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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

DOR TRANSMUTADA EM ESPERANÇA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Amanhecia o dia 7 de novembro de 1981 em Goiânia quando o avião de pequeno porte levantou voo na direção de Alto Paraíso, região nordeste do Estado. Entre os três tripulantes, um, Ary Ribeiro Valadão Filho, supervisionava o Projeto Rio Formoso focado no desenvolvimento da região. No meio do caminho um acidente interromperia o plano de voo, causando a queda da aeronave, seguida de explosão e incêndio que determinaria daí a seis dias a morte do engenheiro de 30 anos. Removidos os sobreviventes para Hospital da capital, a evolução do quadro em que estavam prendeu a atenção da população do Estado, que acompanhava angustiada os boletins de notícias que atualizavam as informações médicas. Ary era filho do então Governador em exercício, o qual, juntamente com os demais familiares, viveu momentos aflitivos até o desfecho com a morte do jovem. Experimentando a dor indescritível dos que perdem um ente querido, sua mãe e duas irmãs, quatro meses após, misturavam-se à pequena multidão de sofredores que habitualmente acorriam às reuniões do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais, onde Chico Xavier, através da sua extraordinária mediunidade convertia-se numa espécie de correio do Além, trazendo cartas dos que partiram antes. A viagem foi compensada pela psicografia através do médium de uma das mais longas e emocionantes mensagens do extenso acervo resultante do trabalho de Chico Xavier. Iniciando sua comunicação, roga a bênção da mãe, agradece nominalmente às irmãs, afirma que “nada os separou, estando unidos na fé em Deus”, reconhecendo-se em dificuldade para escrever a carta, dizendo-se auxiliado pelo Tio Natalino, por “não ter experiência bastante para vestir a mão de uma pessoa qual se usasse uma luva”. Revive cenas do sinistro, dizendo que “momentos quais aqueles do sete de novembro passado são indescritíveis nas minudências. Sei que o Mauro deliberou aterrissar; naturalmente atendendo à experiência dele, não me ocorreu qualquer ponderação a um companheiro, cuja competência me habituei a respeitar. O resultado, porém, é que a estreiteza do campo não nos permitia manobras capazes de promover medidas mais amplas do que as que assumíamos dentro da máquina. O choque contra a árvore foi violento, em vista da velocidade compreensível. E o resto é o que sabem, talvez mais do que eu mesmo, porquanto, em procurando liberar os dois companheiros que encontravam dificuldades para se livrar dos impedimentos na hora, a explosão nos agrediu a todos”. Reportando-se aos acontecimentos posteriores diz que “os pensamentos do fim para o meu corpo ainda não me haviam aflorado à cabeça. No entanto, quando vi as condições dos companheiros, notadamente do Mauro, tive receio de que um espelho me pudesse contar o que ocorria. Rememorando seus derradeiros momentos conta: -“Libertei-me, pouco a pouco, daquela toxemia íntima que me afligia consideravelmente. Em preces, no silêncio, esperava até que senti que mãos suaves me acariciavam a cabeça e dormi... Um sono pesado, de cujas imagens de sonhos possíveis não me recordo. Apenas dormi. Acordei, porém, acabrunhado, como se estivesse sob a presença incômoda de muita gente, apesar do meu espírito de gratidão para quem estivesse ali a visitar-me. Unicamente, estranhei achar-me fora do quarto e, sim, em plena sala; achava-me na condição de uma pessoa semi-anestesiada sob a incapacidade de me controlar, quanto a movimentação e direção... Falar, não conseguia. No entanto, emitia pedidos mentais de socorro. Um desconhecido de rosto amigo me estendeu os braços e me convidou à retirada, afirmando-me que se achava incumbido de me conduzir a novo tratamento. Aceitei sem hesitação, o apoio que ele me estendia, porquanto, não me admitia com a possibilidade de caminhar; ainda assim, embora aceitando o amparo dele, segurando-lhe um dos ombros, senti-me aliviado, mais leve... Acreditei que me achava à frente de melhoras positivas. Guiado pelo amigo, encontrei um avião misto de Bonanza e helicóptero, com a feição de uma grande borboleta, onde um senhor e uma senhora, que admiti fossem meus novos enfermeiros, me aguardavam. Receberam-me com muito cuidado e carinho, recomendando que nada receasse. O desconhecido tomou a direção e saímos, na vertical, à maneira de um helicóptero, para mim desconhecido, e à medida que subíamos, respirava a longos haustos, o ar muito leve e puro de cima. Amanhecia. Reconheci que nos dirigíamos para Anicuns”.... Antes de terminar, diz aos pais: -“Tudo sucedeu como devia acontecer e estou melhorando cada vez mais para ser mais. A forma se altera. No entanto, continuamos, sempre nós mesmos”.


