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sábado, 1 de abril de 2023

MEDO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Medo de crescer, medo do castigo dos pais, medo do resultado da prova para qual não se estudou, medo do vestibular, medo de viver, medo de morrer, medo da solidão, medo da separação, medo da perda de alguém querido, medo do desemprego, medo, medo, medo... Embora nem sempre verbalizado, sensações como as elencadas, ocorrem na vida da maioria das pessoas. Fatores os mais variados podem ser apontados como determinantes de tais vivencias. Trata-se, naturalmente, de repercussões exteriores dos conflitos interiores que refletem a condição momentânea dos Espíritos em evolução. O problema ultrapassa as barreiras vibratórias que delimitam o chamado Plano Material. Tanto que na obra NOSSO LAR, o médico identificado como André Luiz espanta-se quando a Benfeitora Narcisa fala no capítulo 42, sobre organizar programas com exercícios adequados contra o medo a serem utilizados nas novas escolas de assistência no Auxílio e núcleos de adestramento na Regeneração. O objetivo era o adestramento coletivo de trinta mil trabalhadores adestrados no serviço defensivo da Colônia que contava à época (1939) cerca de um milhão de abrigados. Em comentário específico, Narcisa explicou ser “elevada a porcentagem de existências humanas estranguladas simplesmente pelas vibrações destrutivas do terror, tão contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. Classificamos o medo como dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma, atacando as forças mais profundas”. A preparação urgente de tão grande número de colaboradores para proteger a Colônia devia-se às ameaças decorrentes dos efeitos da grande Guerra que se iniciava em nossa Dimensão, gerando vibrações mento-emocionais de insegurança e intranquilidade dos encarnados e desencarnados atingidos direta ou indiretamente pelas mesmas. O problema do medo também se manifesta entre os que se preparam para voltar para o Plano em que nos encontramos, como revelado na abordagem do caso incluído no livro MISSIONÁRIOS DA LUZ (feb,1945). Vencidas dificuldades operacionais para possibilitar a reencarnação de um personagem apresentado como Segismundo, o mesmo mergulha num clima de medo diante do programa que preparado para que ele se liberasse de comprometimentos assumidos passionalmente num relacionamento afetivo com mulher comprometida um século antes, exigindo a assistência terapêutica do Instrutor Alexandre a fim de não frustrar os planos em andamento. Em outras abordagens André Luiz expõe situações de medo resultante de desequilíbrios causados por processos de influenciação espiritual conhecidos entre os estudiosos da mediunidade como obsessão, causada pela presença e influência de desencarnados ligados a encarnados com eles comprometidos em outras encarnações, o que facilita até certo ponto a ação dissimulada pelo sem fio do pensamento invariavelmente vulnerável pela falta de postura mental mais equilibrada por parte da “vítima”. O Espírito Emmanuel através de Chico Xavier faz apreciações curiosas sobre a origem do medo em nós. Tecendo algumas reflexões sobre a o versículo dez do capítulo dois do APOCALIPSE do Apóstolo João“Nada temas das coisas que hás de padecer” -, diz que o sofrimento de muitos homens, na essência, é muito semelhante ao do menino que perdeu seus brinquedos. Numerosas criaturas sentem-se eminentemente sofredoras, por não lhes ser possível a prática do mal; revoltam-se outras porque Deus não lhes atendeu aos caprichos perniciosos”, concluindo: -“Não temamos, pois, o que possamos vir a sofrer. Deus é o Pai magnânimo e justo. Um pai não distribui padecimentos. Dá corrigendas e toda corrigenda aperfeiçoa”.




Como estamos passando pela experiência da Covid-19, que assustou o mundo, fomos buscar em nossos arquivos uma questão, apresentada anos atrás por uma ouvinte, e que está relacionada diretamente com o problema atual. Na época, o comentário da ouvinte foi o seguinte: “Sou espírita, mas confesso que tenho dificuldade em entender o que a ciência médica representa para o Espírito. Pelo que entendi do Espiritismo, acho que quando uma pessoa precisa passar por uma doença, seja ela qual for, porque essa doença está no seu plano de vida, nenhum recurso da medicina será suficiente para mudar o rumo de sua vida. Se essa pessoa tiver que morrer dessa doença, e isso está no seu carma, a medicina não conseguirá a cura. Gostaria de fizessem um comentário sobre este assunto”.

Um dos pilares da Doutrina Espírita é o princípio filosófico da fé raciocinada e, a partir dessa fé que sempre leva em conta os argumentos da razão, a doutrina deve marchar lado a lado com a ciência, donde se pode concluir que realmente nada acontece por acaso. Quando o Espírito reencarna, ele vem com um objetivo a ser atingido nesta vida, mas nem tudo que vai acontecer com ele está definitiva ou minuciosamente determinado. Por exemplo, o suicídio. Se o individuo decidir suicidar-se, com certeza, ele contrariou seu plano de vida, pois todos nascemos para aprender a amar e evoluir espiritualmente, e um ato violento como o suicídio contraria a lei do amor - a começar, do amor a si mesmo.

Ora, nós demos o exemplo do suicídio porque o suicídio é o fato mais chocante na vida de qualquer pessoa ou família, pois ele contraria frontalmente a lei da vida. Mas poderíamos falar também dos pequenos suicídios que cometemos no dia a dia, quando negligenciamos a saúde, quando nos entregamos aos excessos, comprometendo nossa segurança e nosso bem estar físico. Desse modo, seguindo esta linha de raciocínio, não é difícil entender que, quando deixamos de ter o devido cuidado com a saúde – seja com a nossa saúde, seja com a saúde dos outros – estamos transgredindo uma lei da natureza, que é a Lei de Deus. A vida na Terra, por mais curta que seja, deve ser vivida em toda sua extensão. Segundo o Espiritismo é a grande oportunidade de o Espírito desenvolver suas potencialidades em busca da perfeição.

Por outro lado, Deus sempre nos deu condições para que pudéssemos estender o máximo nossa vida na Terra. É bem verdade que, num passado muito distante, o ser humano vivia bem menos do que vive hoje, tinha menos capacidade de compreender suas próprias necessidades e lutava contra muitas adversidades. Mesmo assim, como ele ainda se encontrava na infância de seu desenvolvimento intelectual, desde cedo descobriu meios que o ajudavam a estender sua vida na Terra pelo maior tempo possível. Por exemplo: os índios – os nossos índios brasileiros – descobriram na natureza os recursos curativos das plantas, que muito os ajudaram a enfrentar enfermidades ou a curar ferimentos. A busca pelo remédio está na natureza humana.

Ninguém desconhece que, nas tribos primitivas – fossem do Brasil ou de qualquer parte do mundo – contavam com os feiticeiros, pajés ou xamãs - homens dotados de percepções aguçadas e de faculdades mediúnicas, que descobriam meios para aliviar as dores, combater as doenças, além de dar mais segurança ao povo. Ora, Deus, na sua infinita sabedoria e misericórdia, nunca nos deixou desamparados, embora – é claro! - no passado distante, por causa de nosso atraso intelectual, a vida era mais simples e estávamos muito expostos a mais agentes nocivos da natureza.

Com o tempo – principalmente com o advento da civilização – veio a medicina. Não com uma verdade pronta e acabada, definitiva e perfeita, mas como um caminho que, ao longo dos séculos, o homem teria que percorrer para aperfeiçoá-la, sempre descobrindo novos recursos terapêuticos, capazes de atenuar o sofrimento humano no enfrentamento de epidemias e toda sorte de enfermidade. Espíritos de elevado conhecimento reencarnaram na Terra para a missão de ajudar o homem a viver mais tempo e alcançar melhor qualidade de vida.

