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sexta-feira, 26 de julho de 2024

CEITIL POR CEITIL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

A manhã daquele domingo, sete de julho de 1975, surgia como excitante perspectiva de dias de refazimento e lazer para o professor Oswaldo Peixoto Martins que partia da sua querida Campos (RJ), juntamente com a esposa Ruth Maria, os três filhos (Analice, Luciana e André Luiz) e a ama deles, na direção das férias escolares do meio de ano. Quilômetros após, contudo, um acidente no trecho recém-inaugurado da BR 101, entre Campos-Rio, nas imediações de Casimiro de Abreu (RJ), alteraria, para ele e a pajem Eliceia de Souza Batista, o destino anteriormente estabelecido, poupando a esposa e suas crianças. No capotamento ocorrido numa perambeira fora da estrada, o Professor Oswaldo foi projetado fora do veículo, sendo encontrado pela esposa caído numa região de brejo, com água que teria sido suficiente para mata-lo por afogamento, caso não houvesse sido retirado por ela para um lugar mais seco. Profissional do magistério que prestava serviços em três estabelecimentos de ensino da cidade em que vivia, o professor Oswaldo viveria ainda por quatro horas, desencarnando no Hospital da cidade de Macaé (RJ), para onde foi removido do local do acidente. Sua desencarnação repercutiu em toda Campos, pela sua reconhecida contribuição na formação de tantos talentos ao longo dos anos. Sua esposa, tanto quanto ele, atuante no movimento espírita, particularmente na Escola Jesus Cristo, de Campos (RJ), recebeu notícias do marido através de uma mensagem psicografada na noite de 5 de agosto de 1974, pelo médium Chico Xavier, em reunião na cidade de Peirópolis (MG), endereçada à Dona Hilda Mussa Tavares, dirigente da instituição a que serviam , presente no local da comunicação espiritual. Assinava-a Lenora, filha do casal, desencarnada sete anos antes. Na esclarecedora e confortadora carta, a menina pede à mãe não chorar mais à noite chamando o papai, porque isso vai até ele “sem que nós possamos saber como evitar-lhe a dor de querer dar resposta sem as forças precisas”. Afirma: -“Papai não está morto. Ele e a nossa companheira estão hospitalizados. Muitos amigos estão velando por nós”. O médium Chico Xavier, no tocante à linha da carta – estávamos com o papai Oswaldo no dia 7 -, revelou à dona Hilda, a destinatária da carta, que seu filho Carlinhos (Carlos Vítor Mussa Tavares), também desencarnado, contou que “na véspera do desastre que vitimara o Prof. Oswaldo, ele, em companhia de outros Amigos Espirituais, conduzira o Espírito das meninas Analaura( desencarnada com apenas dois meses onze anos antes) e Lenora até junto de seu pai Oswaldo, que se encontrava em uma reunião de professores na Escola Técnica Federal, ficando as duas meninas, desde aquele momento, em companhia do papai, a fim de ajuda-lo espiritualmente para a dolorosa provação da manhã do dia 7. Outro detalhe – aqui foi sono aplicado – confirmado por sua esposa, era a sonolência dizia estar sentindo momentos antes do acidente, comentando com a esposa estar se sentindo muito cansado, desejando interromper por isso a viagem, o que acabou não fazendo. Na verdade, eram providências da Espiritualidade para que não sentisse dores motivadas pelos impactos que seu corpo sofreria ao ser arremessado violentamente à distância. Oito anos depois, no dia 4 de setembro de 1982, o Professor Oswaldo, psicografaria através de Chico uma extensa e emocionada carta à esposa onde, a certa altura, relata que “após despertar na vida nova, começou a perguntar a si mesmo qual a motivação daquela prova, incomodando a tantos amigos, recorreu a tantos mentores para conhecer a causa do acidente que, parecia vir até nós, através do nada, que um orientador, embora conhecendo a sua incapacidade para suportar mergulhos prolongados nos domínios das recordações mais recônditas, relativamente a mim mesmo, conduziu- me a certo instituo em que a hipnose é examinada e praticada nos alicerces de profunda veneração pelos valores humanos e, em minutos, mostrou-me um quadro que ele mesmo desarquivara de passado recente, no qual me vi tutelado por ama generosa, na qual reconheci nossa estimada Elicéia. Em exposição rápida vi-me, ao lado dela combinando a precipitação de um adversário num pântano, desalojando-o da carruagem na qual processaria viagem longa. Não posso dizer o que se passou em mim. Pedi o adiamento para qualquer nova revelação, que me pudesse advir, ante a qual, se surgisse, não me sentiria preparado e continuo a esperar por mim mesmo, no sentido de retomar a experiência”.



Os pais deram tudo ao filho e sempre se preocuparam com ele. Quando ele cresce, rebela-se contra os pais. Será que ele é um Espírito inimigo ou está obsidiado? (Pai anônimo)


Não existe desafio mais complicado neste mundo do que a educação. Muitos pais, no anseio de dar tudo ao filho, esquecem de lhes dar o principal – a presença, a participação em suas vidas, porque é isso que vai lhes conquistar a confiança. Por incrível que pareça, até hoje se confunde conforto material com bem-estar espiritual. Neste sentido, educar está se tornando cada vez mais difícil, porque hoje os adultos estão sendo mais exigidos a uma participação social, muitas vezes relegando os compromissos do lar a um segundo plano.


Por outro lado, os Espíritos, que estão reencarnando atualmente – mais inteligentes e mais exigentes – não se contentam com pouco. Eles querem os pais mais perto. Eles estão a exigir, cada vez mais, a sua presença. Precisamos tomar consciência disso, antes que seja tarde, porque, depois que a criança cresce, o principal momento da educação já passou, e aí vêm as conseqüências desagradáveis.


É claro que pode ocorrer que um filho seja um Espírito inimigo do pai. Mas, se ele veio naquele lar, foi para ser reeducado, foi para se reatar ou reconquistar relações e, principalmente nesses casos, só a doação pessoal dos pais é que podem compensar algum prejuízo causado no passado. Portanto, é importante que os pais, antes de pensar em dar coisas, dêem amor os filhos. Amor, no sentido de se colocarem ao seu lado.


É claro que aqui não estamos falando em excessos de desvelo e carinho, mas de participação, lembrando que os excessos costumam ser tão danosos ou mais danosos ainda, do que a falta. A educação consiste em ensinar a criança a reconhecer limites. E o que os filhos querem de seus pais é senti-los próximos, não apenas no sentido espacial (pois, os pais frequentemente estão trabalhando), mas no sentido espiritual, moral – para que estabeleçam, desde cedo, laços de confiança e simpatia.


A ação de obsessores sobre crianças é mais raro, até porque a criança tem uma proteção especial da espiritualidade. Não devemos ir por este caminho. Devemos entender que toda iniciativa de melhorar as relações entre pais e filhos devem nascer dos pais, e que a educação terá um efeito positivo na criança quanto mais cedo estiverem preparados para isso.



