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sexta-feira, 29 de abril de 2016

ALLAN KARDEC E LÉON DENIS: UMA LIGAÇÃO ANTIGA

Nos oitenta e um anos vividos em sua existência como Léon Denis (1846/1927), nos últimos 20 esse Espírito esteve praticamente cego, embora muito produtivo graças à retaguarda oferecida por Claire Baumard, que sucedeu sua irmã gêmea Gabrielle na tarefa de secretariar o grande continuador de Allan Kardec no desenvolvimento do aspecto filosófico do Espiritismo. Dénis recordava que “tinha 18 anos quando, por volta de 1864, passando um dia pela principal rua da cidade, vi, no mostruário de uma livraria, O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Avidamente o comprei, às ocultas de minha mãe, muito cuidadosa quanto aos assuntos de minhas leituras”. Sobre sua relação com a pessoa do Mestre, contou: “Eu encontrei várias vezes Allan Kardec sobre o plano terrestre. A primeira vez foi em Tours, quando ele veio, ao curso de uma viagem de conferências. Tínhamos alugado uma sala para o receber, mas a polícia imperial, desconfiada, interditou-nos o seu uso. Foi preciso que nos reuníssemos no jardim de um amigo, à luz das estrelas. Éramos bem trezentas pessoas de pé, apertadas, pisando as platibandas, mas felizes por ver e ouvir o mestre, assentado em meio a nós, ante uma mesinha e que nos falava do fenômeno das obsessões. No dia seguinte, quando fui levar-lhe os meus cumprimentos, encontrei-o nesse mesmo jardim, trepado num escabelo, colhendo cerejas para a Sra. Allan Kardec. Esta cena bucólica cheia de encanto contrastava com a gravidade dos personagens. Mais tarde encontrei-o em Bonneval, Eure-et-Loire, onde fora participar de um meeting espírita que reunia todos os adeptos da região. Finalmente em Paris, ao curso de minhas viagens, pude trocar ideias com ele sobre a causa que nos era tão cara”. Na retaguarda de seu trabalho encontrava-se o Espírito do grande discípulo de Jan Huss, o reformador tcheco que, na verdade, foi a identidade do Espírito do Codificador do Espiritismo em vida anterior na Terra. Ao seu lado quase que até o fim de sua jornada como demonstrado na passagem em que convidado para presidir ao Congresso Internacional Espírita de Paris, em 1925. Sentindo-se extenuado, enfermo, dificultado pela quase ausência da visão, procura contornar “O mestre levou a questão à consideração de seus guias em uma reunião íntima e estes o encorajaram a participar do Congresso; entretanto, ele objetou mais uma vez, recordando “o fardo de suas enfermidades”. Flammarion o substituiria com vantagem. Léon Denis apenas pronunciara estas palavras quando foi interrompido pelo médium que, em tom firme e nítido lhe responde: – Flammarion não estará lá! Como? Flammarion vai se abster? “Não, ele não estará lá!”. Nenhuma palavra a mais. O Congresso teria lugar de 6 a 13 de setembro de 1925, Camille Flammarion, desencarnaria a 4 de junho, portanto quatro meses antes. Comentando isso, sua secretária Mlle. Baumard não faz outros comentários, porém em seu prefácio à biografia de Kardec, escrita por Henri Sausse, Denis torna claro que o espírito ao qual confiara suas dúvidas nessa noite fora o do próprio Kardec. No revelador livro LÉON DENIS NA INTIMIDADE (clarim, 1982), que biografa parte da vida do grande escritor de Tours,  Claire Baumard - repetimos, sua secretária nas ultimas décadas de sua vida terrena -, o tradutor e prefaciador Wallace Leal Rodrigues, estabelece interessante paralelo sobre os personagens aqui citados Denis, Kardec, Jerônimo de Praga. Segundo ele, a lógica das tarefas desempenhadas por todos, indica que Denis ao tempo em que Kardec foi Jan Huss, o precursor da Reforma influenciado por Jerônimo de Praga que, por sua vez, concluiu sua formação na Inglaterra, inflamando-se nos ideais protestantes a partir das ideias desenvolvidas por John Wycliffe. Deduz  com grande possibilidade de acerto que este renasceria  onze anos antes do lançamento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS para evoluir nas definições da Filosofia Espírita.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

O ESPÍRITO EMMANUEL E A LEITURA DINÂMICA

Tendo conhecido o Espiritismo aos 16 anos logo após ter-se mudado com a família para Araraquara (SP), procedentes do interior do Estado do Espírito Santo, Wallace Leal Valentim Rodrigues, teve ao longo do restante de sua mais recente existência na nossa Dimensão, participação significativa na História da Casa Editora O Clarim, entidade fundada por Cairbar Schutel, pioneiro do Espiritismo na região araraquarense do Estado de São Paulo. Acatando orientação do Espírito Emmanuel através de Chico Xavier assumiu no final da década de 60, o comando da instituição responsável pela publicação da REVISTA INTERNACIONAL DO ESPIRITISMO e do jornal O CLARIM, como revela em capítulo com que enriqueceu a obra AMOR E SABEDORIA DE EMMANUEL organizada pelo Professor Clovis Tavares. Inteligência brilhante, escreveu, organizou e traduziu várias obras importantes publicadas pela editora que dirigiu. Quando do recebimento do título de Cidadão Paulistano por Chico Xavier, Wallace reuniu uma série de mensagens de autoria de Emmanuel psicografadas pelo médium e publicadas avulsamente ao longo de vários anos e compôs o livro SEGUE-ME (clarim, 1973). Como prefácio, apresentou um interessante estudo de sua autoria, demonstrando como o trabalho do médium, notadamente os escritos de seu Orientador Espiritual foram produzidos dentro de uma técnica absolutamente compatível com a evolução da comunicação escrita ao longo do final do século 20. Para demonstrar a genialidade do Wallace especialista em comunicação, destacamos alguns trechos do seu texto: -“Inesperadamente, tomou-se conhecimento da existência do Professor Françóis Richaudeau, Coordenador do Centro de Estudos e Promoção da Leitura, de Paris, e de seu trabalho na revista Comunicação e Linguagem, e de um seu livro, de fundamental valor na história da percepção dinâmica: “A Legibilidade”. Ele fez entender que as elites serão comandadas pelas pessoas que SOUBERAM O QUE LER, que souberam COMO LER, mesmo pondo de lado que o façam em velocidades diferentes. (...)  Eis, porém, que o livro “A Legibilidade”, de François Richadeau e alguns números da revista “Comunicação e Linguagem”, me vieram ter às mãos. E minha surpresa foi indescritível ao verificar que, já nos idos de 1937, o Espírito Emmanuel empregava a metodologia descoberta por Richaudeau, levando, conseguintemente, o leitor à leitura dinâmica, que, por sua vez, motivou os surtos crescentes de progresso que o Espiritismo apresenta em nosso país, e que não podem ser comparados a nenhum, em qualquer outra nação da terra, inclusive a própria França. (...) Quanto a Richaudeu, é preciso dizer que a sua obra é fundamental na história da Percepção Dinâmica - o que vem provar, como foi previsto, que o Espiritismo vai caminhando passo a passo com os avanços da ciência. A proliferação dos computadores, dos aparelhos eletrônicos de sistematização, certamente provocará uma diversificação no processo da leitura. Richaudeau diz o seguinte: “Nossos olhos, comandados pelo cérebro, se tornarão instrumentos de uma pequena caixa de velocidade. Existirão textos para serem lidos com primeiro interesse, com segundo interesse, e assim por diante. Os mais hábeis, como os automóveis mais potentes, conseguirão ampliar sua potencialidade até seis ou sete estágios de leitura”. Em última análise, o leitor do futuro regularizará seus olhos de acordo com suas necessidades, com a importância de cada mensagem, e, principalmente, com o tempo. (...)  Quem defende a civilização da imagem e, consequentemente, do som, se esquece de um detalhe muito simples e fundamental: mesmo que o homem consiga falar à velocidade de 9 mil palavras por hora sempre conseguirá ler à razão de 27 mil palavras por hora - três vezes mais depressa. Um leitor rápido dobra facilmente essa marca. Melhor ainda, esses números se referem à leitura integral. Numa leitura seletiva, a taxa de informação se multiplica por dois ou três. Assim, parece evidente que a leitura deva se manter como meio de aquisição, aprendizado, assimilação, por mais tempo, e num tempo de duração superior a qualquer sistema audiovisual.  . O Espírito Emmanuel, entretanto, parece já saber que o processo visual de um leitor não é contínuo. Pode-se acreditar que ele siga um caminho normal : primeiro, na primeira  linha, depois na segunda e assim por diante. O olho usa, para ler, movimentos bruscos : fixa-se em média durante um quarto de segundo sobre um trecho de texto; lê efetivamente durante outro quarto de segundo, iniciando um novo ciclo. O olho do leitor rápido não segue esse processo mais rapidamente do que o olho do leitor lento. Ao contrário, o ponto de fixação é sempre constante. Emmanuel parece conhecer que o que distingue realmente os leitores rápidos dos lentos é que, durante essa fixação de um quarto de segundo, o olho e os prolongamentos nervosos dos rápidos aprendem, decifram, leem uma quantidade maior que a dos lentos”.