Nunca tivemos uma medicina tão capacitada como nos dias de hoje. Basta considerarmos o descobrimento das vacinas anticovid ; e, por certo, daqui a cinquenta, cem, duzentos anos e mais, a medicina ainda contará com muito mais recursos do que atualmente, porque, como tudo na vida humana, ela também segue o caminho da evolução. Logo, a medicina é uma dádiva de Deus que vem através do próprio homem para servir-lhe como protetora de saúde, como guia de uma vida saudável e responsável.

Porém, isso não quer dizer que a medicina reúne todos os poderes, até porque a cura depende mais do paciente do que propriamente do médico. É o paciente que se cura, como dizia Santo Tomás de Aquino – teólogo católico. “A tua fé te curou” – dizia Jesus, para mostrar que, na vida, cada um é responsável por si mesmo, tanto para se curar, como se matar, tanto para se ajudar como para se prejudicar. É que a saúde não se restringe somente ao corpo, pois o ser humano é um ser integral, corpo e alma. Desse modo, para todo tratamento médico sempre deve haver um correspondente tratamento espiritual. A oração é um poderoso fator de cura. Não era isso que faziam os curandeiros das tribos antigas?

Porém, num momento como este que estamos vivendo, a primeira providência para a cura espiritual é a intervenção da medicina, que não devemos desprezar, pois desprezar as recomendações da medicina é o mesmo que subestimar a nossa saúde e nos condenar à enfermidade ou à morte prematura. Devemos seguir as orientações das autoridades médicas e, ao mesmo orar, não só por nós, mas muito em favor de todos os professionais da saúde que se mobilizam no mundo todo com seus esforços para encontrar o melhor caminho para o nosso bem-estar.

Por outro lado, todos sabemos do elevado nível de espiritualidade de Chico Xavier, um homem que, apesar de todos os sofrimentos que passou, concluiu plenamente sua missão e viveu nada menos que 92 anos. Como ele sempre viveu doente – quando não era de uma coisa, era de outra – não raro alguém lhe perguntava sobre seu estado saúde. Perguntavam ao Chico porque ele, que tinha uma missão tão nobre, de total devotamente ao próximo, não era curado pelos Espíritos. Mas Chico respondia que ele não gozava de nenhum privilégio, pois era um ser humano como qualquer outro. E sobre a medicina, a que recorria constantemente, ele disse:

Os Espíritos acham que a medicina é uma ciência, que nos foi concedida pela Providência Divina, para que os males orgânicos sejam aliviados e curados. Sabemos que medicina está evoluindo cada vez mais para medicina psicossomática, compreendendo a importância da mente sobre a vida orgânica. E os Espíritos amigos admitem que esse progresso da ciência médica, neste setor, caminha para uma amplitude cada vez maior”.

E continuou Chico: “Nos casos de problemas infecciosos ( como a COVID 19, acrescentamos) em tempo algum poderíamos dispensar os recursos da medicina curativa ou preservativa, através da vacinação, com os ensinamentos da higiene, tão completos quanto seja possível em benefício da humanidade. Os Espíritos nos ensinam a valorizar cada vez mais a influência da oração em nossos processos de curam, mormente quando estamos sob impactos emocionais muito fortes, que podem determinar a eclosão de muita moléstia obscura”.

Mas, ao mesmo tempo, os amigos espirituais consideram que, com a permissão da Divina Providência, a ciência de curar, professadas pelos homens, adquiriu inimaginável adiantamento com pesquisas de amplo sucesso que nós não podemos desprezar. Especialmente em cirurgia, o avanço da medicina, nos últimos anos, é francamente espantoso”.

Desse modo, percebemos o quanto devemos à medicina e aos cuidados que elas nos proporciona, não só para obter curas, mas principalmente, nos dias de hoje, como o próprio Chico diz, para evitar doenças, cabendo cada um de nós o esforço necessário para preservar a sua saúde, contribuindo assim para a sua saúde em para o bem estar da coletividade.



sexta-feira, 31 de março de 2023

DURA REALIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Durante a reunião formatada para esclarecer dúvidas com base nas informações disponibilizadas pelo Espiritismo, a senhora identificada como Psiquiatra, solicita comentário em torno do crescente número de pacientes infanto-juvenis por ela atendidos com tendências suicidas, geralmente ignoradas pelos próprios pais. Ante a exposição do fato, irrompe na memória, prognóstico feito pela Espiritualidade a Allan Kardec em manifestação de abril de 1866 e incluída na REVISTA ESPÍRITA, edição de outubro daquele ano, dizendo, entre outras coisas: -“E como se a destruição não marchasse bastante depressa, ver-se-ão os suicídios multiplicando-se numa proporção incrível, até entre crianças”. No comentário tratando das mudanças coletivas previstas para o planeta Terra, traçam um perfil dos Espíritos atrasados: “negadores da Providência Divina e de todo poder superior à Humanidade; depois, a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternais do egoísmo, do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim, a predominância do apego a tudo o que é material ”. Preveem que “persistirão em sua cegueira e sua resistência marcará o fim de seu reino por lutas terríveis. Em seu desvario, eles próprios correrão para a sua perda: impelirão à destruição, que gerará uma multidão de flagelos e calamidades, de sorte que, sem o querer, apressarão a chegada da era da renovação”. Questionando a Espiritualidade sobre aspectos da educação, Kardec foi lembrado que a predominância dos que reencarnam, são desconhecidos em sua procedência, missão e destinação, com históricos de grandes comprometimentos perante a Lei do Progresso; que cerca-los de cuidados e facilidades não basta, sendo necessário observar-lhes as tendências, procurando corrigi-las, direcionando-as para um aspecto mais construtivista. Observaram que a fase mais propícia é a infância, pois ao atingir a adolescência, características do passado se misturam aos registros do presente, tornando o jovem refratário a qualquer orientação. O que se vê na atualidade, contudo, é o contrário. Reforçam-se as tendências negativas, permite-se a vivência da indisciplina, mantem-se o Ser à margem dos assuntos da espiritualidade, esperando-se na mocidade um comportamento improvável com as condições oferecidas ao tutelado, considerando que o papel de pais e filhos é meramente circunstancial. Não se avalia também o impacto negativo da exposição excessiva às imagens de violência veiculadas pela televisão, a disponibilização de conteúdos nocivos na rede mundial conhecida como Internet, ou, simplesmente, a testemunhada no próprio lar. E nesse ambiente, o fator mais marcante: a ausência do amor. Cremos que os Espíritos reencarnados nas últimas décadas refletem considerável desenvolvimento intelectual. Esse aspecto, desenvolvem e demonstram com facilidade. O que os traz de volta, então? Justamente a necessidade de crescimento no campo do amor. Como devolvemos à vida o que recebemos e aprendemos, consistindo o aprendizado existencial, na observação e vivência, pode-se perguntar: qual o tipo de registros predominantemente acumulados pela criança de nossos dias? Diz um axioma popular que “ninguém dá o que não tem”. Ideais suicidas em crianças e adolescentes resultam da dificuldade de compreensão e aceitação da dura realidade em meio à qual vivem. A tarefa da paternidade parece desfocada na percepção dos que a assumem. Há milhares de “órfãos de pais vivos” vivendo sob o mesmo teto. Crianças rejeitadas, abandonadas, agredidas, violentadas, exploradas sexualmente, comercializadas em vários países, expõem uma dura realidade: a Humanidade precipita-se num vazio cujos limites imprevisíveis, comprometem o seu próprio futuro. Afinal, a ignorância a respeito da significação daquilo que o Espiritismo define como educação moral (nada a ver com religião), recrudesce o egoísmo e o orgulho individual, projetando-se sobre o coletivo de forma avassaladora. E mais uma vez, ecoa a pergunta de Allan Kardec em comentário n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS: “- Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato?