A nossa Telinha, nos enviou a seguinte pergunta: “ O transexual é considerado errado? Como o Espiritismo vê isso? Mesmo que ele tenha uma vida digna com um parceiro ou com uma parceira?

 Ultimamente temos tratado várias vezes desta questão, que ainda não é tão bem conhecida, carecendo de maiores estudos. A transexualidade , em termos amplos, significa a condição da pessoa que , tendo um corpo de homem se sente mulher e atraída por homem ou, tendo um corpo feminino se sente homem, atraída por mulher. Do ponto de vista espírita, trata-se de uma encarnação em que houve uma inversão psíquica, em termos de sexualidade, do espírito em relação ao corpo.

  Na sequência das encarnações do Espírito esta distonia pode acontecer e, sejam quais forem as causas que a determinaram, se essa condição realmente existe ( pois, geralmente, ela se manifesta deste a infância), é porque está no seu roteiro de evolução desse Espirito e, por isso, precisa ser respeitada e encarada com naturalidade. Contudo, a sociedade humana, de um modo geral, ainda não conseguiu assimilar sem preconceito essa situação.

 Como o sexo, do ponto de vista psíquico, é uma força natural e portanto instintiva, ele vai se manifestar no indivíduo durante seu desenvolvimento, a partir da infância, mas a forma como ele vai incorporá-lo e utilizá-lo em sua vida, vai depender dele, de suas necessidades e de sua visão de vida. Certamente, no caso do transexual, há sempre conflitos com a família, pressões da sociedade, de forma que o fato de ter um parceiro ou parceira vai depender de como ele vai se portar diante de todos e de si mesmo.

  A concepção de que o transexual é um depravado é da sociedade, que assim vem se portando ao longo do tempo, sem compreender precisamente do que se trata. O Espiritismo apenas nos encaminha para a prática do bem e a vivência do amor,  mas cada um decide a melhor forma de se conduzir dentro desses princípios. A depravação pode estar tanto no transexual como no heterossexual, pois ela está na vida da pessoa e nos valores que ela cultiva diante da coletividade.

















quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

LEIS DE DEUS; MAUS PENSAMENTOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 




A nossa Edna Venâncio Ansanello, nos ligou dizendo-se muito chocada com as últimas tragédias que ocorreram no Brasil, ceifando centenas de vidas de uma só vez, como a de Brumadinho e do Centro de Treinamento do Flamengo. Ela pede um comentário sobre isso, à luz do Espiritismo, querendo saber o que significam esses acontecimentos tão chocantes.

 Já estivemos falando sobre essa questão, Edna, mas sentimos que precisamos alongar mais nossos comentários, procurando explicação nos princípios da Doutrina Espírita, até porque esses fatos vêm acontecendo ultimamente com mais frequência.  Aliás, a doutrina está aqui para isso, para nos trazer luz sobre a vida de cada um de nós e sobre o caminhar da humanidade. Mais do que nunca, o ser humano está  buscando entender quais os caminhos da Justiça Divina – ou seja, por que essas coisas acontecem, por que essas vidas se esvaem com tanta facilidade e qual deve ser a nossa postura diante desses fatos, para podermos continuar vivendo e fazendo o melhor ao nosso alcance.

 O Espiritismo recomenda que para todos os fatos que atingem o interesse do homem – principalmente os que lhe causam danos morais e materiais -  procuremos, em primeiro lugar, uma explicação racional. A doutrina não acredita nem no acaso e tampouco em castigo divino, mas considera que tudo está submetido a leis, tantos os fatos materiais quanto os fatos de nossa vida moral.  Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, sugere que, diante do sofrimento humano, procuremos suas causas primeiramente na vida atual e, depois, em vidas passadas.  Nesse sentido, podemos afirmar que tragédias como essas, e outras ainda maiores, sempre aconteceram na história da humanidade. E não foram poucas.

