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domingo, 30 de março de 2014

O Velho Novo?

Como parte do conteúdo da edição de abril de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui interessante estudo sobre a identidade entre os ensinos do Espiritismo e as milenares tradições druídicas, uma das etnias pertencentes ao grande grupo humano conhecido como Celta. Os Celtas foram citados literariamente pela primeira no século VI a.C., por Hecateu de Mileto, constituindo várias  tribos designadas bretões, gauleses, batavos, belgas, gálatas, entre outros, as quais, mais tarde, dariam nome a províncias romanas e, posteriormente, a estados-nações medievais e modernos da Europa. Os gauleses habitavam a Gália, território hoje compreendido pela França, Itália e Bélgica, dividindo-se em 44 povos quando das conquistas do Império Romano, formando a chamada Gália Celta. Nessas sociedades os Druidas viam a vida como um círculo ou espiral, e, eram encarregados das tarefas de aconselhamento, ensino e jurídico-filosóficas, assumindo o papel de diretores espirituais, buscando o equilíbrio, ligando a vida pessoal à fonte espiritual presente na Natureza. Kardec motivara-se por uma série de artigos publicados dez anos antes no jornal Le Siècle, especialmente por que quando de sua elaboração não se cogitava de Espíritos, o que, segundo crê, “não teria deixado o autor de sublinhar que tudo quanto se passa hoje é mera repetição daquilo que os antigos sabiam tão bem, ou melhor, que nós”. “Quanto a nós, diz ele, “as observações pessoais, nenhuma dúvida deixam, relativamente à antiguidade e universalidade da doutrina ensinada pelos Espíritos. A coincidência entre o que hoje nos dizem e crenças das mais remotas eras é um fato significativo do mais elevado alcance”. Acrescenta: -“Entretanto, se encontramos por toda parte os traços da Doutrina Espírita, em parte alguma a vemos completa. Parece ter sido reservada à nossa época a tarefa de coordenar esses fragmentos esparsos entre os povos, a fim de chegarmos à unidade de princípios, através de um conjunto mais completo e, sobretudo, mais geral das manifestações que, parece, dão razão ao autor do artigo citado pouco antes, sobre o período psicológico, no qual aparentemente vai entrando a Humanidade”. O material do Le Siècle, depois de ponderações sobre aspectos da proposta dos Druidas, como sua predileção particular pelo número três que empregavam especialmente para a transmissão de suas lições que, mediante esse corte preciso, mais facilmente era gravada na memória, reproduz 29 premissas da visão daquela escola sobre DEUS E O UNIVERSO; OS TRÊS CÍRCULOS (de existência/estados/fases – humilhação, liberdade e felicidade -, necessárias em relação à vida) e O CIRCULO DE ABRED - ou círculo da migração -,onde o destino do Ser é determinado através de uma série de existências, segundo o bom ou mau uso que haja feito de sua liberdade, visando elevar-se ao CÍRCULO SUPREMO (gwynfyd), onde cessam as migrações, onde não se morre, onde a vida se escoa na felicidade, conservando, entretanto, uma atividade perpétua e a plena consciência de sua individualidade. Concluindo o material por ele elaborado, Kardec comenta: -“A Doutrina Espírita não consiste apenas na crença nas manifestações dos Espíritos - mas em tudo quanto estes nos ensinam sobre a natureza e o destino das almas. Se, pois, nos reportarmos aos preceitos contidos n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, onde encontraremos formulado todo seu ensino, ficaremos admirados ante a identidade de alguns princípios fundamentais com os da Doutrina Druídica, dos quais um dos mais notáveis é, incontestavelmente, a reencarnação. Nos três círculos, nos três estados sucessivos dos seres animados, encontramos todas as fases apresentadas por nossa escala espírita. Realmente, que é o CIRCULO DE ABRED ou da migração, senão as duas ordens de Espíritos que se depuram pelas existências sucessivas? No CÍRCULO GWYNFYD, o homem não transmigra mais; desfruta a suprema felicidade. Não é a primeira ordem da escala, a dos puros Espíritos, que, tendo realizado todas as provas, não mais necessita da reencarnação e gozam a vida eterna? Notemos ainda que, segundo a Doutrina Druídica, o homem conserva o livre arbítrio; que se eleva gradativamente, por sua vontade, por sua perfeição progressiva e pelas provas por que passou, do ANNOUFN ou ABISMO, à perfeita felicidade em GWYNFYD, com a diferença, entretanto, que o druidismo admite a volta possível às camadas inferiores, ao passo que, segundo o Espiritismo, o Espírito pode ficar estacionário, mas não pode degenerar”.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Assim Será

-“Nada é por acaso”, costumam dizer as pessoas comentando fatos que lhes absorvem a atenção. O Espiritismo restabelecendo, atualizando e ocidentalizando, o fluxo de informações sobre a reencarnação oferece de forma racional a lógica de que se reveste a referida afirmação. Mostra-nos que a vida física é parte de um processo longo que objetiva liberarmos da densidade decorrente da materialidade para a sutileza da espiritualidade. Uma caminhada longa que consome muita energia através das múltiplas existências, enfim, das vidas sucessivas. Do egoísmo e do orgulho para o altruísmo e humildade, vários milênios são necessários para sairmos das sombras da ignorância para a luminosidade da sabedoria. Existe um mecanismo regulador a orientar essa trajetória. Allan Kardec, delineou as normas do mesmo, baseando-se em centenas de depoimentos coligidos nas reuniões da Sociedade Espírita de Paris, recebidos de vários correspondentes da REVISTA ESPÍRITA, das suas reflexões pessoais, naturalmente enriquecidas pelas influências dos Espíritos Superiores que o assistiam na elaboração do alicerce da Doutrina que vinha não apenas colocar de forma compreensível os ensinamentos de Jesus, mas também, lembrar a Humanidade do que ele havia dito, conforme prometido no EVANGELHO DE JOÃO (14:26). Embora poucos espíritas saibam, ele está reproduzido no capítulo 7 do livro O CÉU E O INFERNO ou, A Justiça Divina Segundo o Espiritismo identificado como CÓDIGO PENAL DA VIDA FUTURA. Conforme ele comenta, não se trata do relato de um único Espírito; nem uma revelação particular feita a um único indivíduo, nem de uma visão extática; mas, de inumeráveis exemplos fornecidos por Espíritos de todas as categorias, desde a mais elevada até a mais baixa escala, com a ajuda de numerosos intermediários espalhados por todos os pontos da Terra. Organiza-se em 33 artigos, sendo o ultimo um pequeno resumo, sintetizando os anteriores. Para se ter uma ideia desse conteúdo, reunimos a seguir algumas dessas instigantes premissas: 1- A felicidade perfeita é inerente à perfeição, quer dizer à purificação completa do Espírito. Toda imperfeição é ao mesmo tempo uma causa de sofrimento e de privação de ventura, da mesma maneira que toda qualidade adquirida é uma causa de ventura e de atenuação dos sofrimentos; 2- O sofrimento sendo inerente à imperfeição, como a felicidade é inerente à perfeição, a alma leva em si mesma o seu próprio castigo onde quer que se encontre. Não há, pois necessidade de um lugar circunscrito para ela. 3- O bem e o mal que praticamos são resultados das boas e das más qualidades que possuímos. Não fazer o bem que se pode fazer é uma prova de imperfeição. Se toda imperfeição é fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não só por todo mal que tenha feito, mas também por todo o bem que podia fazer e que não fez durante a sua vida terrena; 4- Toda falta que se comete, todo mal praticado é uma dívida contraída e que tem de ser paga. Se não for nesta existência, será na próxima ou nas seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. Aquilo que se paga na existência presente não será cobrado na seguinte; 5- O arrependimento é o primeiro passo para o melhoramento. Mas ele apenas não basta, sendo necessárias ainda a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e as suas consequências; 6- O arrependimento pode ocorrer em qualquer lugar e tempo, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que são a consequência da falta cometida, seja desde a vida presente ou após a morte, na Vida Espiritual, ou ainda numa nova existência corpórea, até que os traços da falta tenham desaparecido, a reparação consiste em praticar o Bem para aquele mesmo, a quem se fez mal. Aquele que não repara seus erros nesta vida, por fraqueza ou má vontade, tornará a encontrar-se, numa outra existência, com as mesmas pessoas que ofendeu, e em condições escolhidas por ele mesmo para poder provar-lhes seu devotamento, fazendo-lhes tanto bem quanto o mal que havia feito. 7- Sejam quais forem a inferioridade e a perversidade dos Espíritos, Deus jamais os abandona. Todos tem seu Anjo da Guarda que vela por eles, vigia as expansões da sua alam e se esforça para despertar-lhes bons pensamentos, desejos de progredir e de reparar numa nova existência o mal que tenham feito. 8 – Aquele que muito sofre na Terra pode dizer que tem muito a expiar.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Sutilezas da Reencarnação

