessoal dessa realidade, fundamentando-se não só nas pesquisas que fez, mas também na experiência acumulada ao longo de vários anos de trabalho e convivência com a dor alheia. Exemplificando suas opiniões com casos atendidos, esclarece o pós-morte no caso de transições trágicas, acidentes fatais, AIDS, suicídio, descrevendo o clima de intensa emoção quando de reencontro dos que se amam. Apesar das diferenças culturais e o “modus operandi” fundamentalmente diferente do observado através de Chico Xavier, os resultados surtem o mesmo efeito: aplacam as dores da alma. Pena que poucos médiuns se interessam por se dedicar e aperfeiçoar nessa linha de trabalho. O próprio médium mineiro mostrou outro lado da questão em comentário feito ainda quando encarnado sobre a questão dizendo: -“Não entendo os nossos irmãos que combatem esse tipo de intercâmbio com o Mundo Espiritual. Eles se esquecem de que os que partiram também desejam o contato. O médium, sem dúvida, pode, em certas circunstancias rastrear o Espírito, mas, na maioria das vezes, é o Espírito que vem ao médium. O trabalho da Espiritualidade é intenso. Para que um filho desencarnado envie algumas palavras de conforto aos seus pais na Terra, muitos Espíritos se mobilizam. Isso não é uma evocação. Não raro são os próprios filhos desencarnados que atraem os seus pais aos Centros Espíritas: desejam dizer que não morreram, que continuam vivos na Outra Dimensão, que os amam e que haverão de amá-los sempre”. Falando de si remetendo-nos a uma reflexão, Chico conclui: -“Oro todos os dias pelas mães que perderam filhos, sobretudo em condições trágicas, como um assassinato, por exemplo. Deus há de se compadecer de todas elas!... Quando elas me procuram, é que verdadeiramente posso sentir a minha insignificância para consolar alguém”... Os “doutores da lei” continuam vigilantes e atuantes. Não percebem a importância da oferta desse serviço para a comunidade nem o quanto seria útil para a propagação da mensagem da imortalidade e das realidades que nos aguardam além dessa vida de onde a qualquer momento sairemos para a necessária avaliação do nível de aproveitamento da reencarnação provavelmente ansiosamente aguardada em algum lugar do passado recente ou remoto.




Diante do que vocês vem falando sobre adoração, eu pergunto: adorar a Deus não é uma necessidade? A adoração não torna o homem mais humilde, mais obediente e, portanto, mais cumpridor de seus deveres para com o próximo e para com Deus?


Conta o evangelho de João que, certo dia, Jesus se aproximou de uma mulher samaritana e passou a conversar com ela, inclusive falaram sobre o lugar ideal para se adorar a Deus: se no Templo de Jerusalém, como faziam os judeus, ou no Monte Garizim, como entendiam os samaritanos. Jesus, piorem, lhe disse, que chegaria o tempo em que o Pai seria adorado em Espírito e Verdade.


Adorar tem o sentido de prestar homenagem, cultuar, reverenciar, etc. A adoração em si, como tudo na vida, não é boa nem é má: ela depende do sentimento de quem a presta. Jesus falou sobre isso. Quando a adoração nasce de um sentimento puro, de intenções elevadas, com certeza, ela é boa e útil; mas quando é apenas uma dissimulação, uma forma de encobrir segundas intenções ou de aparecer diante dos outros, ou, ainda, quando é uma expressão de puro egoísmo, ela pode ser até mesmo nociva, prejudicial.


Em todas as épocas e em todos os povos, em todas as formas de manifestação religiosa que o mundo conheceu, sempre houve adoração. No passado remoto da humanidade, a adoração tinha outras características, de acordo com a cultura e as concepções de cada povo. Com o passar dos séculos, a adoração foi se amoldando às novas idéias e às novas aspirações da humanidade, de acordo com a lei de evolução. No tempo de Jesus, os judeus celebravam seus cultos no Templo de Jerusalém, os samaritanos no Monte Garizin.


Jesus, porém, entendia que a verdadeira adoração se faz em Espírito e
Verdade, ou seja, não é a prática exterior de que as pessoas de valem para demonstrar a sua fé. A prática exterior deve ser apenas a manifestação do verdadeiro sentimento das pessoas. Jesus entendia que fazer a vontade de Deus é, acima de tudo, praticar o bem, porque nossos atos revelam nossos sentimentos. Essa é a verdadeira adoração, porque também é a mais difícil. Ela se constitui no verdadeiro sacrifício.