A QUESTÃO DAS CURAS NA LÓGICA DE ALLAN KARDEC; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Resultados obtidos na área da saúde por algumas pessoas através da assistência oferecida por alguns médiuns ou Centros Espiritas surpreendem e intrigam os que deles tomam conhecimento. Será verdade ou possível? Na sequencia em texto incluído na edição de março de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, o esclarecimento do Espiritismo: Consideradas unicamente do ponto de vista fisiológico, as doenças têm duas causas, que até hoje não foram distinguidas, e que não podiam ser apreciadas antes dos novos conhecimentos trazidos pelo Espiritismo. É da diferença destas duas causas que ressalta a possibilidade das curas instantâneas, em casos especiais, e não em todos. Certas moléstias têm sua causa original na própria alteração dos tecidos orgânicos; é a única que a Ciência admite até hoje. E como, para a remediar, não conhece senão as substâncias medicamentosas tangíveis, não compreende a ação de um fluido impalpável, tendo a vontade como propulsor. Entretanto, aí estão os curadores magnéticos para provar que não é uma ilusão. Na cura das doenças desta natureza, pelo influxo fluídico, há substituição das moléculas orgânicas mórbidas por moléculas sadias. É a história de uma velha casa, cujas pedras carcomidas são substituídas por boas pedras; tem-se sempre a mesma casa, mas restaurada e consolidada. (...) A substância fluídica produz um efeito análogo ao da substância medicamentosa, com esta diferença: sendo maior a sua penetração, em razão da tenuidade de seus princípios constituintes, age mais diretamente sobre as moléculas primeiras do organismo do que o podem fazer as moléculas mais grosseiras das substâncias materiais. Em segundo lugar, sua eficácia é mais geral, sem ser universal, porque suas qualidades são modificáveis pelo pensamento, enquanto as da matéria são fixas e invariáveis e não podem aplicar- se senão em determinados casos. Tal é, em tese geral, o princípio sobre o qual repousam os tratamentos magnéticos. Acrescentemos sumariamente, e de memória, já que não podemos aprofundar aqui o assunto, que a ação dos remédios homeopáticos em doses infinitesimais, é baseada no mesmo princípio; a substância medicamentosa, levada pela divisão ao estado atômico, até certo ponto adquire as propriedades dos fluidos, menos, todavia, o princípio anímico, que existe nos fluidos animalizados e lhes dá qualidades especiais. Em resumo, trata-se de reparar uma desordem orgânica pela introdução, na economia, de materiais sãos, substituindo materiais deteriorados. Esses materiais sãos podem ser fornecidos pelos medicamentos ordinários in natura; por esses mesmos medicamentos em estado de divisão homeopática; enfim, pelo fluido magnético, que não é senão matéria espiritualizada. São três modos de reparação, ou melhor, de introdução e de assimilação dos elementos reparadores; todos os três estão igualmente na Natureza, e têm sua utilidade, conforme os casos especiais, o que explica por que um tem êxito onde outro fracassa, porquanto seria parcialidade negar os serviços prestados pela medicina ordinária. Em nossa opinião, são três ramos da arte de curar, destinados a se suplementarem e a se completarem, conforme as circunstâncias, mas dos quais nenhum tem lastro para se julgar a panacéia universal do gênero humano. Cada um desses meios poderá, pois, ser eficaz, se empregado a propósito e adequado à especialidade do mal.



Minha mãe, durante toda sua vida, ouviu vozes. “Hoje ela está com 92 anos e o médico diz que é esclerose devido à idade. O que vocês acham?”

Evidentemente, o médico, nada sabendo de Espiritismo, e desconhecendo o histórico de sua mãe, só pode atribuir suas percepções a causas físicas, no caso, ao envelhecimento. Popularmente, a esclerose é mais conhecida como uma degeneração própria da idade que vai aos poucos avançando, podendo levar a pessoa a episódios de delírio ou alucinação.

No caso, em questão, se sua mãe já veio tendo experiências de clariaudiência ao longo da vida, o que ela apresenta hoje, aos 92 anos, não pode ser apenas e tão somente um simples episódio de alucinação, embora devamos reconhecer que, no caso, a mediunidade se vê comprometida pelos seus problemas de saúde e pela sua condição emocional.

Em várias obras espíritas, inclusive nas obras de Allan Kardec, vemos referências à fase final da existência física, quando o Espírito, com o enfraquecimento do corpo, vai aos poucos descortinando o mundo espiritual. Kardec chama de emancipação da alma a esse fenômeno, que só pode ser bem observado no paciente por pessoas que têm conhecimento espírita, inclusive médiuns, e que sabem avaliar o significado desses momentos.

Com o avançar da idade é natural que os laços, que prendem o Espírito ao corpo vão se afrouxando pouco a pouco, dando lugar a uma série de percepções, mais presentes em algumas pessoas e menos presentes em outras. No entanto, em meio a tais percepções espirituais também existe a influência do organismo que está se debilitando, perdendo o domínio sobre várias funções, inclusive o discernimento.

Se a percepção mediúnica já não é tão clara em momentos em que o médium está em plena lucidez, evidentemente, se torna mais confusa nos anos derradeiros de sua vida, razão porque muitas vezes a percepção do mundo espiritual se mistura com a forma distorcida de vê-lo ou interpretá-lo. Enquanto isso, a senilidade avançada tende a distanciar cada vez mais a pessoa da realidade física, até que o Espírito se liberte do corpo.

Por outro lado, não devem faltar assistência e acompanhamento médico ao idoso, sem se esquecer da assistência espiritual que precisa receber. Essa assistência começa na formação de um ambiente de tranquilidade e paz, que lhe proporcione condições de repouso. A prece, o passe e a água fluidificada complementam esse atendimento e lhe proporcionam a assistência integral corpo-espírito.

terça-feira, 23 de julho de 2024

O QUE OS HISTORIADORES NÃO CONTAM; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

A Historia oficial dos líderes, povos, países, governantes, ao longo de grande parte da evolução da Humanidade, foi sempre escrita sob encomenda, registrando dados e passagens que nem sempre expressam os fatos integralmente. Num país, por exemplo, apenas as ocorrências desenroladas no centro do poder, envolvendo personagens mais diretamente a ele ligados, são preservados. O que acontece no interior, raramente é contado. O Antigo Testamento, em vários de seus escritos, mostra a dependência de Reis, Faraós e Soberanos de oráculos e pitonisas que lhes decifravam sonhos, pressentimentos ou até mesmo a influência dos Astros, diante de decisões a serem tomadas. O tempo foi, aparentemente, afastando uns e outros, minimizando essa influência. Allan Kardec na edição de março de 1864 da REVISTA ESPIRITA, incluiu interessante matéria intitulada UMA RAINHA MÉDIUM, construída a partir de notícias veiculadas em vários jornais da época como Opinion Nationale e Siècle, veiculados em 22 de fevereiro do mesmo ano. Tais escritos fazem referência à fatos envolvendo a Rainha Vitória, que durante sessenta e quatro anos esteve à frente do trono da Inglaterra. Ela, cujo nome completo era Alexandrina Vitória Regina, era erudita, amante das letras, apreciava as artes, tocava piano e praticava a pintura. Marcou a historia daquele país de tal forma que seu reinado é denominado Era Vitoriana, por uma série de ações na área sócia,l como a abolição da escravatura no Império Britânico; redução da jornada de trabalho para dez horas; instalação do direito ao voto para todos os trabalhadores; expansão das Colônias; grande ascensão da burguesia industrial, entre outros feitos. Assumindo o trono aos 18 anos, teve nove filhos com o primo e Príncipe Alberto, com quem, por um amor profundo casou aos 21. Enviuvou aos 42 anos, conservando luto até sua morte, quatro décadas depois. Comentando a citada notícia, diz Kardec: “Uma carta de pessoa bem informada revela que, recentemente, num conselho privado, onde fora discutida a questão dinamarquesa, a Rainha Vitória declarou que nada faria sem consultar o príncipe Alberto( morrera). E com efeito, tendo-se retirado por um pouco para seu gabinete, voltou dizendo que o “príncipe se pronunciava contra guerra. Esse fato e outros semelhantes transpiraram e originaram a ideia de que seria oportuno estabelecer uma regência”. Seguindo o Codificador acrescenta: “-Tínhamos razão ao escrever que o Espiritismo tem adeptos até nos degraus dos tronos. Poderíamos ter dito: até nos tronos. Vê-se, porém, que os próprios soberanos não escapam à qualificação dada aos que acreditam nas comunicações de Além-túmulo(...). O Journal de Poitiers, que relata o mesmo caso, o acompanha desta reflexão: Cair assim no domínio dos Espíritos não é abandonar o das únicas realidades que tem de conduzir o mundo?”. Até certo ponto concordamos com a opinião do jornal, mas de outro ponto de vista. Para ele os Espíritos não são realidades, porque, segundo certas pessoas, só há realidade no que se vê e se toca. Ora, assim, Deus não seria uma realidade e, contudo, quem ousaria dizer que ele não conduz o mundo? Que não há acontecimentos providenciais para levar a um determinado resultado? Então, os Espíritos são instrumentos de sua vontade; inspiram os homens, solicitam-nos, mau grado seu, a fazer isto ou aquilo, a agir neste sentido e não naquele, e isto tanto nas grandes resoluções quanto nas circunstâncias da vida privada. Assim, a esse respeito, não somos da opinião do jornal. Se os Espíritos inspiram de maneira oculta, é para deixar ao homem o livre-arbítrio e a responsabilidade de seus atos. Se receber inspiração de um mau Espírito, pode estar certo de receber, ao mesmo tempo, a de um bom, pois Deus jamais deixa o homem sem defesa contra as más sugestões. Cabe-lhe pesar e decidir conforme a sua consciência. Nas comunicações ostensivas, por via mediúnica, não deve mais o homem abnegar o seu livre-arbítrio: seria erro regular cegamente todos os passos e movimentos pelo conselho dos Espíritos, por que há os que ainda podem ter ideias e preconceitos da vida. Só os Espíritos Superiores disso estão isentos(...). Em princípio os Espíritos não nos vem conduzir; o objetivo de suas instruções é tornar-nos melhores, dar fé aos que não a tem e não o de nos poupar o trabalho de pensar por nós mesmos”.