segunda-feira, 25 de abril de 2016

O ESPIRITISMO E SEUS PRINCÍPIOS

Longe de ser mera forma de explicar manifestações físicas que fogem ao habitual, o Espiritismo oferece explicações da mais alta significação para que entendamos a nós e ao Mundo que pertencemos. No número de abril de 1867 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec apresenta argumentos que demonstram a significação do que estamos dizendo. Escreve ele:-“O Espiritismo baseia-se na existência do princípio espiritual, como elemento constitutivo do Universo; repousa sobre a universalidade e a perpetuidade dos seres inteligentes, sobre seu progresso indefinido, através dos mundos e das gerações; sobre a pluralidade das existências corporais, necessárias ao seu progresso individual; sobre sua cooperação relativa, como encarnados ou desencarnados, na obra geral, na medida do progresso realizado; sobre a solidariedade que une todos os seres de um mesmo mundo e dos mundos entre si. Nesse vasto conjunto, encarnados e desencarnados, cada um tem sua missão, seu papel, deveres a cumprir, desde o mais ínfimo até os anjos, que nada mais são que Espíritos humanos chegados ao estado de Espíritos puros, e aos quais são confiadas as grandes missões, o governo dos mundos, como a generais experimentados. Em vez das solidões desertas do espaço sem limites, por toda parte a vida e a atividade, em parte alguma a ociosidade inútil; por toda parte o emprego dos conhecimentos adquiridos; em toda parte o desejo de progredir ainda e de aumentar a soma de felicidades, pelo emprego útil das faculdades da inteligência. Em vez de uma existência efêmera e única, passada num cantinho da Terra, que decide para sempre de sua sorte futura, impõe limite ao seu progresso e torna estéril, para o futuro, o trabalho a que se entrega para instruir-se, o homem tem por domínio o Universo; nada do que sabe ou do que faz fica perdido: o futuro lhe pertence; em vez do isolamento egoísta, a solidariedade universal; em lugar do nada, segundo alguns, a Vida Eterna; em lugar da beatitude contemplativa perpétua, segundo outros, que a tornaria de uma inutilidade perpétua, um papel ativo, proporcionado ao mérito adquirido; em vez de castigos irremissíveis por faltas temporárias, a posição que cada um conquista por sua perseverança no bem ou no mal; em vez de uma mancha original, que o torna passível de faltas que não cometeu, a consequência natural de suas próprias imperfeições nativas; em vez das chamas do inferno, a obrigação de reparar o mal que se fez e recomeçar o que se fez mal; em vez de um Deus colérico e vingativo, um Deus justo e bom, que leva em conta todo arrependimento e toda boa vontade. Tal é, em resumo, o quadro que apresenta o Espiritismo, e que ressalta da situação mesma dos Espíritos que se manifestam; não é mais uma simples teoria, mas resultado da observação. O homem que encara as coisas deste ponto de vista, sente-se crescer; ergue-se aos seus próprios olhos; é estimulado em seus instintos progressivos ao ver um objetivo para os seus trabalhos, para os seus esforços em se melhorar. Mas, para compreender o Espiritismo em sua essência, na imensidade das coisas que ele abarca, para compreender o objetivo e o destino do homem, não era preciso relegar a Humanidade a um pequeno Globo, limitar a existência a alguns anos, rebaixar o Criador e a criatura. Para que o homem pudesse fazer uma ideia justa de seu papel no Universo, era preciso que compreendesse, pela pluralidade dos mundos, o campo aberto às suas explorações futuras e a atividade de seu espírito; para recuar indefinidamente os limites da Criação, para destruir os preconceitos sobre os lugares especiais de recompensa e de punição, sobre os diferentes estágios dos céus, era preciso que penetrasse as profundezas do espaço; que em lugar do cristalino e do empíreo, aí visse circular, em majestosa e perpétua harmonia, os Mundos inumeráveis, semelhantes ao seu; que em toda parte seu pensamento encontrasse a criatura inteligente”.

sábado, 23 de abril de 2016

SURREAL, MAS RACIONALMENTE POSSÍVEL

Diferentemente do Espírito identificado como André Luiz, Manoel Philomeno de Miranda a partir da própria cura de um processo obsessivo, passou a trabalhar enquanto encarnado em Centro Espírita na cidade de Salvador, na Bahia, para onde se mudara, com trabalhos neles desenvolvidos, voltados para atendimento a pessoas acometidas por quadros da obsessão. Desencarnado em 1942, psicografou através de Chico Xavier uma mensagem dirigida ao também médium Divaldo Pereira Franco e, a partir de 1970, através do mesmo começou a transferir para nossa Dimensão obras abordando suas experiências do outro lado da vida mostrando de um angulo privilegiado a intensa interação existente entre os diferentes Planos Existenciais e a gravidade dos processos de obsessão através de casos que, segundo ele, atingem proporções inimagináveis. Mais de uma dezena de obras marcadas por extremo bom senso foi surgindo desde NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO, o primeiro da série. Livros excelentes contendo instigantes revelações como TRANSIÇÃO PLANETÁRIA (2010), revelando as ações preparatórias para o grande evento de dezembro de 2004, que impôs em alguns minutos a morte de aproximadamente quatrocentas mil pessoas, no Tsunami resultante de violento terromoto ocorrido em alto mar, a quilômetros de distancia das áreas continentais atingidas em vários Países situados no Oceano Índico. Ou ainda NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA (1982), abordando os efeitos espirituais e materiais do carnaval nas estruturas sociais encarnadas e desencarnadas. Um deles, TORMENTOS DA OBSESSÃO (2001), apresenta um caso extremamente interessante, retratando personagem que, alcoolizado, teria, certa noite, adentrado um Centro logo após o termino das suas atividades. Superado o constrangimento inicial dos remanescentes presentes, foi convencido por um dos dirigentes a submeter-se a tratamento ali oferecido, o que o fez voltar ainda algumas vezes, até que não mais apareceu. O próprio Manoel, testemunha do fato, prossegue resgatando detalhes do sucedido na sequência: -“Não passaram duas semanas, e fomos informados da tragédia em que se envolvera o pobre Ludgério, tendo fim a consumida existência física. Discutindo com outro companheiro embriagado, comparsa habitual das extravagâncias alcoólicas, num dos bares em que se homiziavam, foi acometido de grande loucura e, totalmente alucinado, tomou de uma faca exposta no balcão da espelunca, cravando-a, repetidas vezes, no antagonista, mesmo após tê-lo abatido e morto. A cena de sangue, odienta e ultrajante, provocou a ira dos passantes e comensais do repelente recinto que, inspirados por perversos e indigitados Espíritos vampirizadores, se atiraram contra o alcoólatra, linchando-o sem qualquer sentimento de humanidade, antes que a polícia que frequentava o local pudesse ou quisesse interferir. Todo linchamento demonstra o primarismo em que ainda permanece o Ser humano, e resulta da explosão do ódio que acomete aos imprevidentes, que passam a servir de instrumentos inconscientes de hordas espirituais perversas, que dão vasa aos sentimentos vis através das paixões desordenadas (...). Os jornais fizeram estardalhaço sobre o inditoso acontecimento, que a nós outros que o conhecíamos, muito nos compungiu, deixando-nos material espiritual para demoradas reflexões e interrogações que somente após a morte nos foi possível compreender. Naquela ocasião, indagamo-nos, se teria falhado a ajuda espiritual que se estava iniciando com futuras perspectivas de atenuar o processo obsessivo. Por que os desafetos conseguiram atingir as metas estabelecidas? (...) Após a morte física, ainda interessado no caso Ludgério, tentamos encontrá-Lo, sem o conseguir. (...) Soubemos, por fim, que aquele, que lhe fora vítima do homicídio infame, era um dos comparsas de vidas anteriores, que se desaviera quando da partilha de terras que haviam sido espoliadas de camponeses humildes que lhes sofriam a dominação arbitrária, tornando-se-lhe igualmente adversário. Desde então, unidos pelos crimes, uma ponte de animosidade fora distendida entre eles. Como os adversários espirituais se vinculavam a ambos, encontraram campo vibratório propício para o assassinato de cunho espiritual”.


quinta-feira, 21 de abril de 2016

O MÁRTIR E A ESPIRITUALIDADE

-“Irmão querido, resgatas hoje os delitos cruéis que cometeste quando te ocupavas do nefando mister de inquisidor, nos tempos passados. Redimiste o pretérito obscuro e criminoso, com as lágrimas do teu sacrifício em favor da Pátria do Evangelho de Jesus. Passaras a ser um símbolo para a posteridade, com o teu heroísmo resignado nos sofrimentos purificadores. (...) Regozija-te no Senhor pelo desfecho dos teus sonhos de liberdade, porque cada um será justiçado de acordo com as suas obras”. As palavras estão registradas na obra BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO (feb,1938) e pertencem a Ismael – Espírito responsável pela evolução espiritual da Nação brasileira -, dirigidas à Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, no exato “no instante em que o seu corpo balança, pendente das traves do cadafalso, no Campo da Lampadosa”, ele, que foi o único condenado à morte pela Coroa Portuguesa pela participação no movimento denominado Inconfidência Mineira, visto que os demais tiveram a pena comutada para degredo em terras africanas. Além da execução pública teve seu corpo esquartejado por decisão da Rainha Maria, a Piedosa, e exibido em várias cidades para servir de advertência contra prováveis insurretos. O prognóstico de Ismael sobre a decisão Imperial se confirmaria daí a alguns dias, pois, “a piedosa rainha portuguesa enlouquecia, ferida de morte na sua consciência pelos remorsos pungentes que a dilaceravam”. Sobre os personagens da marcante história nacional, Humberto de Campos, um ano antes de resgatar a História do Brasil segundo registros do Plano Espiritual, noutra obra, CRONICAS DE ALÉM TÚMULO (feb, 1937), conta que todos os anos no 21 de abril, Ouro Preto é visitada no Plano Espiritual por vários admiradores do grande Mártir. Conta que ele mesmo integrou uma das caravanas lá presentes que esteve na antiga Vila Rica - que não conhecera enquanto encarnado -, conforme relata em texto transmitido através de Chico Xavier em 21 de abril de 1937. Com a empolgação do jornalista e escritor que foi em sua existência concluída em dezembro de 1934, revela:  -Aí fui encontrar, não segundo o corpo, mas segundo o Espírito, as personalidades de Domingos Vidal Barbosa, Freire de Andrada, Mariano Leal, José Joaquim da Maia, Cláudio Manuel, Inácio Alvarenga, Dorotéia de Seixas, Beatriz Francisca Brandão, Toledo Pisa, Luís de Vasconcelos e muitos outros nomes, que participaram dos acontecimentos relativos à malograda conspiração”. E, entre estas figuras veneráveis “a do antigo alferes Joaquim José da Silva Xavier, pela sua nobre e serena beleza. Do seu olhar claro e doce, irradiava-se toda uma onda de estranhas revelações, e não foi sem timidez que me acerquei da sua personalidade, provocando a sua palavra”. Das cinco questões propostas ao grande personagem, destacamos algumas considerações: 1- Devo afirmar que não fui um herói e sim um Espírito em prova, servindo simultaneamente à causa da liberdade da minha terra. Quanto à Inconfidência de Minas, não foi propriamente um movimento nativista, apesar de ter aí ficado como roteiro luminoso para a independência da Pátria. Hoje, posso perceber que o nosso movimento era um projeto por demais elevado para as forças com que podia contar o Brasil daquela época, reconhecendo como o idealismo eliminou em nosso espírito todas as noções da realidade prática. 2- "Hoje, de modo algum desejaria avivar minhas amargas lembranças. Aliás, não foi apenas Silvério quem nos denunciou perante o Visconde de Barbacena; muitos outros fizeram o mesmo, chegando um deles a se disfarçar como um fantasma, dentro das noites de Vila Rica, avisando quanto à resolução do governo da Província, antes que ela fosse tomada publicamente, com o fim de salvaguardar as posições sociais de amigos do Visconde, que haviam simpatizado com a nossa causa. Graças a Deus, todavia, até hoje, sinto-me ditoso por ter subido sozinho os vinte degraus do patíbulo”. 3- "Não tenho coisa alguma a acrescentar às descrições históricas, senão minha profunda repugnância pela hipocrisia das convenções sociais de todos os tempos”. 4- Quanto ao Brasil atual, qual a vossa opinião a respeito? - "Que ainda não foi atingido o alvo dos nossos sonhos. A Nação ainda não foi realizada para criar-se uma linha histórica, mantenedora da sua perfeita independência. Todavia, a vitalidade de um povo reside na organização da sua economia e a economia do Brasil está muito longe de ser realizada. A ausência de um interesse comum, em "favor do País, dá causa não mais à derrama dos impostos, mas ao derrame das ambições, onde todos querem mandar, sem saberem dirigir a si próprios”.