No passado, sacrificavam-se os animais e, em alguns momentos, chegou-se a sacrificar até mesmo seres humanos, pois o homem acreditava que Deus se mostrava tanto mais reconhecido quanto maior fosse o sacrifício que se lhe oferecesse. Jesus veio abolir todas essas espécies de sacrifício de vidas, para demonstrar que o mais elevado é o sacrifício de nosso egoísmo, de nosso orgulho, e de tudo aquilo que prejudica o próximo, além de nos prejudicar a nós mesmos.


Não é difícil perceber essa mensagem nos evangelhos. Ela está muito clara para quem quiser ver. Tanto assim que Jesus criticou os fariseus – que eram os mais exímios adoradores – e, sempre que teve oportunidade, exaltou o samaritano, considerado herege pelos judeus. Ele colocou o amor acima de tudo, acima das próprias religiões, como uma virtude divina, que devemos aprender a cultivar no dia-a-dia de nossa vida, fazendo aos outros o que queremos que eles nos façam e não lhes fazendo o que não queremos que nos façam.


quarta-feira, 27 de março de 2024

ESPIRITISMO, HOMEOPATIA E INTERESSANTES REVELACÕES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Tão desdenhado pela comunidade científica do século 19 quanto o magnetismo e o Espiritismo, a Homeopatia encontrou entre os adeptos da proposta espírita, campo fértil para sua expansão – embora paulatina -, no século 20, agora, no 21. Na edição de agosto de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, no artigo de abertura daquele número, entre outras considerações Kardec afirma: -“Provando o poder de ação da matéria espiritualizada, a Homeopatia se liga ao papel importante que representa o períspirito em certas afecções; ataca o mal em sua própria fonte, que está fora do organismo, cuja alteração é apenas consecutiva. Tal a razão pela qual a Homeopatia triunfa numa porção de casos em que falha a Medicina ordinária: mais que esta, ela leva em conta o elemento espiritual, tão preponderante na economia, o que explica a facilidade com que os médicos homeopatas aceitam o Espiritismo e porque a maioria dos médicos espíritas pertencem à escola de Hahnemann”. Em março de 1867, analisando e discordando da possibilidade dos medicamentos Homeopáticos modificarem disposições morais, escreve: -“Os medicamentos homeopáticos, por sua natureza etérea, tem uma ação de certa forma molecular; sem contradita podem, mais que outros, agir sobre certas partes elementares e fluídicas dos órgãos e lhes modificar a constituição íntima (...). Não se pode agir sobre o Ser espiritual senão por meios espirituais (...). Nos embalaríamos em ilusões se esperássemos de uma medicação qualquer um resultado definitivo e durável”. No mesmo ano, em junho, retornaria ao tema, contestando comentário do médico Charles Grégory, dizendo: -“Os medicamentos homeopáticos podem ter uma ação sobre o moral, agindo sobre os órgãos de sua manifestação, o que pode ter sua utilidade em certos casos, mas não sobre o Espírito; que as qualidades boas ou más e as aptidões são inerentes ao grau de adiantamento ou de inferioridade do Espírito, e que não é com um medicamento qualquer que se pode fazê-lo avançar mais depressa, nem lhe dar as qualidades que não pode adquirir senão sucessivamente e pelo trabalho”. Mais de um século depois, o Espírito Carlos Eduardo Frankenfeld de Mendonça, desencarnado em 22 de novembro de 1980, na cidade de Niterói (RJ) revelaria aspectos interessantes envolvendo a Homeopatia. Carlos, um dos três filhos de um Engenheiro e de uma Médica, foi vitima de um ataque cardíaco durante a madrugada, enquanto dormia. Onze meses depois, confirmaria sua sobrevivência em emocionante carta psicografada por Chico Xavier, em Uberaba (MG). A partir daí, serviu-se do médium mineiro ao longo de toda a década de 80, fornecendo detalhes extremamente curiosos sobre suas atividades no Plano Espiritual. Uma delas motivou sua mãe a se especializar em Homeopatia para atender os necessitados assistidos pelo Grupo Espírita Regeneração ao qual ela e o marido serviam como voluntários desde antes da inesperada morte do filho. Uma delas relacionada à AIDS – Sindrome de Imunodeficiência Adquirida, contida na mensagem de 22 de junho de 1989, informa ter se filiado com o avô materno João Antonio, a uma escola de combate ao vírus psicogênico, estando na esperança de que muito em breve haverá recursos para a preparação da vacina adequada. A certa altura, poderá: -“Não sei se esse agente negativo foi produto do desequilíbrio dos pensamentos”. Noutra, recebida em 30 de novembro de 1989, relata: -“Quando possível, vou ao encontro da Mãezinha Edda, tomar informes sobre os que pedem auxílio na casa da “Regeneração”. Estas primeiras notas do dia seguem comigo para a sede de nossas atividades, que se acham sob a orientação e revisão de assessores do Dr Dias da Cruz, que se encarregam de visitar a moradia e ver as condições do enfermo que precisa ser medicado. Os membros da família são examinados e o ambiente doméstico é rigorosamente observado pelo colega que foi então designado para anotar os elementos de que o doente faz “inalação”. Se há entidades em processo obsessivo no lar visitado, esses Espíritos necessitados de luz espiritual são vistoriados e com esses ingredientes informativos, faz-se a ficha do irmão ou da irmã enferma, a fim de que qualquer irregularidade seja sanada. Se há obsessores no caso, a instituição do Dr Dias da Cruz já possui turmas de Entidades mais ou menos semelhantes a eles, para afastá-los da casa que está sendo socorrida. O tratamento do enfermo começa com a limpeza do ambiente em que o irmão doente se encontra e, só depois da residência libertada, os agentes medicamentosos da Homeopatia passam a funcionar. Se a moradia está excessivamente carregada de pensamentos infelizes, o tratamento é mais difícil e mais longo, entretanto, se o recinto doméstico se mostra limpo e isento de quaisquer influências nocivas, tratamento encontra facilidade para se revelar”. O rapaz que pela familiaridade e interesse nos assuntos relacionados à saúde mental e física sugere ter atuado nesse campo em outra vida, fornece muitos outros informes na obra PORTO DE ALEGRIA, publicado pelo IDE – Instituto de Difusão Espírita de Araras (SP).  



