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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ALÉM DA MURALHA DE VIBRAÇÕES

“Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que por isso não deixa de ser rigorosa verdade, é que o Mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia, experimenta o contra-choque de todas as comoções que abalam o mundo dos encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Nada tem isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a Humanidade”. A revelação faz parte de mensagem assinada por um Espírito identificado como Dr Barry, reproduzida no capítulo 18 do livro A GÊNESE de Allan Kardec. E os surpreendentes relatos do Espírito André Luiz confirmam isso. Na obra OS MENSAGEIROS (feb,1944), por exemplo, imagens que ilustram o comentário anterior. Reflitamos, percebendo inclusive o valor da oração em nossas vidas: “Embora as luzes que nos rodeavam, notei que os céus prometiam aguaceiros próximos. As brisas leves transformavam-se, repentinamente, em ventania forte. Não obstante, as sensações de sossego eram agradabilíssimas. — O vento, na Crosta, é sempre uma bênção celeste — exclamou Aniceto, sentencioso. — Podemos avaliar-lhe o caráter divino, em virtude da nossa condição atual. A pressão atmosférica sobre os Espíritos encarnados é, aproximadamente, de quinze mil quilos.— . Todavia, é interessante notar — aduziu Vicente — que não sentimos tamanho peso sobre os ombros. — É a diferença dos veículos de manifestação — esclareceu Aniceto, atencioso. — Nossos corpos e os de nossos companheiros encarnados apresentam diversidade essencial. Imaginemos o círculo da Crosta como um oceano de oxigênio. As criaturas terrestres são elementos pesados que se movimentam no fundo, enquanto nós somos as gotas de óleo, que podem voltar à tona, sem maiores dificuldades, pela qualidade do material de que se constituem. A essa altura do esclarecimento, notei que formas sombrias, algumas monstruosas, se arrastavam na rua, à procura de abrigo conveniente. Reparei, com espanto, que muitas tomavam a nossa direção, para, depois de alguns passos, recuarem amedrontadas. Provocavam assombro. Muitas, pareciam verdadeiros animais perambulando na via pública. Confesso que insopitável receio me invadira o coração. Calmo, como sempre, Aniceto nos tranquilizou: — Não temam — disse. Sempre que ameaça tempestade, os seres vagabundos da sombra se movimentam procurando asilo. São os ignorantes que vagueiam nas ruas, escravizados as sensações mais fortes dos sentidos físicos. Encontram-se ainda colados às expressões mais baixas da experiência terrestre e os aguaceiros os incomodam tanto quanto ao homem comum, distante do lar. Buscam, de preferência, as casas de diversão noturna, onde a ociosidade encontra válvula nas dissipações. Quando isto não se lhes torna acessível, penetram as residências abertas, considerando que, para eles, a matéria do plano ainda apresenta a mesma densidade característica. E, demonstrando interesse em valorizar a lição do minuto, acrescentou. — Observem como se inclinam para cá, fugindo, em seguida, espantados e inquietos. Estamos colhendo mais um ensinamento sobre os efeitos da prece. Nunca poderemos enumerar todos os benefícios da oração. Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão só um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam choques de vulto, em contato com as vibrações luminosas deste santuário doméstico, e é por isso que se mantêm à distância, procurando outros rumos”...

sábado, 27 de fevereiro de 2016

DIFERENTE DO QUE SE IMAGINA

Dramaturgo e libretista francês Eugène Scribe (1834/1861) é um exemplo daqueles autores extremamente populares à sua época e que caem no esquecimento após sua morte.  Desencarnado no mês de fevereiro, fez-se presente espontaneamente alguns meses depois numa das reuniões da Sociedade Espírita de Paris, conforme explicado na seção PALESTRAS DE ALÉM TUMULO, na edição de outubro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA. Allan Kardec observa que a simples menção de seu nome em assunto que os participantes debatiam foi suficiente para que ele se manifestasse opinando sobre o tema. Após ter ditado uma dissertação sobre o assunto tratado, foi entrevistado pelo dirigente da reunião, oferecendo alguns tópicos para nossas reflexões, destacados a seguir: 1- Dissestes ainda que queríeis compor uma obra mais útil e mais séria, mas que essa alegria vos foi recusada. Foi como Espírito, que teríeis querido fazer essa obra e, neste caso, como teríeis feito para fazer aproveitar aos homens? R. Meu Deus! Da maneira muito simples que os Espíritos empregam, inspirando os escritores que, frequentemente, imaginam haurir em seu próprio fundo, ah! algumas vezes bem vazio. 2- Pode-se saber qual foi o assunto que vos propusestes tratar? R. Eu não tinha objetivo combinado, mas, vós o sabeis, gosta-se um pouco de fazer o que jamais se fez. Teria querido me ocupar de filosofia e de espiritualismo, porque estou insuficientemente ocupado de realismo. Não tomai esta palavra realismo como é entendida hoje; quis só dizer que estou mais especialmente ocupado com aquilo que diverte os olhos e ouvido dos Espíritos frívolos da Terra, do que daquilo que poderia satisfazer os Espíritos sérios e filósofos. 3-. Dissestes à senhorita J... que não éreis feliz. Podeis não ter a sorte dos bem-aventurados; mas ainda há pouco, na comissão, contaram uma multidão de boas ações que fizestes e que, certamente, devem vos contar. R. Não, eu não sou feliz, porque, ai de mim! tenho ainda a ambição, e que tendo sido acadêmico sobre a Terra, quisera igualmente fazer parte da dos eleitos. 4- Parece-nos que, na falta da obra que não podeis fazer ainda, poderíeis alcançar o mesmo objetivo, para vós e para os outros, vindo aqui nos fazer uma série de dissertações. R. Não peço nada .melhor, e viria com prazer se me fosse permitido, o que ignoro, porque não tenho ainda posição bem determinada no mundo espiritual. Tudo è tão novo para mim, que passei minha vida a casar subtenentes com ricas herdeiras, que não tive ainda tempo para conhecer e admirar este mundo etéreo, que esquecera em minha encarnação. Retornarei, pois, se os Grandes Espíritos mo permitirem. Em comentário complementar, Allan Kardec escreveu: -“A morte não separa, pois, aqueles que se conheceram sobre a Terra; eles se reencontram, se reúnem se interessam pelo que faziam o objeto de suas preocupações. Dirse-á, sem dúvida, que se lembram do que fazia a sua alegria, lembram-se também dos motivos de dor, e que isso deve alterar sua felicidade. Essa lembrança produz um efeito todo contrário, porque a satisfação de estar livre dos males terrestres é uma alegria tanto mais doce quanto o contraste seja maior; apreciam-se melhor os benefícios da saúde depois da doença, a calma depois da tempestade. O guerreiro de volta aos seus lares não se compraz em contar os perigos que correu, as fadigas que suportou? Do mesmo modo, para os Espíritos, a lembrança das lutas terrestres é uma alegria, quando delas saem vitoriosos. Mas essa lembrança se perde na distância, ou pelo menos diminui de importância aos seus olhos, à medida que se livram dos fluidos materiais dos mundos inferiores e se aproximam da perfeição; essas lembranças são para eles sonhos distantes, como são no homem feitas as lembranças da primeira infância”.







quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

DEPENDÊNCIAS PSÍQUICAS

Argumento usado pelos evasivos materialistas para justificar atitudes contrárias ao bom senso resultante do conhecimento da Verdade seja ela a revelada pela ciência ou pela experiência, a expressão ‘a carne é fraca’  definitivamente perde sentido com a confirmação da imortalidade do Ser. Os Espíritos revelaram isso a Allan Kardec nas pesquisas que fez acerca da situação dos Espíritos após a morte ou mesmo dos depoimentos de inúmeros que foram entrevistados através de diferentes médiuns nas reuniões da Sociedade Espírita de Paris. No fundo reflete o estágio evolutivo daquele que no início do processo de aprendizado através da experiência cede às pressões do instinto em detrimento da inteligência que em algum momento prevalecerá funcionando como um mecanismo de controle na ânsia do progresso. Nas avaliações da nossa realidade eram denominados vícios, hoje com os avanços das pesquisas para entender o comportamento humano, os podemos classificar dependências. E, há muitas: afetivas, químicas, econômicas, sexuais, espirituais, doenças, da ilusão do poder, de redes sociais, aplicativos de celular e, entre outras, até de Espíritos obsessores. Num interessante comentário reproduzido pelo Espírito André Luiz no livro OS MENSAGEIROS (feb,1944), O Instrutor Aniceto considera: -“Demoramo-nos todos a escapar da velha concha do individualismo. A visão da universalidade custa preço alto e nem sempre estamos dispostos a pagá-lo. Não queremos renunciar ao gosto antigo, fugimos aos sacrifícios louváveis. Nessas circunstâncias, o mundo que prevalece para a alma desencarnada, por longo tempo, é o reino pessoas de nossas criações inferiores”. Nas revelações contidas na obra NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE (feb,1954), cenas que ilustram bem como nem a morte libera o indivíduo das mesmas: -“Transpusemos a entrada. As emanações do ambiente produziam em nós indefinível mal-estar. Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcoólatras impenitentes. Indicando-as, informou o orientador: – Muitos de nossos irmãos, que já se desvencilharam do vaso carnal, se apegam com tamanho desvario às sensações da experiência física, que se cosem àqueles nossos amigos terrestres temporariamente desequilibrados nos desagradáveis costumes por que se deixam influenciar. (...) O que a vida começou, a morte continua... Esses nossos companheiros situaram a mente nos apetites mais baixos do mundo, alimentando-se com um tipo de emoções que os localiza na vizinhança da animalidade. Não obstante haverem frequentado santuários religiosos, não se preocuparam em atender aos princípios da fé que abraçaram, acreditando que a existência devia ser para eles o culto de satisfações menos dignas, com a exaltação dos mais astuciosos e dos mais fortes. O chamamento da morte encontrou-os na esfera de impressões delituosas e escuras e, como é da Lei que cada alma receba da vida de conformidade com aquilo que dá, não encontram interesse senão nos lugares onde podem nutrir as lhes são peculiares, porquanto, na posição em que se veem, temem a verdade e abominam-na, procedendo como a coruja que foge à luz. (...) Chegará o dia em que a própria Natureza lhes esvaziará o cálice Há mil processos de reajuste, no Universo Infinito em que se cumprem os Desígnios do Senhor, chamem-se eles aflição, desencanto, cansaço, tédio, sofrimento, cárcere... (...) Quando não se fatiguem, a Lei poderá conduzi-los a prisão regeneradora(...) Há dolorosas reencarnações que significam tremenda luta expiatória para as almas necrosadas no vício. Temos, por exemplo, o mongolismo, a hidrocefalia, a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de nascença e muitos outros recursos, angustiosos embora, mas necessários, e que podem funcionar, em benefício da mente desequilibrada, desde o berço, em plena fase infantil. Na maioria das vezes, semelhantes processos de cura prodigalizam bons resultados pelas provações obrigatórias que oferecem... 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

MEDIUNIDADE - AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ

Inerente ao Ser humano, instrumento de interação entre Dimensões Existenciais - ou Universos Paralelos – teve no Espiritismo sua definição e até agora as melhores explicações. Allan Kardec a comparava ao microscópio no aprofundamento dos conhecimentos do microuniverso, descortinando as realidades existentes além da Terceira Dimensão, dos nossos limitados cinco sentidos.  Tendo n’O LIVRO DOS MÉDIUNS seu guia de orientações para os interessados no assunto, foi tratada sob diferentes ângulos em outras Obras Básicas, mas especialmente nos números da REVISTA ESPÍRITA, em várias edições, oferecendo elementos importantes para reflexão. Numa compilação desenvolvida em 2015 intitulada MEDIUNIDADE - AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ - disponível na INTERNET no Google -, inúmeros esclarecimentos. Destacamos na sequencia alguns desses apontamentos que ampliam o entendimento sobre a questão.1- Qual a dinâmica dos fenômenos mediúnicos? Durante sua encarnação, o Espírito atua sobre a matéria por intermédio de seu corpo fluídico ou perispírito; ocorre o mesmo fora da encarnação. Ele faz, como Espírito e na medida de suas possibilidades, o que fazia como homem; como ele não tem mais seu corpo carnal por instrumento, se serve, quando necessário, dos órgãos materiais de um encarnado, que se torna o que se chama médium. Ele faz como aquele que, não podendo mesmo escrever, toma emprestada a mão de um secretário; ou que, não sabendo uma língua, serve-se de um interprete. Um secretário, um interprete são os médiuns de um encarnado, como o médium é o secretário ou interprete de um Espírito. (G, 13, 5) 2- Ocorrem de forma natural? Os fenômenos espíritas são, o mais frequentemente, espontâneos e se produzem sem nenhuma ideia preconcebida nas pessoas que neles menos pensam; em certas circunstâncias, eles podem ser provocados por agentes designados sob o nome de médiuns; no primeiro caso, o médium é inconsciente do que se produz por seu intermédio; no segundo, age com conhecimento de causa; daí a distinção de médiuns conscientes e inconscientes. Estes últimos são mais numerosos e se encontram frequentemente, entre os incrédulos mais obstinados que, assim, praticam o Espiritismo sem o saber e sem querer. Os fenômenos espontâneos tem, por isso mesmo, uma importância capital, por não se pode suspeitar da boa fé daqueles que os obtém. (G, 13, 12) 4-  A mediunidade é, como dizem, um dom? A mediunidade não é um talento; não existe senão pelo concurso de um terceiro; se esses terceiros se recusam, não há mais mediunidade. A aptidão pode subsistir, mas o seu exercício está anulado. Um médium sem a assistência dos Espíritos é como um violinista sem violino. (RE; 3/1864) 5- Todas as pessoas são realmente médiuns? A mediunidade é uma faculdade inerente à natureza do homem. Nem é uma exceção, nem um favor; faz parte do grande conjunto humano e, como tal, está sujeita às variações físicas e às desigualdades morais; sofre o dualismo terrível do instinto e da inteligência. (RE; 5/1865) 6- Porque a maioria não a percebe em si? A mediunidade é uma faculdade multiforme; apresenta uma infinidade de nuanças em seus meios e em seus efeitos. Aquele que é apto para receber ou transmitir as comunicações dos Espíritos é, por isto mesmo, um médium, seja qual for o meio empregado ou o grau de desenvolvimento da faculdade – desde a simples influência oculta até a produção dos mais insólitos fenômenos. Contudo, no uso corrente, o vocábulo tem uma acepção mais restrita e se diz, geralmente, das pessoas dotadas de uma potência mediatriz muito grande, tanto para produzir efeitos físicos, quanto para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra. (RE, 2/1859) 7- A faculdade mediúnica é indício de um estado patológico qualquer, ou simplesmente anormal? Algumas vezes anormal, mas não patológico; há médiuns de uma saúde vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas. (LM) 8- Como saber se sou médium com essa característica? Até o momento não se conhece nenhum diagnóstico para a mediunidade. (...). Experimentar é o único meio de saber se existe ou não a percepção. De resto, os médiuns são muito numerosos, sendo bastante raro que, se não o somos nós mesmos, não encontremos alguns em membros de nossas famílias ou em nosso círculo de amizades. O sexo, a idade, o temperamento são indiferentes. São encontrados entre os homens e entre as mulheres, as crianças e os velhos, as pessoas que tem boa saúde e as que estão doentes. (OQE)