terça-feira, 19 de abril de 2016

LEMBRANDO UMA VIDA PASSADA

No numero de julho de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui interessante matéria relatando o desdobrando da análise de carta recebida de um assinante na qual um amigo lhe confidencia ter vívida em si a lembrança de uma vida passada. Tal reminiscência rica em detalhes surgiu-lhe ainda na infância. Conta ele: “Por mais ridículo que pareça, direi que guardo a sincera convicção de ter sido assassinado durante os massacres de São Bartolomeu. Eu era muito criança quando tal lembrança veio ferir a minha imaginação. Mais tarde, ao ler essa triste página de nossa História, pareceu que muitos detalhes me eram conhecidos, e ainda creio que, se a velha Paris pudesse ser reconstruída, eu reconheceria aquela alameda sombria, onde, fugindo, senti o frio de três punhaladas nas costas. Há detalhes desta cena sangrenta que se conservam na minha memória e que jamais desapareceram. Por que tinha eu essa convicção antes de saber o que tinha sido a noite de São Bartolomeu? Por que, ao ler o relato desse massacre, perguntei a mim mesmo: é meu sonho, esse sonho desagradável que tive em criança, cuja lembrança me ficou tão viva? Por que, quando quis consultar a memória, forçar o pensamento, fiquei como um pobre louco ao qual surge uma ideia e que parece lutar para lhe descobrir a razão? Por quê? Nada sei. Por certo me achareis ridículo, mas nem por isso guardarei menos a lembrança, a convicção. “Se vos dissesse que eu tinha sete anos quando tive um sonho assim: Eu tinha vinte anos, era jovial, bem-posto, e penso que rico. Vim bater-me em duelo e fui morto. Se dissesse que a saudação feita com a arma, antes de me bater, eu a fiz pela primeira vez que tive um florete na mão; se dissesse que cada preliminar mais ou menos graciosa que a educação ou a civilização pôs na arte de se matar me era desconhecida antes de minha educação nas armas, diríeis, sem dúvida, que sou louco ou maníaco. Bem pode ser; mas às vezes me parece que um clarão penetra nesse nevoeiro e tenho a convicção de que a lembrança do passado se restabelece em minha alma”. O remetente acrescenta ainda: -“O Sr. V..., autor desta carta, é oficial da marinha e atualmente em viagem. Poderia ser interessante ver se, evocando-o, confirmaria as suas lembranças; mas haveria a impossibilidade de o prevenir de nossa intenção e, por outro lado, considerando-se a sua profissão, poderia ser difícil encontrar o momento propício. Todavia, disseram-nos que chamássemos o seu anjo-da-guarda, quando quiséssemos evocá-lo, e ele nos diria se poderíamos fazê-lo. (...) Assim procederam e o resultado foi interessante entrevista da qual destacamos algumas questões e respostas: 1- Por que motivo essa lembrança lhe é mais precisa do que para outros? Há nisso uma causa fisiológica ou uma utilidade particular para ele? – Essas lembranças vivazes são muito raras. Dependem um pouco do gênero de morte, que de tal modo o impressionou que está, por assim dizer, encarnado em sua alma. Entretanto, muitas outras criaturas tiveram mortes igualmente terríveis, mas a lembrança não lhes ficou. Só raramente Deus o permite. 2- Depois dessa morte, ocorrida na noite de São Bartolomeu, teve ele outras existências? – Não. 3- Que idade tinha quando morreu? – Uns trinta anos. 4- Pode-se saber o que ele era? – Era ligado à casa de Coligny. 5- Se tivéssemos podido evocá-lo, ter-lhe-íamos perguntado se recorda o nome da rua onde foi assassinado, a fim de ver se, indo a esse local, quando voltar a Paris, a lembrança da cena lhe será ainda mais precisa. – Foi no cruzamento de Bucy. 6- A casa onde foi morto ainda existe? – Não; foi reconstruída. 7- Com o mesmo objetivo teríamos perguntado se recorda o nome que tinha. – Seu nome não é conhecido na História, pois era simples soldado. Chamava-se Gaston Vincent.


domingo, 17 de abril de 2016

COMO TUDO COMEÇOU

Aquela manhã de 18 de abril de 1857, sábado de primavera parisiense, foi de grande emoção para o educador e pesquisador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, pois um portador entregava no apartamento em que vivia com sua esposa Amelie Boudet os primeiros dos 2000 exemplares da primeira edição da obra com que era apresentada ao mundo uma revolucionária proposta que elucidava algumas das mais intrigantes duvidas acalentadas pelo Ser humano: quem é, de onde vem e para onde vai. Titulo: O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Nessa primeira versão agrupadas em três partes, apenas 501 respostas, oferecidas pelo Mundo Espiritual às perguntas por ele formulados na criteriosa pesquisa que desenvolveu por dois anos, desde que tivera o primeiro contato com uma reunião onde se manifestava por meios insólitos uma inteligência que oferecia esclarecimentos lógicos e substancias à duvidas levantadas. Para tornar mais impessoal seu trabalho e para que não se o confundisse com suas contribuições na área da Pedagogia introduzindo a metodologia do educador Jean Baptiste Pestalozzi, ocultou-se no pseudônimo Allan Kardec, nome que teria tido em existência remota entre os gauleses, onde fora sacerdote conforme revelação espiritual a ele feita. O formato definitivo com quatro partes e 1019 perguntas e respostas, somente foi lançado em 1860, oferecendo as bases de uma nova visão científica, filosófica de consequências morais para a vida. Logo de cara, na pergunta número 1, a resposta que começava a desconstruir o Deus humanizado das principais escolas religiosas do lado Ocidental da Terra, redefinindo-o como a Inteligência Suprema do Universo, causa primária de todas as coisas. Na resposta à questão 1019 indagando sobre se o reino do Bem poderá um dia realizar-se na Terra, o esclarecimento inclusive para entendermos as controvérsias da atualidade: O Bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons predominarem sobre os maus; então eles farão reinar na Terra o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. Pelo progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e afastará os maus; mas os maus só a deixarão quando o homem tiver expulsado de si o orgulho e o egoísmo. A transformação da humanidade foi anunciada e é chegado o tempo em que todos os homens amantes do progresso se apresentam e se apressam, porque essa transformação se fará pela encarnação dos Espí- ritos melhores, que formarão sobre a Terra uma nova ordem. Então, os Espíritos maus, que a morte vai retirando a cada dia, e aqueles que tentam deter a marcha das coisas serão excluídos da Terra porque estariam deslocados entre os homens de bem dos quais perturbariam a felicidade. Eles irão para mundos novos, menos avançados, desempenhar missões punitivas para seu próprio adiantamento e de seus irmãos ainda mais atrasados”. Apesar de seu diversificado e substancial conteúdo, Allan Kardec escreveu num dos números da REVISTA ESPÍRITA que fundou e dirigiu de janeiro de 1858 a março de 1869: -O LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um tratado completo de Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação. Definição de Espírito e Matéria, Vida em outros Mundos, Uma atualização das Leis Morais, a Influência dos Espíritos em nossos pensamentos e atos, o sono e os sonhos, são algumas das dúvidas que qualquer um poderá esclarecer nas riquíssimas páginas da importante obra.