Eu gostaria de saber, no caso de uma pessoa que morre de repente, se ela vai levar um susto do lado de lá, quando encontrar cm parentes que já morreram antes dela. Como é que isso acontece? (Fátima – Vera Cruz)


Cada caso é um caso, Fátima. Realmente, pode acontecer essa situação a que você se refere e, se esse desencarne já era um fato previsto por esses familiares, é possível que eles compareçam para receber o ente querido que está desencarnando, e que este se assuste ante a sua presença, ao perceber que já partiu. As mortes repentinas não são confortáveis para os Espíritos em geral, do mesmo modo como elas causam um impacto emocional muito forte nos familiares que ficaram, surpreendidos pelo inesperado desenlace.


Contudo, não podemos generalizar, pois a forma como se dá a desencarnação depende muito mais das condições espirituais do desencarnante. Para uma pessoa de bons sentimentos e de boa conduta, que geralmente se encontra em paz de consciência, mesmo uma morte repentina – natural ou acidental – pode não ser tão traumática e, se acontece, em geral os benfeitores, que lhe prestam assistência ( inclusive familiares), procuram cercá-la de cuidados. Os Espíritos referem-se, geralmente, a um sono pesado que se segue à morte, até o individuo ter condições de tomar consciência do que lhe aconteceu.


Uma morte lenta – e, portanto, seguida de um desencarne lento – na maioria das vezes, é mais tranqüilo para o Espírito e não inspira maiores cuidados, embora mais sofrida para a família, até porque o Espírito, aos poucos, vai se inteirando do que está acontecendo e se preparando inconscientemente para o momento do desenlace. É um processo natural. Falamos, de uma maneira geral. Pessoas, que trazem consigo sérios conflitos de consciência, quase sempre, têm muito medo desse momento e podem se desesperar.


Em todos os casos, porém, o mais indicado é que a família reaja com certo equilíbrio diante do ente querido que está partindo. A inconformação e a revolta geram problemas para todos, inclusive para o Espírito, que acaba entrando no clima de desespero da família, passando a sofrer o impacto de violentas emoções. Os familiares, que se aproximam para receber o entende querido, são aqueles que reúnem boas condições espirituais e, ao contrário dos encarnados, geralmente estão felizes. No livro “OBREIROS DE VIDA ETERNA”, de André Luiz, há, pelo menos, cinco exemplos de desencarne, mostrando como se processa o desligamento do Espírito e o que acontece nos primeiros momentos após o desenlace.