domingo, 21 de fevereiro de 2016

SEMPRE VÁLIDO REVER

O monitoramento das causas de morte nos países cobertos pela OMS- Organização Mundial de Saúde indicam ser o suicídio uma das que mais crescem nas estatísticas. Inclusive suicídios juvenis, o que havia sido previsto pela Espiritualidade Superior nas mensagens reproduzidas e analisadas por Allan Kardec em números da REVISTA ESPÍRITA, ano 1866. Decisão e ação condenada por todas as Escolas Religiosas, através do Espiritismo encontra um posicionamento racional inclusive nascido do depoimento de vários Espíritos que recorreram a tão radical expediente. Ao longo do século 20, o médium Chico Xavier foi abordado em mais de uma vez sobre a questão, acrescentando elementos uteis para nossas reflexões. Destacamos a seguir dois deles: 1- O suicídio é consequência de fatores psicológicos em desagregação ou de influências espirituais em evolução? Chico XavierCada Espírito é senhor de seu próprio mundo individual. Quando perpetramos a deserção voluntária dos nossos deveres, diante das leis que nos governam, decerto que imprimimos determinadas deformidades no corpo espiritual. Essas deformidades resultam das causas cármicas estabelecidas por nós mesmos, pelas quais sempre recebemos de volta os efeitos das próprias ações. Cometido o suicídio, nessa ou naquela circunstância, geramos lesões e problemas psicológicos na própria alma, dificuldades essas que seremos chamados a debelar na próxima existência, ou nas próximas existências, segundo as possibilidades ao nosso alcance. Assim, formamos, com um suicídio, muitas tentações a suicídio no futuro, porque em nos reencarnando, carregamos conosco tendências e inclinações, como é óbvio, na recapitulação de nossas experiências na Terra. 2- Os Espíritos acham que os sofrimentos dos suicidas decorrem de um castigo e Deus? Chico XavierNão. Não decorrem de um castigo de Deus, porque Deus é a Misericórdia Infinita, a Justiça Perfeita. Emmanuel sempre me explica que, quando atentamos contra o nosso corpo, na Terra, ferimos as estruturas do nosso corpo espiritual. Infringimos a nós mesmos essas punições. Permanecemos no Além com os resultados do suicídio para depois, ao reencarnarmos na Terra, trazermos as consequências em nosso próprio corpo. O suicídio, para aqueles que conhecem a importância da vida, impõe um complexo culposo muito grande nas consciências. O problema está dentro de nós e, na hora de voltar à Terra, pedimos para assumir as dificuldades inerentes às nossas culpas. Se a bala atravessou o centro da fala, naturalmente vamos retomar o corpo físico em condições de mudez. Se atravessa o centro da visão, vamos renascer com processo de cegueira. Se nos precipitamos de alturas e aniquilamos o equilíbrio de nossas estruturas espirituais, vamos voltar com determinadas moléstias que afetam o nosso equilíbrio. Quando nos envenenamos, quando envenenamos as nossas vísceras, somos candidatos, quando voltamos à Terra, ao câncer nos primeiros dias de infância, ao problema de fluidos comburentes que criam desequilíbrio no campo celular. Muitas vezes encontramos numa criança recentemente nascida um processo canceroso que nós não sabemos justificar, senão pela reencarnação, porque o espírito traz consigo aquela angústia, aquele desequilíbrio que se instala dentro de si próprio. Pelo enforcamento, nós trazemos determinados problemas de coluna e caímos logo nos processos de paraplegia. Somos crianças ligadas, parafusadas ao leito durante determinado tempo, em luta de auto corrigenda, de autopunição, de reestruturação de peças de nosso corpo espiritual.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

IMPORTANTE POSICIONAMENTO

Num dos artigos da REVISTA ESPÍRITA de janeiro de 1863, um questionamento interessante dirigido ao editor é proposto: -“Li numa de vossas obras: ‘O Espiritismo não se dirige àqueles que têm uma fé religiosa qualquer, com vista a dissuadi-los, e aos quais essa fé basta à sua razão e à sua consciência, mas à numerosa categoria dos indecisos, dos incrédulos, etc.’ “E por que não? O Espiritismo, que é a verdade, não deveria dirigir-se a todos? a todos os que estão em erro? Ora, os que creem numa religião qualquer, protestante, judaica, católica ou outra qualquer, não estão em erro? Indubitavelmente, porque as diversas religiões hoje professadas apregoam verdades incontestáveis e nos obrigam a crer em coisas completamente falsas ou, pelo menos, em coisas que podem até vir de fontes verdadeiras, mas falseadas em sua interpretação. Se está provado que as penas são apenas temporárias – e Deus sabe se é um leve erro confundir o temporário com o eterno – que o fogo do inferno é uma ficção e que, se em vez de uma criação em seis dias, trata-se de milhões de séculos, etc.; se tudo isto está provado, digo eu, partindo do princípio de que a verdade é una, as crenças oriundas de uma interpretação tão falsa desses dogmas não são nem mais nem menos do que falsas, pois uma coisa é ou não é; não há meio termo. “Por que, então, o Espiritismo não se dirige também a todos os que acreditam em absurdos, para os dissuadir, como aos que em nada creem ou que duvidam, etc?”  Avaliando o argumento, Allan Kardec argumenta: -“Aproveitamos a oportunidade da carta, da qual extraímos as passagens acima, para lembrar, uma vez mais, o objetivo essencial do Espiritismo, sobre o qual o autor da carta não parece bastante edificado. Pelas provas patentes que dá da existência da alma e da vida futura, base de todas as religiões, o Espiritismo é a negação do materialismo e, por conseguinte, se dirige aos que negam ou duvidam. É bem evidente que os que não creem em Deus e na alma não são católicos, nem judeus, nem protestantes, seja qual for a religião em que tiverem nascido; não seriam, sequer, maometanos ou budistas. Ora, pela evidência dos fatos, são levados a crer na vida futura, com todas as suas consequências morais; são livres para adotar, mais tarde, o culto que melhor lhes convenha à razão ou à consciência. Mas aí se detém o papel do Espiritismo; ele é o responsável por três quartos do caminho; ajuda a transpor o passo mais difícil – o da incredulidade. Compete aos outros fazer o resto. “Mas” – poderá dizer o autor da carta – “e se nenhum culto me convier?” Muito bem! ficai então como estais. Aí o Espiritismo nada pode. Ele não se encarrega de vos fazer abraçar um culto à força, nem de discutir para vós o valor intrínseco dos dogmas de cada um: deixa isto à vossa consciência. Se o que o Espiritismo dá não vos basta, buscai, entre todas as filosofias existentes, uma doutrina que melhor satisfaça às vossas aspirações. Os incrédulos e os indecisos formam uma categoria muito numerosa. Quando o Espiritismo diz que não se dirige aos que têm uma fé qualquer, e aos quais esta é bastante, quer significar que não se impõe a ninguém e não violenta consciência alguma. Dirigindo-se aos incrédulos, chega a convencê-los por meios próprios, pelos raciocínios que sabe terem acesso à sua razão, porquanto os outros foram impotentes. Numa palavra, tem o seu método, com o qual obtém, diariamente, belíssimos resultados; mas não tem uma doutrina secreta. Não diz a uns: abri os ouvidos, e a outros: fechai-os. A todos fala pelos seus escritos e cada um é livre de adotar ou rejeitar sua maneira de encarar as coisas. Desse modo, faz crentes fervorosos dos que eram incrédulos. É tudo o que ele quer.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