sexta-feira, 15 de abril de 2016

A JUSTIÇA PERFEITA

Os 33 artigos do Código Penal da Vida Futura apresentados no capítulo 7 do livro O CÉU E O INFERNO dão uma ideia dos mecanismos da Justiça Divina Segundo o Espiritismo. A vasta literatura produzida através de milhares de médiuns notadamente no Brasil exemplificam baseados em casos reais como nossa vida está inexoravelmente presa aos efeitos de nossas ações intencionalmente praticadas na relação da Individualidade consigo mesma, com a família e com a sociedade. Nos estudos levados a efeito pelo Espírito Emmanuel e transmitidos à nossa Dimensão pela psicografia de Chico Xavier em 1965 no livro JUSTIÇA DIVINA (feb, 1965) para comemorar o primeiro centenário da obra de Allan Kardec, recolhemos inúmeros elementos para refletir sobre o assunto. Um dos capítulos intitulado DESLIGAMENTO DO MAL, o Instrutor oferece revelações que atendem ao interesse daqueles que se perguntam como ficam os que infringiram os dispositivos do Código citado há pouco. Considerando o princípio segundo o qual “ninguém foge de si mesmo”, percebemos ser a única forma de oferecer ao Ser em evolução a oportunidade de se redimir perante os delitos arquivados na sua indelével memória. Escreve Emmanuel: Antes da reencarnação, no balanço das responsabilidades que lhe competem, a mente, acordada perante a Lei, não se vê apenas defrontada pelos resultados das próprias culpas. Reconhece, também, o imperativo de libertar-se dos compromissos assumidos com os sindicatos das trevas. Para isso partilha estudos e planos referentes à estrutura do novo corpo físico que lhe servirá por degrau decisivo no reajuste, e coopera, quanto possível, para que seja ele talhado à feição de câmara corretiva, na qual se regenere e, ao mesmo tempo, se isole das sugestões infelizes, capazes de lhe arruinarem os bons propósitos. 1- Patronos da guerra e da desordem, que esbulhavam a confiança do povo, escolhem o próprio encarceramento da idiotia, em que se façam despercebidos pelos antigos comparsas das orgias de sangue e loucura, por eles mesmos transformados em lobos inteligentes; 2- Tribunos ardilosos da opressão e caluniadores empeçonhados pela malícia pedem o martírio silencioso dos surdos-mudos, em que se desliguem, pouco a pouco, dos especuladores do crime, a cujo magnetismo degradante se rendiam, inconscientes;  3- Cantores e bailarinos de prol, imanizados a organizações corrompidas, suplicam empeços na garganta ou pernas cambaias, a fim de não mais caírem sob o fascínio dos empreiteiros da delinquência; 4- Espiões que teceram intrigas de morte e artistas que envileceram as energias do amor, imploram olhos cegos e estreiteza de raciocínio, receosos de voltar ao convívio dos malfeitores que um dia elegeram por associados e irmãos de luta mais íntima; 5- Criaturas insensatas, que não vacilavam em fazer a infelicidade dos outros, solicitam nervos paralíticos ou troncos mutilados, que os afastem dos quadrilheiros da sombra, com os quais cultivavam rebeldia e ingratidão;6- Homens e mulheres, que se brutalizaram no vício, rogam a frustração genésica e, ainda, o suplício da epiderme deformada ou purulenta, que provoquem repugnância e consequente desinteresse dos vampiros, em cujos fluidos aviltados e vômitos repelentes se compraziam nos prazeres inferiores. Se alguma enfermidade irreversível te assinala a veste física, não percas a paciência e aguarda o futuro. E se trazes alguém contigo, portando essa ou aquela inibição, ajuda esse alguém a aceitar semelhante dificuldade, como sendo a luz de uma bênção. Para todos nós, que temos errado infinitamente, no caminho longo dos séculos, chega sempre um minuto em que suspiramos, ansiosos, pela mudança de vida, fatigados de nossas próprias obsessões.






quarta-feira, 13 de abril de 2016

"CHIPS" ESPIRITUAIS ?

A questão da obsessão inicialmente identificada por Allan Kardec e explicada n’O LIVRO DOS MÉDIUNS, ao longo do século 20, foi sendo exposta em seus aspectos espantosos e perturbadores a interferir na experiência reencarnatória de milhões de criaturas.  Num dos primeiros livros publicados com o resultado de suas psicografias, o médium Robson Pinheiro abria campo para contribuições do Espírito de um ex-homem de comunicação em nossa Dimensão identificado como Angelo Inácio. A obra intitulada TAMBORES DE ANGOLA, gira em torno de um engenheiro vitimado por um insidioso processo do que o Espiritismo chama de fascinação em suas revelações sobre os diferentes níveis de manifestação da Obsessão denominado fascinação. A surpresa do caso encontra-se no trecho em que descreve: -“Dirigiu-se, então, para a maca onde o espírito desdobrado do rapaz se encontrava e começou uma estranha cirurgia. Pequeno aparelho foi implantado em determinada região do cérebro perispiritual e Erasmino, para produzir impulsos e imagens mentais, caso a pratica de indução falhasse. Eram extremamente rigorosos em suas realizações e não cometiam nenhuma imprudência”.  Desdobrando maiores detalhes sobre o observado pelo autor espiritual, diz o Instrutor que este acompanhava: - “Vê, meu amigo, como os Espíritos trevosos são organizados? Neste prédio, encontra-se um dos postos mais avançados das sombras. Nele trabalham cientistas que se especializaram em doenças viróticas, em epidemias e processos requintados de interferência nas estruturas celulares dos irmãos encarnados. Outros, psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, os quais, como estes que presenciamos, são especialistas nas questões da mente, nas modernas técnicas de ficoterapia, com objetivos diabólicos, pretendendo atuar diretamente nas mentes de dirigentes mundiais, em pessoas que ocupam cargos importantes no mundo terreno, em religiosos, pastores e dirigentes espirituais, pelo uso do magnetismo, que sabem manipular com maestria. Toda essa organização utiliza os modernos métodos desenvolvidos na Terra. Entretanto, fazem-no para prejudicar, atrasando o progresso da Humanidade, pois sabem que bem pouco tempo lhes resta para continuarem com seus desequilíbrios, espalhando a infelicidade na morada dos homens: em breve poderão ser banidos da psicosfera do Planeta e não ignoram o destino que podem ter. Os Espíritos infelizes que lhes contratam os serviços especializados, se mantém a eles ligados por processos que não compreendem, pois eles mesmos se enganam com o poder ilusório que julgam possuir. Tentam fazer-se deuses e são, na verdade, apenas homens, embora desenfeixados do corpo carnal. Muitos pensam, inclusive os espíritas, que as entidades das trevas são espíritos que pararam no tempo e que se utilizam ainda de métodos antiquados de domínio, quais os que se utilizavam na Idade Media da Terra, ou nas civilizações mais antigas que desapareceram ao longo dos séculos. No entanto, podemos observar que tais criaturas infelizes, como os homens na Crosta, se disfarçam sob o manto enganador das aparências, das construções suntuosas, sob o abrigo da vaidade e do orgulho mal dissimulados e, como os homens terrestres, guardam sob essa aparência a sordidez do caráter inferior, a serviço de intenções inconfessáveis. Também as forças das trevas têm o requinte da civilização. Calados, seguimos Erasmino de volta ao ambiente domestico onde repousava seu corpo físico. De olhos esbugalhados, aproximou-se do veiculo de carne e justapôs-se a ele, embora permanecesse entre o sono e a vigília”. Surpreendentemente, contudo,  décadas antes – ano de 1970 -, o Espírito Manuel Philomeno de Miranda através do médium Divaldo Pereira Franco na obra NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO (feb) tratando do caso de um Espírito que renascera no corpo físico dentro de um quadro de inversão sexual, ou seja, um espírito feminino preso a corpo masculino. Tal condição, na verdade, objetivava oferecer-lhe a oportunidade de se redimir de ações em vida passada no campo da infidelidade conjugal, homicídio, vida boêmia, promíscua, encerrando a jornada no campo da matéria vitimada pela tuberculose. Reencarnada, em pleno amadurecimento das faculdades sexuais, tornou-se assediada por vítima do passado que, apoiado por hipnotizador ligado à organização criminosa do Plano Espiritual, passou a vampiriza-la no sentido de locupletar-se, explorando sua a libido, situação agravada pelas orientações de psicanalista renomado que inspirado pelo obsessor sugeriu-lhe que o essencial na vida é a pessoa realizar-se como achar conveniente e que tudo o mais são tabus que devem ser quebrados, em prol da felicidade de cada um. No processo de que era vítima, teve implantada nos centros da memória perispiritual, pequena célula fotoelétrica de material especial, com mensagem repetindo insistentemente “você vai enlouquecer! Suicide-se!”. 





segunda-feira, 11 de abril de 2016

LONGA, ACELERADA, MAS, ÁRDUA CAMINHADA

-“A Humanidade terrestre, tendo chegado a um desses períodos de crescimento, está em cheio, há quase um século, no trabalho da sua transformação, pelo que a vemos agitar-se de todos os lados, presa de uma espécie de febre e como que impelida por invisível força. Assim continuará, até que se haja outra vez estabilizado em novas bases”. O comentário faz parte de mensagem assinada por um Espírito chamado Dr. Barry e foi inserida por Allan Kardec no capítulo final do livro A GÊNESE. Considerando a informação “há quase um século”, conclui-se que o programa objetivando a elevação do Planeta Terra na escala dos mundos, alcançando a condição de Mundo de Regeneração iniciou-se por volta de 1755, introduzindo na Humanidade terrena Espíritos que voluntariamente deixaram sociedades mais evoluídas dentre as distribuídas pelas “muitas moradas na Casa do Pai”, para aqui vir e colaborar no progresso observado nas revoluções politicas, sociais, industriais, tecnológicas surgidas nos últimos dois séculos.  Na seção ESTUDOS MORAIS da edição de julho de 1865 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec comenta matéria divulgada em publicação da época lida e comentada em reunião da Sociedade Espírita de Paris sobre pequena localidade existente na Floresta Negra, onde se notava o modelo do Mundo Futuro em miniatura. Depois de reproduzir breve mensagem psicografada pelo Espírito Lamennais, através da médium Sra Didier, Kardec formula interessante comentário do qual destacamos alguns pontos que nos permitem entender a dimensão dos problemas atuais: -“Qual a causa da maior parte dos males da Terra, senão o contato incessante dos homens maus e perversos? O egoísmo mata a benevolência, a condescendência, a indulgência, o devotamento, a afeição desinteressada e todas as qualidades que fazem o encanto e a segurança das relações sociais. Numa sociedade de egoístas não há segurança para ninguém, porque cada um, apenas buscando o próprio interesse, sacrifica sem escrúpulo o do vizinho. Muitas criaturas se julgam perfeitamente honestas, porque incapazes de assassinar e de roubar nas estradas; mas será que aquele que, por cupidez e severidade, causa a ruína de um indivíduo e o impele ao suicídio, reduzindo toda uma família à miséria, ao desespero, não é pior que um assassino e um ladrão? Assassina em fogo brando; e porque a lei não o condena e os semelhantes aplaudem sua maneira de agir e sua habilidade, crê-se isento de censuras e marcha de fronte erguida! Assim os homens estão sempre desconfiados uns dos outros; sua vida é uma ansiedade perpétua; se não temem o ferro, nem o veneno, são alvo das chicanas, da inveja, do ciúme, da calúnia, numa palavra, do assassinato moral. Que seria preciso fazer para cessar esse estado de coisas? Praticar a caridade. Tudo está aí, como diz Lamennais. A comuna de Koenigsfeld oferece-nos em miniatura o que será o mundo quando for regenerado. O que é possível em pequena escala sê-lo-á em grande? Duvidar disto seria negar o progresso. Dia virá em que os homens, vencidos pelos males gerados pelo egoísmo, compreenderão que seguem caminho errado, e quer Deus que eles o aprendam à própria custa, porque lhes deu o livre-arbítrio. O excesso do mal lhes fará sentir a necessidade do Bem e eles se voltarão para este lado, como para a única âncora de salvação. (...) Tudo está submetido à lei do progresso; os mundos também progridem, física e moralmente; mas se a transformação da Humanidade deve esperar o resultado da melhora individual, se nenhuma causa vier acelerar essa transformação, quantos séculos, quantos milhares de anos não serão ainda precisos? Tendo a Terra chegado a uma de suas fases progressivas basta não mais permitir aos Espíritos atrasados de aqui reencarnarem, de modo que, à medida que se forem extinguindo, Espíritos mais adiantados venham tomar o lugar dos que partem, para que em uma ou duas gerações o caráter geral da Humanidade seja mudado. Suponhamos, pois, que em vez de Espíritos egoístas, a Humanidade seja, num dado tempo, formada de Espíritos imbuídos de sentimentos de caridade: em vez de buscarem prejudicar-se, eles se ajudarão mutuamente, viverão felizes e em paz. Não mais ambição de povo a povo e, portanto, não mais guerras; não mais soberanos governando ao seu bel-prazer, a justiça em vez do arbítrio, portanto não mais revoluções; não mais os fortes esmagando ou explorando o fraco; equidade voluntária em todas as transações, portanto não mais querelas e chicanas. Tal será o estado do mundo depois de sua transformação. De um mundo de expiação e de provas, de um lugar de exílio para os Espíritos imperfeitos, tornar-se-á um mundo feliz, um local de repouso para os Espíritos bons; de um mundo de punição, será um mundo de recompensa”.