Uma mulher praticou o aborto e depois se arrependeu. Se ela ficou grávida de novo, ela pode receber o mesmo Espírito como filho? E se esse Espírito não quiser vir? (Inês Cristina Manso)


Possibilidade sempre existe, mas ninguém pode garantir isso. Naturalmente, a não ser por uma necessidade imperiosa, o Espírito, que teve sua encarnação impedida de forma tão violenta e impiedosa, sofre um choque emocional muito grande e, talvez, por instinto de conservação, queira se afastar imediatamente das mãos que o agrediram.


Podemos considerar, no entanto, duas outras possibilidades. Ao falarmos de necessidade imperiosa, estamos nos referindo a algum plano da Espiritualidade com relação a esse Espírito. É possível que ( veja, que falamos apenas em termos de probabilidade!...) os encarregados de providenciar essa encarnação achem por bem insistir, até porque acreditam no arrependimento da mulher que causou o aborto, que queira se redimir.


É possível, ainda, que esse Espírito esteja insistindo na sua reencarnação, que não desista em prosseguir tentando, até porque essas tentativas possam fazer parte de suas necessidades evolutivas. Explicamos melhor: embora o aborto provocado seja uma verdadeira violência contra a vida e deva ser evitado, há situações em que essa frustração, que impede o Espírito de renascer, faça parte de suas experiências, sobretudo, da necessidade de recuperar as condições do perispírito.


Isso tudo que falamos, porém, são hipóteses, porque cada caso é um caso, e cada Espírito, na tentativa de reencarnar, tem suas próprias necessidades e possibilidades. 





segunda-feira, 22 de julho de 2024

ABRAHAM LINCOLN E O SEU MATADOR ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Poucos dias após a posse no início de 1865, para um segundo mandato, Abraham Lincoln, eleito para ser o decimo sexto presidente norte-americano, morreu aos 56 anos, atingido por um tiro na cabeça desferido por um inimigo politico, enquanto assistia a uma peça de teatro. Unificador dos Estados do Norte e do Sul, libertador dos escravos, Lincoln, nascido no Kentucky, de origem humilde, depois de abandonar as rudes tarefas na fazenda do pai aos 21 anos, fixou-se em New Salem, ali vivendo por cinco anos, trabalhando como empregado de fábrica, caixeiro de armazém, agente de correios, até mudar-se para Springfield, onde passou a trabalhar como advogado entrando definitivamente para a politica, que o conduziu ao primeiro mandato de Presidente em 1861. Antevira em sonho premonitório vivido dias antes, seu próprio assassinato. Lincoln e a esposa participaram também de várias sessões com a médium Nettie Colburn Maynard, conforme relatos publicados por ela em 1891, mais tarde recuperados e traduzidos para o português pelo erudito Wallace Leal Rodrigues e publicados sob o título SESSÕES ESPÍRITAS NA CASA BRANCA (clarim). A morte do grande estadista repercutiu no mundo todo, gravando seu nome na História como um exemplo de politico íntegro e honesto. Dois anos depois, Allan Kardec na edição de março de 1867, publicava uma matéria extraída do BANNER OF LIGHT, de Boston, EUA, que, por sua vez, veiculou a análise de uma comunicação de Abraham Lincoln, por um médium chamado Ravenswood. Pelo que se confirma no seu conteúdo, títulos ou posições ocupados na nossa Dimensão, não fazem nenhuma diferença na transição dela para o Plano Espiritual em consequência da morte física. Vamos ao texto: “-Quando Lincoln voltou de seu atordoamento e despertou no Mundo dos Espíritos, ficou surpreendido e perturbado, porque não tinha a menor ideia de que estivesse morto. O tiro que o feriu suspendeu instantaneamente toda sensação e não compreendeu o que lhe havia acontecido. Esta confusão e essa perturbação, contudo, não duraram muito. Ele era bastante espiritualista para compreender o que é a morte e, como muitos outros, não ficou admirado da nova existência para a qual foi transportado. Viu-se cercado por muitas pessoas que sabia de há muito tempo mortas e logo soube a causa de sua morte. Foi recebido cordialmente por muita gente por quem tinha simpatia. Compreendeu sua afeição por ele e, num olhar, pôde abarcar o mundo feliz no qual tinha entrado. No mesmo instante experimentou um sentimento de angústia pela dor que devia experimentar sua família, e uma grande ansiedade a propósito das consequências que sua morte poderia ter para o País. Seus pensamentos o trouxeram violentamente à Terra. Tendo sabido que William Booth estava mortalmente ferido, veio a ele e curvou-se sobre o seu leito de morte. Nesse momento Lincoln tinha recuperado a perfeita consciência e a tranquilidade de Espírito, e esperou com calma o despertar de Both para a Vida Espiritual. Booth não ficou espantado ao despertar, porque esperava sua morte. O primeiro Espírito que encontrou foi Lincoln; olhou-o com muita afoiteza, como se se glorificasse do ato que havia praticado. O sentimento de Lincoln a seu respeito, entretanto, não alimentava nenhuma ideia de vingança, muito ao contrário; mostrava-se suave e bom e sem a menor animosidade. Booth não pode suportar este estado de coisas, e o deixou cheio de emoção. O ato que cometeu teve vários motivos; primeiro, sua falta de raciocínio, que lho fazia considerar como meritório e, depois, seu amor desregrado aos elogios que o tinham persuadido que seria cumulado deles e olhado como mártir. Depois de ter vagado, sentiu-se de novo atraído para Lincoln. Às vezes, enchia-se de arrependimento, outras seu orgulho o impedia de emendar-se. Entretanto compreendia quanto seu orgulho era vão, sabendo, sobretudo, que não pode ocultar como em vida, nenhum dos sentimentos que o agitam, e que seus pensamentos de orgulho, vergonha ou remorso são conhecidos pelos que o rodeiam. Sempre em presença de sua vítima e não recebendo dela senão sinais de bondade, eis o seu estado atual e sua punição”. Comentando essas informações Kardec comenta: “-A situação destes dois Espíritos é, em todos os pontos, conforme aquela que diariamente vemos exemplos nos relatos de além-túmulo. É perfeitamente racional e está em relação com o caráter dos dois indivíduos”.