Múltiplos aspectos existem a serem investigados a respeito da reencarnação, especialmente porque cada renascimento traz para nossa Dimensão, Espíritos com históricos, anseios e condições familiares diferentes. Reunimos três situações que complementadas pelas informações finais, fornecem elementos para diferentes cogitações e reflexões. CASO 1 - Seis anos após o casamento, a confirmação da programada gravidez revelou um comportamento inusitado: a implicância da esposa em relação a qualquer gesto ou ação do marido. A situação chegou a tal ponto que a separação parecia ser a melhor solução até que consultado, um amigo sensitivo, começou a insistir para que o candidato a pai deixasse aquele Espírito reencarnar. Ante a estranheza do candidato a pai, reiteradas vezes repetiu o orientador –“Fulano, deixa esse menino nascer”. A simples aproximação da esposa à medida que a gestação evoluía, parecia provocar inquietação no feto em desenvolvimento, desencadeando na mãe, crises acentuadas de repulsa ao marido. Após o nascimento, com o passar dos dias, qualquer tentativa do pai de segurar a criança nos braços, desencadeava no pequeno, crises violentas de choro, provocando, agora no irritado pai, ímpetos de compreensível aversão até que, procurado, o inspirado conselheiro, sugeriu: -“Aproveite as horas de sono do bebe e converse com ele. Peça-lhe uma oportunidade, desculpas por eventuais prejuízos a ele causados, diga-lhe que o ama. Creia, ela o estará ouvindo!”.  Acatada e implementada a recomendação, após algumas semanas, o quadro, como que por encanto, se modificou. Sete anos se passaram e, hoje, filho e pai não se separam, o pequeno vendo no genitor, seu amigo e parceiro de todos os momentos. CASO 2- A poucas semanas do casamento, em meio aos preparativos finais, uma séria discussão por motivo banal, parecia ter posto fim ao sonho de vários anos. Numa conversa do pai da moça com médium conhecido de longa data, a revelação de um dado inimaginável: por traz daquele efeito, havia a influência de um Espírito que, pela Lei de Causa e Efeito, estava programado para renascer da união do casal que não mais queria cumprir o combinado, desistindo do plano, tentando tudo o que podia para evitar a consumação do compromisso matrimonial. Sugestão: a mãe conversar bastante com o Espírito, tentando dissuadi-lo de seu intento; submeter-se à terapia do passe juntamente da criança que se desenvolvia em seu ventre. Apesar do acato à orientação, a gravidez foi pautada por inúmeras intercorrências, colocando em risco o ciclo natural da gestação. CASO 3- Durante entrevista de Chico Xavier em visita à Goiânia, capital de Goiás, no dia 7 de maio de 1974, questionado sobre porque motivo o casal, muitas vezes, tem no noivado uma paixão marcante e experimenta a diminuição do interesse afetivo nas relações recíprocas, após o nascimento dos filhos, o médium respondeu: -“Grande número de enlaces na Terra obedece a determinações de resgates, escolhidas pelos próprios cônjuges, antes do renascimento no berço físico. E aqueles amigos que serão filhos do casal, muitas vezes, agindo no Além, transformam, ou melhor, omitem as dificuldades prováveis do casamento em perspectiva para que os cônjuges se aproximem afetuosamente um do outro (...). O namoro e o noivado, em muitas ocasiões, estão presididos pelos Espíritos que serão filhos do casal. Quando esses mesmos Espíritos se corporificam em nossa casa, na posição de nossos próprios filhos (...), existe, sim, o decréscimo da paixão, no capítulo das feições possessivas que nos cabe evitar ”. Em revelações do Espírito Vetterini através da jovem médium Reinne, em pesquisas conduzidas pelo pintor Corneille, entre 1912/1913, a entidade explicou que “durante 2 ou 3 meses após a concepção, o Espírito é relativamente livre e é bem raro ele vir visitar o próprio corpo que está sendo construído no ventre da mãe; frequência intensificada à medida que o tempo passa, imprimindo suas características ao corpo em formação, modelando-o dissimuladamente de acordo com seu desejo, fixando-se quase por definitivo aí pelos 7 meses”. No livro AS VIDAS SUCESSIVAS (lachâtre), publicado em 1911, pelo do pesquisador Albert De Rochas relatando como praticamente redescobriu a possibilidade da regressão de memória a encarnações anteriores, o caso número 3, a regressão de Eugénie, mostra que “aproximando-se daquela que deveria ser sua mãe e que acabava de concebê-la, não entrou no feto, porém ficou em torno de sua mãe até o momento em que a criança veio ao mundo, entrando pouco a pouco, ‘por ímpetos’, no pequenino corpo, só ficando completamente ligada a ele por volta dos 7 anos, vivendo parcialmente fora de seu corpo carnal, que via nos primeiros meses de vida como se estivesse colocada fora dele”.


segunda-feira, 24 de março de 2014

Realidade Por Trás de Muitas Violências

-“Há algum tempo eu era jurado. O Tribunal devia julgar um moço, apenas saído da adolescência, acusado de ter assassinado uma senhora idosa em circunstâncias horríveis. O acusado confessava e contava os detalhes do crime com uma impassibilidade e cinismo que faziam fremir a assembleia”. Assim escreveu em carta à REVISTA ESPÍRITA, um correspondente identificado como Simon M. e apresentado por Allan Kardec como homem de grande saber, portador de títulos científicos oficiais e bom médium acostumado a contatos com Espíritos desencarnados. O artigo elaborado em torno da missiva que o destinatário acreditava que o editor “talvez julgasse acertado agasalhar na sua interessante publicação pelo fato que encerrava”. Assim acabou acontecendo no número de novembro de 1859. Prosseguindo sua narrativa, Simon conta: -“É fácil prever que, devido à sua idade, sua absoluta falta de educação e às influências que havia recebido em família, que se requeresse em seu favor, circunstâncias atenuantes, tanto mais quanto ele repelia a cólera que o tinha feito agir contra uma provocação por injurias”, previsão que acabaria se confirmando na decisão final do júri, afastando o risco da condenação à morte do rapaz. Simon, todavia, quis consultar a vítima a respeito do grau de sua culpabilidade, evocando mentalmente o Espírito da senhora morta. Percebendo sua presença, “abandonou-lhe a mão”, seguindo-se interessante diálogo que resumiremos da seguinte forma: 1- Indagada sobre o que pensava do assassino, disse que não seria ela quem o acusaria; 2- Sobre o “porque”, explicou ter sido o moço impulsionado ao crime pelo Espírito de um homem que a cortejara 50 anos antes e que, nada tendo conseguido, jurou vingar-se, conservando após a própria morte seu desejo de vingança, aproveitando das disposições do acusado para lhe inspirar o desejo de a matar; 3- Questionada sobre como sabia, revelou que o próprio Espírito obsessor lhe confessara quando de sua chegada ao Plano Espiritual que ora habitava; 4- Perguntada se o poder exercido pelo obsessor sobre o rapaz teria logrado sucesso se o mesmo não tivesse nutrido ou entretido durante muito tempo sentimentos de inveja, ódio e vingança contra ela e sua família, respondeu: -“Seguramente. Sem isto ele teria sido mais capaz de resistir. Eis por que digo que aquele que quis se vingar aproveitou as disposições do jovem. O senhor compreende bem que o outro não se teria dirigido a alguém que tivesse vontade de resistir”.  5- Se o mentor gozava de sua vingança, afirmou que não, pois vê que esta lhe custará caro; além disso, em lugar de lhe fazer mal, fez um bem, fazendo-a entrar mais cedo no Mundo dos Espíritos, onde era mais feliz, constituindo-se a violência numa “ação má sem proveito para ele". Finalizando sua carta, acrescenta Simon: -“A respeito do que acabo de contar, há de fazer-se uma observação moral de subida importância. Realmente, daí há de concluir-se que o homem deve vigiar os seus menores pensamentos maus, até os seus maus sentimentos, aparentemente os mais fugidios, pois estes tem a propriedade de atrair Espíritos maus e viciados, expondo-se, fraco e desarmado, às suas inspirações perturbadoras. É uma porta que lhe abre ao mal, sem lhe compreender o perigo”. O comentário e o relato de Simon M., confirmam a  resposta dada a Allan Kardec à pergunta 459 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, em que procurava saber se os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e nossas ações, obtendo a revelação: -“Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem”. Observando-se o comportamento social do homem, extravasando de forma cada vez mais coletiva, sem limites, suas tendências instintivas e sensoriais, encontra-se a explicação dos crescentes índices de violência gratuita contra si mesmo e contra o próximo, encarado como um inimigo a ser eliminado em nome da inveja, do ciúme, do despeito. Quanto mais distante da espiritualidade, mais o conceito de humanidade vai regredindo na direção da animalidade agressiva e destrutiva, não em nome da sobrevivência, mas, da supremacia de uns sobre os outros. Sem a educação moral, fruto da árvore do conhecimento, fica a pergunta: qual o futuro do gênero humano?