terça-feira, 26 de março de 2024

NO MÍNIMO 50 HORAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Verdade ou mentira? Fantasia ou realidade? Uma amiga comentou há poucos dias que, embora não goste de ir a enterros, atendeu ao pedido de colega para darem uma passada no de pessoa de seu relacionamento visto estar próximo do horário do enterro. Acedendo, embora não tenha entrado no recinto onde se dava o velório, enquanto aguardava o retorno da amiga, médium que é, começou a ouvir os pedidos de socorro da entidade desperta ainda ligada ao corpo do qual estava em processo de desencarnação, gritando estar viva, perguntando por que não a atendiam ou ouviam. Apesar de intimamente guardarmos a certeza de que a vida continua, mesmo, por vezes, seguidores do Espiritismo, preferimos ignorar o conteúdo substancial oferecido pela Doutrina que, ao contrário, de inúmeras outras, fala de forma clara e objetiva sobre os detalhes dessa transição de nossa Dimensão para aquela para a qual nos dirigiremos. O Espírito Emmanuel, respondendo a uma das inúmeras questões a ele dirigidas pelo jornalista Clementino de Alencar para o jornal O GLOBO – ver o livro NOTÁVEIS REPORTAGENS COM CHICO XAVIER (ide)-, enquanto opinava a respeito da cremação, esclareceu que em condições normais, o desligamento do corpo espiritual do corpo físico a ser abandonado pelo fenômeno da morte, demanda em média 50 horas. O próprio Emmanuel havia dito na obra O CONSOLADOR (feb,1940), que “a situação de surpresa ante os acontecimentos supremos e irremediáveis que determinam a morte física, proporcionam sensações muito desconfortáveis à alma desencarnada” e o Espírito Abel Gomes, em mensagem contida na obra FALANDO Á TERRA (feb,1954), pondera que “somente alguns poucos Espíritos treinados no conhecimento superior conseguem evitar as deprimentes crises de medo que, em muitos casos, perduram por longo tempo”. Chico Xavier, em comentário registrado na obra INESQUECÍVEL CHICO XAVIER (geem), “revela que oitenta porcento das criaturas que desencarnam, voltam-se para a retaguarda sem condições de ascenderem a Planos Elevados. Apenas vinte porcento gravitam para Esferas mais altas”. Isso nos lembra depoimento de um empresário desencarnado através do próprio médium, na noite de 14 de junho de 1955. Disse, entre outras coisas: -“Industrial, administrador e homem público, em atividade intensa e incessante, não admitia que o sepulcro me requisitasse tão apressadamente à meditação. A angina, porém, espreitava-me, vigilante, e fulminou-me sem que eu pudesse lutar. Recordo-me de haver sido arremessado a uma espécie de sono que me não furtava-me a consciência e a lucidez, embora me aniquilasse os movimentos. Incapaz de falar, ouvi gritos dos meus e senti que mãos amigas me tateavam o peito, tentando debalde restituir-me a respiração. Não posso precisar quantos minutos gastei na vertigem que me tomara de assalto, até que, em minha aflição por despertar, notei que a forma inerte me retomava a si, que minhalma entontecida regressava ao corpo pesado; no entanto, espessa cortina de sombra parecia interpor-se entre os meus afeiçoados e a minha palavra ressoante, que ninguém atendia...Inexplicavelmente, assombrado, em vão pedia socorro, mas acabei por resignar-me à ideia de que estava sendo vítima de estranho pesadelo, prestes a terminar. Ainda assim, amedrontava-me a ausência de vitalidade e calor a que me via sentenciado. Após alguns minutos de pavoroso conflito, que a palavra terrestre não consegue determinar, tive a impressão de que me aplicavam sacos de gelo aos pés. Por mais verberasse contra semelhante medicação, o frio alcançava-me todo o corpo, até que não pude mais...Aquilo valia por expulsão em regra. Procurei libertar-me e vi-me fora do leito, leve e ágil, pensando, ouvindo e vendo...Contudo, buscando afastar-me, reparei que um fio tênue de névoa branquicenta ligava minha cabeça móvel à minha cabeça inerte. Indiscutivelmente delirava – dizia de mim para comigo-, no entanto aquele sonho me dividia em duas personalidade distintas, não obstante guardar a noção perfeita de minha identidade. Apavorado, não conseguia maior afastamento da câmara íntima, reconhecendo, inquieto, que me vestiam caprichosamente a estátua de carne, a enregelar-se. Dominava-me indizível receio. Sensações de terror neutralizavam-me o raciocínio. Mesmo assim, concentrei minhas forças na resistência. Retomaria o corpo. Lutaria por reaver-me. O delíquio inesperado teria fim. Contudo, escoavam-se as horas e, não obstante contrariado, vi-me exposto à visitação publica”...Depois de detalhar interessantes lances da exposição publica do seu velório, o Doutor G, acrescentou: -“Estava inegavelmente morto e vivo (...). Curtia dolorosas indagações, quando, em dado instante arrebataram-me o corpo. Achava-me livre para pensar, mas preso aos despojos hirtos pelo cordão que eu não podia compreender e, em razão disso, acompanhei o cortejo triste, cauteloso e desapontado (...). A vizinhança do cemitério abalava a escassa confiança que passara a sustentar em mim mesmo. O largo portão aberto, a contemplação dos túmulos à entrada e a multidão que me seguia, compacta, faziam-me estarrecer. Tentei apoiar-me em velhos companheiros de ideal e de luta, mas o ambiente repleto de palavras vazias e orações pagas como que me acentuava a aflição e o desespero. Senti-me fraquejar. Chamei debalde por socorro, até que, com os primeiros punhados de terra atirados sobre o esquife, caí na sepultura acolhedora, sem qualquer noção de mim mesmo (...). Por vários dias repousei, até que, ao clarão da verdade, reconheci que as tarefas do industrial e político haviam terminado (...). Antigas afeições surgiram, amparando-me a luta nova”.




