As décadas e convivência com
a complexa realidade humana e com o pensamento dos Espíritos que se serviram
dele para transferir para nossa Dimensão informações importantes conferiu ao
médium Chico Xavier uma condição excepcional de sabedoria e
credibilidade. Apesar de contrariado, teve muitos dos seus comentários
arquivados e, posteriormente, preservados em livros que merecem ser consultados
para que deles extraiamos ensinamentos para nossas possíveis decisões. Pesquisando algumas dessas obras,
selecionamos alguns desses pareceres, para avaliação dos seguidores deste Blog:
1- SOBRE O PAPEL
DO BRASIL: “O Fundador do Evangelho foi crucificado.
Acredito que diante desta verdade, o Brasil não pode ter privilégios. Então devemos
esperar acontecimentos muito sérios”. (ECX) 2
- “Admitimos que a
Civilização cristã do Brasil esteja destinada a representar um papel dos mais
importantes no futuro da Humanidade. Isso, porém, depende dos brasileiros que, naturalmente, necessitam preservar o sentido
religioso da Civilização que recebemos das nossas formações evangélicas. Cremos
que deveríamos respeitar todos os templos onde o nome e o ensinamento de Jesus
estivessem acatados porque nossa tradição histórica está subordinada à
concretização dos postulados evangélicos
que Jesus nos trouxe. No
Espiritismo estamos dentro de explicações mais amplas. Somos obrigados a
reconhecer que a formação cristã do Brasil nos garante um futuro maravilhoso de
bênçãos, mas dependendo do homem”... (TS) 3-“O Terceiro
Milênio, sem dúvida, é promissor, mas, talvez, os progressos que estamos
esperando venham a acontecer daqui a 500, 700 anos. Estaremos dentro da
marca do Terceiro Milênio, não é? As coisas não vão se modificar à força do
calendário...Pelo andar da carruagem, ainda vamos ter que trabalhar
muito, saneando o nosso mundo íntimo”...(ECX) SOBRE PODER, POLÍTICA E POLÍTICOS 4 -
“Se nossos governantes tivessem amor e espírito de compreensão por seus
governados, tudo seria modificado. Mas isso teria de começar de cima. Alguém me
perguntou: -’Chico, a assistência é serviço do governo. Por que você dá
assistência?. Respondi: - “Dou assistência como a pessoa que vê a casa do
vizinho incendiada e, até que o corpo de bombeiros apareça, a casa já se
foi(...) Então, pelo menos um balde de água eu tenho que carregar, não é?”. (ECX) 5
- “Infelizmente, muitos
daqueles que nos dirigem não querem se enriquecer apenas para esta vida:
acumulam indevidamente tanto dinheiro, que nos dão a impressão de que querem
ser milionários para a Eternidade”. (O C X)“Ainda com o desvio de verbas públicas, se nos
deixássemos inspirar pelo amor que nos devemos uns aos outros, ser-nos-ia
possível erradicar a miséria e combater a ignorância”. (OCX) 6-“Devemos orar pelos políticos, pelos administradores
da vida pública. A tentação do poder é muito grande. Eu não gostaria de
estar no lugar de nenhum deles. A omissão de quem pode e não auxilia o povo é comparável
a um crime que se pratica contra a comunidade inteira. Tenho visto muitos
Espíritos dos que foram homens públicos na Terra em lastimável situação na Vida
Espiritual”.ECX) SOBRE O COMPORTAMENTO
HUMANO 7-
Essa insatisfação diante da vida, esse anseio de destaque social, econômico, de
poder, nos coloca a mercê de emoções muito fortes. Muitos dos nossos homens
públicos tiveram enfartes quando foram vítimas de determinados decretos, quando
não puderam ter tanto como estavam habituados a ter(...); não nos
educamos para viver: nos educamos para ser criaturas cada vez mais
possessivas”.(ECX) 8- “Podemos viver com menos...Há um problema no Brasil curioso. Todos
falam em crise, mas nossa comunidade adquiriu dívidas muito grandes (..). O nosso
carnaval era simples, as pessoas saiam cantando. Hoje o carnaval custa milhões.