sábado, 22 de março de 2014

Por Caminho Inusitados

A jovem modelo Reine de 18 anos, aparência de 15, contratada pelo pintor Corneille por alguns meses, por indicação de um escultor amigo, sentindo-se interessada por uma bola de cristal de cinco centímetros de diâmetro decorando a escrivaninha do “atelier” do artista, ouviu dele que se fitasse a mesma por alguns minutos, conseguia-se a concentração mental e, algumas pessoas entravam em estado de transe, enquanto outras chegavam a ter visões misteriosas. Tendo levado a bola para casa para confirmar a veracidade da informação, devolveu-a frustrada ante o insucesso, participando, meses depois, com Corneille de uma experiência de “inclinação da mesa” ante o interesse da moça pelos assuntos paranormais, apesar de seu total desconhecimento sobre fenômenos espirituais. Após quase uma hora de tentativas, sem sucesso durante a maior parte do tempo, praticamente desistindo da experiência, em sua mente fulgurou uma ideia estranha para que voltassem à mesa, obtendo os primeiros movimentos involuntários da mesma, surgindo através dos toques ritmados, a orientação para que hipnotizasse Reine, o que fez após ante a insistência dela pelas explicações que dera sobre o fenômeno. Nas semanas seguintes, outras tentativas com a mesa, conduziram ao transe da hipnose, resultado conformado por um alfinete espetado no musculo do braço da moça pela reação do globo ocular ao erguer-lhe a pálpebra. A repetição dos experimentos foi apurando cada vez mais a sensibilidade de Reine e a autoconfiança de Corneille, certificando-se este da impossibilidade de qualquer interferência telepática ou do inconsciente dela.  Inúmeras reuniões depois, mesclando a atividade com a mesa, a auto hipnose  de Reine, fixando a bola de cristal; a indução através da energização pela palma da mão de Corneille; a convivência da jovem em desdobramento com entidades espirituais de vários tipos, assumiu o comando dos trabalhos o Espírito Vetterini  que nos bastidores da invisibilidade conduziria as vivências no Plano Extrafísico. Resumindo algumas das informações oferecidas por Reine, destacamos: 1- Vencidas os ímpetos de medo, Reinne foi transportada, a princípio pelos céus de Paris e, depois, em peregrinações auto-induzidas, por varias zonas espirituais, uma das quais abrigando grande número de Espíritos evoluídos até o grau médio e, noutra oportunidade, em uma Esfera espiritual superior à anterior. 2 – Percebia, em suas saídas, o corpo astral das pessoas comuns, diferentes quanto à densidade, coloração, atitude, etc, de acordo com a personalidade de cada um, comentando que o caracterizado pela cor vermelha é de natureza inferior, próximo da matéria densa; e aquele em oposição a este, tendia para o azul ou para branco e parecia bem sutil, tratando-se de corpo astral de categoria elevada. No caso dos animais percebeu que uma espécie de luz os envolve,   mas, totalmente diferente da dos homens. 3- Sempre supervisionada pelo Espírito Vetterini, Reinne descobriu que os Espíritos quando querem se mostrar às pessoas, assumem a aparência material da época em que viveram na Terra, para serem reconhecidos e, nas materializações, retiram do corpo carnal do médium os elementos necessários para produzir a forma que pretendem assumir, graduando-se o realismo proporcionalmente à quantidade de substância tomada do objeto concreto existente. 4- Sobre a reencarnação, aprendeu que a relação sexual é, de fato, a armadilha pela qual o Espírito é aprisionado inconscientemente, os mais atrasados; e conscientemente, o mais elevado; que durante 2 ou 3 meses após a concepção, o Espírito é relativamente livre e é bem raro ele vir visitar o próprio corpo que está sendo construído no ventre da mãe; frequência intensificada à medida que o tempo passa, imprimindo suas características ao corpo em formação, modelando-o dissimuladamente de acordo com seu desejo, fixando-se quase por definitivo aí pelos 7 meses. No caso dos Espíritos inferiores, instalam-se governados por uma força mais elevada, podendo ficar acomodados como debaterem-se como numa armadilha, tentando escapar frequentemente, voltando ao corpo semente 2 ou 3 a meses antes do parto. 5- Respondendo sobre a morte, Vetterini, revelou que ainda que ocorra de forma repentina, é coisa prevista, determinada pela Providência para apressar a evolução do Espírito de certas pessoas que não estão acompanhando o processo normal de desenvolvimento e precisam transmigrar repetidas vezes para este mundo. Afirmou não haver nenhuma morte por acaso, sempre ocorrendo sob condições determinadas, em dia e hora predeterminados”. As experiências desenvolvidas entre Reinne, Corneille e Vetterini, estenderam-se de dezembro de 1912 a dezembro de 1913, produzindo rico material para reflexões e pesquisas.


quinta-feira, 20 de março de 2014

Contrasenso



Os maiores embaraços para a expansão da Doutrina Espírita procedem da atuação daqueles que reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das regiões inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a ridicularizá-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto dos quais encontramos as demonstrações fenomênicas improdutivas, as histórias fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de terror”. A opinião foi colhida pelo Espírito André Luiz no dia 20 de agosto de 1965, na cidade de Paris, França, junto ao Espírito Gabriel Dellane, quando da passagem por lá dos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira, em viagem de intercâmbio de ideias espírita/espiritualistas, promovida e patrocinada por admiradores dos dois. E, embora ignorado por muitos – apesar de óbvio -, revela: -“ Os milhões de Espíritos inferiores que cercam a Humanidade possuem seus médiuns. Impossível negar”. Transcorridos praticamente 50 anos, evidencia-se o acerto do comentário de Dellane, com o agravante que os providos de condições para a divulgação do Espiritismo, omitem-se de falar abertamente sobre ele, preocupados em não incomodar ou afastar simpatizantes de outras escolas religiosas. Parece não perceberem que o Consolador não veio para os sãos,  mas, para os doentes. Desconhecem que, quando da organização do excelente LIVRO DA ESPERANÇA (cec), o Espírito Emmanuel, psicografado por Chico Xavier para saudar o primeiro centenário da publicação d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, comentando na mensagem IDEIA ESPÍRITA (cap 68), trecho do item 4, do Capítulo XX, – “Ide, pois e levai a palavra Divina; aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque principalmente entre os mártires do trabalho, nas provações terrenas, encontrareis fervor e fé” -, enfatiza no último paragrafo: -“ O mundo tem sede de raciocínio, em torno da imortalidade da alma, do intercâmbio espiritual, da reencarnação, da morte física, dos valores mediúnicos, da desobsessão, das incógnitas da mente, dos enigmas da dor e, sobretudo, ao redor das Leis Divinas a funcionarem, exatas, na consciência de cada um”, concluindo: -“Para que obtenhamos solução a semelhantes problemas, urge saibamos trabalhar pela difusão da ideia espírita, na construção da Era Nova, irradiando a com todos os recursos lícitos ao nosso alcance, com base no veiculo do exemplo”. Desnecessário dizer o quanto, nestes tempos de contínua elevação dos índices de suicídio por motivos banais; de tanta inversão de valores; corrupção; de extrema violência e crueldade nas ruas, nos lares, nas cidades, nos países; comportamentos insuflados por noticiários, filmes, séries, o quanto o conhecimento do Espiritismo é necessário. Até para, quem sabe, inspirar revisões nas estruturas desgastadas e ultrapassadas das religiões tradicionais, que, entre seus pregadores, conta com milhares de reencarnacionistas, conhecedores do intercâmbio mediúnico e da influência espiritual, numa visão mais atual que as da pura negação pela justificativa das ações demoníacas. Tal argumento só impressiona mentes de intelecto acanhado, prisioneiros por isto mesmo da “fé cega”, que tanto atraso e prejuízo têm causado na Humanidade terrena. O momento não comporta vacilações, mas ações objetivas na propagação das ideias espíritas. Certamente os que se acham comprometidos com a difusão do Espiritismo, nas tribunas, nas variadas formas de mídia, não se encontram investidos destes papeis casualmente, como intuitiva e intimamente reconhecem. Atendem a programas e oportunidades solicitadas antes de reencarnarem, especialmente para se reabilitarem perante as Leis Cósmicas por fracassadas experiências de outrora.  O Espiritismo é Jesus de volta, ensinando todas as coisas, nos lembrando de tudo que havia dito (João,14:26) ao tempo de Roma dos Cezares. Talvez precisemos lembrar da advertência tão citada em exposições e palestras públicas, atribuídas a Jesus, presente no Evangelho de Lucas, capítulo 9, versículos 25/26: - Que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo? Porque, qualquer que de mim se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem”. Em outras palavras: -“Muito se pedirá a quem muito foi dado”.