Minha dúvida é a seguinte: nós podemos fazer qualquer pergunta aos Espíritos, que eles respondem?” ( S.A.M.)


Vamos refletir um pouco sobre isso: será que, se fizer qualquer pergunta sobre qualquer assunto a qualquer pessoa, você sempre vai obter uma resposta correta? Certamente que não. Pois, o mesmo acontece com os Espíritos. Os Espíritos não são seres perfeitos e, portanto, não sabem tudo. Cada um sabe aquilo que vivenciou, aquilo que aprendeu. Os Espíritos não são seres sobrenaturais, nem detentores exclusivos da verdade. Eles são apenas aquelas pessoas, que viviam conosco enquanto encarnadas e se foram antes de nós. O fato de estarem desencarnados não lhes confere “status” de sabedoria plena.


Desse modo, assim como não vamos obter respostas corretas de qualquer pessoa a sobre qualquer assunto, também não vamos obter a verdade pura e completa de qualquer Espírito. Quando queremos obter uma resposta segura, devemos, em primeiro lugar, saber a quem devemos perguntar, pois só devemos confiar naqueles que estão credenciados a responder. Se, por exemplo, a pergunta for sobre filosofia, devemos nos dirigir a um filósofo; se for de Matemática, a um matemático; se for de medicina, a um médico; e assim por diante. O campo do conhecimento é tão vasto que ninguém pode conhecer tudo; muita vezes, a pessoa desconhece até o que é de sua especialidade.


Portanto, como Kardec deixa bem claro em O LIVRO DOS MÉDIUNS, qualquer Espírito, que se propõe a responder tudo sobre qualquer assunto, é um impostor, um mentiroso. Os Espíritos sérios e honestos só respondem aquilo que sabem ou que pesquisam; eles dizem quando não sabem dar a resposta. Nesse caso, o máximo, que podem fazer, é pesquisar ou buscar a resposta correta naqueles que sabem. Por outro lado, os Espíritos desonestos, mentirosos, jamais revelam sua ignorância e, portanto, respondem a qualquer pergunta, passando-se por sábios. Infelizmente, há muita gente que se deixa levar por falsas informações.



quinta-feira, 30 de março de 2023

ILUSÃO DAS APARÊNCIAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 As chamadas reuniões de tratamento da obsessão poderão se constituir em fonte inesgotável de confirmação dos Princípios da Reencarnação, bem como dos mecanismos do instrumento que os regula que é a Lei de Causa e Efeito. O caso do Espírito Joaquim tratado no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo (MG), enquadra-se na situação. Segundo o dirigente encarnado dos trabalhos ali realizados em favor da desobsessão, a entidade manifestou-se numa das reuniões através do médium Chico Xavier, revoltada e infeliz. Dizia-se molestado por fortes jatos de água fria, alegando estar sendo dissecado vivo numa aula de anatomia numa Faculdade de Medicina. Afirmava sentir pavoroso sofrimento, repetindo, a cada passo, entre lágrimas: -“Como é possível aplicar semelhante procedimento a um homem vivo? Não há justiça na Terra?”. Meses depois, retornaria, segundo ele, para trazer ao grupo notícias suas. Na comunicação preservada em um gravador disponibilizado por admirador daquelas tarefas e depois transcrita, Joaquim conta o seguinte: -“Minha derradeira máscara física era a de um pobre homem, que tombou na via pública, num insulto cataléptico. Tão pobre que ninguém lhe reclamou o suposto cadáver. Conduzido à laje úmida, não consegui falar e nem var, contudo, não obstante a inércia, meus sentidos da audição e do olfato, tanto quanto a noção de mim mesmo, estavam vigilante. Impossível para mim descrever-nos o que significa o pavor de um morto-vivo. Depois de muitas horas de expectação e agonia moral, carregaram-me seminu para a câmara fria. Suportei o ar gelado, gritando intimamente sem que a minha boca hirta obedecesse. Não posso enumerar as horas de aflição que me pareceram intermináveis. Após algum tempo, fui transportado para certo recinto, em que grande turma de jovens me cercou, em animada conversação que primava pela indiferença à minha dor. Inutilmente procurei reagir. Achava-me cego, mudo, paralítico... Assinalava, porém, as frases irreverentes em torno e conseguia ajuizar, quanto à posição dos grupos a se dispersarem junto de mim... Mais alguns minutos de espera ansiosa e senti que lâmina afiada me rasgava o abdômen. Protestei com mais força, no imo de minha alma, no entanto, minha língua jazia imóvel. Tolerando padecimentos inenarráveis, observei que me abriam o tórax e me arrebatavam o coração para estudo. Em seguida, um hoque no crânio para a trepanação fez-me perder a noção de mim mesmo e desprendi-me, enfim, daquele fardo de carne viva e inerte, fugindo horrorizado qual se fora um cão hidrófobo, sem rumo... Não tenho palavras para expressar a perturbação a que me reduzira. E, até agora, não sou capaz de imaginar, com exatidão, as horas que despendi na correria martirizante. Trazido, porém, à vossa casa, suave calor me requentou o corpo frio. Escutei vossas advertências e orações. E braços piedosos de enfermeiros abnegados conduziram-me de maca a um hospital que funciona como santa retaguarda, além do campo em que sustentais abençoada luta. Banhado em águas balsâmicas, aliviaram-se-me as dores. Transcorridos alguns dias, implorei o favor de vir ao vosso núcleo de prece, solicitando-vos cooperação para que todos os cadáveres, constrangidos aos tormentos da autopsia, recebessem, por misericórdia, o socorro de injeções anestésicas (...). Em resposta, porém, à minha alegação, um de vossos amigos, que considero agora também por meus amigos e benfeitores -, numa simples operação magnética, mergulhou-me no conhecimento da realidade e vi-me, em tempo recuado, envergando o chapéu de um mandarim principal. O rubi simbólico investia-me na posse de larga autoridade. Revi-me, numa noite de festa, determinando que um de meus companheiros, por mero capricho de meu orgulho, fosse lançado em plena nudez num pátio gelado. Ao amanhecer, recomendei lhe furtassem os olhos. Mandei algemá-lo qual se fora um potro selvagem, embora clamasse compaixão. Impassível, ordenei fosse ele esfolado vivo. Depois, quando o infeliz se debatia nas vascas da morte, decidi fosse o seu crânio aberto, antes de entregue aos abutres, em pleno campo. Exigi, ainda, lhe abrissem o abdômen e o tórax. Reclamei-lhe o coração numa bandeja de prata. O toque magnético impusera-me o conhecimento de minha dívida”.



Eu sou o caminho, a verdade e a vida” – disse Jesus, conforme está no evangelho. Contam os evangelhos que Pilatos perguntou a Jesus o que é a verdade, e Jesus não respondeu. Confesso que não entendi essa passagem. Gostaria de um comentário. Questão formulada pela Tatiana.