Vão dizer que é turismo. Pode ser turismo, mas é negativo, é um dispêndio de
força e de vida humana. Depois do carnaval, aparecem as listas: tantos mortos
no sábado, no domingo, na segunda, na terça. Porque não houve tantos mortos nos
outros sábados ou nos outros domingos? Foram vítimas dos excessos a que nos
entregamos, porque não sabemos viver. Temos escolas maravilhosas, exercícios
físicos, o mundo da ginástica, que nos ajuda a conservar a saúde, as nossas
universidades, que são verdadeiros mundos da cultura...Nunca vi uma escola para
ensinar as pessoas a viver, a viver com o que tem, com o que são, com os
recursos que possam adquirir”. (ECX) 9-“As pessoas que tem vindo, com maior frequência, até
mim, queixando-se da vida, são pessoas que nunca moraram em barracos, nunca
passaram fome ou nunca estiveram doentes, sem que tivessem dinheiro para
comprar remédio”. (ECX) 10- “A violência no mundo é falta de Deus no coração”.(OCX)
Compartilhamento de informações reveladoras disponibilizadas pelo Espiritismo ampliando nosso nivel cultural
faça sua pesquisa
domingo, 29 de junho de 2014
sexta-feira, 27 de junho de 2014
ÍNDICES ALARMANTES
- “E como a destruição não
marchasse bastante depressa, ver-se-ão os suicídios multiplicando-se numa
proporção incrível, até entre as crianças”, preconizaram os Espíritos em abril
de 1866 em extensa comunicação que serviu de base para a elaboração do capítulo
18 do livro A GÊNESE. Allan Kardec a reproduz na íntegra no
número de outubro daquele ano da REVISTA
ESPÍRITA. Tudo como parte da etapa considerada como transição planetária, a
tão proclamada mudança evolutiva, iniciada em meados do século XVIII e, em pleno
andamento. A prova do acerto de tal prognóstico está refletida no resultado da
pesquisa desenvolvida pela OMS – Organização Mundial de Saúde e divulgada há um
mês, apontando o suicídio como terceira maior causa de morte de jovens na faixa
dos 10 aos 19 anos. O suicídio, abominado pela maior parte das religiões
tradicionais, encontra no Espiritismo uma visão mais racional, causada ou por
sérios transtornos psicológicos e psiquiátricos e, segundo depoimentos de
Espíritos que cederam à ideia, como induzida por influências espirituais
vigorosas. Cogitações sobre o assunto podem ser encontradas em abordagens na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas,
como as reproduzidas no número de novembro de 1858, na seção Problemas
Morais. Na verdade, duas situações foram propostas ao Espírito
São Luiz, objetivando conhecer a posição da Espiritualidade e,
naturalmente, da Doutrina Espírita sobre elas. A primeira buscava entender a aparente
contradição existente entre a atitude do indivíduo que alimenta a ideia do suicídio,
mas reage defensivamente diante de uma ameaça de morte pretendida por outra
pessoa, no caso de um assalto, por exemplo. Se a pessoa quer morrer, por que se
defende? O dirigente espiritual dos trabalhos daquele grupo de
pesquisa, explicou que o fato se dá “porque o homem tem sempre medo da morte.
Quando se suicida, está superexcitado, com a cabeça transtornada, e realiza
esse ato sem a coragem nem medo e, por assim dizer, sem ter conhecimento do que
faz; ao passo que se lhe fosse dado raciocinar não verismos tantos suicídios. O
instinto do homem o leva a defender a própria vida e, durante o tempo que
decorre entre o momento em que o seu semelhante se aproxima para o matar e o
momento em que o ato é cometido, tem ele sempre um movimento de repulsa instintiva
da morte; e este o leva a repelir esse fantasma, só apavorante para um Espírito
culpado. O homem que se suicida não experimenta tal sentimento porque se acha
cercado de Espíritos que o impelem, que o ajudam em seus desejos e lhe fazem
perder completamente a lembrança do que não seja ele mesmo, isto é, dos pais,
daqueles que o amam e de uma outra existência. Nesse momento o homem é todo
egoísmo”. Outra duvida, relacionava-se à culpa – ou não -, daquele que sem
ter a coragem deliberada de suicidar, expõe-se a riscos e perigos, como os que,
por exemplo, se propõe a lutar em guerras ideológico/políticas. Sobre
isso, o Orientador Espiritual tal indivíduo “será sempre culpado. O homem
deve seguir o impulso que lhe é dado. Seja qual for a vida que leve, é sempre
assistido por Espíritos que o conduzem e o dirigem, apesar do seu desconhecimento.
Ora, procurar agir contra seus conselhos é um crime, pois que aqueles aí estão
para nos dirigir e, quando queremos agir por nós mesmos, esses bons Espíritos
estão prontos a ajudar-nos. Entretanto, se o homem, arrastado por seu próprio
Espírito, que deixar esta vida, é abandonado; mais tarde reconhece que terá de
recomeçar uma outra existência. Para elevar-se, deve o homem ser provado. Parar
a sua ação, por um entrave em seu livre arbítrio seria ir contra Deus e, neste
caso, as provas tornar-se-iam inúteis, porque os Espíritos não cometeriam
faltas. O Espírito foi criado simples e ignorante; então, para chegar às Esferas
felizes, é necessário elevar-se em Ciência e sabedoria e, é somente na adversidade
que adquire um coração elevado e compreende a Grandeza de Deus”. Demonstrando
o aspecto democrático das reuniões, um dos participantes externou sua opinião
segundo a qual teria percebido uma contradição nas últimas palavras do Instrutor, ao dizer que o homem pode ser arrastado ao
suicídio pelos Espíritos que a isto o excitam, cedendo, portanto a um
impulso estranho. Esclarecendo a entidade afirmou “não existir contradição. Quando
disse que o homem impelido ao suicídio era cercado de Espíritos que a isto o solicitavam
não me referia aos bons Espíritos, que fazem todo esforço para o evitar; isto
deveria estar subentendido; sabemos todos que temos um anjo da grada ou, se
preferis, um guia familiar. Ora, o homem tem o seu livre arbítrio; se, a
despeito dos bons conselhos que lhe são dados, persevera nesta ideia criminosa,
ele a realiza, no que é ajudado pelos Espíritos levianos e impuros, que o cercam
e que se sentem felizes por ver que ao homem, ou Espírito encarnado, também
falta a coragem para seguir conselhos de seu bom guia, por vezes de Espíritos
de parentes mortos que o rodeiam, sobretudo em circunstâncias semelhantes”.
quarta-feira, 25 de junho de 2014
UMA PENA....