Por que certas pessoas morrem tão cedo, na flor da juventude, sem que tenham oportunidade de conhecer a vida? Essas encarnações são válidas? (da ouvinte, F.B.L.)


Todos os acontecimentos de nossa vida, assim como todos os fenômenos da natureza, são regidos por leis perfeitas. No Espiritismo, damos a essas leis o nome de “Leis Naturais” ou “Leis de Deus”. Nada, absolutamente nada, acontece por acaso. Jesus se referiu a essas leis, quando disse: “Não cai uma folha de uma árvore, sem que Deus o saiba”, o que nos leva a concluir que uma folha não cai por acaso; existe sempre causas que a fizeram cair. No entanto, devemos considerar que, no plano moral de nossa vida, são as nossas ações que acionam os mecanismos dessas leis.


O que queremos dizer com isso? Queremos dizer que todo ato, assim como toda ação que deixamos de praticar, pode causar um ou mais efeitos, inclusive sobre a duração da nossa vida. Por exemplo, uma pessoa que, por negligência (falta de cuidado), não cuida da saúde, indiretamente está buscando a morte. As leis não podem suprir nossas omissões, mas elas respondem à maneira como vivemos, ao nosso estilo de vida. Desse modo, aquele que se mata (suicida) está encurtando a vida e antecipando a morte.


Observando o panorama espiritual de nossa existência como Espíritos imortais, vamos perceber que a duração da vida na Terra, portanto, depende de várias causas: causas que podem ter origem nesta mesma vida (como essa que citamos) e causas que decorrem de vidas anteriores.Desse modo, o fato de uma vida ser curta pode ter causa nesta mesma encarnação ou pode ter causas em vidas passadas, dependendo de cada caso em particular.


A morte de crianças, por exemplo, pode ter causas anteriores. Muitas vezes, é um tempo que faltava ao Espírito – e que ele próprio escolheu - para completar uma experiência. De outras, pode ser conseqüência de comprometimento do perispírito, tendo em vista os erros ou abusos que cometeu no passado. De outras vezes, ainda, pode ser necessidade que aquele espírito tem de reviver um período de infância para aprender coisas, que ele não aprendeu em existências anteriores. Portanto, são inúmeras as causas.


Mas há os que morrem jovem, na flor da idade, deixando profundas marcas de sofrimento nos pais e familiares. Pode ocorrer, por exemplo, que a morte prematura de um jovem, na flor da idade, seja conseqüência dos mais variados tipos de abusos que cometeu nesta mesma vida, comprometendo as forças vitais do organismo e acarretando a desencarnação precoce. Mas, quando esse jovem, ele ou ela mesma, não deu causa à sua morte, a sua desencarnação tão cedo pode estar em seu plano de vida, nesta encarnação.