terça-feira, 18 de março de 2014

Kardec e As "Revelações" Espirituais

Conselhos estapafúrdios, revelações espantosas, opiniões intrigantes tornam-se comum em trabalhos práticos ou literários que circulam no meio espírita ou não atualmente. Abrindo o número de agosto de 1858 da REVISTA ESPIRITA, Allan Kardec reproduziu extenso artigo de sua autoria intitulado “Contradições na Linguagem dos Espíritos”, contendo ponderações do Codificador extremamente importantes em face da grande quantidade de “revelações” contidas em obras mediúnicas publicadas atualmente. Na avaliação exposta, pondera: -“As contradições encontradas tão frequentemente na linguagem dos Espíritos, mesmo sobre questões essenciais, para algumas pessoas foram até aqui uma causa de incerteza quanto ao valor real de suas comunicações, circunstância da qual não deixam os adversários de tirar partido. À primeira vista essas contradições parecem realmente uma das principais pedras de tropeço da Ciência Espírita. Vejamos se tem elas a importância que lhes emprestam. Perguntaremos, de início, qual a Ciência que não teve, em seus primórdios, semelhantes anomalias. Qual o sábio que, nas suas investigações, não foi algumas vezes confundido por fatos que  aparentemente contradiziam as regras estabelecidas? Se a Botânica, a Zoologia, a Fisiologia, a Medicina, e a nossa própria língua não nos oferecem milhares de exemplos semelhantes e se suas bases desafiam qualquer contradição? É comparando os fatos, observando as analogias e as dessemelhanças que, pouco a pouco, se chegam a estabelecer as regras, as classificações, os princípios: numa palavra, a constituir a Ciência”. Mais à frente, acrescenta: -“A princípio, fez-se uma ideia absolutamente falsa da natureza dos Espíritos. Foram imaginados como seres à parte, de natureza excepcional, nada possuindo em comum com a matéria e devendo saber tudo. Eram, conforme opinião pessoas, seres benfeitores ou malfeitores, uns com todas as virtudes, outros com todos os vícios e todos, em geral com um saber infinito, superior ao da Humanidade (...). Quem poderia dizer o número dos que sonharam fortuna fácil pela revelação de tesouros ocultos, pelas descobertas industriais ou científicas que não custariam aos inventores mais que o trabalho de fazer uma descrição ditada pelos sábios do outro Mundo! Só Deus sabe quantos fracassos e desilusões. Quantas pretensas receitas, cada qual mais ridícula, não foram dadas pelos charlatões do Mundo Invisível!. Conhecemos alguém que pediu uma receita infalível para pintar os cabelos. Foi-lhe dada uma fórmula de composição cerosa, que reduziu a cabeleira a uma espécie de massa compacta, da qual o paciente teve um trabalho imenso para se livrar (...). A escala espírita, traçada pelos próprios Espíritos e conforme a observação dos fatos, dá-nos a chave de todas as anomalias aparentes da linguagem dos Espíritos. É preciso chegar, pela força do hábito, a conhecê-los, por assim dizer, à primeira vista e poder  identificar-lhes a classe conforme a natureza de suas manifestações”. Esclarece que “os Espíritos sérios não se contradizem nunca: sua linguagem é a sempre a mesma com as mesmas pessoas (...). Finalizando o esclarecedor texto, Kardec escreveu: - “As causas das contradições na linguagem dos Espíritos podem, pois, ser assim resumidas: 1- O grau de ignorância ou de saber dos Espíritos aos quais nos dirigimos; 2- O embuste dos Espíritos inferiores que podem, por malícia, ignorância ou malevolência tomando um nome por empréstimo, dizer coisas contrárias às que alhures foram ditas pelo Espírito cujo nome usurparam; 3- As falhas pessoais do médium, que podem influir sobre as comunicações, alterar ou deformar o pensamento do Espírito; 4- A insistência por obter uma resposta que um Espírito recusa dar, e que é dada por um Espírito inferior; 5- A própria vontade do Espírito, que fala conforme o momento, o lugar e as pessoas e pode julgar conveniente nem tudo dizer a toda gente; 6- A insuficiência da linguagem humana para exprimir as coisas do mundo incorpóreo; 7- A interpretação que cada um pode dar a uma palavra ou a uma explicação, de acordo com as suas ideias, os seus preconceitos ou o ponto de vista sob o qual encara o assunto. São outras tantas dificuldades, das quais não se triunfa a não ser por um estudo longo e assíduo. Também nunca dissemos que a Ciência espírita fosse fácil. O observador sério, que tudo aprofunda maduramente, com paciência e perseverança, aprende uma porção de nuanças delicadas, que escapam ao observador superficial. É por tais detalhes íntimos que ele se inicia nos segredos desta ciência. A experiência ensina a conhecer os Espíritos, como nos ensina a conhecer os homens”.

domingo, 16 de março de 2014

Mergulhando no Inconsciente Profundo

Autora de 42 livros, entre os quais o exaltado MÉDICO DE HOMENS E DE ALMAS (1959), romanceando a história do evangelista Lucas, Taylor Caldwell, na verdade Janet Miriam Holland Taylor Caldwell, mergulhou numa profunda depressão quando da morte de seu marido Marcus Reback. Contava na época 70 de idade tendo afirmado a amigo muito próximo que “se não fosse católica, com uma leve suspeita de que alguma coisa talvez exista depois da morte, se mataria, por não ter nada que a prendesse, pois, quando seu marido morreu, todo o sol retirou-se de sua vida”. Acometida de “pressão arterial tremendamente alta”, dissera que “tudo quanto esperava era um enfarte para morrer logo”. Nascida na Inglaterra, em 1900, imigrara com sete anos com a família para os Estado Unidos da América do Norte, tendo perdido o pai pouco depois. Casou-se aos 19, desenvolvendo várias atividades, até se formar na Universidade de Bufallo, em 1931, divorciando-se em seguida. No ano seguinte, casar-se-ia novamente com aquele que seria o grande amor de sua vida convivendo com ele por quatro décadas. Em 1938, teve publicado seu primeiro trabalho A DINASTIA DA MORTE, iniciado quatro anos antes, sendo que todo acervo construído vendeu mais de 39 milhões de exemplares no mundo, tornando ela e o marido, milionários. Radicalmente avessa à ideia da reencarnação por considerá-la deprimente dizendo “estremecer à simples ideia de nascer novamente neste mundo. A vida, para mim, praticamente desde a infância, foi uma coisa monstruosa, penosa, angustiante, e a ideia de repetir tal existência – mesmo sob melhores condições – me horroriza”, dizendo-se resistente a qualquer tipo de hipnose, concordou, logo após a morte do marido, em submeter-se a experiências de regressão de memória sugeridas pelo amigo escritor Jess Stearn, que afirmava que os detalhes vividos em muitos dos romances históricos de sua autoria era realmente lembrança subconsciente de vidas anteriores. Acertados os detalhes, inclusive que tudo seria gravado sem que Taylor ouvisse nada até o fim da investigação no seu inconsciente profundo, a primeira sessão ateve-se a recuperação de lembranças da existência atual. Afloraram lembranças como a registrada quando ela tinha 9 anos e ouvira de sua mãe muito calma: -“Nunca desejamos que você nascesse. Há um rio no final da Rua. Por que você não vai se afogar?”. Ficou gravado: -“Olhei para minha mãe e vi que ela estava falando sério. Era a nossa casa na Rua Albany. Não sei por que ela disse aquilo. Olhei-a nos olhos e pensei que ela estava louca”. Retroagida ao período pré-natal, desabafou: -“Meu Deus! Aqui estou eu novamente. Mas desta vez vai ser diferente, a última. Desta vez não serei impaciente de novo, para ter que voltar para cá. Depois desta vez não voltarei mais. Tenho a impressão de que alguém está tentando me matar. Ouço alguém dizer: - Não a terei, não a quero. Será que ela se refere a mim?". A sessão seguinte levou-a à Inglaterra Vitoriana, falando com forte sotaque irlandes onde teria se chamado Jeannie MacGill, filha de pais desconhecidos, abrigada num prostíbulo até os dez anos quando foi trabalhar como doméstica na casa da famosa romancista Mary Ann Evans onde perseguida por uma governanta foi vitima de uma armação da mesma, o que lhe valeu uma condenação de dez anos não cumprida por ter se enforcado antes. Ainda neste século 19, reencarnaria num subúrbio de Londres, tendo se chamado Wilma Sims, tendo morrido aos 21 anos, vitimada pela tuberculose. Levada a voltar ao século 18, viu-se como uma copeira em casa de família, onde viveu até os 14 anos, tendo morrido em meio a violências praticadas por seu patrão, dois filhos e mais dois homens embriagados. Entre os séculos 14 e 15, viu-se reencarnada como uma freira chamada Irmã Tereza, no convento Santa Maria de Las Rosas, na cidade de Barcelona (Espanha), tendo morrido afogada ao atirar-se ao mar, após ter tido frustrada sua fuga com um padre que seduzira por amor. As sessões foram levando-a a recuar a uma existência entre os Maias; como uma grega chamada Helena, como uma judia chamada Hannah ao tempo de Jesus na cidade de Magdala; totalizando ao final das pesquisas 11 encarnações. As investigações revelaram inúmeros detalhes extremamente ricos, inclusive sobre como Taylor dominava tão bem conhecimentos relacionados à Medicina, sobre os quais escrevia com muita profundidade e propriedade sem tê-los estudado na vida atual. Concluídas as sessões de regressão, depois de ler com muita atenção a transcrição do material obtido, sem conseguir explicar seu conhecimento do hebraico, espanhol, italiano, idiomas não aprendidos na vida atual, afirmou-se “a cética dos céticos sobre a ideia da reencarnação”, que, para ela, “se existe, é uma gigantesca maldição e não uma esperança”. (material baseado no texto ENTRE A REVOLTA E A DOR de Hermínio Correia de Miranda)