Não foram três semanas, meses
ou anos, mas três décadas. Grande parte das experiências relatadas no livro TRINTA ANOS ENTRE OS MORTOS, publicado
em 1924, pelo médico americano Dr Carl A. Wickland. Nada a ver
diretamente com o Espiritismo. Na verdade, tudo começou de forma inesperada,
quando, certa tarde, chegando em casa encontrou sua mulher experimentando súbito
mal estar, queixando-se de estranhas sensações. Quase caindo, subitamente,
mudou de comportamento, indagando do marido: - Que história é esta de me cortar?
Respondeu-lhe que não estava cortando ninguém, mas a esposa, contrariada,
insistiu: - Naturalmente que está. Você está cortando a minha perna. O Dr Wickland
lembrou-se então de estar dissecando para estudos a perna de um homem que
morrera aos 60 anos. Deduziu então estar falando o dono do cadáver,
estabelecendo com ele longa conversação. O velho não concordava de forma alguma
com aquela retaliação de suas carnes. Ao tentar fazer a esposa sentar, novo
protesto do comunicante que disse que o doutor não tinha direito de tocar-lhe o
corpo. O médico respondeu-lhe que tinha todo o direito de tocar o corpo de sua
própria esposa. – Sua esposa!. Que é que você está dizendo? Não sou mulher, sou homem!.
Foi-lhe explicado, então, que ele havia abandonado o corpo físico e que no
momento controlava o corpo da esposa do médico, e que seu cadáver se encontrava
na câmara da Escola. Após muita conversa, o Espírito entendeu sua posição,
pedindo um pouco de tabaco para mastigar, pormenor que serviu de confirmação,
pois, sua esposa detestava qualquer tipo de fumo. Posteriormente, examinando o
cadáver, o Dr Wickland verificou que ele realmente fora inveterado mastigador
de tabaco. Este o ponto de partida para as incríveis experiências desdobradas e
descritas nas páginas da obra, predominante as havidas após 1918, quando as
mesmas começaram a ser estonografadas. Diante da evidência da mediunidade
exuberante e autentica da senhora Anna Wickland, lançou-se o Dr. Carl ao original trabalho. Vale
lembrar que à época, a Medicina restringia-se à Clinica Geral e os conhecimentos sobre os problemas
psiquiátricos ainda eram insipientes. Escrevendo sobre o objetivo do trabalho a
que se consagrou por tanto tempo, o Dr. Wickland afirmou que era de “obter
segura e incontestável evidência em primeira mão acerca das condições ‘póstumas’;
pormenorizados relatos de centenas experiências, a fim de registrar a exata
situação das inteligências comunicantes”, acrescentando: - Parece
incrível que pensadores inteligentes, interessados em outros campos do
pensamento, pudessem por tão largo tempo ignorar esses fatos simples que podem
ser tão facilmente verificados. Vejamos algumas das conclusões
resultantes das observações do médico americano: 1 – O Mundo
Espiritual e o físico estão em constante interação. O Plano Espiritual não é
uma vaga intangibilidade, mas real e natural, uma vasta zona de substância
refinada, de atividade e progresso, e a vida ali é uma continuação da vida no
Mundo físico. 2 – O fenômeno
da morte ocorre de maneira tão natural e simples que grande número de pessoas,
depois de abandonarem o corpo físico, não tem consciência de que a transição se
deu e, sem conhecimento da Vida Espiritual, ficam totalmente inconscientes do
fato de haverem passado para outro estado de ser. 3 – Muitos dos que morrem ficam em estado de sonolência
pesada, outros se acham perdidos e confusos. Alguns impelidos por inclinações
egoístas ou maldosas, buscam uma evasão para as suas tendências, permanecendo
em tais condições até que esses desejos destrutivos sejam superados, quando a
alma brada por compreensão e luz e os Espíritos evoluídos conseguem alcança-los
e ajuda-los. 4 – Atraídos
pelo clarão magnético que emana dos seres encarnados e, consciente ou
inconscientemente, se ligam às suas auras encontrando dessa forma condições
para se expressarem através da influenciação, obsessão ou possessão de seres
humanos. 5 – A
influencia dessas entidades desencarnadas é a causa de muitos acontecimentos
inexplicáveis e obscuros da vida terrena e em grande parte da infelicidade do
mundo. 6 – Pureza de
vida e de motivação ou elevada intelectualidade não oferecem necessariamente
proteção contra a obsessão; a identificação e conhecimento desses problemas são
a única proteção. 7 – As forças
vitais reduzidas oferecem menor resistência aos perturbadores. 8 – A Humanidade está envolvida pela influência de
milhões de seres desencarnados que ainda não alcançaram integral compreensão
dos objetivos mais elevados da vida. O reconhecimento desse fato explica uma
grande porção de pensamentos indesejáveis, emoções, estranhos presságios,
estados de depressão, irritabilidades, impulsos desarrazoados, explosões
irracionais de temperamento, paixões incontroláveis e inúmeras outras
manifestações mentais. Lamentavelmente,
o livro, além de ignorado pela comunidade científica, permaneceu praticamente
meio século sem ser reeditado.
segunda-feira, 23 de junho de 2014
AINDA SOBRE O LIVRO DE HUMBERTO DE CAMPOS
A
obra BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO
EVANGELHO, assinada pelo Espírito do escritor Humberto de Campos,
através do médium Chico Xavier, publicada em 1938, em meio a um dos vários
conturbados momentos da política brasileira, revela-nos aspectos interessantes
sobre os registros acessados por ele no Mundo Espiritual. Um deles confirma a
informação recolhida junto aos Espíritos que auxiliaram Allan Kardec na
elaboração d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS,
segundo a qual o que observamos nessa realidade em que nos movimentamos por
alguns anos constitui-se num prolongamento da observada nas outras Dimensões do
Universo, ou como afirmado pelo físico Marcelo Gleiser na obra CRIAÇÃO IMPERFEITA (record,1910), “segundo
a Teoria das Supercordas, “mesmo que as dimensões do espaço sejam
imperceptíveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”.