sábado, 9 de abril de 2016

CULPA

Havia passado oito anos desde que O LIVRO DOS ESPÍRITOS havia sido publicado; centenas de reuniões haviam acontecido na Sociedade Espírita de Paris; milhares de comunicações de entidades espirituais obtidas com a colaboração do instrumento de pesquisa conhecido como médium fosse pelas evocações, fosse de forma natural, resultando numa massa de informações que permitia entender melhor como funciona o mecanismo evolutivo da individualidade - originalmente simples e ignorante -  denominada Espírito. Necessário relatar aos interessados na Doutrina Espírita a farsa da morte e o que determina a felicidade ou impõe o circunstancial sofrimento do Ser, nos diferentes Planos de Vida. Assim nasceu em 1865 a obra O CÉU E O INFERNO subintitulado a Justiça Divina Segundo o Espiritismo. Dividido em duas partes, na segunda reúne 62 exemplos agrupados conforme o tipo de morte, com os Espíritos comunicantes fornecendo informações sobre como é morrer, o que se sente, como se descobrem além dessa vida, permitindo na primeira parte, além de expor aspectos doutrinários sobre essa inevitável experiência na vida de todas as criaturas humanas, formula no capítulo 7 o CÓDIGO PENAL DA VIDA FUTURA com seus 33 artigos. Através dele compreendemos com se formam as expiações e provas, não apenas através dos atos cometidos, como através dos pensamentos formulados e acalentados no mais profundo de nós mesmos. Compreendemos que remorso, arrependimento e reparação são fatores indutores às experiências reparadoras a que todos nos submeteremos no sentido de resgatarmos nossas dívidas com a Justiça Divina. No século 20, o Espírito Emmanuel, através de Chico Xavier, ofertou-nos em interessante obra intitulada PENSAMENTO E VIDA (feb,1958  ) uma bem elucidativa síntese de como ativamos esse mecanismo. Diz ele: -“Quando fugimos ao dever, precipitamo-nos no sentimento de culpa, do qual se origina o remorso, com múltiplas manifestações, impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da alma. E o arrependimento, incessantemente fortalecido pelos reflexos de nossa lembrança amarga, transforma-se num abscesso mental, envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo, em torno, a corrente miasmática de nossa vida íntima, intoxicando o hausto espiritual de quem nos desfruta o convívio. A feição do ímã, que possui campo magnético específico, toda criatura traz consigo o halo ou aura de forças criativas ou destrutivas que lhe marca a índole, no feixe de raios invisíveis que arroja de si mesma. É por esse halo que estabelecemos as nossas ligações de natureza invisível nos domínios da afinidade. Operando a onda mental em regime de circuito, por ela incorporamos, quando moralmente desalentados, os princípios corrosivos que emanam de todas as Inteligências, encarnadas ou desencarnadas, que se entrosem conosco no âmbito de nossa atividade e influência. Projetando as energias dilacerantes de nosso próprio desgosto, ante a culpa que adquirimos, quase sempre somos subitamente visitados por silenciosa argumentação interior que nos converte o pesar, inicialmente alimentado contra nós mesmos, em mágoa e irritação contra os outros. É que os reflexos de nossa defecção, a torvelinharem junto de nós, assimilam, de imediato, as indisposições alheias, carreando para a acústica de nossa alma todas as mensagens inarticuladas de revolta e desânimo, angústia e desespero que vagueiam na atmosfera psiquica em que respiramos, metamorfoseando-nos em autênticos rebelados sociais, famintos de insulamento ou de escândalo, nos quais possamos dar pasto à imaginação virulada pelas mórbidas sensações de nossas próprias culpas. É nesse estado negativo que, martelados pelas vibrações de sentimentos e pensamentos doentios, atingimos o desequilíbrio parcial ou total da harmonia orgânica, enredando corpo e alma nas teias da enfermidade, com a mais complicada diagnose da patologia clássica. A noção de culpa, com todo o séquito das perturbações que lhe são consequentes, agirá com os seus reflexos incessantes sobre a região do corpo ou da alma que corresponda ao tema do remorso de que sejamos portadores.
Toda deserção do dever a cumprir traz consigo o arrependimento que, alentado no Espírito, se faz acompanhar de resultantes atrozes, exigindo, por vezes, demoradas existências de reaprendizado e restauração.  Cair em culpa demanda, por isso mesmo, humildade viva para o reajustamento tão imediato quanto possível de nosso equilíbrio vibratório, se não desejamos o ingresso inquietante na escola das longas reparações. É por essa razão que Jesus, não apenas como Mestre Divino mas também como Sábio Médico, nos aconselhou a reconciliação com os nossos adversários, enquanto nos achamos a caminho com eles, ensinando-nos a encontrar a verdadeira felicidade sobre o alicerce do amor puro e do perdão sem limites”.










quinta-feira, 7 de abril de 2016

O OUTRO ANDRÉ LUIZ

Chico Xavier estava certo quando disse que depois de sua morte física, muitos afirmariam ter recebido mensagens atribuídas a ele. Hoje até simpatia para emagrecer “recomendada” por ele existe. Manifestações sobre posicionamentos políticos também, etc. Circulam textos com profecias dele ou de Espíritos com quem trabalhou, presumivelmente por ele psicografados. Ao longo de sua longa caminhada na existência terminada há quase catorze anos situações semelhantes aconteciam. Em 1949, por exemplo, foi publicada uma obra assinada por André Luiz, a qual motivou uma explicação dada em carta enviada em 15 de dezembro daquele ano ao então presidente da Federação Espírita Brasileira que o questionava sobre o assunto. Escreveu Chico: -“O livro a que te referes, recebido em Juiz de Fora, não foI prefaciado por meu intermédio. Já vi um exemplar desse trabalho e tendo perguntado a André Luiz sobre o assunto, ele apenas me disse que conhece várias entidades com o mesmo nome usado por ele. Como vês, acredito que há elementos perturbadores no caso, de vez que me atribuem, embora só verbalmente, participação direta no prefácio, quando não conheço nem mesmo a médium que recebeu o trabalho, nem o Grupo em que foi recebido. Um estudo da trajetória de Chico nos 92 anos de vida, demonstrará a quem o fizer que ele não se aventurava no terreno das profecias. O mesmo em relação ao autor da série NOSSO LAR e centenas de mensagens. Sobretudo em questões polemicas. No excelente livro-documentário TESTEMUNHOS DE CHICO XAVIER (feb,1985) em criteriosa pesquisa conduzida por Suely Caldas Schubert, encontramos depoimentos de Chico que não ensejam nenhuma duvida sobre o papel de André Luiz no trabalho de desenvolvimento dos conteúdos em torno do Espiritismo no Brasil. Vejamos as revelações do médium mineiro: 12-10-1946 - Emmanuel, desde fins de 1941, se dedica, afetuosamente, aos trabalhos de André Luiz. Por essa época, disse-me ele a propósito de “algumas autoridades espirituais” que estavam desejosas de algo lançar em um nosso meio, com objetivos de despertamento. Falou-me que projetavam trazer-nos páginas que nos dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde então, onde me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que depois se revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase dois anos, antes do “Nosso Lar”. Mais adiante: “Desde então, vejo que o esforço de Emmanuel e de outros amigos nossos concentrou-se nele, acreditando, intimamente, que André Luiz está representando um círculo talvez vasto de entidades superiores. Assim digo porque quando estava psicografando o “MISSIONÁRIOS DA LUZ”, houve um dia em que o trabalho se interrompeu. Levou vários dias parado. Depois, informou-me Emmanuel, quando o trabalho teve reinicio, que haviam sido realizadas algumas reuniões para o exame de certas teses que André Luiz deveria ou poderia apresentar ou não no livro. Em psicografando o capítulo REENCARNAÇÃO, do mesmo trabalho, por mais de uma vez, vi Emmanuel e Bezerra de Menezes, associados ao autor, fiscalizando ou amparando o trabalho”. Em 2006, o livro SEMENTEIRA DE LUZ (fonte viva) com fragmentos de mensagens do Espírito Arthur Joviano psicografadas por Chico nas reuniões de quarta feira na casa da família de Romulo Joviano, patrão do médium na Fazenda Modelo, outros dados que denotam o perfil de André Luiz. Tecendo comentários sobre  OS MENSAGEIROS que seria lançado em breve, diz: -“Ainda sobre o novo livro de André Luiz, as teses são as mais complexas, os assuntos mais palpitantes. É um mundo novo, creia, para a responsabilidade individual. Esse esforço foi muito estudado antes da organização que se alcança agora. Precisava-se de um nome impessoal, sem filiação a grupos preestabelecidos, que pudesse trazer semelhantes observações de caráter universalista. E, felizmente, atinge-se presentemente, o objetivo”. Como se vê mensagens proféticas atribuídas ao André Luiz que trabalhou com Chico, devem ser de algum dos outros André Luiz citados na carta reproduzida em parte linhas atrás.

terça-feira, 5 de abril de 2016

MUITAS VIDAS: QUE ADIANTA ACREDITAR?