MUDANDO O FOCO

Professor de Filosofia, italiano, Ernesto Bozzano está intimamente ligado à pesquisa dos fenômenos inabituais na espécie humana, invariavelmente, associados por isso mesmo -pelos que não querem estudar ou pensar - ao misticismo. Nessa área organizou cerca de 52 livros, alguns dos quais póstumos, de conteúdo extremamente interessante demonstrando que entre o final do século 19 e o fim da primeira metade do século 20, muitos pesquisadores igualmente se interessavam pelo assunto. O Espiritismo conforme apresentado por Allan Kardec não parece ter sido sua principal preocupação, tendo se influenciado mais intensamente pela Metapsíquica do fisiologista francês Charles Richet. Seu nome, curiosamente ainda é lembrado porque espíritas brasileiros procuraram traduzir alguns dos principais títulos por ele assinados. Num deles, PENSAMENTO E VONTADE  (feb),encontramos importante contribuição a respeito de assunto tratado por Allan Kardec em artigo reproduzido n’ OBRAS POSTUMAS sob o título FOTOGRAFIA DO PENSAMENTO. No trabalho de Bozzano, ele satisfaz a dúvida dos que ouvem falar das FORMAS PENSAMENTO. Destacamos alguns pontos para reflexão:- “Já os magnetizadores da primeira metade do século passado haviam notado que os sonâmbulos não só percebiam o pensamento das pessoas com quem se punham em relação, sob a forma de imagens geralmente localizadas no cérebro,, com também, eventualmente, fora dele, e mais ou menos imersos na aura da pessoa que, na ocasião, tinha na mente o pensamento correspondente à imagem. (...). Os teósofos, que têm sempre muitas observações a respeito das formas do pensamento, afirmam, apoiados em declarações de seus videntes - entre eles Annie Besant e Charles Leadbeater - que as ditas formas do pensamento não se restringem às imagens de pessoas e coisas, mas atingem as concepções abstratas, as aspirações do sentimento, os desejos passionais, que revestem formas características e estranhamente simbólicas . A este respeito, importa acentuar que as descrições teosóficas desse simbolismo do pensamento estão em surpreendente concordância com as dos clarividentes sensitivos. Vamos aqui resumir o trecho de um livro (THOUGHT-FORMES) de Annie Besant e Leadbeater, para compará-lo depois a uma outra passagem tomada às declarações de um sensitivo clarividente. Eis o que a respeito diz esses autores: Todo pensamento cria uma série de vibrações na substância do corpo mental, correspondentes à natureza do mesmo pensamento, e que ai combinam em maravilhoso jogo de cores, tal como se dá com as gotículas de água desprendidas de uma cascata, quando atravessadas pelo raio solar, apenas com a diferença de maior vivacidade e delicadeza de tona. O corpo mental, graças ao impulso do pensamento, exterioriza uma fração de si mesmo, que toma forma correspondente à intensidade vibratória, tal como o pó de licopódio que, colocado sobre um disco sonante, dispõe-se em figuras geométricas, sempre uniformes em relação com as notas musicais emitidas. Ora, este estado vibratório da fração exteriorizada do corpo mental, tem a propriedade de atrair ai, no meio etéreo, substância sublimada análoga à sua. Assim é que se produz uma forma pensamento, que é, de certo modo, uma entidade animada de intensa atividade, a gravitar em torno do pensamento gerador... Se este pensamento implica uma aspiração pessoal de quem o formulou - tal como se dá com a maioria dos pensamentos - volteia, então, ao derredor do seu criador, pronto sempre a reagir benéfica ou maleficamente, cada vez que o sinta em condições passivas. Estranhamente simbólicas as formas do pensamento, algumas delas representam graficamente os sentimentos que as originaram. A usura, a ambição, a avidez, produzem formas retorcidas, como que dispostas a apreender o cobiçado objeto. O pensamento, preocupado com a resolução de um problema, produz filamentos espirais. Os sentimentos endereçados a outrem, sejam de ódio ou de afeição, originam formas-pensamentos semelhantes aos projéteis. A cólera, por exemplo, assemelha-se ao ziguezague do raio, o medo provoca jactos de substância pardacenta, quais salpicos de lama.






segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

ENTENDENDO A OBSESSÃO

Indiscutivelmente após Allan Kardec ter demonstrado através de seus experimentos com a mediunidade a existência do Mundo Espiritual, as revelações daí derivadas sobre a influência espiritual e a obsessão representam importante contribuição para se compreender melhor o comportamento humano. Sempre oportuno, portanto, refletirmos sobre o tema. O Espírito Emmanuel, no início do século 20 repassou para nossa Dimensão através dos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira uma interessante obra intitulada LEIS DE AMOR (feesp). Dela, o conteúdo apresentado a seguir: 1-Existe relação entre obsessão e correntes mentais?-Quem se refere à obsessão há de reportar-se, necessariamente, às correntes mentais. O pensamento é a base de tudo. 2- Em que tempo e situação no podem atingir os fenômenos deprimentes da obsessão? - Salientando-se que o pensamento é a alavanca de ligação, para o bem ou para o mal, é muito fácil perceber que os fenômenos deprimentes da obsessão podem atingir-nos, em qualquer condição e em qualquer tempo. 3- É preciso que o obsediado observe a própria vida mental para contribuir para as próprias melhorias? - Sim. As correntes mentais são tão evidentes quanto as correntes elétricas, expressando potenciais de energias para realizações que nos exprimem direção, propósito ou vontade, seja para o mal ou para o bem. 4- Qual o papel do desejo, da palavra, da atividade e da ação no fenômeno obsessivo? - Cada um de nós é acumulador por si, retendo as forças construtivas ou destrutivas que geramos. Desejo, palavra, atitude e ação representam eletroímãs, através dos quais atraímos forças iguais àquelas que exteriorizamos, no rumo dos semelhantes. 5- Quais as consequências para quem se detém em qualquer aspecto do mal? - Deter-nos, em qualquer aspecto do mal, é aumentar-lhe a influência, sobre nós e sobre os outros. 6-  Qual a relação entre as manifestações do sentimento aviltado e os desequilíbrios da personalidade? -Todas as manifestações de sentimento aviltado quais sejam a calúnia e a maledicência, a cólera e o ciúme, a censura e o sarcasmo, a intemperança e a licenciosidade, estabelecem a comunicação espontânea com os poderes que os representa, nos círculos inferiores da natureza, criando distonias e enfermidades, em que se levantam fobias e fixações, desequilíbrios e psicoses, a evoluírem para a alienação mental declarada. 7- O que nos acontece moralmente quando emitimos um pensamento? - Emitindo um pensamento, colocamos um agente energético em circulação, no organismo da vida – agente esse que retornará fatalmente a nós, acrescido do bem ou do mal de que o revestimos. 8- Qual a relação entre os nossos pontos vulneráveis e o retorno do mal que praticamos? - Compreendendo-se que cada um de nós possui pontos vulneráveis, no estado evolutivo deficitário em que ainda nos encontramos, toda vez que o mal se nos associe a essa ou àquela ideia, teremos o mal de volta a nós mesmos, agravando-se doenças e fraquezas, obsessões e paixões. 9- O que recebemos dos outros? - Assimilamos dos outros o que damos de nós. 10- Que imagens reflete o espelho da mente? - A mente pode ser comparada a espelho vivo, que reflete as imagens que procura. 11- Qual o nexo existente entre a obsessão e os interesses da criatura? - A obsessão, em qualquer tipo pelo qual se expresse, está fundamentalmente vinculada aos processos mentais em que se baseiam os interesses da criatura. 12- As companhias têm influência na obsessão? - Assevera o Cristo: “Busca e acharás”. Encontraremos, sim, os companheiros que buscamos, seja par ao bem ou para o mal. 13- Qual a solução mais simples ao problema da obsessão? - Consagremo-nos à construção do bem de todos; cada dia e cada hora, porquanto caminhar entre Espíritos nobres ou desequilibrados; sejam eles encarnados ou desencarnados, será sempre questão de escolha e sintonia.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