De qualquer forma, nas Leis de Deus, nenhuma encarnação, por mais curta que seja ( até mesmo de fetos que morrem antes de nascer, ou de bebês que nem atingem o primeiro ano de vida), nenhuma delas deixa de ter sentido . Todas elas têm um papel na evolução espiritual de cada um. Há Espíritos – principalmente suicidas – que reencarnam apenas e tão somente para aprender a desencarnar – e nisso já vemos uma causa providencial para seu retorno à vida terrena quase imediatamente após a desencarnação. É por isso que os Espíritos disseram a Kardec que nada existe de inútil nas leis de Deus.

segunda-feira, 25 de março de 2024

UMA ANÁLISE SOBRE A REENCARNAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Distante por 16 séculos da cultura entorpecida pelas sombras impostas pelo dominante pensamento religioso, a sociedade humana resiste a ceder à logica e evidências da reencarnação e visão evolucionista derivada dela. No número de outubro de 1860, um Espírito identificado como Zénon, através de mensagem psicografada em reunião da Sociedade Espírita de Paris, incluída por Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA faz uma análise interessante sobre o tema. Escreve ele: - Há na doutrina da reencarnação uma economia moral que não escapa à tua inteligência. Sendo a corporeidade compatível somente com os atos de virtude, e sendo esses atos necessários ao melhoramento do Espírito, raramente encontrará este, numa única existência, as circunstâncias necessárias ao seu progresso acima da Humanidade. Sendo admitido que a justiça de Deus não pode harmonizar-se com as penas eternas, deve a razão concluir pela necessidade: 1o - de um período de tempo durante o qual o Espírito examina o seu passado e toma suas resoluções para o futuro; 2o - de uma existência nova em harmonia com o avanço atual desse Espírito. Não falo dos suplícios, por vezes terríveis, a que são condenados certos Espíritos, durante o período da erraticidade; por um lado eles correspondem à enormidade da falta e, por outro, à justiça de Deus. Isto diz bastante para dispensar detalhes que, aliás, encontrarás no estudo das evocações. Voltando às reencarnações, haverás de compreender a sua necessidade por uma comparação vulgar, mas de impressionante verdade. Após um ano de estudos, o que acontece ao jovem colegial? Se progrediu, passa para a classe superior; se ficou imobilizado em sua ignorância, repete o ano. Vai mais longe; comete faltas graves e é expulso. Pode vagar de colégio em colégio; pode ser afastado da Universidade e pode ir da casa de educação à casa de correção. Tal a imagem fiel da sorte dos Espíritos e nada satisfaz mais completamente à razão. Quer-se cavar mais profundamente a doutrina? Ver-se-á, nessas ideias, o quanto a justiça de Deus parece mais perfeita e mais conforme às grandes verdades que dominam a nossa inteligência. No conjunto, como nos detalhes, há nisso algo de tão surpreendente que o Espírito que começa a iniciar-se fica como que iluminado. E as censuras murmuradas contra a Providência, e as maldições contra a dor, e o escândalo do vício feliz em face da virtude que sofre, e a morte prematura da criança; e, numa mesma família, de encantadoras qualidades, dando, por assim dizer, a mão a uma perversidade precoce; e as enfermidades que datam do berço; e a infinita diversidade de destinos, tanto nos indivíduos, quanto nos povos, problemas até hoje insolúveis, enigmas que fazem duvidar da bondade, e quase da existência de Deus, tudo isto se explica ao mesmo tempo. Um puro raio de luz se estende no horizonte da filosofia nova e, no seu quadro imenso, agrupam-se harmoniosamente todas as condições da existência humana. As dificuldades se aplainam, os problemas se resolvem, e mistérios até hoje impenetráveis se explicam numa única palavra: reencarnação. Leio em teu pensamento, prezado cristão. Tu dizes: eis, desta vez, uma verdadeira heresia. (...) No dia marcado por Deus os filósofos cristãos não terão nenhuma dificuldade para dizer que a vida é múltipla. Isso não acrescenta nem muda nada nos vossos deveres. A moral cristã fica de pé e a lembrança da missão de Jesus paira sempre sobre a Humanidade. A religião nada tem a temer deste ensino, e não está longe o dia em que seus ministros abrirão os olhos à luz; por fim reconhecerão, na revelação nova, os socorros que, imploram do céu. Eles creem que a sociedade vai perecer: será salva.



Por que certas pessoas morrem tão cedo, na flor da juventude, sem que tenham oportunidade de conhecer a vida? Essas encarnações são válidas? (da ouvinte, F.B.L.)


Todos os acontecimentos de nossa vida, assim como todos os fenômenos da natureza, são regidos por leis perfeitas. No Espiritismo, damos a essas leis o nome de “Leis Naturais” ou “Leis de Deus”. Nada, absolutamente nada, acontece por acaso. Jesus se referiu a essas leis, quando disse: “Não cai uma folha de uma árvore, sem que Deus o saiba”, o que nos leva a concluir que uma folha não cai por acaso; existe sempre causas que a fizeram cair. No entanto, devemos considerar que, no plano moral de nossa vida, são as nossas ações que acionam os mecanismos dessas leis.