sexta-feira, 14 de março de 2014

O Alto Preço do Suicídio


Considerado pela maioria das religiões como imperdoável e determinante da condenação eterna, o suicídio segundo o Espiritismo é visto como a fuga ou deserção de programas planificados antes mesmo da reencarnação viabilizar a existência do Ser na Dimensão em que nos encontramos. Não a partir de teorizações, mas, de milhares de depoimentos através de outro tanto número de médiuns. E, da forma objetiva como a Doutrina Espírita trata a sobrevivência após a morte,  a vinculando também à Lei de Causa e Efeito (ou do Carma), revela que as sequelas ou traumas produzidos pelos violentos traumas impostos ao corpo físico gravam-se na estrutura denominada corpo espiritual ou períspirito, reproduzindo-se, de um modo ou outro, na reencarnação imediatamente após a frustrada pela violência intencional. Tais marcas imporão limitações ou restrições na forma biológica resultante da gravidez durante o número de anos que faltavam ser concluídos na forma voluntariamente abandonada, tempo necessário para recuperar a harmonia da estrutura drasticamente avariada, a fim de retomar o curso da evolução inexorável, atrasada pelo gesto insensato. Análises apresentadas n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS (questões 943 a 957), oferecem vários elementos para reflexão e o estudo sobre a obsessão nos oferece outros importantes dados como os Espíritos Claudia Pinheiro Galasse, desencarnada aos 18 anos (“- Não sei até hoje que forças desumanas teriam posseado o meu Ser. Recordo-me que chegava a sentir mão pesada sobre a minha para que o gatilho não falhasse”) ou Wlademir Cesar Ranieri, desencarnado com 25 anos, em 1981 (-O que se verificou foi a hipnose por parte de criaturas desencarnadas que me seguiam e junto das quais não me furto às responsabilidades do meu gesto infeliz. A minha vontade era uma alavanca de Deus em minhas mãos. Poderia facilmente escutar os convites injustos e rechaça-los com o meu livre arbítrio, mas a minha fraqueza foi o que me perdeu”.), ambos com cartas psicografadas pelo médium Chico Xavier e inseridas no livro AMOR E SAUDADE (ideal). Situações como essas são consideradas como com atenuantes. Não impedem, contudo, a necessidade de enfrentamento das consequências advindas do ato extremo. Em texto inserido no livro RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS (feb), prefaciado pelo Orientador Espiritual Emmanuel através de Chico Xavier, no início dos anos 60, ele explica que “após determinado tempo de reeducação, nos círculos de trabalho fronteiriços da Terra, os suicidas são habitualmente reinternados no plano carnal, em regime de hospitalização na cela física, que lhes reflete as penas e angústias na forma de enfermidades e inibições”.  Esclarece que “segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma”. Exemplificando, diz que “os que se envenenaram, conforme os tóxicos de que se valeram, renascem trazendo as afecções valvulares, os achaques do aparelho digestivo, as doenças do sangue e as disfunções endócrinas, tanto quanto outros males de etiologia obscura; os que incendiaram a própria carne amargam as agruras da ictiose ou do pênfigo; os que se asfixiaram, seja no leito das águas ou nas correntes de gás, exibem os processos mórbidos das vias respiratórias, como no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares; os que se enforcaram carreiam consigo as neoplasias diversas e a paralisia infantil; os que estilhaçaram o crânio ou  deitaram a própria cabeça sob rodas destruidoras, experimentam desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o cretinismo, e os que se atiraram de grande altura reaparecem portando os padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa”. Anos depois indagado sobre o problema da esquizofrenia, Chico Xavier revelaria que os portadores deste transtorno psiquiátrico, “são os que suicidaram após terem cometido homicídios” e as vitimas de nanismo, os que se atiraram de grandes alturas, chocando-se com o solo em pé, impondo radical compressão às estruturas físico/perispirituais. Como o desconhecimento dessas informações certamente tem favorecido o número crescente de suicídios em todo Planeta na atualidade, necessário difundi-las para, pelo menos, as pessoas refletires sobre as possibilidades expostas e sobre a orientação oferecida por Emmanuel no final de seu comentário: -“ Guarda, pois, a existência como dom inefável, porque teu corpo é sempre instrumento divino, para que nele aprendas a crescer para a luz e a viver para o amor, ante a glória de Deus”.