ADVERTÊNCIA ATUALÍSSIMA

As comunicações procedentes do Plano Espiritual são totalmente confiáveis? A dúvida é procedente, constituindo-se a resposta em argumento importante para aqueles que se esforçam em desacreditar a realidade da influência espiritual em nossa Dimensão. No número de maio de 1865 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz três manifestações do Espírito Pascal, recebidas por um médium de Lyon, identificado apenas como Sr. X, uma das quais posicionando-se sobre o tema. Diz o celebre matemático do século 17: –“Temos-vos dito muitas vezes que investiguem as comunicações que vos são dadas, submetendo-as à análise da razão, e que não tomeis sem exame as inspirações que vêm agitar o vosso Espírito, sob a influência de causas por vezes muito difíceis de constatar pelos encarnados, entregues a distrações sem-número. As ideias puras que, por assim dizer, flutuam no espaço (segundo a ideia platônica), levadas pelos Espíritos, nem sempre podem alojar-se sozinhas e isoladas no cérebro dos vossos médiuns. Muitas vezes encontram o lugar ocupado por ideias preconcebidas, que se espalham com o jacto da inspiração, perturbando-o e transformando-o de maneira inconsciente, é verdade, mas algumas vezes de maneira bastante profunda para que a ideia espiritual se ache, assim, inteiramente desnaturada. A inspiração encerra dois elementos: o pensamento e o calor fluídico destinado a excitar o Espírito do médium, dando-lhe o que chamais a verve da composição. Se a inspiração encontrar o lugar ocupado por uma ideia preconcebida, da qual o médium não pode ou não quer desligar-se, nosso pensamento fica sem intérprete e o calor fluídico se gasta em estimular uma ideia que não é nossa. Quantas vezes em vosso mundo egoísta e apaixonado temos trazido o calor e a ideia! Desdenhais a ideia, que vossa consciência deveria fazer-vos reconhecer e vos apoderais do calor, em benefício de vossas paixões terrenas, por vezes dilapidando o bem de Deus em proveito do mal. Assim, quantas contas terão de prestar um dia todos os advogados das causas equivocadas! Sem dúvida seria desejável que as boas inspirações pudessem sempre dominar as ideias preconcebidas. Mas, então, entravaríamos o livre-arbítrio da vontade do homem e, assim, este último escaparia à responsabilidade que lhe pertence. Mas se somos apenas os conselheiros auxiliares da Humanidade, quantas vezes nos devemos felicitar, quando nossa ideia, batendo à porta de uma consciência estreita, triunfa da ideia preconcebida e modifica a convicção do inspirado! Entretanto, não se deveria crer que nosso auxílio mal-empregado não traísse um pouco o mau uso que dele podem fazer. A convicção sincera encontra acentos que, partidos do coração, chegam ao coração; a convicção simulada pode satisfazer as convicções apaixonadas, vibrando em uníssono com a primeira, mas traz um frio particular que deixa a consciência malsatisfeita e revela uma origem duvidosa. Quereis saber de onde vêm os dois elementos da inspiração mediúnica? A resposta é fácil: a ideia vem do mundo extraterrestre – é a inspiração própria do Espírito. Quanto ao calor fluídico da inspiração, nós o encontramos e o tomamos em vós mesmos; é a parte quintessenciada do fluido vital em emanação; algumas vezes nós a tomamos do próprio inspirado, quando este é dotado de certo poder fluídico, ou mediúnico, como dizeis; na maioria das vezes nós o tomamos em seu ambiente, na emanação de benevolência, de que está mais ou menos cercado. É por isto que se pode dizer com razão que a simpatia torna eloquente. Se refletirdes atentamente nestas causas, encontrareis a explicação de muitos fatos que a princípio causam admiração, mas dos quais cada qual possui uma certa intuição. Só a ideia não bastaria ao homem, se não se lhe desse o poder de exprimi-la. O calor é para a ideia o que o perispírito é para o Espírito, o que o vosso corpo é para a alma. Sem o corpo a alma seria impotente para agitar a matéria; sem o calor, a ideia seria impotente para comover os corações. A conclusão desta comunicação é que jamais deveis abdicar de vossa razão, ao examinardes as inspirações que vos são submetidas. Quanto mais o médium tem ideias adquiridas, mas é ele susceptível de ideias preconcebidas, mais deve fazer tábula rasa de seus próprios pensamentos, abandonar as influências que o agitam e dar à sua consciência a abnegação necessária a uma boa comunicação”. 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

SEM MUITO ESPAÇO

Muitos imaginam que o Espírito que se destacou na sociedade humana do século 20 com o nome Chico Xavier, tenha chegado pronto para o exercício, sobretudo, de sua tarefa no campo da mediunidade. Todavia, estudando sua trajetória, percebe-se que a partir do primeiro encontro com o Orientador Espiritual Emmanuel é que começa a se intensificar o trabalho de burilamento dirigido que o transformou numa referência do verdadeiro espírita definido por Allan Kardec, aquele que é reconhecido por sua transformação moral e pelo esforço que faz para dominar suas más inclinações. O roteiro da disciplina, disciplina, disciplina, foi incorporado por ele ao longo dos anos que se seguiram ao 1931 em que ouviu a orientação de Emmanuel. Reunimos algumas passagens para demonstrar como o Guia Espiritual era severo com seu discípulo: EXEMPLO 1- Em 1940, ficou  gravemente enfermo. O médico que lhe assistia fez o diagnóstico, prevendo  um ataque de uremia. Se a retenção perdurasse por mais 24  horas, teria o Chico um colapso e desencarnaria. Assim lhe dissera o médico, o colocando a par da realidade dolorosa. O facultativo saiu  e Chico notou  que, do Alto, Bezerra de Menezes, André Luiz e Emmanuel providenciavam­ lhe recursos, entremostrando­ lhe que era grave seu estado. Preparou­  se, então, para morrer bem. Pediu, em prece sentida, a Emmanuel, que o recebesse na Espiritualidade. Seu amoroso Guia, sentindo­-lhe a intenção, considerou: — Não posso, Chico, auxiliá-­lo no seu desencarne. Tenho muito que fazer. Mas se você sentir que a hora chegou, recorra aos amigos do  “Luiz Gonzaga”. Você não é melhor que os outros. EXEMPLO 2- O Chico recebera um convite reiterado para assistir a uma solenidade que um Centro  Espírita de determinado lugar, um pouco distante de Belo Horizonte, realizaria. A carta­ convite, assinada pelos diretores do Centro, contendo encômios à pessoa do médium, dizia que sua presença era indispensável... O Chico pensou  muito naquele adjetivo, sentiu  a preocupação dos irmãos distantes, ansiosos pela sua presença. Certamente iria realizar uma grande missão. E não relutou mais. Junto ao seu bondoso chefe, justificou sua ausência por dois dias, comprou passagem na Central do Brasil e partiu. No meio da viagem, quando já sonhava com a chegada, antes sentindo a alegria dos irmãos, Emmanuel lhe aparece e diz: —  Então, você se julga indispensável e, por isto, rompeu  todos os obstáculos e viaja assim como quem, por isto mesmo, vai realizar uma importante tarefa... Já refletiu, Chico, que o  serviço do ganha­ pão é indispensável a você? Pense bem... O Chico pensou... E, na próxima estação, desceu do trem e tomou outro de volta... EXEMPLO 3 - Numa singela sala residencial, em Pedro Leopoldo, a conversação ia animada. Muitos assuntos. Muitas referências. A palestra começara às cinco da tarde e o relógio anunciava onze da noite. Chico ia começar uma variação de tema, quando viu Emmanuel a chamá­-lo para o interior doméstico. O médium pediu licença e foi atender. — Você sabe que hoje temos a tarefa do livro em recepção e já estamos atrasados... —  falou o amigo espiritual. — É verdade — concordou o Chico —, entretanto, tenho visitas e estamos conversando. — Sem dúvida — considerou o Guia — compreendemos a oportunidade de uma a duas horas de entendimento fraterno para atender aos irmãos sem objetivo, porque, às vezes, através da banalidade, podemos algo fazer na sementeira de luz... Mas não entendo, seis horas a fio de conversação sem proveito. O médium nada respondeu. Indeciso, deixara correr os minutos, quando Emmanuel lhe disse: — Bem, eu não disponho de mais tempo. Você decide. Converse ou trabalhe. Chico não mais vacilou. Deixou a palestra que prosseguia, cada vez mais acesa na sala e confiou­ se à tarefa que o aguardava com a assistência generosa do Benfeitor Espiritual. EXEMPLO 4 -  Alguns companheiros conversavam furiosamente, em Pedro Leopoldo, sobre certo  político: a coisa devia ser assim... Devia ser de certo modo... O homem era a perversidade em pessoa... Prometera isso e fizera aquilo... Um dos irmãos dirigiu ­se ao médium e perguntou: — Que diz você, Chico? Temos alguma referência dos Amigos Espirituais sobre o caso? O interpelado pretendia responder, mas no justo momento, em que ia emitir a sua opinião, ouviu a voz de Emmanuel sussurrar ­lhe, segura, aos ouvidos: — Cale a sua boca. Você nada tem a ver com isso. O médium ruborizou­-se e o grupo, em torno, verificou  que o Chico não  conseguia responder, apesar do desejo de externar ­se. Alguém ponderou que ele deveria estar mal e rodearam­ no, em oração, dando ­lhe passes. A reunião dispersou ­se. Não foram poucos os que, estranhando o caso, afirmaram em surdina que o Chico parecia francamente um pobre obsidiado.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