 No entanto, hoje temos uma população bem maior do que em qualquer época  da história; logo, as tragédias atingem mais pessoas e mais comunidades, porque existe mais gente no mundo. . Em 200 anos, Edna, a população do mundo cresceu mais de seis vezes. Se no século de Kardec tínhamos cerca de 1 bilhão e 200 milhões de habitantes, hoje temos mais de 7,5 bilhões de pessoas na Terra, o que significa mais acidentes e maior número de vítimas. Além disso, o progresso material gerou muitas realizações, que não eram possíveis no passado, como barragens, estradas, aeroportos, edificações e muitas cidades com inúmeras benfeitorias, milhões de pessoas circulando pelo mundo durante todo o tempo, implementação de tecnologias modernas que, se por um lado, facilita a vida, por outro dão margem aos mais diversos tipos de erros e  acidentes fatais, até porque o ser humano não é perfeito.

  Vamos dizer uma coisa para a qual muitos não prestam atenção. A cada ano cerca de 50 mil pessoas morrem de acidentes nas estradas do Brasil; ao mesmo tempo, bem mais do que 50 mil são assassinadas por ano somente em nosso país. Veja isso. Só aí são 100 mil vidas que se esvaem em 12 meses. Mesmo assim, Edna, a forma como as notícias chegam até nós, no dia a dia, leva-nos a grandes comoções com o estouro de uma barragem ou a queda de um avião. Porém, bem mais que isso são as mortes que estão ocorrendo todos os dias. Veja, não estamos minimizando a tragédia de Brumadinho, apenas estamos dizendo que essa dizimação da população é um fato diário e, quase sempre, não percebemos isso.

 No entanto, sabemos que nada acontece por acaso e que os sofrimentos decorrentes das centenas acidentes e dos inumeráveis erros humanos, ainda que muitos deles ocorrem por negligência ou descaso do próprio homem, continuam na pauta dos acontecimentos de todos os dias. Erros são erros, muitas vezes primários e irresponsáveis, que podem gerar muito sofrimento, são muitas vezes a causa imediata de situações dolorosas pelas quais (ainda como Espíritos num  mundo de provas e expiações) precisamos passar. É claro que, diante das leis divinas, ninguém consegue fugir às consequências de seus atos ou de suas omissões ( estamos falando daqueles que podem ter contribuído para essas tragédias), pois cedo ou tarde, nesta vida ou no depois de ela, todos responderão inapelavelmente  pelo mal que causaram.

 É bem verdade que nem todas as tragédias, que ceifam dezenas, centenas – às vezes milhares de vidas – decorrem de erros humanos. Precisamos lembrar dos desastres naturais, que acabam atingindo grandes populações, como as epidemias, as pandemias, as enchentes, as tempestades, os raios, os furacões, os vulcões, os terremotos, os tsunamis e outros. Desse modo, devemos considerar que o ser humano está sempre sujeito a muitas situações de calamidade e de perigo, que giram em torno de sua vida na Terra, por causa do nível moral dos Espíritos que aqui reencarnam.

 Por outro lado, as vítimas de hoje, muitas vezes, foram os causadores dos males de vidas passadas ( ás vezes, de mais de uma encarnação), e não é por acaso que elas se reuniram para resgatar a paz de consciência, em razão do sentimento de culpa que permanecem por séculos fustigando seus corações. Temos notícias do mundo espiritual de que muitos dos resgates coletivos, que estamos vivendo hoje, derivam dessas situações. Espíritos, marcados profundamente pelo sentimento de culpa. Na ânsia incontida de se libertarem de uma vez por todas dessa dor, pelo fato de não terem encontrado outro tipo de saída para o refrigério da alma, eles acabam se entregando a situações como essas.