O que queremos dizer com isso? Queremos dizer que todo ato, assim como toda ação que deixamos de praticar, pode causar um ou mais efeitos, inclusive sobre a duração da nossa vida. Por exemplo, uma pessoa que, por negligência (falta de cuidado), não cuida da saúde, indiretamente está buscando a morte. As leis não podem suprir nossas omissões, mas elas respondem à maneira como vivemos, ao nosso estilo de vida. Desse modo, aquele que se mata (suicida) está encurtando a vida e antecipando a morte.


Observando o panorama espiritual de nossa existência como Espíritos imortais, vamos perceber que a duração da vida na Terra, portanto, depende de várias causas: causas que podem ter origem nesta mesma vida (como essa que citamos) e causas que decorrem de vidas anteriores.Desse modo, o fato de uma vida ser curta pode ter causa nesta mesma encarnação ou pode ter causas em vidas passadas, dependendo de cada caso em particular.


A morte de crianças, por exemplo, pode ter causas anteriores. Muitas vezes, é um tempo que faltava ao Espírito – e que ele próprio escolheu - para completar uma experiência. De outras, pode ser conseqüência de comprometimento do perispírito, tendo em vista os erros ou abusos que cometeu no passado. De outras vezes, ainda, pode ser necessidade que aquele espírito tem de reviver um período de infância para aprender coisas, que ele não aprendeu em existências anteriores. Portanto, são inúmeras as causas.


Mas há os que morrem jovem, na flor da idade, deixando profundas marcas de sofrimento nos pais e familiares. Pode ocorrer, por exemplo, que a morte prematura de um jovem, na flor da idade, seja conseqüência dos mais variados tipos de abusos que cometeu nesta mesma vida, comprometendo as forças vitais do organismo e acarretando a desencarnação precoce. Mas, quando esse jovem, ele ou ela mesma, não deu causa à sua morte, a sua desencarnação tão cedo pode estar em seu plano de vida, nesta encarnação.


De qualquer forma, nas Leis de Deus, nenhuma encarnação, por mais curta que seja ( até mesmo de fetos que morrem antes de nascer, ou de bebês que nem atingem o primeiro ano de vida), nenhuma delas deixa de ter sentido . Todas elas têm um papel na evolução espiritual de cada um. Há Espíritos – principalmente suicidas – que reencarnam apenas e tão somente para aprender a desencarnar – e nisso já vemos uma causa providencial para seu retorno à vida terrena quase imediatamente após a desencarnação. É por isso que os Espíritos disseram a Kardec que nada existe de inútil nas leis de Deus.

domingo, 24 de março de 2024

FUNÇÃO NOBRE DA MEDIUNIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O ESPIRITISMO