COISAS QUE TALVEZ VOCÊ NÃO SAIBA

Quando o Espírito de Verdade enunciou a célebre orientação “Espíritas amai-vos, eis o primeiro mandamento; instruí-vos, eis o segundo”, de certa forma apenas reafirmava outra preservada nos Evangelhos de que “conhecereis a Verdade e ela vos libertará”. Aqueles que ávidos de informação buscam respostas, esbarram, por vezes em duvidas que certamente consistiram buscas de Allan Kardec no acervo que construiu nos 12 anos de suas pesquisas em torno da nova realidade que se lhe revelava. Na REVISTA ESPÍRITA de fevereiro de 1868, por exemplo, encontramos uma delas: - “O Messias anunciado é a pessoa mesma do Cristo?. A resposta encontra-se numa mensagem do Espírito Lacordaire cujo nome completo é Jean Baptiste-Henri Dominique Lacordaire. Autor de mensagens de conteúdo significativo, incluídas por Allan Kardec em várias edições da  própria REVISTA ESPÍRITA e três n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO é considerado como um precursor do catolicismo moderno. Foi Padre, jornalista, educador, deputado e acadêmico. Advogado aos 22 anos, ordenado Sacerdote aos 26, aos 28 passa a colaborar no jornal diário católico L’AVENIR, periódico que defende a liberdade religiosa e de ensino, defendendo também a separação da Igreja do Estado. Desencarnado em 1861, aos 59 anos, já no ano de 1862, ressurge em Paris, através da mediunidade, ofertando sua contribuição sobre temas importantes nas obras básicas do nascente ESPIRITISMO. Entre outras interessantes informações, diz ele: - Perto de Deus estão numerosos Espíritos chegados ao topo da escada dos Espíritos puros, entre eles seus enviados superiores, encarregados de missões especiais. Podeis chama-los Cristos: é a mesma escola; são as mesmas ideias modificadas conforme os tempos. Eis porque uma multidão de Espíritos de todas as ordens, sob a direção do Espírito de Verdade, vieram a todas as partes do mundo e a todos os povos, revelar as leis do Mundo Espiritual, cujo ensino Jesus havia adiado e lançar, pelo Espiritismo, os fundamentos da nova ordem social. Não creiais que esse Messias esteja só; haverá muitos que abraçarão, pela posição que cada um ocupará no Mundo, as grandes partes da ordem social: a politica, a religião, a legislação, a fim de as fazer concordar com o mesmo objetivo.  Além dos Messias principais, surgirão Espíritos de escol em todas as partes do detalhe e que, com lugares-tenentes animados da mesma fé e do mesmo desejo, agirão de comum acordo, sob o impulso do pensamento superior. Assim é que, pouco a pouco, estabelecer-se-á a harmonia do conjunto”.  Outra curiosidade que se apresenta aos estudiosos da Doutrina Espírita é sobre se O ESPÍRITO DE VERDADE É JESUS?. A resposta pode ser deduzida de uma mesma mensagem reproduzida em duas das chamadas obras básicas organizadas por Allan Kardec. A primeira n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS,  capítulo 31, item 9, assinada por JESUS DE NAZARÉ. N’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo 6, INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS, primeira mensagem – a mesma do livro anterior suprimido apenas o primeiro parágrafo é  assinada por ESPÍRITO DE VERDADE. Outro dado desconhecido que pode parecer sem maior importância mas não é aos que tentam entender a lógica da evolução está na resposta à questão 607 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS. A  condição de Espírito é característica do período conhecido como Humano. Reflitamos na resposta da Espiritualidade a Allan Kardec: - “Nos seres inferiores da criação, que estais longe de conhecer inteiramente, o Princípio Inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida. É de certa maneira um trabalho preparatório, como o de germinação, em seguida ao qual o Princípio Inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito”.






domingo, 7 de fevereiro de 2016

CARNAVAL - TRANSE ALUCINATÓRIO E ALIENANTE

-“Grande, expressiva faixa da humanidade terrena transita entre os limites do instinto e os pródromos da razão, mais sequiosos de sensações do que ansiosos pelas emoções superiores. Natural que se permitam, nestes dias, os excessos que reprimem por todo o ano, sintonizados com as Entidades que lhes são afins. É de lamentar, porém, que muitos se apresentam, nos dias normais, como discípulos de Jesus, preferindo, agora, Baco e os seus assessores de orgia ao Amigo Afetuoso”. Os razoavelmente esclarecidos pelos conteúdos do Espiritismo não tem dificuldade de entender a ponderação do Dr Bezerra de Menezes ao Espírito Manuel Philomeno de Miranda nas páginas do livro NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA (alvorada). Numa das cenas capturadas pelo autor, podemos ter uma ideia dos bastidores das grandes concentrações humanas em diferentes localidades brasileiras: -“A cidade, regorgitante, era um pandemônio. A multidão de desencarnados, que se misturava à mole humana em excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria das avenidas, ruas e praças feericamente iluminadas, mas cujas luzes não venciam a psicosfera carregada de vibrações de baixo teor. Parecia que as milhares de lâmpadas coloridas apenas bruxuleavam na noite, como ocorre quando desabam fortes tempestades. Os grupos mascarados eram acolitados por frenéticas massas de seres espirituais voluptuosos, que se entregavam a desmandos e orgias lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno. Uns magotes desenfreados atacavam os burlescos transeuntes, tentando prejudicá-los com as induções nefastas que se permitiam transmitir. Outros, compostos de verdugos que não disfarçavam as intenções, buscavam as vítimas em potencial para alijá-las do equilíbrio, dando início a processos nefandos de obsessões demoradas. Podíamos registar que muitos fantasiados haviam obtido inspiração para as suas expressões grotescas, em visitas a regiões inferiores do Além, onde encontravam larga cópia de deformidades e fantasias do horror de que padeciam os seus habitantes em punição redentora, a que se arrojavam espontaneamente. As incursões aos sítios de desespero e loucura são muito comuns pelos homens que se vinculam aos ali residentes pelos fios invisíveis do pensamento, em razão das preferências que acolhem e dos prazeres que se facultam no mundo íntimo. Fixados como clichês mentais, ressurgem na consciência e são recopiados pelos que lhes estão habituados, recompondo, na extravagância do prazer exacerbado, a paisagem donde procedem e à qual se vinculam. A sucessão de cenas, deprimentes umas, selvagens outras, era constrangedora”. Sinalizando o tanto que parte dos Espíritos fixados em tal comportamento pouco avançaram nos últimos milênios, explica o Benfeitor Espiritual: -“Perdendo-se nos períodos mais recuados, as origens do carnaval podem ser encontradas nas bacanálias, da Grécia, quando era homenageado o deus Dionísio. Anteriormente, os trácios entregavam-se aos prazeres coletivos, como quase todos os povos antigos. Mais tarde, apresentavam-se estas festas, em Roma, como saturnalia, quando se imolava uma vítima humana, adredemente escolhida, no seu infeliz caráter pagão. Depois, na Idade Média, aceitava-se com naturalidade: Uma vez por ano é lícito enlouquecer, tomando corpo, nos tempos modernos, em três ou mais dias de loucura, sob a denominação, antes, de tríduo momesco, em homenagem ao rei da alegria... "Há estudiosos do comportamento e da psique, sinceramente convencidos da necessidade de descarregarem-se as tensões e recalques nesses dias em que a carne nada vale, cuja primeira sílaba de cada palavra compôs o verbete carnaval. "Sem dúvida, porém, a festa é o vestígio da barbárie e do primitivismo ainda reinantes, e que um dia desaparecerão da Terra, quando a alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real substituírem as paixões do prazer violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte, sem agressão nem promiscuidade. Observa ainda: -“Não se creia que todos quantos desfilam nos carros do prazer, se encontrem em festa. Incontáveis têm a mente subjugada por problemas de que procuram fugir, usando o corredor enganoso que leva à loucura; diversos suicidam-se, propositalmente, pensando escapar às frustrações que os atormentam em longo curso; numerosos anseiam por alianças de felicidade que os momentos de sonho parecem prometer, despertando, depois, cansados e desiludidos... (...)   Pessoas responsáveis, portadoras de inquietações que fazem parte do processo de evolução, deixam-se mergulhar na bacanal inconsequente, sem pensarem no dia seguinte... Raros divertem-se, descontraem-se sadiamente, desde que os apelos fortes se dirigem à consunção de todas as reservas de dignidade e respeito nas fornalhas dos vícios e embriaguez dos sentidos. Por isso, os Benfeitores da Humanidade assinalaram a Allan Kardec, que a Terra é um planeta de provas e expiações, onde programamos o crescimento para Deus. "Saturado pelo sofrimento e cansado das experiências inditosas, o homem, por fim, regenerar-se-á ao influxo da própria dor e sôfrego para fruir o amor que lhe lenificará as íntimas inspirações da alma."