 Além disso, Edna, não podemos deixar de considerar o que essas tragédias representam para o mundo, e que tipo de chamamento elas estão nos enviando neste momento. No início deste século, quando parece que muitos dos problemas antigos retornaram, atormentando-nos a alma e criando ódio e cisão no seio da humanidade, precisamos retomar as lições da História, para perceber por que a humanidade nunca foi realmente feliz. Tragédias e calamidades servem para mostrar-nos o verdadeiro sentido da vida, para despertar-nos o sentimento de solidariedade, para nos ensinar a amar o próximo como a nós mesmos, para que descubramos não existir outro caminho para um futuro feliz, a não ser aquele que os grandes mestres da humanidade sempre apontaram, destacando para nós os ensinamentos de Jesus.

















terça-feira, 29 de dezembro de 2020

DIFERENTE DO QUE SE PENSA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Os Espíritos se desmaterializam à medida que se elevam e depuram. Só nos Planos Inferiores é que a encarnação é material. Para os Espíritos Superiores não há mais encarnação material e, consequentemente, não há procriação, pois esta é pelo corpo e não pelo Espírito. Uma afeição pura é, pois o único objetivo da união e, por isto mesmo, ao contrário do que se dá na Terra, não necessita da sanção dos funcionários ministeriais”. O comentário faz parte de uma apreciação de Allan Kardec ao final de matéria incluída na REVISTA ESPÌRITA de julho de 1862 reproduzindo um diálogo havido através de uma médium identificada como Sra H..., na cidade de Bordeaux, em 15 de fevereiro daquele ano. O foco principal: a União Simpática das Almas. Na verdade, apenas duas questões. A primeira sobre uma possível união definitiva entre dois seres e, a segunda, sobre se aqueles que se unem se reconheceriam em novas e felizes existências. A entidade comunicante, sobre a primeira indagação diz que “os que se amam sinceramente e souberam sofrer com resignação para expiar as suas faltas, reencontram-se, a princípio, no Mundo dos Espíritos, onde progridem juntos, podendo deixar o Mundo Espiritual na mesma ocasião, reencarnar-se nos mesmos lugares e, por um encadeamento de circunstâncias previstas, reunir-se pelos laços que mais convierem aos seus corações. Uns terão pedido pera serem pai ou mãe de um Espírito que lhes era simpático e que terão a felicidade de dirigir no bom caminho. Outros, pedido para se unirem pelo casamento”. Acrescenta que “no tocante às nossas secretas aspirações, essa misteriosa necessidade irresistível de amor, de amar longamente, de amar sempre, não foram colocadas por Deus nos nossos corações, senão porque a promessa do futuro nos permitia essas doces esperanças. Deus não nos fará experimentar as dores da decepção. Nossos corações querem a felicidade e não batem senão por afeições puras e a recompensa será a perfeita realização de nossos sonhos de amor”. Quanto à identificação dos que se amam em existências novas e felizes, diz que “assim como na Terra dois amigos de infância gostam de encontrar-se no mundo, na sociedade e se buscam mais do que se suas relações apenas datassem de alguns dias, também os Espíritos que merecem o inapreciável favor de se unirem nos Mundos Superiores são duplamente felizes e reconhecidos a Deus por esse novo encontro que corresponde aos seus olhos mais caros. Os mundos colocados acima da Terra na escala da perfeição são cumulados de todos os favores que possam contribuir para a felicidade perfeita dos seres que os habitam: o passado não lhes é oculto porque a lembrança de seus sofrimentos antigos, de seus erros resgatados à custa de muitos males, e a lembrança, ainda mais viva, de suas afeições sinceras, lhes fazem achar mil vezes mais doce essa nova vida e os protegem contra faltas a que, talvez, pudessem ser arrastados por uns restos de fraqueza. Esses mundos são para o homem o paraíso terrestre, destinado a conduzi-los ao paraíso Divino”. As explicações do Espírito suscitam a lembrança da informação d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS nas questões 200 e 202 tratando do sexo nos Espíritos caracterizados apenas circunstancialmente na morfologia masculina ou feminina, visto que o sexo como o entendemos,  está condicionado à necessidade da preservação da espécie humana. Assim sendo, as diferenças aparentes desaparecerão com a evolução, sugerindo que as românticas visões de almas gêmeas, metades eternas, etc, sustentam teorias e teses durante uma etapa no processo evolutivo. Avaliando as opiniões manifestadas, Allan Kardec lembra que “como leis, as únicas imutáveis são as Leis Divinas. Mas as Leis humanas, devendo ser apropriadas aos costumes, aos usos, ao clima, ao grau de civilização, são essencialmente mutáveis, e seria mau se assim não o fossem; e que os povos estejam presos à mesma regra que regiam os nossos antepassados. Assim, se as leis mudaram deles até nós, como não chegamos à perfeição, elas deverão mudar de nós até nossos descendentes. No momento em que é feita, toda lei tem a sua razão de ser e sua utilidade. Mas pode dar-se que, sendo boa hoje, não o seja amanhã. No estado dos nossos costumes, de nossas exigências sociais, o casamento necessita ser regulado pela lei, e a prova que esta lei não é absoluta é que não é a mesma para todos os países civilizados. É, então, permitido pensar que nos mundos superiores, onde não há os mesmos interesses materiais a salvaguardar, onde não existe o mal, isto é, onde os Espíritos maus são excluídos da encarnação, onde consequentemente, as uniões resultam da simpatia e não do cálculo, as condições devam ser diferentes. Mas aquilo que é bom para eles, poderia ser mau para nós”.