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Quando Allan Kardec escreveu n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS que a “mediunidade é inerente ao homem, podendo dizer-se que todo mundo é, mais ou menos, médium” e, que a “faculdade propriamente dita é orgânica”, ainda não se tinha no Mundo Ocidental associado a mesma à glândula pineal ou epífise. Escolas religiosas da Antiguidade, contudo, já dominavam tal conhecimento e o próprio filósofo e matemático René Descartes a considerava a sede da alma. Kardec foi além, escrevendo que “o médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos”, diante da quantidade espantosa de informações vertidas do Plano Espiritual abrindo caminho para uma compreensão mais precisa sobre a razão de ser e existir. O tempo foi consagrando o acerto de suas afirmações com os Espíritos do Senhor fomentando o surgimento de inúmeras alternativas para o acesso das criaturas humanas aos princípios da Verdade concernente à sua própria imortalidade. Múltiplas formas de manifestação por sinal classificadas previamente pelo erudito pesquisador foram despertando consciências ao redor do Planeta em que vivemos. No Brasil, o caso Chico Xavier, especialmente, nas três últimas décadas de sua tarefa, constitui-se em importante e segura fonte de pesquisa. Sobre essa fase, afirmou que “como médium, essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na Terra foi o que sempre mais me gratificou”, pois, “não existe sofrimento maior do que a dor de perder um filho”. Acrescentou outra ocasião que “os Espíritos ainda não encontraram uma palavra para definir a dor de um coração de mãe quando perde um filho”. E esse conforto em grande parte deve-se à mediunidade que interliga diferentes Dimensões existenciais. Prova disso é o trabalho do também médium norte-americano James Van Praagh, autor do livro autobiográfico CONVERSANDO COM OS ESPÍRITOS (salamandra,1998). Convivendo com a paranormalidade desde a infância sem que compreendesse bem suas percepções, já adulto acatou os conselhos de outro sensitivo, buscou instrumentalizar-se de conhecimentos e pôs-se a trabalhar para a Espiritualidade, oferecendo conforto e esperança para pessoas que o procuraram na expectativa – apesar do ceticismo da maioria - de obter algum tipo de informação sobre os porquês da dura separação nunca cogitada nesse mundo em que o materialismo ofusca qualquer possibilidade de atentar-se para outros aspectos da vida. James em seu livro generosamente repassa sua visão pessoal dessa realidade, fundamentando-se não só nas pesquisas que fez, mas também na experiência acumulada ao longo de vários anos de trabalho e convivência com a dor alheia. Exemplificando suas opiniões com casos atendidos, esclarece o pós-morte no caso de transições trágicas, acidentes fatais, AIDS, suicídio, descrevendo o clima de intensa emoção quando de reencontro dos que se amam. Apesar das diferenças culturais e o “modus operandi” fundamentalmente diferente do observado através de Chico Xavier, os resultados surtem o mesmo efeito: aplacam as dores da alma. Pena que poucos médiuns se interessam por se dedicar e aperfeiçoar nessa linha de trabalho. O próprio médium mineiro mostrou outro lado da questão em comentário feito ainda quando encarnado sobre a questão dizendo: -“Não entendo os nossos irmãos que combatem esse tipo de intercâmbio com o Mundo Espiritual. Eles se esquecem de que os que partiram também desejam o contato. O médium, sem dúvida, pode, em certas circunstancias rastrear o Espírito, mas, na maioria das vezes, é o Espírito que vem ao médium. O trabalho da Espiritualidade é intenso. Para que um filho desencarnado envie algumas palavras de conforto aos seus pais na Terra, muitos Espíritos se mobilizam. Isso não é uma evocação. Não raro são os próprios filhos desencarnados que atraem os seus pais aos Centros Espíritas: desejam dizer que não morreram, que continuam vivos na Outra Dimensão, que os amam e que haverão de amá-los sempre”. Falando de si remetendo-nos a uma reflexão, Chico conclui: -“Oro todos os dias pelas mães que perderam filhos, sobretudo em condições trágicas, como um assassinato, por exemplo. Deus há de se compadecer de todas elas!... Quando elas me procuram, é que verdadeiramente posso sentir a minha insignificância para consolar alguém”... Os “doutores da lei” continuam vigilantes e atuantes. Não percebem a importância da oferta desse serviço para a comunidade nem o quanto seria útil para a propagação da mensagem da imortalidade e das realidades que nos aguardam além dessa vida de onde a qualquer momento sairemos para a necessária avaliação do nível de aproveitamento da reencarnação provavelmente ansiosamente aguardada em algum lugar do passado recente ou remoto.




Os espíritas dizem que milagre não existe. Mas existem médiuns que fazem curas espirituais. Não é a mesma coisa? ( Luciene)


É apenas uma questão de interpretação do que é milagre, Luciene. As curas espirituais realmente existem, mas não existem apenas no Espiritismo ou apenas numa determinada igreja. Elas podem acontecer em qualquer lugar, no seio de qualquer religião e, até mesmo na medicina ou fora do âmbito religioso, segundo a interpretação espírita. Mas não é bem isso que as religiões, de um modo geral, dizem, principalmente aquelas que querem Deus somente para si.


O sectarismo religioso leva as pessoas a concluir que tais curas ocorrem num lugar privilegiado e abençoado por Deus. Desse modo, cada religião chama para si esse pretenso privilégio, pois, segundo os que assim acreditam a cura é uma derrogação da lei de Deus, ou seja, da lei da natureza, até porque elas acontecem quando a ciência humana não consegue realizá-la. A idéia do milagre surge quando as pessoas concebem que Deus, que fez a lei, pode contrariá-la, se Ele quiser: e nisso estaria o milagre.


Na visão espírita existem curas ainda inexplicáveis à ciência médica, mas isso não quer dizer que elas contrariam as leis naturais. Quer dizer, simplesmente, que ainda não se conhece explicação para elas. Acontece que, para o Espiritismo, não existe apenas e tão somente este mundo físico onde vivemos corporalmente; existe um mundo espiritual, onde se encontram aqueles que aqui estiveram e já desencarnaram. Lá também existem médicos e terapias, que podem algumas vezes atuar no plano físico através de médiuns. Esses médiuns não são apenas e tão somente os médiuns espíritas, mas as pessoas, de qualquer crença, que podem intermediar a atuação da espiritualidade.