Meus pais me ensinaram a ser trabalhador, honesto e não fazer mal a ninguém. Acredito em Deus, agradeço pela vida que tenho e faço minhas orações, mas não sou de frequentar igreja. Não teria tempo para isso. Hoje a vida está tão corrida que dificilmente posso me dedicar a alguma atividade social e, além de minhas obrigações, às vezes procuro ajudar um necessitado. Acho que isso é o bastante para sentir que estou cumprindo minha missão.

Todos temos uma missão a cumprir, prezado ouvinte. Alguns têm uma percepção mais apurada de sua missão mundo; outros, muito presos a conveniências sociais, ocupam-se inteiramente da vida material, onde acham que está a chave para a felicidade.

Por outro lado, as religiões, de um modo geral, são uma forma de chamar a atenção das pessoas para seus compromissos espirituais, ou seja, para algo especial que elas precisam fazer para o cumprimento de sua missão.

Por isso, as religiões se dedicam à espiritualidade, chamando a atenção sobre a necessidade e importância de se acreditar em Deus e no significado espiritual da vida.

Quando Jesus esteve na Terra, há cerca de dois mil anos atrás, embora tivesse nascido no seio de uma religião, ele se preocupou menos com a prática religiosa em si – como penitências, celebrações - e mais em despertar as pessoas para o sentido espiritual da vida.

O que chamamos de missão são tarefas, compromissos, algo especial que cada um de nós pode fazer, não apenas em benefício próprio (o que seria puro egoísmo), mas também em favor daqueles que vivem conosco, que são nossos irmãos de humanidade.

É isso que Jesus quis dizer quando recomendou “amar o próximo como a si mesmo” e a parábola do bom samaritano –podemos dizer assim – representa tudo o que Jesus quis passar à humanidade.

Abra o evangelho e leia lá a Parábola do Bom Samaritano e veja que Jesus não prioriza a religião, mas a ação. Muitas vezes, os mais religiosos na concepção do povo são os que menos fazem em favor do próximo.

Qualquer um pode ser uma pessoa de bem – homem ou mulher, rico ou pobre, religioso ou não. Para Jesus o bem é o bem, em qualquer circunstância.

É o bem que importa, independente da prática desta ou daquela religião, pois a prática do bem é a manifestação de Deus por meio do homem.

Portanto, se você quer ser uma pessoa útil, se pretende fazer algo bom para sua família ou para sua comunidade, não importa a religião. Viva com intensidade esse sentimento.

Mas, se você ainda não está muito certo disso, se traz profundas dúvidas a respeito de sua missão espiritual, procure um grupo religioso com o qual mais se afine e passe a estimular mais esse sentimento de servir ao próximo e de ser útil para a humanidade.




domingo, 21 de julho de 2024

PRESSENTIMENTOS E PROGNÓSTICOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Apoiando-se em fatos que envolveram algumas personalidades importantes do passado da França, Allan Kardec escreve na edição de novembro de 1867 da REVISTA ESPÍRITA um artigo em que procura explicar a diferença entre as duas situações propostas pelos termos pressentimentos e prognósticos. Cita o livro Memórias De Madame Chapman em que é relatado que na época em que tinha sido concebida a ideia de unir Maria Antonieta, a filha da Imperatriz Maria Tereza, ao filho de Luiz XV, esta buscou ouvir o Cura Gassner - reconhecido pelos seus à época chamados dons - a quem consultava muitas vezes, que ante a pergunta se sua “Antonieta seria feliz?”, após longa reflexão, empalideceu estranhamente e, apesar de manter enigmático silêncio, premido pela Imperatriz, disse: -“Senhora, há cruzes para todos os ombros”. A História registrou que desde o dia do casamento ocorrido em 16 de maio de 1770, uma sucessão de acontecimentos inclusive atmosféricos assinalaram essa pagina da vida de tanta gente famosa. O próprio Luiz XV, ouvira em 1757, de um astrólogo levado à sua presença pela Madame Pompadour, depois de ter feitos cálculos a partir da sua data de nascimento, disse-lhe:-“ Senhor, vosso reino é celebre por grandes acontecimentos; o que se seguirá sê-lo-á por grandes desastres”. Voltando à Maria Antonieta, após 8 anos de esterilidade, concebeu a uma menina e, três anos depois, ao que seria o herdeiro da Coroa, acontecimento comemorado em festa por toda Paris, em 21 de janeiro de 1782, onze anos antes da morte do Rei e do aprisionamento da Rainha para ser guilhotinada, em 1793, um ano após o marido, acusada de traição pelos que fizeram a Revolução Francesa. Analisando a questão Allan Kardec pondera: -“Nestes fatos, há que considerar duas coisas bem distintas: os pressentimentos e os fenômenos considerados como prognósticos de acontecimentos futuros. Não se poderiam negar os pressentimentos, dos quais há poucas pessoas que não tenham tido exemplos. É um desses fenômenos cuja explicação a matéria só é impotente para dar, porque se a matéria não pensa, também não pode pressentir. É assim que o materialismo a cada momento se choca contra as coisas vulgares que o vem desmentir. Para ser advertido de maneira oculta daquilo que se passa ao longe e de que não podemos ter conhecimento senão num futuro mais ou menos próximo pelos meios comuns é preciso que algo se desprenda de nós, veja e entenda o que não podemos perceber pelo olhos e pelos ouvidos, para referir a sua intuição ao nosso cérebro. Esse algo deve ser inteligente, desde que compreende e, muitas vezes, de um fato atual, prevê consequências futuras. É assim que por vezes temos o pressentimento do futuro. Esse algo não é outra coisa senão nós mesmos, nosso Ser espiritual, que não está confinado no corpo, como um pássaro numa gaiola, mas que, semelhante a um balão cativo, afasta-se momentaneamente da Terra, sem cessar de a ela estar ligado. É sobretudo nos momentos em que o corpo repousa, durante o sono, que o Espírito, aproveitando o descanso que lhe deixa o cuidado de seu invólucro, em parte recobra a liberdade e vai colher no espaço, entre outros Espíritos, encarnados como ele, ou desencarnados, e no que vê, ideias cuja intuição traz ao despertar. Essa emancipação da alma por vezes se dá no estado de vigília, nos momentos de absorção, de meditação e de devaneio, em que a alma parece não mais preocupada com a Terra. Ocorre, sobretudo de maneira mais efetiva e mais ostensiva nas pessoas dotadas do que se chama a dupla vista ou visão espiritual. Ao lado das intuições pessoais do Espírito, há que colocar as que lhe são sugeridas por outros Espíritos, quer em vigília, quer no sono, pela transmissão de pensamentos de alma a alma. ´É assim que muitas vezes se é advertido de um perigo, solicitado a tomar tal ou qual direção, sem que por isto o Espírito cesse de ter o seu livre arbítrio. São conselhos e não ordens, porque sempre fica livre de agir à sua vontade.



Os Espíritos passam para o umbral para se depurar, como foi o caso de André Luiz antes de ser levado para Nosso Lar, como vimos no livro e no filme. Podemos dizer, então, que o umbral dos espíritas é o purgatório dos católicos?

Não achamos apropriada essa comparação, porque os significados de umbral (dos espíritas) e purgatório (dos católicos) são diferentes. Para a Igreja o purgatório é o lugar onde as almas, que ainda têm chance de se salvar, vão sofrer para purgar seus pecados, ou seja, para se depurarem e daí ganharem definitivamente o céu.

O céu para os católicos, tanto quanto o inferno, são lugares definitivos, eternos. Aqueles que vão para um desses lugares, absolvidos ou condenados, de lá nunca mais sairão, porque não lhes haverá outra oportunidade.

No Espiritismo é diferente. Não há condenação definitiva – ou melhor, não há condenação nenhuma. O fato de o Espírito passar pelo umbral ( que seria um estado de sofrimento) decorre das suas condições íntimas e de seus conflitos de consciência, jamais de uma condenação, até porque ele sairá de lá mais cedo ou mais tarde.