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

PARA QUE SE VIVE

Normalmente em meio às crises que periodicamente atravessa, a pessoa se pergunta qual o sentido, a finalidade da vida. Abrindo o número de julho do 1862 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec desenvolve alguns argumentos que podem auxiliar nas reflexões sobre o questionamento tão comum. Explica ele: - “A vida corporal é necessária ao Espírito, ou à alma, o que é a mesma coisa, para que possa realizar neste mundo material as funções que lhe são designadas pela Providência: é uma das engrenagens da harmonia universal. A atividade que, contra sua vontade, é forçado a desenvolver nas funções que exerce, crendo agir por si mesmo, auxilia o desenvolvimento de sua inteligência e lhe facilita o adiantamento. Sendo a felicidade do Espírito na Vida Espiritual proporcional ao seu progresso e ao bem que pôde fazer como homem, resulta que, quanto maior importância adquire a vida espiritual aos olhos do homem, mais ele sente a necessidade de fazer o que é necessário para se garantir o melhor lugar possível. A experiência dos que viveram vem provar que uma vida terrena inútil ou mal-empregada não tem proveito para o futuro, e que aqueles que aqui só buscarem satisfações materiais as pagam muito caro, seja por sofrimentos no mundo dos Espíritos, seja pela obrigação de recomeçar a tarefa em condições mais penosas que as do passado; tal é o caso dos que sofrem na Terra. Assim, considerando as coisas deste mundo do ponto de vista extracorpóreo, o homem, longe de ser estimulado à despreocupação e à ociosidade, compreende melhor a necessidade do trabalho. Partindo do ponto de vista terreno, essa necessidade é uma injustiça aos seus olhos, quando se compara aos que podem viver sem nada fazer: tem ciúme deles; inveja-os. Partindo do ponto de vista espiritual, essa necessidade tem a sua razão de ser, sua utilidade, e ele a aceita sem murmurar, pois compreende que sem o trabalho ficará indefinidamente na inferioridade e privado da felicidade suprema a que aspira e que não poderá alcançar, caso não se desenvolva intelectual e moralmente. A esse respeito parece que muitos monges compreendem mal o objetivo da vida terrena e, menos ainda, as condições da vida futura. Pelo enclausuramento, eles se privam dos meios de se tornarem úteis aos semelhantes e muitos dos que hoje se acham no mundo dos Espíritos confessaram-nos que se enganaram redondamente e que sofrem as consequências de seu erro. Para o homem, tal ponto de vista tem outra imensa e imediata consequência: é a de tornar-lhe mais suportáveis as tribulações da vida. Que procure o bem-estar e se esforce por tornar o seu tempo na Terra o mais agradável possível: isto é muito natural e ninguém lho proíbe. Mas, sabendo que está aqui apenas momentaneamente, que um futuro melhor o aguarda, pouco se atormenta com as decepções que experimenta e, vendo as coisas do alto, aceita os reveses com menor amargura; fica indiferente aos aborrecimentos de que é vítima, por parte dos invejosos e dos ciumentos; reduz a seu justo valor os objetos de sua ambição e se coloca acima das pequenas susceptibilidades do amor-próprio. Liberto das preocupações criadas pelo homem que não sai de sua esfera limitada, pela perspectiva grandiosa que se desdobra à sua frente, é mais livre para se entregar a um trabalho proveitoso, para si próprio e para os outros. Para ele, as humilhações, as críticas severas e as maldades de seus inimigos não passam de nuvens imperceptíveis num vasto horizonte; não se inquieta por elas mais do que pelas moscas que zumbem aos ouvidos, porque sabe que logo estará livre. Assim, todas as pequenas misérias que lhe suscitam deslizam por ele como a água sobre o mármore. Colocando-se do ponto de vista terreno, irritar-se-ia e talvez se vingasse. Do ponto de vista extraterreno, ele as despreza como os salpicos de lama de um caminhante desatento. São espinhos lançados no caminho e pelos quais passa, sem sequer se dar ao trabalho de os afastar, a fim de não moderar a marcha para um objetivo mais sério que se propõe atingir”..





quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

ALERTA

Jornalista por vocação e profissão, graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, José Herculano Pires (1914-1979) deixou uma legado de obras que precisariam ser estudadas pelos interessados em Espiritismo. Desenvolveu em seus últimos anos de vida análises importantes para entendermos a problemática da fé neste turbulento momento vivido pela Humanidade. AGONIA DAS RELIGIÕES, REVISÃO DO CRISTIANISMO e, entre outras, CURSO DINÂMICO DE ESPIRITISMO – O GRANDE DESCONHECIDO que não chegou a ver publicado. Reconhecida como o Cristianismo redivivo, denuncia na obra, o grande perigo que a Doutrina Espírita corre de sofrer as deformações, deturpações e desvios da proposta de Jesus, originadas na grande ignorância da maioria dos seguidores da contribuição de Allan Kardec. Exaltado por “Chico Xavier como “o melhor metro que mediu Kardec” o conhecido e lucido professor traça um paralelo entre as duas fases das escolas e denuncia: -“A luta contra o Cristianismo só se tornou eficaz quando os adeptos se deixaram fascinar pelo já agonizante Império Romano. Graças a essa fascinação o Império conseguiu submeter o Cristianismo ao seu serviço e o desfigurou em pouco tempo. No Espiritismo temos agora a técnica semelhante do Império das Trevas, organizado nas regiões inferiores do Mundo Espiritual, onde os Espíritos apegados à matéria, revestidos de corpo espiritual em que os elementos materiais predominam, continuam a viver em condições terrenas. População maior do que a encarnada na crosta do Planeta, essas entidades disputam as almas ignorantes e vaidosas das fileiras espíritas e as utilizam como instrumentos de confusão no meio doutrinário. As mistificações mais grosseiras são aceitas por esses adeptos vaidosos, que chegam à extrema audácia de aviltar os textos da Codificação Kardequiana e tentar substituí-los por obras eivadas de contradições e absurdos de toda a espécie. Ao invés de procurarem instruir-se, melhorar seus conhecimentos, pretendem transformar-se em novos reveladores de mistérios assombrosos. Há várias correntes já formadas no meio espírita, contra as quais as pessoas sensatas precisam precaver-se. É claro que essas mistificações de homens fátuos e Espíritos inconsequentes serão varridas pela evolução, mas até que isso aconteça haverá tempo suficiente para que muitas criaturas ingênuas sejam envolvidas em processos obsessivos. Todo espírita consciente de suas responsabilidades humanas e doutrinárias está no dever intransferível de lutar contra essas ondas de poluição espiritual que pesam na atmosfera terrena. Ninguém tem o direito de cruzar os braços em nome de uma falsa tolerância que os levará à cumplicidade. Os próprios e infelizes corifeus e propagadores dessas teorias ridículas são os mais necessitados de socorro. É legítima caridade repelir todas essas fantasias em nome da verdade, mesmo que isso magoe os companheiros iludidos. A tolerância comodista dos que vêem o erro e se calam é crime que terá de ser pago no futuro. Quem pactua com o erro para não criar problemas está, sem o saber, enleando-se nas teias sombrias da mentira, compromissando-se com os mentirosos. E esse compromisso é um desrespeito a todos os que se sacrificaram no passado e se sacrificam no presente para ajudar a Humanidade na defesa dos seus direitos evolutivos. Este é o momento grave da evolução terrena em que não podemos esquecer a advertência de Jesus: Seja o teu falar sim, sim; não, não. Multidões de criaturas foram sacrificadas no passado para que a Humanidade se libertasse de seus enganos e pudesse encontrar os caminhos limpos da verdade, ou seja, das coisas reais, verdadeiras, que nos conduzem ao saber e à liberdade. Se trairmos hoje, comodistamente, esses mártires inumeráveis, estaremos conspurcando a dignidade humana, cobrindo de lixo as sendas da verdade abertas pelo Cristo e agora reabertas pelo Espírito da Verdade através de Kardec. Trocar o ensino puro do Mestre pelas bugigangas de camelôs vaidosos é fazer o papel dos porcos da parábola, que rejeitam as pérolas e avançam, raivosos contra quem as oferece. Palavras duras, sem dúvida, mas que foram usadas por Jesus para despertar as almas empedernidas. Não há mais lugar para comodismos, compadrismos, tolerâncias criminosas no meio espírita. Cada um será responsável pelas ervas daninhas que deixar crescer ao seu redor. É essa a maneira mais eficaz de se combater o Espiritismo na atualidade: cruzar os braços, sorrir amarelo, concordar para não contrariar, porque, nesse caso, o combate à doutrina não vem de fora, mas de dentro do movimento doutrinário”.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