quarta-feira, 12 de março de 2014

OS CONVULSIONÁRIOS

Anualmente, por ocasião das celebrações da chamada Semana Santa, os meios de comunicação de massa, veiculam imagens de pessoas que em nome da religião impõem-se flagelações, muitas repetindo os sofrimentos vivenciados por Jesus, conforme as narrativas dos textos preservados no livro conhecido como Novo Testamento. Embora nas Filipinas e alguns países do sudeste asiático destaquem-se o maior e mais diversificado numero de imagens, a verdade é que os fatos se repetem em menor intensidade em outras partes do mundo. Entre os séculos 18 e 19, em algumas regiões da França,  eram observados em algumas correntes remanescentes de movimento iniciado no século 17, pelo bispo holandês Cornélius Jansen. No número da REVISTA ESPÍRITA de maio de 1860, Allan Kardec publicou um artigo com o título Uma Convulsionária, explicando que uma série de circunstâncias, permitiram contato com a filha de uma das principais convulsionárias da localidade Saint-Medárd, situada nas imediações da cidade de Bordeaux, o que possibilitou recolher sobre essa espécie de seita algumas informações específicas. Comenta Kardec não haver nada de exagero no que se relata sobre as torturas a que voluntariamente se submetiam os fanáticos, algumas das quais, denominadas “grandes socorros”, consistindo em sofrer a crucificação e todos os sofrimentos da denominada Paixão do Cristo. O Espírito da pessoa em referência, falecera em 1830 - trinta anos antes, portanto -, todavia, ainda conservava nas mãos os furos feitos pelos pregos que haviam sido utilizados para suspendê-la à cruz, e,ao lado, traços dos golpes de lança que haviam recebido. Enquanto encarnada, escondia cuidadosamente esses estigmas do fanatismo, sempre tendo evitado explica-los aos filhos. Conhecida na história das convulsionárias como Françoise, conversou com Kardec na presença de sua filha que desejava o encontro, tendo sido suprimidas das 23 perguntas do diálogo mantido, particularidades íntimas, por não interessarem a estranhos, embora se constituindo para aquela que a conheceu de perto, uma incontestável prova de identidade. Revelando “há muito desejar aquele contato por apreciar os trabalhos de Kardec, a despeito do que  ele podia pensar de suas crenças”; confirmou que “acompanhava a filha ali presente”; informando que “era e não era feliz como Espírito, por sentir que poderia ter feito melhor”, ciente de que “Deus levava em conta sua ignorância”. Questionada se as torturas a que se submeteu a elevaram e, tornaram espiritualmente, mais feliz, explicou  que “não lhe fizeram mal, mas não a avançaram como inteligência” e se aquilo lhe foi levado à conta de mérito, disse haver n' O LIVRO DOS ESPÍRITOS um item – parágrafo 726 -, que dá a resposta geral, “sendo ela apenas uma pobre fanática”. Sobre o objetivo das convulsionárias, disse ser “geralmente pessoal, tendo ocultado suas atividades dos filhos, porque compreendia, vagamente, não ser aquele o verdadeiro caminho”. Kardec destaca que nesse ponto, “o Espírito da mãe respondeu por antecipação ao pensamento da filha, que desejava perguntar por que, em vida, tinha evitado falar disso aos filhos”. A respeito da causa do estado de crise das convulsionárias, explicou ser “uma disposição natural e super-excitação fanática, jamais desejando que seus filhos fossem arrastados por essa rampa fatal, que hoje melhor reconhece como tal” e que os fenômenos produzidos entre as convulsionárias tinham muita analogia com certos fenômenos sonambúlicos como a penetração do pensamento, a visão à distância, a intuição de línguas desconhecidas, revelando que “muitos sacerdotes magnetizavam, sem o consentimento das pessoas”. Sobre a origem das marcas e cicatrizes que tinha nas mãos e outras partes do corpo, falou “serem pobre troféus de suas vitórias, que a ninguém serviram, por vezes, excitando paixões”. Em observação à essa resposta, Kardec comenta: -“Parece que nas práticas convulsionárias passavam-se coisas de grande imoralidade, que haviam revoltado o coração dessa senhora e, mais tarde, quando acalmada a febre fanática, a fizeram tomar aversão por tudo quanto recordava o passado. É sem dúvida uma das razões que a levaram a não falar do assunto a seus filhos”. Depois abordar outros ângulos do fenômenos por ela vivenciados, pergunta Kardec se ficaria contrariada se ele publicasse a conversa na REVISTA, obtendo como resposta: - “Não. É necessário que  mal seja revelado”.


segunda-feira, 10 de março de 2014

Obsessão - Áreas de Contágio


Quando Allan Kardec ouviu do Espírito da Verdade na resposta à questão 459 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS que a “influência dos desencarnados sobre nossos pensamentos e atos é muito maior que imaginamos e invariavelmente são eles que nos conduzem”, dava importante passo para concluir ser isso possível pela condição de médium ser inerente à condição humana, manifestando-se de forma ostensiva ou mantendo-se latente, por vezes, por uma existência inteira. Hoje, se sabe que essa percepção, conforme dito pelos Espíritos é possível graças a uma das funções da epífise, uma diminuta glândula situada internamente no centro de nossa cabeça, conhecimento, por sinal, de domínio de escolas religiosas do passado, como as da Índia, do Egito ou da África. Kardec associando a revelação às evidências observadas, apresenta n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS, a obsessão definida por ele como a influência maior ou menor dos Espíritos desencarnados sobre nossa Dimensão, o que explica inúmeros registros até então incompreensíveis feitos ao longo da história da Humanidade. Na referida obra, encontramos uma classificação genérica sobre os tipos de obsessão, observadas em três níveis os quais abrangem uma infinidade de comportamentos individuais ou coletivos: obsessão simples, fascinação ou subjugação (chamada possessão em algumas manifestações religiosas). Embora a fascinação e a subjugação possam ser a justificativa de inúmeros atos socialmente inexplicáveis na atualidade, como suicídios, homicídios, radicalismos ideológicos - político e religiosos -, a obsessão simples é a mais comum produzindo vítimas a todo momento pela vulnerabilidade mento/emocional das pessoas, distanciadas da imunidade resultante dos pensamentos equilibrados pela ligação com propostas filosófico/religiosas mais espiritualizadas. Espiritualidade hoje é definida como um clima resultante de esforços e ações no nosso mundo interior almejando a conquista e preservação do equilíbrio. A exposição à vivência predominantemente do nosso lado sensorial no liga às influências de inteligências afins com a mesma busca. Alertam algumas obras ilustradas do Espírito André Luiz, existirem algumas áreas ou formas de contágio, não imaginados pela maioria das pessoas. Alinhamos a seguir, as principais: 1 - RUA - É repositório de vibrações antagônicas, em meio de sombrios materiais psíquicos e perigosas bactérias de variada procedência, em vista da maioria dos transeuntes lançar em circulação, não só as colônias de micróbios diversos, mas também os maus pensamentos de toda ordem”. 2 - AMBIENTES  - Doméstico - “Os quadros de viciação mental, ignorância e sofrimento nos lares sem equilíbrio religioso, são muito grandes. Onde não existe organização espiritual, não há defesas  de paz de espírito. Isto é intuitivo para todos os que estimem o reto pensamento”. “Os que desencarnam em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta, neles encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantém ligados à casa, às situações domésticas e aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico”. “Os viciados nas sensações fisiológicas encontram nos elementos desintegrados pelo cozimento, o mesmo sabor que experimentavam quando em uso do envoltório carnal, já que mais de setenta porcento da alimentação comum, o encarnado capta pelos condutos respiratórios”. Casas Noturnas - “O ambiente sufocava. Desagradáveis emanações se faziam cada vez mais espessas, à medida que avançávamos. No salão principal do edifício, onde abundavam extravagantes adornos, algumas dezenas de pares dançavam, tendo as mentes absorvidas nas baixas vibrações que a atmosfera vigorosamente insuflava (...). A multidão de entidades conturbadas e viciosas que aí se movia era enorme. Os dançarinos, não bailavam sós, mas, inconscientemente, correspondiam, no ritmo açodado da musica inferior, a ridículos gestos dos companheiros irresponsáveis que lhes eram invisíveis”. 3 - Sono físico - “A determinadas horas da noite, três quartas partes da população de cada um dos hemisférios da Crosta Terrestre, se acham nas zonas de contato com o Plano Espiritual e a maior percentagem desses semi libertos do corpo, pela influência natural do sono, permanecem detidos nos círculos de baixa vibração. Neles, muitas vezes, se forjam dolorosos dramas que se desenrolam nos campos da carne. Grandes crimes tem nestes sítios as respectivas nascentes e, não fosse o trabalho ativo e constante dos Espíritos protetores que se desvelam pelos homens no labor sacrificial da caridade oculta e da educação perseverante, sob a égide do Cristo, acontecimentos mais trágicos estarreceriam as criaturas”. “Através das correntes magnéticas suscetíveis de movimentação, quando se efetua o sono dos encarnados, são mantidas obsessões inferiores, perseguições permanentes, explorações psíquicas de baixa classe, vampirismo destruidor, tentações diversas”. “Muitas vezes, a mente obsidiada arquiva ordens e avisos do obsessor durante o sono habitual, quando liberamos os próprios reflexos, sem o controle da nossa consciência de limiar, ordens e avisos que a pessoa obsessa atende, de modo quase imediato..