Pelo que se depreende
do livro do cronista brasileiro, a opção pelo Brasil que acabaria por ser
descoberto pouco mais de um século após a reunião de avaliação sobre o estado
geral dos povos influenciados pela mensagem trazida por Jesus no início da
denominada Era Cristã, constitui-se apenas numa questão do que poderíamos
chamar de logística, assim como as bases da escola fundada na Judeia
transferiu-se para Roma, no século IV. Dentre as inusitada informações
revelações incluídas no livro, merecem reflexão: “Cada nação, como cada
indivíduo, tem sua tarefa a desempenhar no concerto dos povos e, todas têm seus
ascendentes no Mundo Invisível de onde recebem a seiva espiritual necessária à
sua formação e conservação”. Outra,
nos ajuda a entender, até certo ponto, a
proliferação da corrupção no poder: “Muitas vezes, os próprios Espíritos
que escolhemos para determinados labores terrestres não resistem à sedução do
dinheiro e da autoridade. Sentem-se traídos em suas próprias forças e se
entregam, sem resistência, ao inimigo oculto que lhes envenena o coração.
Deixai aos déspotas da Terra a liberdade de agir sob o império da sua prepotência.
Por mais que operem dentro de suas possibilidades no Plano Físico, a vitória
pertencerá sempre a Jesus”. Demonstrando que sob o ponto de Vista da
Espiritualidade, não existem obstáculos intransponíveis quando se tem um
objetivo maior e que algumas ações demandam certo tempo para se consumar, o
livro revela: “Planificações espirituais nos bastidores da evolução, convertem
o minúsculo Portugal, em berço de grandes navegadores da Antiguidade
presentes entre o povo Fenício, para que as grandes navegações, descobrissem na
busca de rota marítima para as Índias, no Oceano Atlântico, as terras a serem
incorporadas aos domínios dos povos português e espanhol, dando início à
materialização dos programas delineados na reunião de um século antes. Para cuidar do País que se formava, Jesus designa o Espírito Ismael (raiz do povo árabe)
como responsável pela construção da Pátria do seu ensinamento”. Outro ponto
interessante é o seguinte: “Deliberada a expansão das áreas habitáveis, o elemento indígena foi chamado a colaborar na edificação da pátria nova; almas bem aventuradas pelas suas
renúncias se corporificaram nas costas da África flagelada e oprimida e, juntas
a outros Espíritos em prova, formaram a falange abnegada que veio escrever na
Terra de Santa Cruz, com os seus sacrifícios e com seus sofrimentos, um dos
mais belos poemas da raça negra em favor da Humanidade”. Fala das lutas
nos bastidores da invisibilidade para manter a unidade do território
compreendido pelo Brasil, enquanto a América espanhola se fragmentou em
vários pequenos países. Revela que com a Proclamação da
República, o Brasil atinge a sua maioridade coletiva. Tal episódio é de alta significação,
pois, como informa, “uma nação que alcança sua maioridade é a responsável
legítima e direta por todos os atos comuns que pratica no concerto dos povos do
Planeta. Com isso, “separam-se o organismo político do Brasil dos
alvitres pertinentes e constantes do Mundo Espiritual, visto que à maneira dos
indivíduos, as pátrias tem, igualmente, direito à mais ampla liberdade de ação,
uma vez atingido o plano dos raciocínios próprios, ficando o Brasil político
entregue à responsabilidade própria. Se
admitirmos o Espiritismo como a revivescência do Cristianismo, apresentando uma
visão moderna e substancial da sobrevivência após a morte, da reencarnação, da influência e comunicação
através da mediunidade, da justiça expressa na Lei de Causa e Efeito,
e que em nenhum outro País sua mensagem e obras sociais nascidas da sua
inspiração se mostra tão vigorosa e atuante, é difícil
não admitir ser o Brasil a Pátria do Evangelho nessa fase que se abre para o
futuro da Humanidade.
sábado, 21 de junho de 2014
RESPONSABILIDADE MORAL
“Se um homem cometeu um crime, e se o
tiver consumado seduzido pelos conselhos perigosos de um homem que sobre aquele
exerce muita influência, a Justiça humana saberá reconhece-lo, concedendo-lhe o
benefício das circunstâncias atenuantes; irá mais longe: punirá o homem
cujos conselhos perniciosos provocaram o crime, e, mesmo sem ter contribuído de
outra maneira, este homem será mais severamente punido do que o que foi o
instrumento, porque foi seu pensamento que concebeu o crime, e sua influência
sobre um Ser fraco, que o fez executar. Se é o que fazem os homens neste caso,
diminuindo a responsabilidade do criminoso, e a partilhando com o infame que o
impeliu a cometer o crime, como queríeis que Deus, que é a mesma justiça, não fizesse
o mesmo, desde que vossa razão vos diz que é justo agir assim?”. A comparação foi utilizada pelo Espírito Louis
Nivard em mensagem psicografada em reunião da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e reproduzida na edição
de setembro
de 1867, da REVISTA ESPÍRITA.