BASTIDORES DE UMA GRANDE OBRA

-“Um mundo novo para a responsabilidade individual. Esse esforço foi muito estudado antes da organização que se alcança agora. Precisava-se de um nome impessoal, sem filiação a grupos preestabelecidos, que pudesse trazer semelhantes observações de caráter universalista”, comentou o Espírito Arthur Joviano em mensagem psicografada por Chico Xavier aos participantes de reunião mediúnica nos idos de 1943, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. O texto, preservado no livro SEMENTEIRA DE LUZ (fonte viva, 2010), através da observação, dá uma ideia do significado da nascente série NOSSO LAR, bem como do perfil do autor da incrível obra. Esta informação histórica encontra complemento em carta escrita por Chico ao Dr. Wantuil de Freitas, à época presidente da Federação Espírita Brasileira, em 12 de outubro de 1946, revisada pela escritora Suely Caldas Schubert, no livro TESTEMUNHOS DE CHICO XAVIER, (feb, 1986). Entre outras coisas revelou o médium: -“ Emmanuel, desde fins de 1941, se dedica, afetuosamente, aos trabalhos de André Luiz. Por essa época, disse-me ele a propósito de “algumas autoridades espirituais” que estavam desejosas de algo lançar em um nosso meio, com objetivos de despertamento. Falou-me que projetavam trazernos páginas que nos dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde então, onde me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que depois se revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase dois anos, antes do “Nosso Lar”. Mais à frente diz: - “Dentro de algum tempo, familiarizei-me com esse novo amigo. Participava de nossas preces, perdia tempo comigo, conversando. Contava-me histórias interessantes e, muitas vezes, relacionou recordações do Segundo Império, o que me faz acreditar tenha sido ele, André Luiz, também personalidade da época referida. Achava estranho o cuidado dele, o interesse e a estima; entretanto, decorrido algum tempo, disse-me Emmanuel que estava o companheiro treinando para se desincumbir de tarefa projetada”. Conta ainda: - “Desde então, vejo que o esforço de Emmanuel e de outros amigos nossos concentrou-se nele, acreditando, intimamente, que André Luiz está representando um círculo talvez vasto de entidades superiores. Assim digo porque quando estava psicografando o “Missionários da Luz”, houve um dia em que o trabalho se interrompeu. Levou vários dias parado. Depois, informou-me Emmanuel, quando o trabalho teve reinicio, que haviam sido realizadas algumas reuniões para o exame de certas teses que André Luiz deveria ou poderia apresentar ou não no livro. Em psicografando o capítulo REENCARNAÇÃO, do mesmo trabalho, por mais de uma vez, vi Emmanuel e Bezerra de Menezes, associados ao autor, fiscalizando ou amparando o trabalho”. Auto avaliando-se diante da responsabilidade a ele conferida acrescenta: -“Esta é a razão pela qual, segundo creio, não tem o nosso amigo trazido a sua contribuição direta. Isto é o que eu acredito, sem saber se está certo, porque no meio destas realizações eu estou como “um batráquio na festa”. A luz que, por vezes, me rodeia me amedronta. Vejo, ouço, e me movimento, no circulo destes trabalhos, mas, podes crer, vivo sempre com a angústia de quem se sente indigno e incapaz. Cada dia que passa, mais observo que a luz é luz e que a minha sombra é sombra. Reconhecendo a minha indigência, tenho medo de tantas responsabilidades e rogo a Jesus me socorra”.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

PROBLEMA DIFÍCIL DE RESOLVER

Em entrevista concedida ao Espírito André Luiz em Paris em 20 de agosto de 1965, reproduzida no livro ENTRE IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS (feb, 1965), o pioneiro Gabriel Dellane ao ser questionado sobre onde estariam os percalços maiores para a expansão da Doutrina Espírita?, respondeu: - Em nossa opinião, os maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles que reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das regiões inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a ridiculariza-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto dos quais encontramos as demonstrações fenomênicas improdutivas, as histórias fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de terror. Analisando o problema que já se verificava apenas sete anos após o surgimento d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec na edição de março de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, escreveu:- “Nunca seria demais recomendar aos espíritas que refletissem maduramente antes de agir. Em tais casos manda a prudência não confiar em sua opinião pessoal. Hoje, que de todos os lados se formam grupos ou sociedades, nada mais simples que se pôr de acordo antes de agir. Não tendo em vista senão o bem da causa, o verdadeiro espírita sabe fazer abnegação do amor-próprio. Crer em sua própria infalibilidade, recusar o conselho da maioria e persistir num caminho que se demonstra mau e comprometedor, não é a atitude de um verdadeiro espírita. Seria dar prova de orgulho, se não de obsessão. Entre as inabilidades é preciso colocar em primeira linha as publicações intempestivas ou excêntricas, por serem os fatos de maior repercussão. Nenhum espírita ignora que os Espíritos estão longe de possuir a soberana ciência; muitos dentre eles sabem menos que certos homens e, como certos homens também, têm a pretensão de tudo saber. Sobre todas as coisas têm sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa. Ora, ainda como os homens, em geral os que têm ideias mais falsas são os mais obstinados. Esses pseudo-sábios falam de tudo, constroem sistemas, criam utopias ou ditam as coisas mais excêntricas, sentindo-se felizes quando encontram intérpretes complacentes e crédulos que lhes aceitam as elucubrações de olhos fechados. Esse tipo de publicação tem grave inconveniente, pois o médium, iludido e muitas vezes seduzido por um nome apócrifo, tem-na como coisa séria, de que se apodera a crítica prontamente para denegrir o Espiritismo, ao passo que, com menos presunção, bastaria que se tivesse aconselhado com os colegas para ser esclarecido. É muito raro, neste caso, que o médium não ceda às injunções de um Espírito que, ainda como certos homens, quer ser publicado a qualquer preço. Com mais experiência ele saberia que os Espíritos verdadeiramente superiores aconselham, mas não impõem nem adulam jamais, e que toda prescrição imperiosa é um sinal suspeito. Quando o Espiritismo estiver completamente implantado e conhecido, as publicações desta natureza não terão mais inconvenientes que os maus tratados de Ciência em nossos dias. Mas, repetimos, no começo elas incomodam muito. Em matéria de publicidade, portanto, toda circunspeção é pouca e não se calcularia com bastante cuidado o efeito que talvez produzisse sobre o leitor. Em resumo, é um grave erro crer-se obrigado a publicar tudo quanto ditam os Espíritos, porque, se os há bons e esclarecidos, também os há maus e ignorantes. Importa fazer uma escolha muito rigorosa de suas comunicações e suprimir tudo quanto for inútil, insignificante, falso ou susceptível de produzir má impressão. É preciso semear, sem dúvida, mas semear a boa semente e em tempo oportuno”.