Para efeito de comparação, diríamos que a regeneração do Espírito se dá através do despertar de sua consciência moral e de seu esforço em se melhorar, assim como o doente, que tomando consciência da gravidade da doença, passa a se tratar.

Será que daí ele vai para o céu? Não. Segundo o Espiritismo podemos chamar de “céu” o estado de felicidade relativa a cada um de nós, mesmo quando estamos aqui na Terra, mas não é um lugar determinado, da mesma forma que o umbral também é uma condição intima e passageira do Espírito na sua longa caminhada de aperfeiçoamento.

Quando ele mesmo, o Espírito – geralmente, com o auxílio de Espíritos amigos – consegue ir se superando em termos morais, a partir de então, ele pode ter acesso e ser encaminhado para uma condição espiritual melhor.

É o que aconteceu com André Luiz. O umbral era sua condição íntima. Era a vivência de conflitos da alma ainda não resolvidos. A partir do momento em que André encontrou um ponto de equilíbrio e pôde se estabilizar moralmente, foi levado para a colônia Nosso Lar, porque lá já havia tratamento adequado para ele.

Mas ele não vai permanecer definitivamente em Nosso Lar. Chegará o dia em que, em consequência de seu progresso moral, decorrente dom seu aprendizado e dos serviços prestados, ele estará em condições de habitar colônias espiritualmente mais adiantadas.

Mas, mesmo assim, não estaria no céu. Nosso Lar não é céu. É uma colônia espiritual onde estagiam Espíritos que se acham num processo de transformação moral. Existem colônias muito mais elevadas que Nosso Lar, mas certamente elas não estão próximas à Terra.

Por outro lado, a depuração que se concebe no purgatório dos católicos parece algo passivo, ou seja, o simples sofrimento daria ao Espírito a condição de auto superação. No Espiritismo, não basta sofrer, a depuração é um processo consciente e4 ativo, em que o Espírito aprende a se superar.

sábado, 20 de julho de 2024

O PRINCÍPIO DA REENCARNAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Dentre os temas reveladores oferecidos pelo Espiritismo, o Princípio da Reencarnação oferece dados surpreendentes. Dissipa-se, portanto, a falsa visão mística da questão. Na sequência uma pequena demonstração disso nas respostas às questões geralmente comuns entre aqueles que verdadeiramente querem saber a Verdade. Como ocorre a concepção? Quando o Espírito deve se encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluidico (...), liga-o ao germe para o qual se sente atraído, por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o feto se desenvolve, o laço se aperta; sob a influência do princípio material do embrião, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, com o corpo que se forma. Quando o feto está inteiramente desenvolvido, a união é completa, e, então, ele nasce para a vida exterior. (G.XI,18) A ligação inicial é no corpo perispiritual do filho com o da mãe. Do ponto de vista físico, através dos condutos naturais, correm os elementos sexuais masculinos, em busca do óvulo, em velocidade de três milímetros, aproximadamente, por minuto. Aos milhares, seguem, em massa para a frente, em impulso instintivo. O futuro óvulo materno, preside ao trabalho prévio de determinação do sexo do corpo a organizar-se. A célula feminina, sofrida a dilaceração da cutícula, enrijece-se cerrando os poros tenuíssimos, recebe o esperado visitante, impedindo a intromissão de qualquer outro dos competidores, que haviam perdido a primeira posição na grande prova. Pouco mais de quatro minutos após atravessar a periferia do óvulo, alcança seu núcleo. Ambas as forças, masculina e feminina, formam agora uma só, convertendo-se do ponto de visa espiritual, num tenuíssimo foco de luz.(...). Prossegue a divisão da cromatina, ajustando-se a forma reduzida do reencarnante, interpenetrando-se com o organismo perispiritico da mãe no microscópico globo de luz, que, impregnado de vida, começa a movimentar-se, sequencia que consome em torno de 15 minutos .(ML,13) - E nos casos de Espíritos que chegam ao Plano Espiritual com as sequelas das desarmonias que desenvolveram no corpo abandonado pelo impositivo da morte? O problema é de natureza espiritual. Durante a gravidez, a mente do reencarnante permanecerá associada à materna, influenciando a formação do embrião. Todo o cosmo celular do novo organismo estará impregnado pelas forças do pensamento enfermiço do que regressa ao mundo, renascendo com as deficiências de que é ainda portador, embora favorecido pelo material genético que recolherá dos pais, nos limites da lei de herança, para a constituição do novo envoltório. Na mente reside o comando. A consciência traça o destino, o corpo reflete a alma. Toda agregação da matéria obedece a impulsos do Espírito. Nossos pensamentos fabricam as formas de que nos utilizamos na vida .(ETC,29) Como entender as gestações difíceis para a futura mãe? A mulher grávida, além da prestação de serviço orgânico à entidade que se reencarna, é igualmente constrangida a lhe suportar o contato espiritual, sempre sacrificial quando se trata de alguém com escuros débitos de consciência. A organização feminina, durante a gestação, sofre verdadeira enxertia mental. Os pensamentos do Ser que se acolhe ao santuário íntimo, lhe envolvem totalmente, determinando significativas alterações em seu cosmo biológico. Se o filho é senhor de larga evolução e dono de elogiáveis qualidades morais, consegue auxiliar o campo materno, prodigalizando-lhe sublimadas emoções e convertendo a maternidade, habitualmente dolorosa, em estação de esperanças e alegrias intraduzíveis. (ETC,30) E no caso dos que se situam nas mesmas dívidas e posição evolutiva? Influenciam-se mutuamente. Se a mãe atua de maneira decisiva, na formação do novo corpo, o Espírito atua vigorosamente nela, estabelecendo fenômenos perturbadores em sua constituição de mulher. A permuta de impressões entre ambos é inevitável e os padecimentos que o reencarnante traz, se imprimem na mente maternal, que os reproduz no próprio corpo. A corrente de troca entre mãe e filho não se circunscreve à alimentação de natureza material, estendendo-se ao intercâmbio constante de sensações diversas (...). As mentes de um e de outro como que se justapõem, mantendo-se em permanente comunhão, até que a Natureza complete o serviço que lhe cabe no tempo. De semelhante associação, procedem os chamados “sinais de nascença”, pois, certos estados íntimos da mulher alcançam, de algum modo o princípio fetal, marcando-o para a existência inteira, já que o trabalho da maternidade assemelha-se a delicado processo de modelagem. (ETC,30)


- Uma pessoa pediu que quando desencarnasse lhe fizessem um túmulo com determinadas características. Depois que ela desencarnou a família ficou em dúvida se deveria fazer ou não tal túmulo, porque a família não valoriza esse lado material e acha que ela pode ter um túmulo como os outros. O que vocês acham?

É uma questão muito particular, que só à família cabe resolver. No Espiritismo sabemos que as coisas materiais não têm influência direta no Espírito que já está depreendido do corpo, a não ser que ele ainda esteja muito apegado à matéria e sofra por isso.

Aliás, quanto mais apegado à matéria, mais ele vai sofrer, por conta de sua estreiteza de concepção, como uma criança que chora porque quer um determinado brinquedo e não aceita outro . Pode ser que até que, agora, na condição de desencarnada, ela tenha superado esse problema e não precise mais disso.

O que esse Espírito precisa é de prece, de oração verdadeira por um bom tempo, mas não apenas de orações decoradas, repetidas e proferidas maquinalmente sem sentimento, mas de uma mentalização de acolhimento carregada de compreensão e de amor, para que se liberte o quanto antes dessas amarras que ainda a prendem ao mundo.