Grande é o número de pessoas no Mundo Ocidental que atualmente admitem a ideia da reencarnação. Mas uma dúvida que pode ocorre naturalmente naqueles que buscam meditar sobre o assunto é: como isso pode ser útil? Em extenso artigo com que abre a edição de outubro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec desenvolve alguns argumentos capazes de elucidar a questão. Diz ele:-“ Quem quer que haja meditado sobre o Espiritismo e suas consequências e não o tenha circunscrito à produção de alguns fenômenos, compreende que ele abre à Humanidade uma nova via e lhe desdobra os horizontes do infinito. Iniciando-os nos mistérios do Mundo Invisível, mostra-lhe seu verdadeiro papel na Criação, papel perpetuamente ativo, tanto no estado espiritual quanto no estado corporal. O homem não marcha mais às cegas: sabe de onde vem, para onde vai e por que está na Terra. O futuro se lhe mostra em sua realidade, isento dos preconceitos da ignorância e da superstição; já não é uma vaga esperança: é uma verdade palpável, tão certa para ele quanto a sucessão dos dias e das noites. Sabe que seu ser não está limitado a alguns instantes de uma existência, cuja duração está submetida ao capricho do acaso; que a Vida Espiritual não é interrompida pela morte; que já viveu, que reviverá ainda e que de tudo que adquire em perfeição pelo trabalho, nada fica perdido; encontra em suas existências anteriores a razão do que é hoje, e do que hoje a si faz, pode concluir o que será um dia. Com o pensamento de que a atividade e a cooperação individuais na obra geral da civilização são limitadas à vida presente, que nada se foi e nada se será, que interessa ao homem o progresso ulterior da Humanidade? Que lhe importa que no futuro os povos sejam mais bem governados, mais ditosos, mais esclarecidos, melhores uns para os outros? Uma vez que disso não tira nenhum proveito, para ele esse progresso não está perdido? De que lhe serve trabalhar para os que vierem depois, se jamais os deverá conhecer, se são seres novos que, eles também, pouco depois, entrarão no nada? Sob o império da negação do futuro individual, tudo se reduz, forçosamente, às mesquinhas proporções do momento e da personalidade. Mas, ao contrário, que amplitude dá ao pensamento do homem a certeza da perpetuidade de seu ser espiritual! que força, que coragem, não haure ele contra as vicissitudes da vida material! Que de mais racional, de mais grandioso, de mais digno do Criador que esta lei, segundo a qual a Vida Espiritual e a Vida Corporal não passam de dois modos de existência, que se alternam para a realização do progresso! Que de mais justo e mais consolador que a ideia dos mesmos seres progredindo sem cessar, primeiro através das gerações de um mesmo mundo e, depois, de mundo em mundo, até a perfeição, sem solução de continuidade! Assim, todas as ações têm um objetivo, porquanto, trabalhando para todos, trabalha-se para si, e reciprocamente, de tal sorte que o progresso individual e o progresso geral jamais são estéreis; aproveitam às gerações e às individualidades futuras, que outra coisa não são que as gerações e as individualidades passadas, chegadas a um mais alto grau de adiantamento. A Vida Espiritual é a vida normal e eterna do Espírito e a encarnação é apenas uma forma temporária de sua existência. Salvo a vestimenta exterior, há, pois, identidade entre os encarnados e os desencarnados; são as mesmas individualidades sob dois aspectos diversos, ora pertencendo ao Mundo Visível, ora ao Mundo Invisível, encontrando-se ora num, ora noutro, concorrendo, num e noutro, para o mesmo objetivo, por meios apropriados à sua situação. Desta lei decorre a da perpetuidade das relações entre os seres; a morte não os separa, não põe termo às suas relações simpáticas e nem aos seus deveres recíprocos. Daí a solidariedade de todos para cada um, e de cada um para todos; daí, também, a fraternidade. Os homens só viverão felizes na Terra quando esses dois sentimentos tiverem entrado em seus corações e em seus costumes, porque, então, a eles sujeitarão suas leis e suas instituições. Será este um dos principais resultados da transformação que se opera. (...) Pela lei da pluralidade das existências o homem se liga ao que está feito e ao que será feito, aos homens do passado e aos do futuro; não mais poderá dizer que nada tem de comum com os que morrem, pois uns e outros se encontram incessantemente, neste e no outro mundo, para subirem juntos a escada do progresso e se prestarem mútuo apoio. A fraternidade não está mais circunscrita a alguns indivíduos, que o acaso reúne durante uma vida efêmera; é perpétua como a vida do Espírito, universal como a Humanidade, que constitui uma grande família, cujos membros, em sua totalidade, são solidários uns com os outros, seja qual for a época em que tenham vivido. Tais são as ideias que ressaltam do Espiritismo, e que ele suscitará entre todos os homens, quando estiver universalmente espalhado, compreendido, ensinado e praticado. 

domingo, 3 de abril de 2016

CHICO XAVIER: A PESSOA, O MÉDIUM, O SÁBIO (3/3)

A convivência com as próprias dificuldades e as dores do próximo, ao longo dos anos, foi dotando Chico Xavier de uma capacidade de avaliação da problemática humana incomum. Graças a pessoas que testemunharam muitos dos momentos em que manifestou esse saber preservando em escritos suas lembranças desses fatos, podemos nos servir das opiniões do médium para igualmente refletirmos. Reunimos alguns desses ensinamentos para pensarmos a respeito:1- REAL VALORIZAÇÃO DO BEM - A uma senhora que perguntou se o um real que oferecia juntamente com um pequeno farnel com gêneros alimentícios não era pouco, respondeu: “Não é pouco. É amor e amor é sempre muito!”. 2- CRÍTICAS - “Apesar das críticas que recebi a vida inteira, o que me animou a continuar foi saber que Jesus me aceita como sou..  Se fosse escutar os espíritas, não teria feito nada. Sim, porquanto as críticas mais contundentes que me foram e ainda são endereçadas, sempre partiram dos companheiros – principalmente daqueles com os quais nunca pude estar”.  3- EXEMPLIFICAÇÃO- “Se nós, os Espiritas, nos preocupássemos mais em exemplificar as lições que os nossos Benfeitores nos transmitem, estaríamos dando à Doutrina, à fé que professamos, um impulso extraordinário. Infelizmente, achamos que a vivência dos nossos princípios é com os outros e não conosco” 4- TRAUMA- “O trauma psicológico só pode ser tratado à custa de muito amor. Feridas abertas na alma requisitam longo tempo de cicatrização.  Quando recebemos, com humildade, os revezes que sofremos, o estrago é menor. Sem fé em Deus, muitos Espíritos se tornam áridos, de uma aridez que a gente não sabe o que fazer para modificar”. 5- OCIOSIDADE - “A ociosidade é um abismo. Quem não procura ocupar seu tempo, tem o espírito tomado pelos pensamentos oriundos de mentes enfermas. Precisamos nos ocupar o dia todo, sendo úteis aos nossos semelhantes, cuidando da casa, do jardim, da lavagem de roupas, da varredura do quintal. A mente desocupada traz doença para o Espírito”. 6- VIOLÊNCIA- “A violência é fruto da falta de amor.  Quando nos amarmos como Jesus nos amou e amará sempre, ninguém mais levantará o braço para agredir”. 7- ESTÍMULOS-  “As dores são estímulos que recebemos. Quem reage com revolta, diante do sofrimento, está lutando de modo errado.  A aceitação do inevitável é sinônimo de paz.  Quando eu me resigno, anulo, em boa parte, os efeitos da prova. 8- CURIOSIDADE-Eu não sei o que fui no passado.  Estou preocupado em saber o que serei no futuro.  Para tanto, sei que o tempo presente é fundamental”. 9- PERSONALISMO-  “Os médiuns, quando permitem que a vaidade os domine, interrompem em si mesmos a sintonia com os Espíritos infelizes que desejam vê-los inutilizados para a tarefa”.10 – ESTUDO-  “Precisamos estudar a Doutrina, conhecê-la, mas, acima de tudo, precisamos senti-la. Só quem sente a grandeza da Doutrina e quanto ela pode fazer pelos nossos irmãos em Humanidade consegue abraçá-la com idealismo”.11- CARÊNCIA- “A violência no mundo é falta de Deus no coração”. 12- EXERCÍCIO - “O exercício espiritual da caridade é o caminho mais curto para o aperfeiçoamento íntimo”. 13- PROVIDÊNCIA DIVINA -  “Não podemos nos entregar ao desânimo; carecemos de maior confiança na Providência Divina...  Os Espíritos Amigos fazem o que podem para nos ajudar. O problema é que nem sempre fazemos a parte que nos compete: tudo queremos obter, sem o menor esforço de renovação”. 14- CONTROLE EMOCIONAL- “A cólera é ‘tomada’ para a obsessão... Quem se encoleriza, ao perder o controle emocional de si mesmo, permite o assédio dos Espíritos infelizes em sintonia natural”. 15- FUGA - “Ninguém foge ao compromisso. Quem deserta da obrigação complica o caminho.  Às vezes, a oportunidade que relegamos demorará muito a se renovar para nós, pois existem Espíritos que esperam 100, 220 anos que a mesma oportunidade de ascensão se repita para eles” 16- DOENÇAS-  “As doenças e as angústias são condições da alma enferma.  O corpo espiritual estampa o reflexo de cada Ser. Enquanto não formos saudáveis espiritualmente, precisaremos de Medicina com frequência”. 17 – VERDADE-  “A verdade um dia aparece.  Um dia, nos fitaremos sem qualquer subterfúgio. Penso que esse será um dia terrível o dia que não mais nos será possível qualquer contestação da própria realidade”. 18- SEXO - “O sexo, sem dúvida, está na base da maioria dos conflitos psicológicos das criaturas...Todos estão à procura de satisfação que, em essência, se traduz pela realização de si mesmos.  Agora, ninguém será feliz às custas da infelicidade alheia”. 19- SEM JESUS- Os dramas humanos, sempre me ensinaram que, sem Jesus, jamais conseguiremos resolver os conflitos psicológicos que nos atormentam” 20 –PRECE-  “Nenhuma prece fica com sinceridade, sem resposta. Às vezes, a solução do problema é complicada: não depende apenas do esforço dos Benfeitores Espirituais”. 21- PÃO AOS POBRES- “Um pedaço de pão que se dê aos pobres tem mais argumentos perante a Lei, do que todas as explanações da inteligência” 22- PERDÃO- Sem que nos disponhamos a perdoar uns aos outros, não suportaremos o peso das provações” 23- MUNDO ESPIRITUAL- “O Mundo Espiritual começa aqui.  A Terra é uma Dimensão espiritual materializada. Somos Espíritos ocupando um corpo materializado. A morte significa apenas um passo adiante na caminhada. Não adianta trocar a roupa sem tomar banho.  Após a desencarnação, enfrentaremos a nossa própria realidade. Para o Espírito que se liberta, é extremamente difícil a constatação do tempo perdido”. 24- CARATER- “O menino que cresce longe do trabalho sofrerá sérios danos na formação do caráter”. 25- DEPRESSÃO-  “Depressão se cura à custa de trabalho. Às vezes, o remédio é necessário, mas o trabalho é indispensável, sempre”. 26- AUTOAVALIAÇÃO- “O contato com tantos Espíritos me ensinou que eu não passo de mais um”