Interessante a sua colocação. Já falamos disso noutras ocasiões, mas o tema é sempre oportuno. Muita gente lê os evangelhos e não presta muita atenção ao sentido mais profundo das colocações de Jesus. Querem levar tudo ao pé letra. E fazendo isso, vai encontrar, com certeza, muitas contradições. Os evangelhos não foram escritos neste século, nem no século passado. São textos muito antigos, num povo de idéias e costumes completamente diferentes dos nossos. Foram escritos manualmente numa época em que não existia imprensa. Por isso mesmo eles vieram sofrendo alterações na medida em que foram copiados e, por último, passaram por várias traduções.


Estudando mais profundamente tais textos, podemos perceber certas características fundamentais. Uma delas é que Jesus usava uma linguagem metafórica – ou seja, cheia de comparações, de imagens e símbolos. Quase sempre, mesmo falando das coisas materiais, ele estava se referindo ao espírito e, por isso, nem sempre foi bem entendido. Esta questão da verdade é fundamental. Numa de suas falas, ele havia dito “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Logo, a verdade, para ele, é fundamental.


Entretanto, se formos analisar cuidadosamente os evangelhos, vamos perceber que a verdade, para Jesus, é o amor – o amor puro e incondicional, que uns devem devotar aos outros. Repare que Jesus não se deteve em discutir dogmas religiosos. Aliás, ele deu pouco valor às celebrações que os fariseus costumavam fazer para impressionar o povo. Ele se deteve, única e exclusivamente, na conduta moral das pessoas, no seu comportamento e, mais do que isso, no seu sentimento. Isso fica muito demonstrado quando ele conta a parábola do fariseu e do publicano que foram ao templo orar.


O que era a verdade nessa parábola? O fariseu era religioso por excelência; o publicano, cobrador de impostos, tido como desonesto e corrupto. No entanto, na hora da prece, o fariseu assumiu uma postura de orgulho e vaidade perante Deus, enquanto que o publicado demonstrou sinceridade e simplicidade. Qual dos dois falou a Deus? Com certeza, o publicano, que nem religioso era. Onde está, pois a verdade? No coração do homem sincero: não importa se é fariseu ou publicano, samaritano ou saduceu: não importa! Não importa se ele é religioso ou não: não importa!


Como que Jesus, diante de uma autoridade romana, iria explicar tudo isso? Se Pilatos não entendeu o significado do que já lhe havia dito, não havia mais o que fazer. Falar sobre verdade seria pura perda de tempo. Eis porque Jesus se calou ante a pergunta de Pilatos, reconhecendo que a verdade, que o procurador romano procurava, era outra. Ela não estava, certamente, nos valores do espírito, mas nas conveniências da matéria. Não estava na busca do bem-estar do povo, mas apenas nos seus interesses para preservar o cargo e as regalias de que desfrutava.

quarta-feira, 29 de março de 2023

A RESPOSTA AO PRINCIPE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Os regimes Monárquicos ainda prevaleciam, sobretudo na Europa, e, um ano após ter iniciado a publicação da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec abre o número de janeiro de 1859, reproduzindo a íntegra de uma carta dirigida a um Príncipe que lhe escrevera solicitando alguns esclarecimentos sobre informações veiculadas pelo Espiritismo apresentado ao publico meses antes, através d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Precedendo as respostas as 5 perguntas recebidas, Kardec alinha alguns pontos considerados por ele como fundamentais para esclarecer algumas outras dúvidas: 1- Fora do mundo corpóreo visível, existem seres invisíveis, que constituem o Mundo dos Espíritos. 2- Os Espíritos não são seres à parte, mas as próprias almas dos que viveram na Terra, ou em outras esferas, e que se despojaram de seus invólucros materiais. 3- Os Espíritos apresentam todos os graus de desenvolvimento intelectual e moral. Consequentemente, há-os bons e maus, esclarecidos e ignorantes, levianos e mentirosos, velhacos e hipócritas, que procuram enganar e induzir ao mal, assim como os há em tudo muito superiores, que não procuram senão fazer o Bem. Esta distinção é ponto capital. 4- Os Espíritos rodeiam-nos incessantemente. Malgrado nosso, dirigem os nossos pensamentos e as nossas ações, assim influindo sobre os acontecimentos e sobre os destinos da Humanidade. 5- Os Espíritos por vezes denotam sua presença por meio de efeitos materiais. Esses efeitos, nada tem de sobrenatural: só nos parecem tal porque repousam sobre bases fora das leis conhecidas da matéria. Uma vez conhecidas essas bases, os efeitos entram na categoria dos fenômenos naturais. É que Espíritos podem agir sobre os corpos inertes e movê-los sem o concurso dos nossos agentes externos. Negar a existência de agentes desconhecidos, pelo simples fato de que não os compreendemos, seria traçar limites ao poder de Deus e crer que a Natureza nos tenha dito sua ultima palavra. 6- Todo efeito tem uma causa; ninguém o contesta. É, pois, ilógico negar a causa pelo simples fato de que é desconhecida. 7- Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente. Quando vemos as peças do aparelho telegráfico produzirem sinais que correspondem ao pensamento, não concluímos que elas sejam inteligentes, mas são movidas por uma inteligência. Dá-se o mesmo com os fenômenos espíritas. Se a inteligência que os produz não for a nossa, evidentemente independe de nós. 8- Nos fenômenos das ciências naturais agimos sobre a matéria inerte e a manejamos à nossa vontade. Nos fenômenos espíritas agimos sobre inteligências que dispõem do livre arbítrio e não se submetem à nossa vontade. Há, pois, entre os fenômenos comuns e os fenômenos espirituais uma diferença radical quanto ao princípio. Eis porque a ciência vulgar é incompetente para os julgar. 9- O Espírito encarnado tem dois envoltórios: um material, que é o corpo, outro semi-material e indestrutível, que é o períspirito. Deixando o primeiro, conserva o segundo, que constitui uma espécie de segundo corpo, mas de propriedades essencialmente diferentes. Em estado normal é-nos invisível, mas pode tornar-se momentaneamente visível e mesmo tangível: tala causa do fenômeno das aparições. 10- Os Espíritos não são, pois, seres abstratos, indefinidos, mas seres reais e limitados, com existência própria, que pensam e agem em virtude de seu livre arbítrio. Estão por toda parte, em volta de nós. Povoam os espaços e se transportam com a rapidez do pensamento. 11- Os homens podem entrar em relação com os Espíritos e receber comunicações diretas pela escrita, pela palavra ou por outros meios. Estando ao nosso lado, ou podendo vir ao nosso apelo, é possível, por certos meios, estabelecer comunicações frequentes com os Espíritos, assim como um cego pode fazê-lo com as pessoas que ele não vê. 12- Certas pessoas são mais dotadas que outras de uma aptidão especial para transmitir comunicações dos Espíritos: são os médiuns. O papel do médium é o de um interprete; é um instrumento de que se serve o Espírito; esse instrumento pode ser mais ou menos perfeito, donde as comunicações mais ou menos fáceis. 13- As comunicações tanto podem provir de Espíritos inferiores quanto de superiores. 14- Todos nós temos um Espírito familiar, que se liga a nós desde o nascimento, que nos guia, aconselha e protege. 15- Além do Espírito familiar há outros que atraímos graças à sua simpatia por nossas qualidades e defeitos ou em virtude de antigas afeições terrenas.