Logo, depende muito da atitude da família e, principalmente, do seu entendimento, cara ouvinte. Mas, se vocês acharem que isso não é suficiente e a família tem condições de atendê-la, poderia fazer em sua homenagem o que ela pediu. Para o Espirito o que vai realmente ajuda-lo é o sentimento de seus familiares. Não se esqueça disso.


sexta-feira, 19 de julho de 2024

UMA ANÁLISE SOBRE A REENCARNAÇÃO ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Distante por 16 séculos da cultura entorpecida pelas sombras impostas pelo dominante pensamento religioso, a sociedade humana resiste a ceder à logica e evidências da reencarnação e visão evolucionista derivada dela. No número de outubro de 1860, um Espírito identificado como Zénon, através de mensagem psicografada em reunião da Sociedade Espírita de Paris, incluída por Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA faz uma análise interessante sobre o tema. Escreve ele: - Há na doutrina da reencarnação uma economia moral que não escapa à tua inteligência. Sendo a corporeidade compatível somente com os atos de virtude, e sendo esses atos necessários ao melhoramento do Espírito, raramente encontrará este, numa única existência, as circunstâncias necessárias ao seu progresso acima da Humanidade. Sendo admitido que a justiça de Deus não pode harmonizar-se com as penas eternas, deve a razão concluir pela necessidade: 1o - de um período de tempo durante o qual o Espírito examina o seu passado e toma suas resoluções para o futuro; 2o - de uma existência nova em harmonia com o avanço atual desse Espírito. Não falo dos suplícios, por vezes terríveis, a que são condenados certos Espíritos, durante o período da erraticidade; por um lado eles correspondem à enormidade da falta e, por outro, à justiça de Deus. Isto diz bastante para dispensar detalhes que, aliás, encontrarás no estudo das evocações. Voltando às reencarnações, haverás de compreender a sua necessidade por uma comparação vulgar, mas de impressionante verdade. Após um ano de estudos, o que acontece ao jovem colegial? Se progrediu, passa para a classe superior; se ficou imobilizado em sua ignorância, repete o ano. Vai mais longe; comete faltas graves e é expulso. Pode vagar de colégio em colégio; pode ser afastado da Universidade e pode ir da casa de educação à casa de correção. Tal a imagem fiel da sorte dos Espíritos e nada satisfaz mais completamente à razão. Quer-se cavar mais profundamente a doutrina? Ver-se-á, nessas ideias, o quanto a justiça de Deus parece mais perfeita e mais conforme às grandes verdades que dominam a nossa inteligência. No conjunto, como nos detalhes, há nisso algo de tão surpreendente que o Espírito que começa a iniciar-se fica como que iluminado. E as censuras murmuradas contra a Providência, e as maldições contra a dor, e o escândalo do vício feliz em face da virtude que sofre, e a morte prematura da criança; e, numa mesma família, de encantadoras qualidades, dando, por assim dizer, a mão a uma perversidade precoce; e as enfermidades que datam do berço; e a infinita diversidade de destinos, tanto nos indivíduos, quanto nos povos, problemas até hoje insolúveis, enigmas que fazem duvidar da bondade, e quase da existência de Deus, tudo isto se explica ao mesmo tempo. Um puro raio de luz se estende no horizonte da filosofia nova e, no seu quadro imenso, agrupam-se harmoniosamente todas as condições da existência humana. As dificuldades se aplainam, os problemas se resolvem, e mistérios até hoje impenetráveis se explicam numa única palavra: reencarnação. Leio em teu pensamento, prezado cristão. Tu dizes: eis, desta vez, uma verdadeira heresia. (...) No dia marcado por Deus os filósofos cristãos não terão nenhuma dificuldade para dizer que a vida é múltipla. Isso não acrescenta nem muda nada nos vossos deveres. A moral cristã fica de pé e a lembrança da missão de Jesus paira sempre sobre a Humanidade. A religião nada tem a temer deste ensino, e não está longe o dia em que seus ministros abrirão os olhos à luz; por fim reconhecerão, na revelação nova, os socorros que, imploram do céu. Eles creem que a sociedade vai perecer: será salva.


Quando uma pessoa está sofrendo muito e parece que nada dá certo em sua vida, os espíritas costumam dizer que ela está pagando pelo mal que fez em outra encarnação. Isso pode fazer com que ela sofra ainda mais, porque se sente culpada de algo que fez no passado, mas não se lembra. (Comentário)

Certa ocasião, uma senhora que costumava ligar para o MOMENTO ESPÍRITA e cuidava de sua mãe doente há pelo menos dez anos, nos perguntou que mal ela teria feito à mãe em vida anterior para ficar com o peso dessa responsabilidade.

Na verdade, ela tinha vários irmãos que, com o tempo, deixaram de dar atenção à mãe, deixando para ela todo o peso do encargo. Daí porque, ela se sentia na obrigação e cuidar da mãe, dar para ela o melhor que podia e, ao mesmo tempo curtir um ressentimento para com os irmãos que a abandonaram.

Dissemos àquela senhora que não visse o desafio dessa forma. Pela maneira carinhosa como ela cuidava da mãe, com certeza ela não estava respondendo por algum mal ou omissão do passado, mas, ao contrário, ela estava cumprindo uma nobre missão, assumindo a responsabilidade perante sua mãe.

Na lei de Deus, caros ouvintes, as coisas não devem ser vistas com tanta simplicidade, para dizer à pessoa: “Está vendo? Você foi mal do passado e agora está pagando!... Não, não é assim. Precisamos saber que se, por outro lado, respondemos por erros, por outro, nós também assumimos tarefas e compromissos – que são mais importantes na caminhada do Espírito do que simplesmente pagar por dívidas morais.

Parece que aquela ouvinte ficou satisfeita com a nossa colocação e nunca mais veio a tocar no assunto, até porque tempos depois sua mãe veio a desencarnar sob seus cuidados e ela também desencarnou em seguida.

Portanto, meus irmãos, não devemos nos arvorar em julgadores da vida alheia, só porque esta ou aquela pessoa está passando por esta ou por aquela dificuldade. Na maioria das vezes, não damos conta da nossa própria vida e, o pior, muitas vezes não queremos encarar a realidade.

A questão fundamental que devemos considerar no caso das experiências reencarnatórias é que todos nós estamos no mundo para desenvolver responsabilidade e não para alimentar sentimento de culpa.

Assim, diante de qualquer situação que pareça conspirar contra nós, vamos pensar primeiro que aquele problema veio para nos despertar e nos ajudar a crescer, cada um diante de si mesmo, diante de seus irmãos de humanidade e diante de Deus.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