sábado, 2 de abril de 2016

CHICO XAVIER: A PESSOA, O MÉDIUM, O SÁBIO (2/3)

Contra fatos não há argumentos. Embora atavicamente lembrado pela tradicional imagem do psicógrafo, Chico Xavier revelou em muitas situações várias de suas percepções mediúnicas dentro das classificações de médium de efeitos inteligentes ou de efeitos físicos conforme a classificação do Espiritismo. Lembrando o 2 de abril de 1910, data de seu renascimento, um resumo da história e  depoimentos de testemunhas desses momentos: 1- Aos 4 anos (1914) – Desperta a mediunidade / Corrige o pai, após ouvir uma voz que diz: - “O senhor naturalmente não está informado com respeito ao caso. O que houve foi um problema de nidação inadequada do ovo, de modo que a criança adquiriu posição ectópica”.  2- Aos 5 anos (1915) – Meses após a morte da mãe passa a ver  e conversar com seu Espírito, no fundo do quintal da casa da madrinha que o abrigou. 3- Aos 12 anos (1922) – Recebe com outras redações selecionadas no Estado de Minas Gerais Menção Honrosa, texto alusivo ao primeiro centenário da Independência, ditado por um Espírito  começando assim: - “O Brasil descoberto por Pedro Álvarez Cabral, pode ser comparado ao mais precioso diamante do mundo que logo passou a ser engastado na Coroa Portuguesa”. 4- Aos 17 anos (1927) –  Atende a orientação para que pegasse lápis e papel, psicografa a primeira mensagem, assinada por Um Espírito Amigo, discorrendo sobre a prática da caridade.5- Aos 21 (1931) – Avista pela primeira vez o Espírito Emmanuel, que lhe fala do trabalho dos livros, sugerindo como diretriz para alcançar êxito, DISCIPLINA, DISCIPLINA, DISCIPLINA. 6- Aos 22 (1932) – Publicado PARNASO DE ALÉM TUMULO, o primeiro dos 418 livros resultantes de sua mediunidade. 7- Aos 25 (1935) –  Vê em desdobramento do sono pela primeira vez,  Humberto de Campos, que passa a escrever por seu intermédio. 8- Aos 26 (1936) – primeira viagem ao Rio de Janeiro – lançado segundo livro CARTAS DE UMA MORTA. 9- Aos 27 (1937) – Teatro Municipal de São Paulo, psicografa perante mais de 500 pessoas, entre outras uma saudação em inglês do Espírito Emmanuel, aos participantes da Primeira Semana de Metapsiquica / Lançado o terceiro livro EMMANUEL. 10- Aos 28 (1938) – BRASIL- CORAÇÃO DO MUNDO,PATRIA DO EVANGELHO; A CAMINHO DA LUZ; PALAVRAS DO INFINITO. Emmanuel inicia a  produção da série histórica  publicada a partir de 1939: HÁ DOIS MIL ANOS, AVE CRISTO, RENÚNCIA e AVE CRISTO. 11- Aos 31 anos (1941) – é apresentado ao Espírito que se tornaria conhecido como André Luiz e que publicaria, a partir de 1943, a série NOSSO LAR. 12- Aos 36 anos (1946) –  conclue-se a primeira meta estabelecida para a produção de livros, com o lançamento de VOLTA BOCAGE, de autoria do poeta portugues Manuel Maria Du Bocage 13- Final dos anos 40, Pedro Leopoldo (MG) “Numa das peregrinações, uma das senhoras visitadas rogou ao Chico entrasse em sua casa, para ver um dos parentes que se encontrava acamado e muito enfermo. O lar era modestissimo. Entramos em pequeno grupo, que mais o dormitório não comportava.  O enfermo, no leito, exalava um odor nauseante, a ponto de fazer um dos visitantes sentir-se mal, obrigando-se à retirada e levando os demais a empreender esforços visíveis para sustentar-se no posto de socorro. O médium rogou por uma prece. Quando as primeiras palavras eram articuladas, na busca do Mundo Maior, uma onda de éter varreu todo o ambiente, seguida por uma brisa perfumada em magnólia, transformando a atmosfera interior num recanto de paz”. (Joaquim Alves, 40 ANOS NO MUNDO DA MEDIUNIDADE, luz no lar)  14- “De repente, Chico assumiu ares estranhos. De pé, andando de lá para cá, pelo quarto, manifestava a presença de um capitão de navio posto a pique em combate, em mares angrenses – presumimos – por volta de 1808,1810. Travara combate com corsários franceses. Demonstrava o cuidado com seus comandados, com a carga, com o inimigo (..) Muitas outras manifestações se apresentaram aos nossos olhos: um juiz que vendera sua consciência, à época do Primeiro Império de D. Pedro I, proferindo sentenças iníquas para obter títulos de nobreza, fortuna e prestígio político; a farra dos franciscanos, que na ganância, luxúria e avidez por riquezas, matavam os viajantes que pernoitavam no Convento para roubá-los; as bacanais, as missas negras, o furto de recém-nascidos nas senzalas e os rituais sacrílegos, onde os inocentinhos serviam de oferenda na prática da bruxaria, cujos sangues eram ingeridos. Houve o desfile de uma horda de criaturas satânicas, sórdidas, cruéis. Seres em forma de répteis. Homens e mulheres que, por vício degenerativo de suas mentes, achavam-se travestidos, exibindo grandes órgãos sexuais masculinos ou femininos – fenômenos de zooantropia – tão terríveis e nauseabundos! (Arnaldo Rocha; MANDATO DE AMOR; uem) 15- Entre 1951/1952, Pedro Leopoldo (MG) –Serve como médium para materialização de vários Espíritos, fatos testemunhados por várias pessoas, experiências interrompidas pelo Orientador Espiritual Emmanuel, sob a alegação que o compromisso de Chico era com a produção de livros.16- “Chico aplicava passes. Ao nosso lado, ocorreu um ruído, qual se algum objeto de pequeno porte tivesse sido arremessado, sem muita violência. – Jô – disse o médium – Scheilla deu-lhe um presente. Logo mais, procuramos em derredor e vimos um caramujo grande e adoravelmente belo, estriado em delicadas cores. Apanhamo-lo, incontinente, e verificamos nele água marinha, salgada e gelada, com restos de uma areia fresca. Scheilla o transportara para nós. Estávamos a centenas de quilômetros de uma nesga de mar, no Triângulo Mineiro, em manhã de Sol abrasador, que crestava a vegetação e, em nossas mãos, o caramujo que o Espírito nos ofertara, servindo-se da mediunidade de Chico”. (Joaquim Alves, 40 ANOS NO MUNDO DA MEDIUNIDADE, luz no lar) 17- “Uma onda de perfume. Corporifica-se o Espirito Scheilla, loira e jovial, falando com seu forte sotaque alemão – lingua exercitada em sua derradeira romagem terrena. Bissoli estabeleceu o diálogo.
 –Eu me sinto mal – diz Bissoli. Scheilla, graciosa e delicada, informou: -Você come muita manteiga, Bissoli. Vou tirar uma radiografia de seu estomago. A pedido, nosso companheiro levantou a camisa. O Espírito materializado aproxima-se e entrecorre, num sentido horizontal, seus dedos semi-abertos sobre a região do estômago de nosso amigo. E tal se lhe incrustasse uma tela de vidro no abdomem, podíamos ver as vísceras em funcionamento.  – Pronto!, diz Scheilla, apagando o fenômeno. –Agora levarei a radiografia ao Plano Espiritual para que a estudem e lhe deem um remédio”. (Joaquim Alves, 40 ANOS NO MUNDO DA MEDIUNIDADE, luz no lar) 18- “Saindo o Espírito Auta de Souza, a voz de quem dirigia o trabalho se fez ouvir, da Espiritualidade. –”Agora peço aos nossos amigos que abram a porta, para ver o médium. (VOZ DIRETA) Atendemos. Descerrada a porta, encontramos o ambiente todo iluminado e Chico, permanecia deitado, atravessado na cama, inanimado. De seu peito, no local do coração, um esfuziante foco de luz se lançava ao espaço e, em letras douradas, se escrevia a palavra:AMOR!  (Joaquim Alves, 40 ANOS NO MUNDO DA MEDIUNIDADE, luz no lar) 19- Aos 49 anos (1959) – Cumpre-se a segunda meta estabelecida pelos Espíritos com mais 30 livros publicados, sendo o sexagésimo uma obra escrita pelo Espírito André Luiz através de Chico Xavier e Waldo Vieira, em cidades e dias diferentes. Título: EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, de André Luiz. 20- Suzana Mouzinho -“Certa vez  lanchávamos em companhia de Chico, em Uberaba (MG), quando ele passou às minhas mãos uma xícara de café. Em pleno dia, houve então impressionante fenômeno de efeitos físicos; vi, altamente surpreendida, que seus dedos brilhavam e como se fossem de cera a derreter-se com o calor, começou a jorrar perfume. O café ficou perfumado e o chão respingado de agradável perfume que invadiu a sala toda. Ele ocultou a mão, meio sem jeito, e perguntei: -Chico, o que você sente quando isso acontece? Respondeu-me: Sinto vergonha, minha filha!. Este fato, no meu entender, fala por si só, da humildade e da estatura espiritual desse amado mensageiro de Jesus”. (LUZ BENDITA, ideal) 21- Aos 59 anos (1969) – ´Cumpre-se a terceira etapa do trabalho programado com livros, com a publicação de POETAS REDIVIVOS, sendo informado que , a partir daí, a meta era até onde se pudesse ir, perfazendo ao final da jornada 418 livros. 22- Aos 61 (1971) –  Participa de dois programas PINGA_FOGO, na extinta TV TUPI, dividindo a História do Espiritismo na Brasil. 23- 9/11/74 -  MARIA PHILOMENA ALUOTTO  - (sede de União Espírita Mineira, Belo Horizonte) – “Empunhando uma arma, alguém bradava: -  “-Ninguém vai tocar em Chico Xavier. Eu o defenderei de qualquer um. Ele é um santo”.  Notava-se o desequilíbrio da pessoa(...), a movimentação aumenta no recinto, uns se apavorando, outros procurando correr, e outros ainda tentando controlar a pessoa. O Chico, tranquilo, afasta-se um pouco do grupo e põe-se em silêncio, permanecendo, contudo, no recinto. Descemos ao andar térreo pensando em providências defensivas, e, para nosso alívio, um jipe com militares da PMMG para junto de ao meio fio e seus ocupantes, vem ao nosso encontro, sendo recebidos com as seguintes palavras: - “Graças a Deus vocês chegaram. Estamos com problemas lá em cima!”. Antes de qualquer explicação, para surpresa nossa, o Chefe da patrulha fala:- “Não tem nada não, vamos subir. O senhor Chico Xavier foi nos chamar na estação rodoviária, onde nos encontrávamos em serviço de ronda. Viemos logo atender ao chamado”. Fora evidente o fenômeno de bilocação. (LUZ BENDITA, ideal)