Um anônimo nos colocou o seguinte questionamento. “Com relação às sessões feitas nos centros espíritas, não é muita pretensão achar que, evocando os mortos, vamos resolver os problemas de milhões de pessoas que morrem diariamente em todo o mundo? Todos esses espíritos vão se comunicar nos centros para receber ajuda? “


Na verdade, essa não é a pretensão dos espíritas, tampouco da doutrina. As sessões espíritas, realmente, podem ajudar o atendimento a desencarnados, mas só ajudar. A ação maior, o verdadeiro atendimento, é feito pelos Benfeitores Espirituais, que buscam recursos em todos os lugares (e não só nos centros espíritas) para promoverem a assistência aos desencarnados necessitados. Eles se valem de todas as situações em que pessoas de boa vontade (de qualquer religião) se reúnem para um fim nobre. Se dependessem só dos espíritas, o que teria acontecido para os desencarnados, antes do surgimento do Espiritismo?


É claro, portanto, que os Espíritos, que se ocupam em ações de assistência, trabalham com recursos do pensamento dos encarnados em geral, e não só dos espíritas. Chico Xavier, em mais de uma ocasião, se manifestou sobre as atividades dos Espíritos, enquanto ele, ainda criança, participava das missas na igreja de Pedro Leopoldo. Ele via os Espíritos Benfeitores, ali presentes, ajudando as pessoas, e, com certeza, não só os encarnados, aproveitando as energias produzidas pelas preces sinceras na hora da comunhão. Isso mostra como que a Espiritualidade elevada trabalha, porque, para os Espíritos Superiores, não importa a crença de cada um, mas, sim, o potencial de amor e de bondade com que possa servir à causa do bem.


Nas obras de André Luiz vemos inúmeros casos de socorro aos desencarnados, realizados através de orações de seus familiares em suas próprias casas. Muitas vezes, até mesmo Espíritos estranhos à família se socorrem de preces isoladas de pessoas de boa vontade. Num desses casos, enquanto uma mulher orava em favor da mãe, que estava desencarnando, vários Espíritos vieram se valer do conteúdo mental superior de sua prece para se beneficiarem.


Nós, ainda, somos muitos ciosos com relação à religião que professamos. Queremos, por vezes, estar com toda a verdade, achando que os outros, por pensarem diferente de nós, nada significam. Engano nosso! Na verdade, todos somos filhos de Deus, todos participamos da construção de um mundo melhor e todos sempre temos algo a oferecer ao trabalho em benefício de um mundo melhor. Os espíritas sabem que a humanidade não é constituída apenas dos encarnados; os desencarnados, que são em maior número, também fazem parte da humanidade. E, assim, como entre nós, existem ações de atendimento, de socorro, de educação em favor da população, também no plano espiritual existe muito trabalho nesse sentido.


Todas as vezes que pessoas de boa-fé e de boa vontade se reúnem em torno de um ideal superior – como acontece com os eventos de todas as religiões – sempre haverá Espíritos ligados a esses movimentos, que saberão aproveitar os recursos mentais, produzidos pela mente dos fiéis, para ajudar os desencarnados. Aliás, nem poderia ser diferente: os desencarnados também pertencem a religiões diferentes e eles, certamente, são ajudados mais pelas comunidades religiosas com que se afinam, através das orações e cultos.


No meio espírita, como temos consciência disso, procuramos direcionar nossas atividades também para os desencarnados em geral, pois acreditamos, que tendo consciência disso, temos também maior responsabilidade no desempenho desse encargo. Aliás, os trabalhos mediúnicos são necessários nesse sentido, mas constituem também numa atividade de difícil realização, quando queremos dar-lhe um sentido realmente elevado.



terça-feira, 28 de março de 2023

RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Servindo-nos do extraordinário volume de materiais disponibilizados por Allan Kardec e pelo Espiritismo sobre temas cruciais, estamos desenvolvendo algumas apresentações que possibilitem a leigos e até mesmo seguidores da Doutrina ter uma visão panorâmica da visão sobre assuntos como a morte e o morrer, a reencarnação, a influência espiritual, a mediunidade, a obsessão. Temas que não encontram mesmo em outras escolas espiritualistas respostas ou explicações condizentes com os níveis de interesse das atualidade. Pela iniciativa inspirada de uma estudiosa do Espiritismo, o resultado dessas pesquisas tem sido gravados e disponibilizados neste incrível instrumento de disseminação de informações que é a INTERNET. Depois da abordagem PENSAMENTO E VIDA, agora está disponível um conteúdo focado na reencarnação de uma forma ampla e substancial. Na sequência, 40 respostas, reproduzimos 5 para se ter uma ideia do interessante conteúdo do trabalho: 1 -Qual o objetivo da encarnação? Os Espíritos não pertencem eternamente à mesma ordem. Todos melhoram, passando pelos diferentes graus da hierarquia espiritual. Esse melhoramento se verifica pela encarnação, que a uns é imposta como uma expiação e a outros como missão. A vida material é uma prova a que devem se submeter repetidas vezes até atingirem a perfeição absoluta; é uma espécie de peneira ou depurador de que eles saem mais ou menos purificados. (...) A encarnação ocorre sempre na espécie humana. Seria erro acreditar que o Espírito ou alma pudesse encarnar no corpo de animal. 2 - Qual o estado do Espírito na primeira encarnação? Criado simples e ignorante, o Espírito está em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual, como a criança que acaba de nascer. Se não fez o mal, também não fez o Bem. Nem é feliz, nem infeliz. Age sem consciência e sem responsabilidade. Desde que nada tem, nada pode perder, como não pode retrogradar. Sua responsabilidade só começa no momento em que se desenvolve seu livre-arbítrio. Seu estado primitivo não é, pois, um estado de inocência inteligente e raciocinada. 3- Todas as reencarnações estão programadas? Em matéria de filhos, no Plano Físico, a lei das afinidades quase pode ser considerada por fator determinante da chamada hereditariedade psicológica. (...) A vida dos companheiros encarnados se conjuga com a vida dos companheiros desencarnados que lhes são afins. O alcoolismo, por exemplo, é um hábito que muito raramente se observa numa pessoa que se embriaga a sós. Geralmente, a criatura se alcooliza em companhia de irmãos desencarnados que, embora desenfaixados da experiência física, ainda não se desvencilharam dessa prática. 4- O que determinaria um corpo perfeito ou com deformações? Os contornos anatômicos da forma física, disformes ou perfeitos, longilíneos ou brevilínios, belos ou feios, fazem parte dos estatutos educativos. Em geral, a reencarnação sistemática é sempre um curso laborioso de trabalho contra os defeitos morais preexistentes nas lições e conflitos presentes. Pormenores anatômicos imperfeitos, circunstâncias adversas, ambientes hostis, constituem, na maioria das vezes, os melhores lugares de aprendizado e redenção para aqueles que renascem.. 5- Como entender as gestações difíceis para a futura mãe? A mulher grávida, além da prestação de serviço orgânico à entidade que se reencarna, é igualmente constrangida a lhe suportar o contato espiritual, sempre sacrificial quando se trata de alguém com escuros débitos de consciência. A organização feminina, durante a gestação, sofre verdadeira enxertia mental. Os pensamentos do Ser que se acolhe ao santuário íntimo, lhe envolvem totalmente, determinando significativas alterações em seu cosmo biológico.



Já li vários livros sobre reencarnação e acredito nisso – diz a Maria Elizabeth. Tive um sobrinho que morreu num acidente de moto. Dois meses depois, minha filha ficou grávida, quando não poderia engravidar. Meu neto, que tem hoje 1 ano e 8 meses, é idêntico ao meu sobrinho e demonstra muito interesse por moto. Será que há possibilidade desse neto e o sobrinho falecido ser o mesmo Espírito?