APLICAÇÕES DA MEDIUNIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Quando Allan Kardec escreveu n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS que a “mediunidade é inerente ao homem, podendo dizer-se que todo mundo é, mais ou menos, médium” e, que a “faculdade propriamente dita é orgânica”, ainda não se tinha no Mundo Ocidental associado a mesma à glândula pineal ou epífise. Escolas religiosas da Antiguidade, contudo, já dominavam tal conhecimento e o próprio filósofo e matemático René Descartes a considerava a sede da alma. Kardec foi além, escrevendo que “o médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos”, diante da quantidade espantosa de informações vertidas do Plano Espiritual abrindo caminho para uma compreensão mais precisa sobre a razão de ser e existir. O tempo foi consagrando o acerto de suas afirmações com os Espíritos do Senhor fomentando o surgimento de inúmeras alternativas para o acesso das criaturas humanas aos princípios da Verdade concernente à sua própria imortalidade. Múltiplas formas de manifestação por sinal classificadas previamente pelo erudito pesquisador foram despertando consciências ao redor do Planeta em que vivemos. No Brasil, o caso Chico Xavier, especialmente, nas três últimas décadas de sua tarefa, constitui-se em importante e segura fonte de pesquisa. Sobre essa fase, afirmou que “como médium, essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na Terra foi o que sempre mais me gratificou”, pois, “não existe sofrimento maior do que a dor de perder um filho”. Acrescentou outra ocasião que “os Espíritos ainda não encontraram uma palavra para definir a dor de um coração de mãe quando perde um filho”. E esse conforto em grande parte deve-se à mediunidade que interliga diferentes Dimensões existenciais. Prova disso é o trabalho do também médium norte-americano James Van Praagh, autor do livro autobiográfico CONVERSANDO COM OS ESPÍRITOS (salamandra,1998). Convivendo com a paranormalidade desde a infância sem que compreendesse bem suas percepções, já adulto acatou os conselhos de outro sensitivo, buscou instrumentalizar-se de conhecimentos e pôs-se a trabalhar para a Espiritualidade, oferecendo conforto e esperança para pessoas que o procuraram na expectativa – apesar do ceticismo da maioria - de obter algum tipo de informação sobre os porquês da dura separação nunca cogitada nesse mundo em que o materialismo ofusca qualquer possibilidade de atentar-se para outros aspectos da vida. James em seu livro generosamente repassa sua visão pessoal dessa realidade, fundamentando-se não só nas pesquisas que fez, mas também na experiência acumulada ao longo de vários anos de trabalho e convivência com a dor alheia. Exemplificando suas opiniões com casos atendidos, esclarece o pós-morte no caso de transições trágicas, acidentes fatais, AIDS, suicídio, descrevendo o clima de intensa emoção quando de reencontro dos que se amam. Apesar das diferenças culturais e o “modus operandi” fundamentalmente diferente do observado através de Chico Xavier, os resultados surtem o mesmo efeito: aplacam as dores da alma. Pena que poucos médiuns se interessam por se dedicar e aperfeiçoar nessa linha de trabalho. O próprio médium mineiro mostrou outro lado da questão em comentário feito ainda quando encarnado sobre a questão dizendo: -“Não entendo os nossos irmãos que combatem esse tipo de intercâmbio com o Mundo Espiritual. Eles se esquecem de que os que partiram também desejam o contato. O médium, sem dúvida, pode, em certas circunstancias rastrear o Espírito, mas, na maioria das vezes, é o Espírito que vem ao médium. O trabalho da Espiritualidade é intenso. Para que um filho desencarnado envie algumas palavras de conforto aos seus pais na Terra, muitos Espíritos se mobilizam. Isso não é uma evocação. Não raro são os próprios filhos desencarnados que atraem os seus pais aos Centros Espíritas: desejam dizer que não morreram, que continuam vivos na Outra Dimensão, que os amam e que haverão de amá-los sempre”. Falando de si remetendo-nos a uma reflexão, Chico conclui: -“Oro todos os dias pelas mães que perderam filhos, sobretudo em condições trágicas, como um assassinato, por exemplo. Deus há de se compadecer de todas elas!... Quando elas me procuram, é que verdadeiramente posso sentir a minha insignificância para consolar alguém”... Os “doutores da lei” continuam vigilantes e atuantes. Não percebem a importância da oferta desse serviço para a comunidade nem o quanto seria útil para a propagação da mensagem da imortalidade e das realidades que nos aguardam além dessa vida de onde a qualquer momento sairemos para a necessária avaliação do nível de aproveitamento da reencarnação provavelmente ansiosamente aguardada em algum lugar do passado recente ou remoto.



Quando uma pessoa está sofrendo muito e parece que nada dá certo em sua vida, os espíritas costumam dizer que ela está pagando pelo mal que fez em outra encarnação. Isso pode fazer com que essa pessoa sofra mais ainda, porque se sente culpada de algo que fez no passado, mas não se lembra. (Comentário)

De nossa parte perguntamos: o que você faria para levar a essa pessoa uma palavra de reconforto? Diria, por exemplo, que ela sofre porque esta essa é a vontade de Deus?

Neste caso, atribuindo seu sofrimento à vontade de Deus, não seria o mesmo que dizer que Deus não gosta dela, não foi com a sua cara e por isso deu-lhe uma vida sofrida?

Não seria o mesmo que dizer que Deus lhe impingiu uma vida difícil e sofrida, ao contrário de outras pessoas a quem concedeu uma vida mais ou menos tranquila, simplesmente porque Ele quis ou gosta mais delas?

Que Deus é esse, caro ouvinte? Dizendo isso –ou seja, que ela sofre porque Deus quer - você não estaria dizendo que Deus tem seus próprios caprichos e se compraz em prejudicar uns enquanto beneficia outros?

Onde estaria a bondade e a misericórdia do Pai celestial, conforme Jesus ensinou, ao dizer que Ele manda o sol para os bons e para os maus, e a chuva para os justos e para os injustos?

No entanto, vamos considerar, agora, que você não acredita em Deus, que você é ateu e que, portanto, tudo que acontece com cada ser humano decorre do acaso e que, portanto, a morte é o fim de tudo.

Ante essa concepção materialista, como se sentiria essa pessoa sofrida diante de si mesma, ao tomar conhecimento de que ela é vítima do acaso ou da má sorte?

Essa triste condição de azarado, diante dos demais seres humanos, não lhe traria um sentimento de culpa e de impotência ainda maior?

Que valor ela daria à sua vida, se soubesse que não sobreviveria à morte, e que, portanto, não vale a pena permanecer sofrendo, pois isso de nada lhe serviria?

Não seria melhor que ela não existisse, pois infelizmente nasceu para sofrer, porque essa é sua sina aqui na Terra?

Veja, prezado ouvinte, que essas duas alternativas – a que está sofrendo por vontade de Deus e que é apenas fruto do acaso – intensificariam ainda mais seu sentimento de culpa, levando-a desvalorizar-se diante de si mesma e do mundo.

Não podemos estar neste mundo, na condição em que nos encontramos, apenas por conta do acaso ou da vontade de Deus.

Deus é muito mais do que comumente se pensa. Ele nos criou para a perfeição, para a felicidade – e não para o sofrimento ou para a perdição - caminho que compete a cada um de nós construir.

O sofrimento é uma contingência da vida, que contribui para o nosso crescimento. Por isso, precisamos ter fé e paciência, e seguir adiante.

As dificuldades da vida são os desafios que temos de encarar, porque já vivemos antes desta vida e temos de vencer alguns hábitos nocivos de que ainda não conseguimos desvencilhar.

Mas sabemos que Deus ( nosso Pai de Amor e Misericórdia) é sempre por nós e que somos capazes de vencer os obstáculos, que nos permitirão caminhar mais depressa em busca de nossa realização integral como Espíritos e filhos amados.

Se não conseguirmos atingir uma determinada meta numa encarnação, com certeza teremos outras oportunidades para fazê-lo.

O sofrimento decorre de várias causas, mas sobretudo de nossa própria imperfeição, pois somos seres em aperfeiçoamento, transitando pela estradas da vida, em busca da perfeição.

Logo, saber ou deduzir que estamos sofrendo por causa de erros do passado não deve acarretar em nós apenas um sentimento de culpa, mas sim o de responsabilidade, pois somos capazes de superar nossas imperfeições para alcançar uma condição cada vez melhor em nossa caminhada evolutiva.