sexta-feira, 1 de abril de 2016

CHICO XAVIER: A PESSOA, O MÉDIUM, O SÁBIO (1/3)

Ante a aproximação do dia 2 de abril e considerando os 14 anos passados da morte física de Chico Xavier, necessário rever alguns aspectos de sua vida recente. Primeiro para lembrar e mostrar que foi marcada por extremas restrições físicas, sociais, econômicas mas nem por isso tirou proveito algum do trabalho dos Espíritos especialmente no que se refere às mais de quatro centenas de obras vertidas por vários autores. Segundo que suas percepções mediúnicas iam além da psicografia que o notabilizou perante a sociedade humana. Pela riqueza e variedade de detalhes dividimos nossa pesquisa em três partes, a serem apresentadas consecutivamente. Começamos pelo perfil como pessoa:
1- Nasce em Pedro Leopoldo (MG), no dia 2 de abril de 1910, como quinto filho de João Cândido Xavier e de Maria João de Deus, filha de uma ex-escrava e de pai desconhecido, tendo sido registrada com o nome da Casa de Saúde em que nasceu, João de Deus.
2- Aos 5 anos (1915), desencarna sua mãe, sendo entregue aos cuidados de uma madrinha de nome Rita, pessoa muito perturbada, onde passa a sofrer severos castigos para sua idade, impostos pela senhora e seu filho Moacir.
3- Aos 8 de idade (1918), reencontra os irmãos após o casamento de seu pai com Dona Cidália Batista que impõem como condição a reunião dos filhos de Maria João de Deus.
4- Aos 10 anos (1920), por orientação do confessor Sebastião Scarzelli, emprega-se na Companhia de Fiação e Tecelagem Cachoeira Grande, trabalhando das 3 da tarde à Meia-noite, acordando às 6:30 para estar na escola à 7 horas.
5-Aos 12 anos (1922), avaliado ao final de ano letivo no Grupo Escolar São José pelo médico Cristiano Ottoni, como tendo alcançado uma instrução abaixo do nível, apesar de ser um menino de inteligência muito lúcida, superior à normal, excelente memória, grande poder de assimilação e presença de espírito.
6- Aos 15 anos (1925), o ritmo e as condições precárias de trabalho, acomete-o de uma doença de nome Coreia, o que o obriga a largar o primeiro emprego, passando a trabalhar na venda do Sr. José Felizardo como ajudante de balcão, cozinha e horta
7- Aos 17 anos (1927), inicia atividades sociais com mais carentes da periferia de Pedro Leopoldo, ofertando, no primeiro dia, alguns pães com moradores de uma ponte da cidade, prática que desenvolveria até os últimos anos de vida em Uberaba(MG), atendendo uma orientação espiritual recebida.
8- Aos 21 anos (1931), em abril, dia 18, assume com sua madrasta e protetora, Dona Cidália Batista,  pouco antes de sua morte, o compromisso de cuidar dos seus irmãos mais novos, impedindo que fossem dispersados entre amigos da família como aconteceu com ele e seus irmãos maternos. Recebe o diagnóstico de uma espécie de catarata inoperável que o manteria praticamente cego e dependente de colírios pelo resto da vida após ter experimentado um incomodo no olho esquerdo, diagnosticado posteriormente como um amolecimento do olho esquerdo,
9- Aos 23 anos (1933), cede às pressões do pai para  tentar oportunidade de emprego oferecida por intelectual mineiro, permanecendo semanas em sua residência em Belo Horizonte sem  a promessa fosse cumprida,  ouvindo , por fim, de amigos deste como condição para que conseguisse o tal emprego,  a proposta para que assumisse e negasse a autoria espiritual dos poemas por ele recebidos por não passar de um  “sofrê”- pássaro capaz de imitar o canto de outros -, ao que  o Espírito Emmanuel surpreendendo-o, acrescentou: -Sim, volte a Pedro Leopoldo e procuremos trabalhar. Você não é um sofrê, mas precisa sofrer para aprender”.
10- Aos 25 anos (1935), é objeto de série de matérias publicadas pelo jornal O GLOBO, ao longo de vários meses / Emprega-se como Trabalhador Diarista na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo, em vista da falência do estabelecimento onde trabalhava causada pelo AVC de seu patrão Zé Felizardo
11- Aos 30 (1940), ameaçado por um fatal ataque de uremia, pede ao Espírito Emmanuel que o recebesse na Espiritualidade, ouve dele:  - “Não posso, Chico, auxiliá-lo no seu desencarne. Tenho muito que fazer. Mas, se você sentir que hora chegou, recorra aos amigos do Luiz Gonzaga. Você não é melhor que os outros”.
12- Aos 32 (1942), acata sugestão/solução do seu superior no trabalho, alterando seu nome para Francisco de Paula Candido Xavier, ante as pressões exercidas por autoridade eclesiástica para que fosse demitido.
13- Aos 34 (1944), é tema de entrevista desmoralizante efetuada por dois consagrados jornalistas que se fizeram passar por estrangeiros,  ocultando-se  em nomes falsos, usando inclusive  “interprete” para formular suas perguntas, assustando-se quando do retorno ao Rio de Janeiro, ao verem na dedicatória dos livros a eles oferecidos, a referência do Espírito Emmanuel aos seus nomes verdadeiros / Passa a enfrentar processo judicial aberto em fórum do Rio de Janeiro pela viúva do escritor Humberto de Campo.
14- Aos 25 anos (1935), é objeto de série de matérias publicadas pelo jornal O GLOBO, ao longo de vários meses / Emprega-se como Trabalhador Diarista na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo, em vista da falência do estabelecimento onde trabalhava causada pelo AVC de seu patrão Zé Felizardo
15- Aos 30 (1940), ameaçado por um fatal ataque de uremia, pede ao Espírito Emmanuel que o recebesse na Espiritualidade, ouve dele: - “Não posso, Chico, auxiliá-lo no seu desencarne. Tenho muito que fazer. Mas, se você sentir que hora chegou, recorra aos amigos do Luiz Gonzaga. Você não é melhor que os outros”.
16- Aos 32 (1942), acata sugestão/solução do seu superior no trabalho, alterando seu nome para Francisco de Paula Candido Xavier, ante as pressões exercidas por autoridade eclesiástica para que fosse demitido
17- Aos 34 (1944), é tema de entrevista desmoralizante efetuada por dois consagrados jornalistas que se fizeram passar por estrangeiros,  ocultando-se  em nomes falsos, usando inclusive  “interprete” para formular suas perguntas, assustando-se quando do retorno ao Rio de Janeiro, ao verem na dedicatória dos livros a eles oferecidos, a referência do Espírito Emmanuel aos seus nomes verdadeiros /  Passa a enfrentar processo judicial aberto em fórum do Rio de Janeiro pela viúva do escritor Humberto de Campos.
18-Aos 49 anos (1959), muda-se para a cidade de Uberaba (MG), motivado pelas pressões decorrentes de matéria publicada por jornal de grande circulação em Minas Gerais, contendo entrevista difamatória de um sobrinho que suicidaria meses depois
19- Aos 58 (1968), nova cirurgia, desta vez da próstata, em Hospital na cidade de São Paulo
20- Aos 66 (1976), sofre enfarto do miocárdio, impondo-lhe um quadro de angina que o perseguira até o fim da vida, com grandes desconfortos
20- Aos 75 (1985), abre mão de um donativo de 22 milhões a ele oferecido  por admiradora da cidade de Nanuque (MG), em favor do Hospital da Caridade
21- Aos 92 (2002), desencarna no dia 30 de junho, do modo como desejara: um dia em que o povo estivesse muito feliz.