Na verdade, procurava esclarecer ao filho – por sinal o médium de que se serviu
-, sobre a responsabilidade assumida por aquele que age sob a influência de
Espíritos desencarnados. Nivard explica: -“Assisto a todas as tuas
conversas mentais, mas sem as dirigir; teus pensamentos são emitidos em minha
presença, mas eu não os provoco. É o pressentimento dos casos, que tem alguma
chance de se apresentar, que faz surgir em ti os pensamentos adequados à
resolução das dificuldades que poderiam suscitar. Aí está o livre arbítrio; é o
exercício do Espírito encarnado, tentando resolver problemas que cria em si
mesmo. Efetivamente, se os homens só tivessem as ideias que os Espíritos lhes
inspiram, teriam pouca responsabilidade e pouco mérito; só teriam a
responsabilidade de haver escutado maus conselhos, ou o mérito de haver seguido
os bons. Ora, esta responsabilidade e este mérito evidentemente seriam menores
do que se fossem o inteiro resultado do livre-arbítrio, isto é, de atos
realizados na plenitude do exercício das faculdades do Espírito que, neste
caso, age sem qualquer solicitação. Resulta do que digo que muitas vezes o
homem tem pensamentos que lhes são essencialmente próprios, e que os cálculos a
que se entregam, os raciocínios que fazem, as conclusões a que chegam são o
resultado do exercício intelectual, ao mesmo título que o trabalho manual é o
resultado do exercício corporal. Daí não se deveria concluir que o homem não
seja assistido em seus pensamentos e em seus atos pelos Espíritos que os
cercam; muito ao contrário: os Espíritos, sejam bons ou maus, são sempre a
causa provocadora dos vossos atos e pensamentos. Mas ignorais completamente em
que circunstâncias se produz essa influência, de sorte que, agindo, julgais
fazê-lo em virtude do vosso próprio movimento: vosso livre arbítrio fica
intacto; não há diferença entre os atos que realizais sem serdes a eles
impelidos, e os que realizais sob a influência dos Espíritos, senão no grau do
mérito ou da responsabilidade. Num e noutro caso, a responsabilidade e o mérito
existem, mas, repito, não existem no mesmo grau(...). Tentando
simplificar ainda mais, Nivard acrescenta: -“Assim,
pois, quando te acontece refletir e passear tuas ideias de um a outro assunto;
quando discutes mentalmente sobre os fatos que prevês ou que já se realizaram;
quando tu analisas, quando raciocinas, quando julgas, não crês que sejam Espíritos que te ditam teus pensamentos ou
que te dirigem; eles lá estão, perto de ti, e te escutam; vem com prazer esse
exercício intelectual, ao qual te entregas; seu prazer é duplo, quando percebem
que tuas conclusões são conforme à verdade. Por vezes lhes acontece,
evidentemente, que se misturem nesse exercício quer para facilitá-lo, quer para
dar ao Espírito alguns elementos, ou lhe criar certas dificuldades, a fim de
tornar essa ginástica intelectual mais proveitosa a quem a pratica. Mas, em
geral, o homem que busca, quando entregue às suas reflexões, quase sempre age
só, sob o olhar vigilante de seu Espírito Protetor, que intervém se o caso for
bastante grave para tornar necessária sua influência”.
quinta-feira, 19 de junho de 2014
MERECE REFLEXÃO
Meses
após a instalação do chamado Estado Novo que elevou o político Getúlio
Vargas a condição de Ditador até 1945, o escritor e jornalista Humberto
de Campos transmitiu pela mediunidade de Chico Xavier o resultado
de suas pesquisas no Mundo Espiritual que revelam a destinação do Brasil
como Coração
do Mundo e Pátria do Evangelho. Hoje, até muitos espíritas ironizam o
aparentemente ufanista título do importante livro. Tal reação certamente se
deve a fatores como a não leitura da obra e, certamente, a suposta “mordomia”
da “zona
de conforto” em que a maioria gostaria de viver. Esquecem que a mensagem
do Cristo, impôs por mais de três séculos tormentos e sacrifícios inimagináveis a seus
seguidores; que, comunicada originalmente na conturbada Judeia foi transferida
para Roma, certamente por uma questão de logística daqueles que do Mundo
Espiritual conduzem a evolução coletiva dos habitantes do Planeta. Afinal, através do amplo
domínio exercido à época pelo poderoso Império - apesar de decadente - teria maiores condições de
ser disseminada para o mundo, embora como avaliado pelo Espírito Emmanuel
em mensagem psicografada pelo médium com quem trabalhava, “a Civilização
Ocidental não soube guardar as valorosas virtudes de seus antepassados,
entregando-se à sinistra embriaguez do imperialismo e da ambição,
fazendo jus às mais dolorosas expiações”. Mais perto do fim de sua jornada na recente
existência, o Espírito que se tornou conhecido como Chico Xavier, afirmou que “o
Terceiro Milênio, sem dúvida, é promissor, mas, talvez, os progressos
que estamos esperando venham a acontecer daqui a 500, 700 anos.
Estaremos dentro da marca do Terceiro Milênio, não é? As coisas não vão se
modificar à força do calendário...Pelo andar da carruagem, ainda vamos
ter que trabalhar muito, saneando o nosso mundo íntimo”. Em outra
oportunidade, afirmou admitir que “a Civilização cristã do Brasil está
destinada a representar um papel dos mais importantes no futuro da Humanidade.