quarta-feira, 17 de julho de 2024

O VERDADEIRO SENTIDO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Indiscutivelmente o principal meio de difusão do Espiritismo tornou-se num ponto de referência e convergência dos que são surpreendidos por revezes com os quais não imaginavam. Na superficialidade de suas avaliações concluem ser a prática espírita mero instrumento de reequilíbrio através dos passes ou outros tratamentos oferecidos nas Casas Espíritas, supõem ponto de encontro entre a realidade material e a imaterial, a tangível e a intangível. Um meio onde se pode encontrar a cura ou o caminho a seguir através das orientações dos Amigos Espirituais ou Mentores como se costuma dizer. Será apenas isso? Será apenas esta a finalidade da Doutrina Espirita. Em texto apresentado na edição de novembro de 1864, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec esclarece essa dúvida. Escreve ele: -“O Espiritismo não é uma concepção individual, um produto da imaginação; não é uma teoria, um sistema inventado para a necessidade de uma causa. Tem sua fonte nos fatos da natureza mesma, em fatos positivos, que se produzem aos nossos olhos e a cada instante, mas cuja origem não se suspeitava. É, pois, resultado da observação, numa palavra, uma ciência: a ciência das relações entre os mundos visível e invisível; ciência ainda imperfeita, mas que diariamente se completa por novos estudos e que, tende certeza, tomará posição ao lado das ciências positivas. Digo positivas, porque toda ciência que repousa sobre fatos é uma ciência positiva, e não meramente especulativa. O Espiritismo nada inventou, porque não se inventa o que está na Natureza. Newton não inventou a Lei da Gravitação: está Lei Universal, existia antes dele; cada um a aplicava e lhe sentia os efeitos, posto não a conhecessem. Por sua vez, o Espiritismo vem mostrar uma nova Lei, uma nova força da natureza: a que reside na ação do Espírito sobre a matéria, lei tão Universal quanto a da gravitação e da eletricidade, contudo ainda desconhecida e negada por certas pessoas, como o foram outras Leis no momento de sua descoberta. É que os homens geralmente sentem dificuldade em renunciar às suas ideias preconcebidas e, por amor próprio, custa-lhes concordar que estavam enganados, ou que outros tenham podido encontrar o que eles próprios não encontraram. Mas como, em definitivo, esta Lei repousa sobre fatos e contra os fatos não há negação que possa prevalecer, terão que render-se à evidência, como os mais recalcitrantes tiveram que o fazer quanto ao movimento da Terra, à formação do Globo e aos efeitos do vapor. Por mais que taxem os fenômenos de ridículos, não podem impedir a existência daquilo que é. Assim, o Espiritismo procurou a explicação dos fenômenos de uma certa ordem e que, em todas as épocas, se produziram de maneira espontânea. Mas o que, sobretudo, o favoreceu nessas pesquisas, é que lhe foi dado o poder de produzi-los e os provocar, até certo ponto. Encontrou nos médiuns instrumentos adequados a tal efeito, como o físico encontrou na pilha e na máquina elétrica os meios de reproduzir os efeitos do raio. Compreende-se que isso é uma comparação e não uma analogia. Há aqui uma consideração de alta importância: é que, em suas pesquisas, ele não procedeu por via de hipóteses, como o acusam; não supôs aexistência do Mundo Espiritual, para explicar os fenômenos que tinha sob as vistas; procedeu pela via da análise e da observação; dos fatos remontou à causa e o elemento espiritual se apresentou como força ativa; só o proclamou depois de o haver constatado. Como força e como Lei da Natureza, a ação do elemento espiritual abre, assim, novos horizontes à ciência, dando-lhe a chave de uma porção de problemas incompreendidos. Mas se a descoberta de Leis puramente materiais produziu no mundo revoluções materiais, a do elemento espiritual nele prepara uma revolução moral, porque muda totalmente o curso das ideias e das crenças mais arraigadas; mostra a vida sob um outro aspecto; mata a superstição e o fanatismo; desenvolve o pensamento e o homem, em vez de se arrastar na matéria, de circunscrever sua vida entre o nascimento e a morte, eleva-se no Infinito; sabe de onde vem e para onde vai; vê um objetivo para o seu trabalho, para seus esforços, uma razão de ser para o Bem; sabe que nada do que aqui adquire em saber e moralidade lhe é perdido, e que o seu progresso continua indefinidamente no além túmulo; sabe que há sempre um futuro para si, sejam quais forem a insuficiência e a brevidade da presente existência, ao passo que a ideia materialista, circunscrevendo a vida à existência atual, dá-lhe como perspectiva o nada, que nem mesmo tem por compensação a duração, que ninguém pode aumentar à sua vontade, desde que podemos cair amanhã, em uma hora, e então o fruto de nossos labores, de nossas vigílias, dos conhecimentos adquiridos estarão para nós perdidos para sempre, muitas vezes sem termos tido tempo de os desfrutar. Repito, demonstrando o Espiritismo, não por hipótese, mas por fatos, a existência do Mundo Invisível e o futuro que nos aguarda, muda completamente o curso das ideias; dá ao homem a força moral, a coragem e a resignação, porque não mais trabalha apenas pelo presente, mas pelo futuro; sabe que se não gozar hoje, gozará amanhã”.



Se uma senhora tem uma conduta honesta, se é dedicada à família, cumpre com suas obrigações, e sabe dar amor e carinho aos filhos, mas, mesmo assim, é incompreendida e sofre muita incompreensão – aliás, só conheceu sofrimento nesta vida – isso tudo é porque ela errou muito na vida passada? O que ela poderia fazer para sofrer menos?


Embora seja comum ouvir dos espíritas que o que funciona é a lei de causa e efeito, que essa lei explica todos os problemas humanos, nós não devemos chegar ao exagero de afirmar que todos os sofrimentos, pelos quais uma pessoa venha a passar, decorram única e exclusivamente de erros que ela tenha cometido em encarnações passadas. Não. Pensar assim é querer simplificar muito a lei de causa e efeito.. A questão é um pouco mais complexa. O sofrimento decorre de várias causas ao mesmo tempo; e uma dessas causas são os erros do passado.


Os sofrimentos, que decorrem de erros, são conhecidos no Espiritismo como expiação; no hinduismo como carma. Mas, os problemas da vida, de um modo geral, todos os problemas, provém – como dissemos – de vários fatores. Há dificuldades que decorrem de compromissos que o Espírito assumiu – ou com pessoas ou com coletividades, ou mesmo com uma causa, com um ideal que abraçou. Esses compromissos podem ser chamados de “tarefas” ou de “missões”, dependendo de sua dimensão. Os grandes Espíritos, por exemplo, têm missões – como foi o caso de Jesus – e essas missões, em geral, são sofridas, mas elas têm por objetivo impulsionar o progresso moral da humanidade.


Em geral, em toda família, há sempre Espíritos abnegados, que renascem naquele meio com o compromisso de ajudar os outros a crescer espiritualmente. São mães ou pais, que se esforçam, que lutam, que até se sacrificam, para poderem auxiliar Espíritos – que, muitas vezes, vêm na condição de filhos, netos ou outros parentes – para serem estimulados ao bem, para se recuperarem de suas quedas morais do passado. Tais situações são, muitas vezes, difíceis e sofridas, mas que, ao final, vão acrescentar a essas almas abnegadas um merecimento muito especial, proporcionando-lhes grandes recompensas espirituais.


No Espiritismo, aprendemos que as dores humanas – principalmente as chamadas dores morais – não decorrem, portanto, apenas dos erros, mas podem ser escolhas que o Espírito faz antes de reencarnar – em forma de provas, de tarefas e missões: isso, sem contar que todos nós, passando por esta experiência planetária, ainda estamos sujeitos à chamada “dor-evolução”, ou seja, aquelas dificuldades naturais de nosso caminho, que têm por objetivo estimular o nosso próprio desenvolvimento moral e intelectual. Precisamos considerar que a grande parte dos problemas corriqueiros do dia-a-dia provém da falta de habilidade para viver melhor.


No caso em questão, tudo leva a crer que se trata de um compromisso assumido por esse Espírito com as pessoas que a rodeiam. Se fosse expiação – ou seja, se fosse efeitos de erros do passado, ela estaria intranqüila, insatisfeita e até revoltada com a situação, mas, pelo que você diz, não é o que acontece, demonstrando que ela já alcançou um grau considerável de evolução.


Se essa pessoa sofre muito em favor daqueles a quem ama, com certeza, ela está fazendo o melhor que pode. E se ela conhecer o Espiritismo, souber como funciona a lei de causa e efeito, com certeza, vai tomar consciência de que todo bem que está fazendo, não só ajudará aqueles a quem ama, mas será fator de crescimento e merecimento especial dela mesma que, na verdade, estará garantindo sua promoção especial na espiritualidade. Isso lhe servirá de lenitivo e, ao mesmo tempo, de estímulo para prosseguir serena e confiante no seu progresso espiritual.