Elizabeth, se os dados que você nos passou estão corretos, o seu neto não pode ser seu sobrinho. Vamos dizer por quê. Se o seu sobrinho desencarnou no acidente e, apenas dois meses após a desencarnação, sua filha ficou grávida, não houve tempo suficiente para que seu sobrinho sequer engatilhasse uma nova encarnação. Deve ser outro Espírito, possivelmente familiar. Uma reencarnação sempre pressupõe que o Espírito reencarnante esteja presente desde o momento da concepção, que se segue à união entre o espermatozóide do pai e o óvulo da mãe. Nesse caso, o tempo mínimo para que ele volte a reencarnar deve ser de, pelo menos, 9 meses.


Nove meses é o tempo entre a concepção e o nascimento, que chamamos de gestação. Logo, o Espírito, que reencarna mais rapidamente, demora 9 meses no mínimo para nascer de novo. Se você consultar O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 344, vai ler o seguinte: “ Em que momento a alma se une ao corpo?Resposta: “A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. Desde o momento da concepção, o Espírito designado para aquele corpo, a ele se liga por um laço fluídico que vai se apertando cada vez mais até que a criança nasça”. Entretanto, André Luiz, na obra MISSIONÁRIOS DA LUZ, ainda vai mais longe.


Quando André Luiz descreve a reencarnação de Segismundo, ele mostra que, geralmente, há um intervalo, mais ou menos longo, entre a desencarnação e o início da próxima encarnação, de modo que o Espírito já é preparado antes mesmo da concepção. Em muitos casos, como no que ele narra, o Espírito, meses antes da concepção, já se fazia presente na residência do casal que seriam seus pais, para se familiarizar com eles, principalmente com a mãe. Neste caso, narrado por André Luiz, porém, tratou-se de uma reencarnação programada no mundo espiritual. Em geral, as encarnações, que ocorrem no seio de uma família estruturada, bem constituída, são programadas, havendo tempo para a preparação.


Por outro lado, as encarnações imediatas – ou seja aquelas que ocorrem pouco tempo depois da desencarnação do Espírito – acontecem mais em situações de emergência – por necessidade imperativa do próprio reencarnante – não havendo tempo para uma preparação mais elaborada. Isso acontece, por exemplo, no caso da gravidez indesejada ou situações em que a mulher não queria engravidar, muito comum nas aventuras em que se colocam as jovens, hoje em dia. Quanto ao fato de sua filha não esperar gravidez e, no entanto, ficar grávida, são situações que acontecem, mesmo depois de uma intervenção cirúrgica para impedir nova concepção. Mas, seguramente, não tem nada a ver com a possível reencarnação de seu sobrinho.



segunda-feira, 27 de março de 2023

REALIDADE POR TRAS DE MUITAS VIOLÊNCIAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Há algum tempo eu era jurado. O Tribunal devia julgar, um moço, penas saído da adolescência, acusado de ter assassinado uma senhora idosa em circunstâncias horríveis. O acusado confessava e contava os detalhes do crime com uma impassibilidade e cinismo que faziam fremir a assembleia”. Assim escreveu em carta à REVISTA ESPÍRITA, um correspondente identificado como Simon M. e apresentado por Allan Kardec como homem de grande saber, portador de títulos científicos oficiais e bom médium acostumado a contatos com Espíritos desencarnados. O artigo elaborado em cima da missiva que o destinatário acreditava que o editor “talvez julgasse acertado agasalhar na sua interessante publicação pelo fato que encerrava”. Assim acabou acontecendo no número de novembro de 1859. Prosseguindo sua narrativa, Simon conta: -“É fácil prever que, devido à sua idade, sua absoluta falta de educação e às influências que havia recebido em família, que se requeresse em seu favor, circunstâncias atenuantes, tanto mais quanto ele repelia a cólera que o tinha feito agir contra uma provocação por injurias”, previsão que acabaria se confirmando na decisão final do júri, afastando o risco da condenação à morte do rapaz. Simon, todavia, quis consultar a vítima a respeito do grau de sua culpabilidade, evocando mentalmente o Espírito da senhora morta. Percebendo sua presença, “abandonou-lhe a mão”, seguindo-se interessante diálogo que resumiremos da seguinte forma: 1- Indagada sobre o que pensava do assassino, disse que não seria ela quem o acusaria; 2- Sobre o “porque”, explicou ter sido o moço impulsionado ao crime por um homem que a cortejara 50 anos antes e que, nada tendo conseguido, jurou vingar-se, conservando após a própria morte seu desejo de vingança, aproveitando das disposições do acusado para lhe inspirar o desejo de a matar; 3- Questionada sobre como sabia, revelou que o próprio Espírito obsessor lhe confessara quando de sua chegada ao Plano Espiritual que ora habitava; 4- Perguntada se o poder exercido pelo obsessor sobre o rapaz teria logrado sucesso se o mesmo não tivesse nutrido ou entretido durante muito tempo sentimentos de inveja, ódio e vingança contra ela e sua família, respondeu: -“Seguramente. Sem isto ele teria sido mais capaz de resistir. Eis por que digo que aquele que quis se vingar aproveitou as disposições do jovem. O senhor compreende bem que o outro não se teria dirigido a alguém que tivesse vontade de resistir”. 5- Se o mentor gozava de sua vingança, afirmou que não, pois vê que esta lhe custará caro; além disso, em lugar de lhe fazer mal, fez um bem, fazendo-a entrar mais cedo no Mundo dos Espíritos, onde era mais feliz, constituindo-se a violência numa “ação má sem proveito para ele". Finalizando sua carta, acrescenta Simon: -“A respeito do que acabo de contar, há de fazer-se uma observação moral de subida importância. Realmente, daí há de concluir-se que o homem de vigiar os seus menores pensamentos maus, até os seus maus sentimentos, aparentemente os mais fugidios, pois estes tem a propriedade de atrair Espíritos maus e viciados, expondo-se, fraco e desarmado, às suas inspirações perturbadoras. É uma porta que lhe abre ao mal, sem lhe compreender o perigo”. O comentário e o relato de Simon M., confirmam a resposta dada a Allan Kardec à pergunta 459 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, em que procurava saber se os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e nossas ações, obtendo a revelação: -“Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem”. Observando-se o comportamento social do homem, extravasando de forma cada vez mais coletiva, sem limites, suas tendências instintivas e sensoriais, encontra-se a explicação dos crescentes índices de violência gratuita contra si mesmo e contra o próximo encarado como um inimigo a ser eliminado em nome da inveja, do ciúme, do despeito. Quanto mais distante da espiritualidade, mais o conceito de humanidade vai regredindo na direção da animalidade agressiva e destrutiva, não em nome da sobrevivência, mas, da supremacia de uns sobre os outros. Sem a educação moral, fruto da árvore do conhecimento, fica a pergunta: qual o futuro do gênero humano na Terra?


Qual a diferença entre crença e superstição? ( Vinicius)


A superstição é um tipo de crença, Vinicius. Crer é acreditar em alguma coisa; acreditar em alguém é confiar. Todos podemos crer em muita coisa. Há pessoas que acreditam que o número 13 dá sorte ou dá azar. O trabalhador acredita que receberá seu salário ao final do mês. O cientista acredita nas verdades que a ciência comprova. O aluno acredita nas afirmações do professor. O médico acredita no remédio que prescreve ao seu paciente. O agricultor acredita que terá uma boa colheita este ano. São tipos de crença.