  

sábado, 8 de março de 2014

Dura Realidade



Durante a reunião formatada para esclarecer dúvidas com base nas informações disponibilizadas pelo Espiritismo, a senhora identificada como Psiquiatra, solicita comentário em torno do crescente número de pacientes infanto-juvenis por ela atendidos com tendências suicidas, geralmente ignoradas pelos próprios pais. Ante a exposição do fato, irrompe na memória, prognóstico feito pela Espiritualidade a Allan Kardec em manifestação de abril de 1866 e incluída na REVISTA ESPÍRITA, edição de outubro daquele ano, dizendo, entre outras coisas: -“E como se a destruição não marchasse bastante depressa, ver-se-ão os suicídios multiplicando-se numa proporção incrível, até entre crianças”. No comentário tratando das mudanças coletivas previstas para o planeta Terra, traçam um perfil dos Espíritos atrasados: “negadores da Providência Divina e de todo poder superior à Humanidade; depois, a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternais do egoísmo, do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim, a predominância do apego a tudo o que é material ”. Preveem que “persistirão em sua cegueira e sua resistência marcará o fim de seu reino por lutas terríveis. Em seu desvario, eles próprios correrão para a sua perda: impelirão à destruição, que gerará uma multidão de flagelos e calamidades, de sorte que, sem o querer, apressarão a chegada da era da renovação”. Questionando a Espiritualidade sobre aspectos da educação, Kardec foi lembrado que a predominância dos que reencarnam, são desconhecidos em sua procedência, missão e destinação, com históricos de grandes comprometimentos perante a Lei do Progresso; que cerca-los de cuidados e facilidades não basta, sendo necessário observar-lhes as tendências, procurando corrigi-las, direcionando-as para um aspecto mais construtivista. Observaram que a fase mais propícia é a infância, pois ao atingir a adolescência, características do passado se misturam aos registros do presente, tornando o jovem refratário a qualquer orientação. O que se vê na atualidade, contudo, é o contrário. Reforçam-se as tendências negativas, permite-se a vivência da indisciplina, mantem-se o Ser à margem dos assuntos da espiritualidade, esperando-se na mocidade um comportamento improvável com as condições oferecidas ao tutelado, considerando que o papel de pais e filhos é meramente circunstancial. Não se avalia também o impacto negativo da exposição excessiva às imagens de violência veiculadas pela televisão, a disponibilização de conteúdos nocivos na rede mundial conhecida como Internet, ou, simplesmente, a testemunhada no próprio lar. E nesse ambiente, o fator mais marcante: a ausência do amor. Cremos que os Espíritos reencarnados nas últimas décadas refletem considerável desenvolvimento intelectual. Esse aspecto,  desenvolvem e demonstram com facilidade. O que os traz de volta, então? Justamente a necessidade de crescimento no campo do amor. Como devolvemos à vida o que recebemos e aprendemos, consistindo o aprendizado existencial, na observação e vivência, pode-se perguntar: qual o tipo de registros predominantemente acumulados pela criança de nossos dias? Diz um axioma popular que “ninguém dá o que não tem”. Ideais suicidas em crianças e adolescentes resultam da dificuldade de compreensão e aceitação da dura realidade em meio à qual vivem. A tarefa da paternidade parece desfocada na percepção dos que a assumem. Há milhares de “órfãos de pais vivos” vivendo sob o mesmo teto. Crianças rejeitadas, abandonadas, agredidas, violentadas, exploradas sexualmente, comercializadas em vários países, expõem uma dura realidade: a Humanidade precipita-se num vazio cujos limites imprevisíveis, comprometem o seu próprio futuro. Afinal, a ignorância a respeito da significação daquilo que o Espiritismo define como educação moral (nada a ver com religião), recrudesce o egoísmo e o orgulho individual, projetando-se sobre o coletivo de forma avassaladora. E mais uma vez, ecoa a pergunta de Allan Kardec em comentário n’ LIVRO DOS ESPÍRITOS: “- Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato?

quinta-feira, 6 de março de 2014

Opiniões Importantes Sobre Comportamento

Nos números da REVISTA ESPÍRITA de agosto de 1865 e fevereiro de 1867, Allan Kardec incluiu mensagens do Espírito Lacordaire, que em sua encarnação terminada em 1861, deixou importante obra no âmbito da escola religiosa que servira como sacerdote dominicano. Diante dos textos selecionados para as edições citadas, simulamos uma entrevista virtual sobre temas muito oportunos. Vamos a ela: Como entender a religiosidade de superfície ou o convencionalismo religioso? - “Geralmente os homens são despreocupados e não creem numa religião senão por desencargo de consciência e para não rejeitar completamente suas boas e suaves preces que lhe embalaram a juventude, e que sua mãe lhes ensinou ao pé do fogo, quando a noite trazia consigo a hora de sono. Mas se esta lembrança por vezes se apresenta ao seu espírito, é, na maioria das vezes, com um sentimento de pesar que retornam a esse passado, onde as preocupações da idade madura ainda estavam enterradas na noite do futuro (..). Nem sempre se deve rejeitar como fundamentalmente mau tudo quanto parece manchado de abusos, composto de erros e sobretudo inventado à vontade, para a glória dos orgulhosos e para benefício dos interessados (...). Cabe-vos bem refletir antes de formular o vosso julgamento (...). É possível que numerosos trabalhos dos tempos antigos sejam obras vossas, realizada numa existência anterior. E a sempre presente intolerância religiosa? “A fé cega é o pior de todos os princípios! Crer com fervor num dogma qualquer, quando a sã razão se recusa aceita-lo como uma verdade, é fazer ato de nulidade e privar-se voluntariamente do mais belo de todos os dons que nos concedeu o Criador; é renunciar à liberdade de julgar, ao livre arbítrio que deve presidir a todas as coisas na medida da justiça e da razão”. O que pensar sobre os espíritas e a intolerância religiosa? – “Os Espíritas, antes de tudo, devem ser lógicos com seu ensino e não atirar pedras às instituições e às crenças de outras épocas, apenas porque são de outra época. A sociedade atual necessitou, para ser o que é, que Deus lhe concedesse, pouco a pouco a luz do saber. Não vos cabe, pois, julgar se os meios por ele empregados eram bons ou maus. Não aceitais senão o que vos parece racional e lógico”. Como nos posicionarmos diante da legenda “fora da caridade não há salvação” adotada pelo Espiritismo?  – “A caridade é o ato de nossa submissão à Lei de Deus; é o sinal de nossa grandeza moral; é a chave do Céu (...). As coisas do Espírito ou do coração, tem-se dito, tendo um preço infinitamente superior ao das coisas materiais, segue-se que consolar aflições, por boas palavras ou por sábios conselhos, vale infinitamente mais que consolar por socorros materiais (...). Tendes razão se a aflição de que falais tem uma causa moral, se encontra sua razão numa ferida do coração; mas se for a fome, o frio, uma doença, se, numa palavra, são causas materiais que foram provocadas, vossas sábias opiniões chegarão a curá-las? (...). A impossibilidade vos detém. Então como? A caridade não tem limites; é infinita como Deus, de quem emana, e não admite qualquer impossibilidade! Qual a razão das omissões ante as oportunidades de praticar a caridade? - É o egoísmo (...). Podeis enganar o mundo, conseguireis enganar momentaneamente vossa consciência, mas nunca enganareis a Deus. Em cem anos, em mil anos, aparecerás novamente na Terra; sem dúvida aí vivereis, despojados de vossa opulência presente e curvados ao peso da indigência”. Considera válido sacrificar a família em nome da caridade? – “A família, que será dela? Estamos quites com ela desde que socorremos o que se chama pobre? (...). Do momento em que reconheceis a necessidade de vos despojar pelos pobres, trata-se de fazer uma escolha e estabelecer uma hierarquia. Ora, vossas mulheres e vossos filhos são os vossos primeiros pobres; a eles deveis, pois, dar as vossas primeiras esmolas. Numa escala de valores, como ficam os filhos? - “Velais pelo futuro de vossos filhos (...). Mas não lhes ensineis jamais a viver egoisticamente e a olhar como deles tudo o que é de todos. Antes e depois deles, os autores de vossos dias, os que vos alimentaram e guardaram, os que protegeram vossos primeiros passos e guiaram vossa adolescência, vosso pai e vossa mãe, tem direito à vossa solicitude. Depois vem as almas que Deus vos deu em vossos irmãos segundo a carne; depois os amigos do coração; depois todos os pobres, a começar pelos mais miseráveis(...). Evitai sempre favorecer demasiado a uns, com exclusão dos outros. É pela partilha equitativa, ainda, que cumprireis a lei de Deus em relação aos vossos irmãos, que é a lei da solidariedade