Isso, porém, depende dos brasileiros que, naturalmente, necessitam
preservar o sentido religioso da Civilização que recebemos das nossas formações evangélicas. Cremos que
deveríamos respeitar todos os templos onde o nome e o ensinamento de Jesus
estivessem acatados porque nossa tradição histórica está subordinada à
concretização dos postulados evangélicos
que Jesus nos trouxe. No
Espiritismo estamos dentro de explicações mais amplas. Somos obrigados a
reconhecer que a formação cristã do Brasil nos garante um futuro maravilhoso de
bênçãos, mas dependendo do homem”... Como escreveu o historiador
inglês Robert Southey através de Chico Xavier, “sob
a luz do Cruzeiro, o pensamento do Cristo adquire nova feição. Libertado da
velha clausura dos templos de pedra, caminha ao encontro de toda a gente, em
obras de iluminação e de assistência do mais alto mérito. Em nenhum outro
país do Globo a prática do Evangelho adquiriu tão intenso movimento e
tal progresso. E, o censo realizado pelo IBGE em 2010, revelou
dados interessantes, sobre o Espiritismo no Brasil como: 14 mil Centros
Espíritas; 10 mil imóveis próprios estão espalhados pelo Brasil;
3,8 milhões de espíritas, sendo esse o terceiro maior grupo religioso do país,
representando cerca de 2% da população brasileira - equivalente a um
crescimento de 51,5% em dez anos. Sendo o Espiritismo a revivescência
da mensagem de Jesus no atual período de transição planetária,
oferece a grande número de Espíritos falidos em missões recebidas em
encarnações passadas de trabalharem para a Causa de espiritualização humana, a
oportunidade de se redimirem, embora imaginem merecer privilégios. O BRASIL É
O CORAÇÃO DO MUNDO pelas condições de relativa tranquilidade oferecidas
pelos refugiados que aqui recebem abrigo pelas vias legais. O BRASIL É A
PÁTRIA DO EVANGELHO na fase atual pela quantidade de serviços
oferecidos sob a inspiração da Mensagem do Mestre dos Mestres, como classificou
escritor especialista na vida e obra do Sublime Peregrino. Resta aos candidatos
ao título de verdadeiros Espíritas Cristãos, aplicarem a si mesmos a
recomendação do Espírito da Verdade: AMAI-VOS E INSTRUÍ-VOS!.
terça-feira, 17 de junho de 2014
MUITOS VÃO SE SURPREENDER
O
médium Chico Xavier comentou com amigos que “no Mundo
Espiritual, muita gente vai se surpreender. Lá não seremos identificados pela
importância, ou melhor, pela nossa suposta importância no mundo. Os Espíritos
nem ligam para a gente: estão ocupados, cuidando da sua própria evolução” e, em outra
ocasião que “gente há que desencarna imaginando que as portas do Mundo
Espiritual irão se lhes escancarar. Ledo engano!. Ninguém quer saber o que
fomos, o que possuíamos, que cargo ocupávamos no mundo. O que conta é a luz que
cada um já tenha conseguido fazer brilhar em si mesmo. Esse negócio de ter sido
“fulano de tal” interessa à consciência de quem foi e, na maioria das vezes, se
complicou. Os Espíritos são indiferentes
a essa coisas, quase frios aos rótulos que supervalorizamos e ao
convencionalismo – coisas que nos fazem supor o que não somos”. A
história que contaremos a seguir exemplifica bem isso. Revelou-se através dele
mesmo, em depoimento do próprio protagonista. Identificado apenas pelas
iniciais A.C., inicia sua narrativa numa reflexão/desabafo
dizendo: -“Espiritismo... Sou espírita... Fora da caridade não há
salvação... Maravilhosas palavras! Contudo, quase sempre chegamos a aperceber-lhes
o divino significado depois da morte, com o desapontamento de uma pessoa que
perdeu o trem para uma viagem importante, guardando, inutilmente, o bilhete na
mão”. Construindo um auto
retrato lembra: -“Utilizei-me de um corpo físico durante cinquenta e
cinco anos, na derradeira romagem física. Era casado, residia no Rio de
Janeiro, mantinha a esposa e duas filhas, desempenhando a função de operoso
corretor de imóveis. E era espírita à maneira de tantos... Nunca me interessei
por qualquer meditação evangélica. Não cheguei a conhecer patavina da obra de
Allan Kardec. Entretanto, intitulava-me espírita... Frequentava sessões.