Há crenças que são fundamentadas pelo raciocínio lógico, outras são comprovadas pelos experimentos científicos. Outras, porém, não são comprovadas. Mas existem crenças que não têm lógica, que são aquelas em que as pessoas acreditam, mas não sabem por quê – e nem se preocupam em saber. Estas são chamadas superstições. Logo, superstição é a crença sem fundamento, sem explicação lógica, voltada para fatos extraordinários com conotação mágica.


As religiões, em geral, tem seus dogmas de fé. Dogmas são verdades que não podem ser contestadas. Os fiéis devem acreditar nelas, sem examinar e sem questionar. Já, no Espiritismo, a fé tem outra conotação. O Espiritismo é uma doutrina de estudo, de pesquisa e de aprendizado constante. Segundo um de seus princípios básicos, enunciado por Allan Kardec, “para se crer é necessário compreender”. É o que chamamos de fé racional, ou fé raciocinada. É a única – diz Kardec – que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade.


domingo, 26 de março de 2023

COISAS QUE TALVEZ VOCE NÃO SAIBA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 O Espiritismo fundamentando-se no princípio da lógica tem revelado elementos extremamente interessantes sobre temas como a sobrevivência após a morte, as vidas sucessivas, o papel e a organização da família no processo evolutivo, a origem e cura das doenças, entre outros. O último aspecto citado racionaliza a questão da influência e interferência da mente e seu principal efeito que é o pensamento quanto aos seus aspectos causais. Destacaremos a seguir alguns deles para sua avaliação: 1- “Se dividirmos os males da vida em duas categorias, sendo UMA a dos males que o homem não pode evitar, e OUTRA a das atribulações que ele mesmo provoca, por sua incúria e seus excessos, veremos que esta última é muito mais numerosa que a primeira”. 2 - As doenças pertencem às provas e às vicissitudes da vida terrena. São inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda espécie, por sua vez, criam em nossos organismos condições nocivas, frequentemente transmissíveis pela hereditariedade”. 3 -“Doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, a imbecilidade, etc. (...), são efeitos que devem ter uma causa, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. A causa sendo sempre anterior ao efeito, e, desde que não se encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente”. 4 - “Se Deus não quisesse que pudéssemos curar ou aliviar os sofrimentos corporais, em certos casos, não teria colocado meios curativos à nossa disposição. 5 - Ao lado da medicação comum elaborada pela ciência, o magnetismo nos deu a conhecer o poder da ação fluídica, e, depois o Espiritismo veio revelar-nos outra força, através da mediunidade curadora e da influência da prece”. 6 - Da mente clareada pela razão, sede dos princípios superiores que governam a individualidade, partem as forças que asseguram o equilíbrio orgânico, por intermédio de raios ainda inabordáveis à perquirição humana, raios esses que vitalizam os centros perispiríticos, em cujos meandros se localizam as chamadas glândulas endócrinas, que, a seu turno, despedem recursos que nos garantem a estabilidade do campo celular. 7 - Nas criaturas encarnadas esses elementos se consubstanciam nos hormônios diversos que atuam sobre todos os órgãos do corpo físico, através do sangue. 8 - A criatura, durante a reencarnação, elege, automaticamente, para si mesma, grande parte das doenças que se lhe incorporam às preocupações. Rendemo-nos, habitualmente, às sugestões do mal, criando em nós não apenas condições favoráveis à instalação de determinadas moléstias no cosmo orgânico, mas também ligações fluídicas aptas a funcionarem como pontos de apoio para as influências perniciosas interessadas em vampirizar-nos a vida. 9 - Exteriorizando ideias conturbadas, assimilamos as ideias conturbadas que se agitam em torno de nosso passo, elementos esses que se nos ajustam ao desequilíbrio emotivo, agravando-nos as potencialidades alérgicas ou pesando nas estruturas nervosas que nos conduzem a dor. Mantidas tais conexões, surgem frequentemente os processos obsessivos que, muitas vezes, sem afetarem a razão, nos mantém no domínio de enfermidades – fantasmas que os esterilizam as forças e, pouco a pouco, nos corroem a existência. 10 - Há grande número de doenças, cuja origem é devida a fluidos perniciosos, dos quais é penetrado o organismo, contra o que a medicação comum é inoperante. 11 - O perispírito por sua natureza FLUÍDICA, essencialmente móvel e elástica, projeta raios pela vontade do Espírito, servindo à transmissão do pensamento. 12 - Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos FLUIDOS espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido.13 - A alma carreia consigo as faculdades de criar no próprio cosmo orgânico todas as espécies de anticorpos, imunizando-se contra as exigências da carne, faculdades essas que pode ampliar consideravelmente pela oração, pelas disciplinas retificadoras a que se afeiçoe, pela resistência mental ou pelo serviço ao próximo com que atrai preciosos recursos em seu favor. O Bem é o verdadeiro antídoto do mal. 14 - A maioria das moléstias, como todas as misérias humanas, são expiação do presente ou do passado, ou provações para o futuro; são dívidas contraídas, cujas consequências devem ser sofridas até que tenham sido resgatadas. Não pode ser curado aquele que deve suportar sua provação até o fim.


Uma pessoa tenta suicidar-se, mas não consegue. Será que ela não morreu porque não chegou sua hora ou lhe foi concedido uma moratória para que vivesse mais tempo? (LEONARDO)


Cada caso é um caso. Mas, devemos considerar que, ao reencarnar, o Espírito tem um certo tempo para viver na Terra. No seu plano de vida, no entanto, não só consta uma previsão de quanto pode viver, como também as dificuldades e os riscos pelos quais vai passar. Logo, o tempo de vida previsto não é matematicamente exato, mas aproximado – ou para mais, ou para menos. Levemos em consideração, no entanto que é mais fácil que a morte seja antecipada do que prorrogada, por causa das negligências e dos abusos a que nos entregamos.


O próprio Kardec, quando lhe foi proposta a missão de codificar e propagar a Doutrina Espírita, ouviu dos Espíritos Orientadores que o fato de se entregar de corpo e alma à sua missão lhe traria grande desgaste físico, que o levaria prematuramente à morte, ou seja, ele viveria menos tempo do que estava previsto. Mesmo assim, Kardec aceitou a difícil missão e, com certeza, viveu menos do que poderia, se não tivesse se empenhado e sofrido em razão de sua atuação frente aos interesses da doutrina.


O Espírito André Luiz, quando recebido na colônia “Nosso Lar”, ficou sabendo, para seu espanto, que ele tinha vivido menos tempo do que estava programado, em razão da negligência e dos abusos a que se entregou, comprometendo sua saúde e sua vida. Os Espíritos lhe disseram que se tratava de um “suicídio indireto”, até porque, sendo médico, mais do que ninguém, ele sabia dos cuidados que deveria ter ( e não teve) com sua própria saúde.