terça-feira, 4 de março de 2014

Um Resultado Inesperado

Três anos antes de sua morte aos 77 anos, o engenheiro, matemático, coronel, pesquisador e ex-administrador da Escola Politécnica de Paris, Albert de Rochas publicou o penúltimo dos seus 18 livros: AS VIDAS SUCESSIVASdocumentos para o estudo desta questão (2002, lachâtre). A obra, segundo se conclui, não só eleva a reencarnação da condição de crença de caráter religioso ou ocultista, mas, também abre caminho para as pesquisas sobre existências passadas através da regressão de memória, hoje praticada inclusive com fins terapêuticos. Aparentemente por acaso, visto que as pesquisas de Rochas pretendiam aprofundar-se nas observações em torno do magnetismo, introduzido no início do século 19 na França por Franz Anton Mesmer. Dividido em quatro partes mais uma conclusão, o livro reúne elementos que lhe atestam a seriedade, reproduzindo no capítulo 2 da Segunda Parte, um resumo analítico das 19 experiências feitas por Rochas entre os anos de 1892 a 1910. Explica que em suas reuniões experimentais foram testemunhadas por vários convidados e que sempre tomou o cuidado de ter presente uma terceira pessoa que não corria o risco de ser influenciada - como ele talvez -, encarregada de fazer as anotações da evolução do trabalho. Revela que suas primeiras constatações relativas à regressão de memória se deram um ano depois da primeira experiência, ou seja, em 1893. A ordenação dos Casos obedece a uma cronologia, sendo que as referentes a 1892 por não terem a finalidade específica de regredir as pessoas observadas, foram colocadas no final da série. No ano de 1904, foram desenvolvidos cinco experimentos, sendo que três por completo e outros dois, com desdobramentos em anos posteriores. Um deles, identificado como o Caso número 3, contou no seu estudo com a participação do diretor da Escola de Medicina e Farmácia, Dr Bordier, materialista por educação, embora de espírito aberto para modificar suas opiniões diante da evidência dos fatos. A pessoa – chamada por ele sujet - usada para a experiência foi uma mulher de 35 anos chamada Eugénie, viúva com dois filhos, que ganhava a vida na época fazendo faxinas e que, enquanto seu marido era vivo, trabalhava numa fábrica de luvas, tendo ambos boa remuneração. De natureza apática, muito sincera, pouco curiosa, demonstrava saúde excelente. Através da aplicação de passes longitudinais,  a certa altura, vê escorrer de seus olhos uma lágrima, ouvindo dela estar com 21 anos, tendo acabado de perder um filho; noutro momento, toma o pesquisador por seu marido ante uma ação dele, informando ter 17 anos, tendo se caso recentemente. Aos 14, um grito de pavor após brusco sobressalto, viu surgirem ao seu lado os “fantasmas” da avó e de uma tia, falecidas recentemente, com dias de intervalo; aos 11 anos, faz a primeira comunhão revelando como maiores pecados, ter desobedecido a avó algumas vezes e subtraído sem autorização do bolso de seu pai uma moeda, pelo que sentiu muita vergonha mesmo após o pedido de desculpas. Aos 9 anos, revela ter perdido a mãe oito dias antes, sentindo-se muito triste, sendo enviada da cidade onde morava, para a casa do avô em Grenoble, a fim de aprender costura, tendo abandonado a escola por já saber ler, escrever e contar. Com 6 anos, frequenta a escola em Vianay e já sabe escrever bem e, com 4, toma conta da irmã menor, começando a fazer exercício gráfico-motores e a escrever as primeiras letras do alfabeto: a,e,i,o,u. Em outras sessões, ela é levada à fase de amamentação; à vida num Plano indeterminado, à uma existência anterior, identificando-se pelo nome de então, fornecendo dados sobre a família em que reencarnara. Desperta, reconstitui em sentido contrário todas as fases assinaladas, dando outros detalhes recuperados pelas perguntas formuladas. O mais surpreendente desta experiência é que de Rochas fez Eugénie envelhecer pouco a pouco. Com 37 anos ( contava 35), manifestou todos os sintomas de um parto e a vergonha deste acontecimento, pois não havia casado novamente. Isso devia passar-se em 1906, parecendo, alguns meses depois, que ela parecia afogar-se. Induzida a envelhecer mais dois anos, novos sintomas de parto, levando o pesquisador a pensar que ela divagava, provocando seu despertar. Concluindo o relato da experiência, a observação mais impressionante: tudo que ela havia predito aconteceu. Tornou-se amante de um operário de fabrica de luvas, engravidando de uma criança em 1906. Pouco depois, desesperada, joga-se no Rio Isère, sendo salva, agarrada por uma perna. Por fim, em 1909, deu à luz uma segunda vez, sobre uma das pontes do mesmo Rio Isère, onde foi tomada pelas dores do parto, retornando de suas faxinas.

domingo, 2 de março de 2014

Carnaval - As Imagens Que Não Se Vê

“As duas populações – a física e a espiritual, em perfeita sintonia – misturavam-se, sustentando-se, disputando mais largas concessões em simbiose psíquica (...). Densas nuvens de baixo teor vibratório encobriam a cidade imensa e generosa. Nos intervalos, o ruído atordoante dos instrumentos de percussão incitava ao culto bárbaro do prazer alucinante, misturando-se aos trovões galopantes enquanto os corpos pintados, semi-despidos, estorcegavam em desespero e frenesi, acompanhando o cortejo das grandes Escolas de samba, no brilho ilusório dos refletores, que se apagariam pelo amanhecer (...). Milhares de pessoas imprevidentes, estimuladas pela música frenética, pretendendo extravasar as ansiedades represadas, cediam ao império dos desejos, nas torrentes da lubricidade que as enlouquecia. A delinquência abraçava o vício, urdindo agressões, em cujas malhas se enredavam as vítimas espontâneas, que se deixavam espoliar. As mentes, em torpe comércio de interesses subalternos, haviam produzido uma psicosfera pestilenta, na qual se nutriam vibriões psíquicos, formas-pensamento de mistura com entidades perversas, viciadas e dependentes, em espetáculo pandemônico, deprimente”.(...) As condensações que pairavam no ar, pela densidade pastosa, escura, causavam mal estar. A aspiração do nevoeiro, sem dúvida produziam compreensíveis transtornos emocionais, a prazo mais dilatado com efeitos orgânicos. A população invisível ao olhar humano era acentuadamente maior, no tresvariar das fortes sensações de que se não havia haviam libertado com a morte. Disputavam-se como chacais a vampirização das vítimas inermes, telecomandadas, estimulavam a sensibilidade e as libações alcóolicas de que participavam, ingeriam drogas, que os seus comparsas físicos, verdadeiros intermediários submissos, se auspiciava. Dificilmente se poderia distinguir se os homens eram cópia rude das faces aberrantes dos desencarnados ou se estes os imitavam, tal a sintonia e o perfeito intercâmbio sustentado” (...). Grupos mascarados eram acolitados por frenéticas massas de seres espirituais voluptuosos, que se entregavam a desmandos e orgias lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno”.(...) “Podíamos registrar que muitos fantasiados haviam obtido inspiração para as suas expressões grotescas, em visitas a regiões inferiores do Além, onde encontravam larga cópia de deformidades e fantasias do horror de que padeciam os seus habitantes em punição redentora, a que se arrojavam espontaneamente”. Comentando o assunto, o  Benfeitor Bezerra de Menezes disse: -“Perdendo-se nos períodos recuados, as origens do carnaval podem ser encontradas nas bacanálias, da Grécia, quando era homenageado o deus Dionísio. Anteriormente, os trácios entregavam-se aos prazeres coletivos, como quase todos os povos antigos. Mais tarde, apresentavam-se estas festas, em Roma, como saturnália, quando se imolava uma vítima humana, adredemente escolhida, no seu infeliz caráter pagão. Depois, na Idade Média, aceitava-se com naturalidade “uma vez por ano é lícito enlouquecer”, tomando corpo, nos tempos modernos, em três ou mais dias de loucura, sob a denominação, antes, de tríduo momesco, em homenagem ao rei da alegria”..  Grande, expressiva faixa da Humanidade terrena transita entre os liames do instinto e os pródomos da razão, mais sequiosos de sensações do que ansiosos pelas emoções superiores. Natural que se permitam, nestes dias, os excessos que reprimem por todo ano, sintonizados com as Entidades que lhes são afins. É de lamentar, porém, que muitos se apresentam, nos dias normais, como discípulos de Jesus, preferindo, agora, Baco e seus assessores de orgia ao Amigo Afetuoso”. A improvisação de um Posto Avançado de Assistência Espiritual por ocasião das festividades do Carnaval, no início dos anos 80, na cidade do Rio de Janeiro sob a direção do médico espiritual Bezerra de Menezes, é o ponto de partida para as narrativas do Espírito Manuel Philomeno de Miranda, através do médium Divaldo Pereira Franco, no livro NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA (alvorada,1982). Vitimas de acidentes de transito como resultado do consumo de substâncias aditivas como álcool e drogas; da violência sexual, as repercussões de um aborto, bem com a ação da Espiritualidade nos bastidores da nossa Dimensão, são alguns dos temas/problemas que ajudam a compor um livro, altamente informativo sobre as interações entre o Plano Visível e o Plano Invisível aos nossos olhos.