Estamos sem chão – comentou o Elder Luiz -  Há tantas informações desencontradas que vêm pela mídia e pelas redes sociais, que já não sabemos o que é verdade e o que é mentira; não sabemos mais em que devemos nos apoiar.

  Diante de uma situação tão instável, como a que vivemos hoje no mundo, na era da comunicação, em pleno século XXI, quando a crise alcança todos os setores da vida humana -  e ondas de contradições põem em xeque o Bem, a Verdade e a Justiça -  só podemos voltar nossa atenção para Jesus, quando afirmou: “A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou; eu não vos dou a paz do mundo; eu vos dou a paz de Deus que o mundo não pode dar...”

 Muita gente leva esta afirmação de Jesus a conta de poesia, mas a realidade vem nos mostrando que há um distanciamento da paz de Deus, enquanto nos debatemos para promover a paz do mundo à nossa maneira.  No cenário internacional assistimos à disputa das nações em nome da paz; no cenário nacional e local, a luta pelo domínio político e econômico das lideranças; na família, a vontade de uns se impondo sobre os outros e, no íntimo de cada um de nós, a predominância do orgulho e do egoísmo, promovendo uma guerra íntima.

  Em nenhum momento de nossa História houve paz verdadeira. Quando a paz se apresentou, foi para encobrir interesses, favorecer uns e prejudicar outros, utilizando da falácia e da mentira. Isso porque, na condição espiritual em que nos encontramos, ainda não sabemos promover a paz, sem coação e sem violência, sem prejuízos e favorecimentos escusos. É bem verdade que nos encaminhamos para o Bem, mas ainda estamos um distante de  senti-lo e vivenciá-lo dentro de nós; ainda nos falta buscar a essência dos ensinos de Jesus, que nos recomendam o exercício do amor fraterno.

 Nós, seres que habitamos temporariamente este planeta, ainda não enxergamos além do nariz. Isso quer dizer que só vemos o que está bem próximo, no imediatismo da vida, apenas valores materiais, porque nós os confundimos com felicidade. Mal sabemos que não somos donos de nada, que tudo é de Deus e que, se aqui estamos de passagem, é para aprender a administrar os bens de Deus, promovendo o progresso e a felicidade de seus filhos.

 A ideia de que o progresso está nos valores materiais é enganosa. O verdadeiro progresso da humanidade está mais acima, nos valores espirituais ou morais, que nos tornarão mais respeitosos, mais amigos e mais fraternos uns com os outros. Como estamos longe dessa meta! ... Sendo assim, não podemos esperar que o Bem, a Verdade e a Justiça se imponham tão já sobre a Terra. Ainda temos muito que andar e, para tanto, ainda temos muito que sofrer.

 Vivemos, é claro, uma fase de rápidas mudanças, que nos confundem a mente e nos atormentam o coração. É como atravessar num barco uma zona de turbulência em alto mar. O homem, de uma maneira geral, nunca esteve tão distante de sua libertação espiritual, mas também nunca esteve tão perto. Temos hoje os instrumentos que podem nos ajudar a promover essa libertação.

 Sem dúvida alguma, o Espiritismo é um desses instrumentos valiosos, cujo papel é despertar o homem para o verdadeiro significado da vida, mas ele se depara com seu grande inimigo que é o materialismo. Não o propriamente o materialismo ideológico, mas o materialismo prático que leva as pessoas e a sociedade a buscarem os bens materiais em detrimento dos valores morais que deveriam nortear a conduta humana.