O suicídio, no entanto, nunca está programado. Porém, quando um Espírito, que tem tendência para o suicídio reencarna, ele é alertado para não reincidir no erro, mas sabe que é um risco que corre. É possível que, para se matar, ele se valha de várias tentativas, mas venha a ser morto pelas próprias mãos. Mas pode acontecer, também, que , embora tente, ele não venha a morrer pelo suicídio. Isso acontece porque, com certeza, ele é ajudado por seus protetores espirituais, que conseguem impedir a prática do ato extremo. Entretanto, isso não quer que, aquele que se suicidou, não tinha proteção; ocorre que nem sempre os protetores obtêm êxito quando tentam impedir o suicídio.






sábado, 25 de março de 2023

OS CONVULSIONÁRIOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Anualmente, por ocasião das celebrações da chamada Semana Santa, os meios de comunicação de massa, veiculam imagens de pessoas que em nome da religião impõem-se flagelações, muitas repetindo os sofrimentos vivenciados por Jesus, conforme as narrativas dos textos preservados no livro conhecido como Novo Testamento. Embora nas Filipinas e alguns países do sudeste asiático destaquem-se o maior e mais diversificado numero de imagens, a verdade é que os fatos se repetem em menor intensidade em outras partes do mundo. Entre os séculos 18 e 19, em algumas regiões da França, os fatos eram observados em algumas correntes remanescentes do movimento iniciado no século 17, pelo bispo holandês Cornélius Jansen. No número da REVISTA ESPÍRITA de maio de 1860, Allan Kardec publicou um artigo com o título Uma Convulsionária, em que explica que uma série de circunstâncias, permitiram contato com a filha de uma das principais convulsionárias da localidade Saint-Medárd, situada nas imediações da cidade de Bordeaux, o que possibilitou recolher sobre essa espécie de seita algumas informações específicas. Comenta Kardec não haver nada de exagero no que se relata sobre as torturas a que voluntariamente se submetiam os fanáticos, algumas das quais, denominadas “grandes socorros”, consistindo em sofrer a crucificação e todos os sofrimentos da denominada Paixão do Cristo. O Espírito da pessoa em referência, falecera em 1830, todavia, ainda conservava nas mãos os furos feitos pelos pregos que haviam sido utilizados para suspendê-la à cruz, e,ao lado, traços dos golpes de lança que haviam recebido. Enquanto encarnada, escondia cuidadosamente esses estigmas do fanatismo, sempre tendo evitado explica-los aos filhos. Conhecida na história das convulsionárias como Françoise, conversou com Kardec na presença de sua filha que desejava o encontro, tendo sido suprimidas das 23 perguntas do diálogo mantido, particularidades íntimas, por não interessarem a estranhos, embora se constituindo para aquela que a conheceu de perto, uma incontestável prova de identidade. Revelando “há muito desejar aquele contato por apreciar os trabalhos de Kardec, a despeito do que ele podia pensar de suas crenças”; confirmou que “acompanhava a filha ali presente”; informando que “era e não era feliz como Espírito, por sentir que poderia ter feito melhor”, ciente de que “Deus levava em conta sua ignorância”. Questionada se as torturas a que se submeteu a elevaram e, tornaram espiritualmente, mais feliz, explicou que “não lhe fizeram mal, mas não a avançaram como inteligência” e se aquilo lhe foi levado à conta de mérito, disse haver n' O LIVRO DOS ESPÍRITOS um item – parágrafo 726 -, que dá a resposta geral, “sendo ela apenas uma pobre fanática”. Sobre o objetivo das convulsionárias, disse ser “geralmente pessoal, tendo ocultado suas atividades dos filhos, porque compreendia, vagamente, não ser aquele o verdadeiro caminho”. Kardec destaca que nesse ponto, “o Espírito da mãe respondeu por antecipação ao pensamento da filha, que desejava perguntar por que, em vida, tinha evitado falar disso aos filhos”. A respeito da causa do estado de crise das convulsionárias, explicou ser “uma disposição natural e super-excitação fanática, jamais desejando que seus filhos fossem arrastados por essa rampa fatal, que hoje melhor reconhece como tal” e que os fenômenos produzidos entre as convulsionárias tinham muita analogia com certos fenômenos sonambúlicos como a penetração do pensamento, a visão à distância, a intuição de línguas desconhecidas, revelando que “muitos sacerdotes magnetizavam, sem o consentimento das pessoas”. Sobre a origem das marcas e cicatrizes que tinha nas mãos e outras partes do corpo, falou “serem pobre troféus de suas vitórias, que a ninguém serviram, por vezes, excitando paixões”. Em observação à essa resposta, Kardec comenta: -“Parece que nas práticas convulsionárias passavam-se coisas de grande imoralidade, que haviam revoltado o coração dessa senhora e, mais tarde, quando acalmada a febre fanática, a fizeram tomar aversão por tudo quanto recordava o passado. É sem dúvida uma das razões que a levaram a não falar do assunto a seus filhos”. Depois abordar outros ângulos do fenômenos envolvendo-a, pergunta Kardec se ela ficaria contrariada se ele publicasse a conversa na REVISTA, obtendo como resposta: - “Não. É necessário que mais seja divulgado”.

Esta pergunta foi formulada pela residente em Alvaro de Carvalho, Olívia Dedini: “O que vocês podem dizer de uma pessoa, que cometeu suicídio, e teve seu corpo cremado. Será que, por causa do suicídio, a cremação não foi ainda pior para esse Espírito? “


Bem, dona Olívia. Como se trata de um caso real, nós não temos condições de proferir qualquer julgamento do ato cometido por essa pessoa. Já falamos aqui sobre suicídio, e dissemos que cada caso tem suas próprias peculiaridades. Sempre há uma prevenção contra quem se suicida, mas nós não sabemos, não temos a mínima idéia, da luta interior da pessoa, dos problemas que estava sofrendo e mesmo das influências que a levaram a cometer esse ato. Não sabemos até que ponto o cometimento foi deliberado ou foi apenas uma contingência de uma enfermidade ou mesmo de uma obsessão.


O suicídio, de fato, é a mais repulsiva de todas as mortes, porque ele acaba deixando seqüelas também na família. É claro que terá conseqüências para o Espírito, mas essas conseqüências, segundo O LIVRO DOS ESPÍRITOS, não são iguais para todos os casos, pois dependem das causas que concorreram para o ato. Já a cremação é uma forma rápida de se dar fim ao cadáver, diferente do sepultamento, que é demorado. Emmanuel, no livro O CONSOLADOR, consultado a respeito, afirma que é recomendável um intervalo de, pelo menos, 72 horas ( ou três dias) para a cremação, que é a queima ou carbonização do cadáver. Nessa resposta, ele leva em conta o tempo que o Espírito demora para desencarnar.


Devemos entender, no entanto, que não é que o fogo queime ou destrua o perispírito, mas, sim, a impressão que o Espírito pode ter ao perceber o corpo consumido pelo fogo, se ele estiver consciente do que está se passando. A desencarnação, em geral, demora algumas horas, mas, eventualmente, pode se estender por alguns dias. Nesse aspecto, não sabemos avaliar cada caso em particular, mas se a ouvinte quiser ter uma idéia melhor das possibilidades, basta consultar o livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, de André Luiz, onde vai encontrar várias narrativas sobre desencarnação.


Por outro lado, seja qual for o gênero de morte, o processo de desencarnação depende muito do caráter do Espírito, de seu merecimento. Ninguém está totalmente desamparado no seu caminho. Há familiares, amigos e protetores que podem tomar providências para atenuar os possíveis problemas que advenham de uma morte violenta, como acelerar o processo de desencarnação e deixar o Espírito inconsciente do que está se passando. Contudo, como o Espírito nos proporciona tais esclarecimentos, Olívia, convém sempre nos precaver para evitar problemas mais difíceis do que os que já estamos passando. No mais, precisamos orar pelos amigos que partiram em circunstâncias mais difíceis.