Aplaudia conferencistas. Acompanhava as orações dos encarnados e as preleções
dos desencarnados, com a cabeça pendida em reverência. Todavia, encerrados os
serviços espirituais, tinha sempre afeiçoados no recinto, a quem oferecer
terras e casas, a quem vender as terras.... E o tempo foi passando. Cuidava
devotadamente do meu conforto doméstico. Meu rico dinheiro era muito bem
empregado. Casa bem posta, mesa farta, tudo de bom e do melhor.... Às vezes, um
companheiro mais persistente na fé convidava-me a atenção para o culto do
Evangelho no lar. Mas eu queria lá saber disso?... A meu ver, isso daria imenso
trabalho. Minha mulher dedicava-se a vida que lhe era própria. Minhas filhas
deveriam crescer tão livremente como desejassem, e qualquer reunião de ordem
moral, em minha casa, era indiscutivelmente um tropeço ao meu bem-estar. E o
tempo foi passando... Fui detentor de uma bronquite que me recebia a melhor
enfermagem. Era o dodói de meus dias. Se chamado a qualquer atividade de
beneficência, era ela o meu grande escolho. No verão, estimava a sombra e a
água fresca. No inverno, preferia o colchão de molas e o cobertor macio. E o
tempo foi passando.. Sessões semanais bem frequentadas... Orações bem
ouvidas... Negócios bem feitos... Aos cinquenta e cinco anos, porém, um edema
do pulmão arrebatou-me o corpo. Francamente, a surpresa foi grande. Apavorado,
compreendi que não merecia o interesse de quem quer que fosse, a não ser das entidades
galhofeiras que me solicitaram a presença em atividades criminosas que não
condiziam com a minha vocação. Entre o Centro Espírita e o lar, minha mente
conturbada passou a viver uma experiência demasiado estranha. Em casa, outros
assuntos não surgiam a meu respeito que não fossem o inventário para a
indispensável partilha dos bens. E, no Centro, as entidades elevadas e amigas
surgiam tão intensivamente ocupadas aos meus olhos que de todo não me era
possível qualquer interferência, nem mesmo para insignificante petitório. Para
ser verdadeiro, não havia cultivado a oração com sentimento e, por isso mesmo,
passei a ser uma espécie de estrangeiro em mim próprio, ilhado no meu grande
egoísmo”. O testemunho de A.C., incluído no livro VOZES
DO GRANDE ALÉM feb,1957), prossegue expondo como o “seu lar
transformou-se num refúgio e, ao mesmo tempo, num local de suplício, visto que
nos desdobramentos naturais do sono da esposa, suas tentativas de contato
resultara em reações descontroladas dela, e, quanto às, além de não registrarem
sua presença, nem em pensamento, se encontravam profundamente engolfadas na
ideia da herança”. Termina
sua dolorosa e simples experiência, com ele reafirmando “o imperativo
de sermos espíritas pelo coração e pela alma, pela vida e pelo entendimento,
pela teoria e pela prática, porque em verdade, como espíritas, à luz do
Espiritismo Cristão, podemos e devemos fazer muito na construção do sublime Bem”.
domingo, 15 de junho de 2014
O PROBLEMA DAS MISTIFICAÇÕES
Atualmente, surpreendem textos, mensagens e mesmo
livros mediúnicos com conteúdo contraditório e, até mesmo, absurdo, atribuído ao
Espírito de personalidades que, enquanto reencarnados, se destacaram no meio
social, pela sobriedade e mesmo sabedoria, demonstrado em opiniões emitidas.
Naturalmente considerando a vulnerabilidade dos médiuns, derivada da própria invigilância,
compreende-se esse efeito tão prejudicial à generalização dos princípios
revolucionários do Espiritismo. A falta de comprometimento maior com a causa e
menos com o personalismo e a presunção são fatores determinantes de tal quadro.
Um dos efeitos diretos é, sem dúvida, a mistificação, tanto do médium quanto
do Espírito comunicante. Na seção QUESTÕES
E PROBLEMAS do número de agosto de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec comenta
trecho de uma carta recebida de Locarno, Suíça, relatando experiência vivida
pelo destinatário com sua filha, muito bom médium, que teria sido instrumento para mistificações,
o que o faz indagar “por que Deus permite que os bem intencionados sejam assim enganados
pelos que os deveriam esclarecer?”. Embora a possibilidade tenha sido
prevista e analisada n’ O LIVRO DOS
MÉDIUNS, naturalmente por tratar-se de fato constatável em qualquer tempo e
lugar pelos praticantes do fenômeno mediúnico, o editor aproveita para tecer
mais alguns comentários sobre as mistificações. Escreveu ele:- “Derramando-se
o mundo corpóreo, pela morte no Mundo Espiritual, e o Mundo Espiritual
derramando-se no mundo corpóreo pela encarnação, daí resulta que a população
normal do espaço que rodeia a Terra é composta de Espírito provenientes da
Humanidade terrena; sendo esta Humanidade uma das mais imperfeitas, não pode
dar senão produtos imperfeitos. Eis a razão por que em torno dela pululam os
maus Espíritos. Pela mesma razão, nos Mundos mais
adiantados, onde o Bem reina sem partilha, só há Espíritos bons. Admitindo
isto, compreender-se-á que a intromissão, tão frequente, dos maus Espíritos nas
relações mediúnicas, é inerente à inferioridade do nosso Globo; corre-se o
risco de ser vítima dos Espíritos enganadores, como num País de ladrões o de
ser roubado. Não se poderia, também, perguntar por que Deus permite que pessoas
honestas sejam despojadas por ladrões, vítimas da malevolência, expostas a toda
sorte de misérias? Perguntai antes por que estais na Terra; e vos será
respondido que é porque não merecestes um lugar melhor, salvo os Espíritos que
aqui estão em missão. É preciso, pois, sofrer-lhe as consequências e fazer
esforços para dele sair o mais cedo possível. Enquanto se espera, é necessário
esforçar-se por se preservar dos assaltos dos maus Espíritos, que só se
consegue fechando-lhes todas as entradas que lhes poderiam dar acesso em nossa
alma, a eles se impondo pela superioridade moral, a coragem, a perseverança e
uma fé inquebrantável na proteção de Deus e dos Bons Espíritos, no futuro que é
tudo, ao passo que o presente nada é. Mas como ninguém é perfeito na Terra,
ninguém se pode gabar, sem orgulho, de estar ao abrigo de suas malícias de
maneira absoluta. Sem dúvida a pureza de intenções é muito; é o caminho que
conduz à perfeição, mas não é a perfeição e, ainda, pode haver, no fundo da
alma, algum velho fermento. Eis por que não é ele o único médium que tenha sido
mais ou menos enganado. Diz-nos a simples razão que os Bons Espíritos não podem
fazer senão o Bem, pois, do contrário, não seriam bons e que o mal não pode vir
senão de Espíritos imperfeitos. Assim, as mistificações não podem ser senão de
Espíritos levianos ou mentirosos, que abusam da credulidade e, muitas vezes,
exploram o orgulho, a vaidade e outras paixões. Tais mistificações tem o
objetivo de por à prova a perseverança, a firmeza na fé e exercitar o
julgamento. Se os bons Espíritos as permitem em certas ocasiões, não é por
impotência de sua parte, mas para nos deixar o mérito da luta. A experiência
que se adquire às suas custas sendo a mais proveitosa, se a coragem faltar, é
uma prova de fraqueza, que nos deixa à mercê dos maus Espíritos. Os Bons
Espíritos velam por nós, assistem-nos e nos ajudam, mas com a condição que nos
ajudemos a nós mesmos. O homem está na Terra para a luta: precisa vencer para
dela sair; senão, nela ficará”.
sexta-feira, 13 de junho de 2014
SENTIMOS FOME ?
Admitindo-se
como verdadeira a visão proposta pelo Espiritismo sobre a continuidade da vida,
dizendo-a mera continuação desta que desfrutamos, falando sobre tratamentos
hospitalares; sobre organizações beneméritas ou criminosas; sobre regiões de
confinamento e sofrimento; como encarar, por exemplo, a questão da alimentação,
das dependências químicas, a que os indivíduos se prendem no tempo de
permanência no corpo chamado físico? Se sentimos fome ou necessidade da
satisfação das transtornantes sensações dos vícios, como as suprimos? Allan
Kardec, em manifestação ocorrida na Sociedade Espírita de Paris,
ouvira depoimento emocionado do Espírito do padre Bizet, morto aos 47 anos,
em virtude de incansável atuação durante epidemia de cólera agravada pela fome
na região de Sétif, Bélgica, e, que, descrevendo seus
primeiros momentos no despertar no Plano Espiritual, diz ter tido
sob os olhos o atroz espetáculo da fome entre os Espíritos. Mortos nas torturas
da fome, ainda procurando em vão satisfazer uma necessidade imaginária, lutando
uns contra os outros para arrancar um pedaço de comida que se esconde nas mãos,
se entre rasgando e, se assim posso dizer, se entredevorando; uma cena
horrível, pavorosa, ultrapassando tudo quanto a imaginação humana pode conceber”.
Indagado sobre a situação após a morte física das pessoas que não foram
más e que também não se interessaram pelo conhecimento das coisas espirituais
durante a vida física, Chico Xavier respondeu que “oitenta
por cento das criaturas que desencarnam, voltam-se para a retaguarda sem
condições de ascenderem aos planos elevados. Apenas vinte por cento gravitam
para os Planos mais altos. A maioria delas, portanto, fica vinculada aos
familiares e amigos”. Isso nos faz lembrar cena descrita pelo Espírito André
Luiz em seu livro MISSIONÁRIOS
DA LUZ (1945, feb), psicografado pelo médium mineiro, na qual, acompanhando
o Instrutor Alexandre, visitam a casa de uma viúva, localizada em rua modesta
e, que embora relativamente confortável, parecia habitada por muitas entidades
de condição inferior, o que observou sem dificuldade, pelo movimento de
entradas e saídas, antes mesmo da penetração deles no ambiente doméstico, o que
aconteceu sem que os desencarnados infelizes identificassem a presença dos
visitantes, em virtude do baixo padrão vibratório que lhes caracterizava as
percepções. Relata André Luiz que a família, constituída
da viúva,
três filhos e um casal de velhos, permanecia à mesa de refeições, no almoço
muito simples, observando um fato até então inédito para ele: seis entidades
envolvidas em círculos escuros acompanhavam-nos ao repasto, como se estivessem tomando
alimentos por absorção. Aturdido, questionando o Instrutor, ouve
dele que os quadros de viciação mental e
sofrimento nos lares sem equilíbrio religioso, são muito grandes. Onde não existe
organização espiritual, não há defesas da paz de espírito, o que é intuitivo para
todos os que estimem o pensamento reto. Acrescenta que “os
que desencarnam em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta,
neles encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantêm ligados à casa, às
situações domésticas e aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a
parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico”.
A propósito da satisfação das entidades ali congregadas, absorvendo
gostosamente as emanações dos pratos fumegantes, ouviu de Alexandre a contra
pergunta: - Tanta admiração somente por vê-los tomando alimentos pelas narinas? E
nós outros? Desconhece você, porventura, que o próprio homem encarnado
recebe mais de setenta por cento da alimentação comum através dos princípios
atmosféricos, captados pelos condutos respiratórios? Você não ignora também
que as substâncias cozidas ao fogo sofrem profunda desintegração. Ora, nossos
irmãos, viciados nas sensações fisiológicas, encontram nos elementos
desintegrados o mesmo sabor que experimentavam quando em uso no envoltório
carnal. Opinando considerar desagradável tomar refeições na companhia
de desconhecidos, mormente da espécie ali observada, o Benfeitor esclareceu “não
se tratar de gente anônima, mas sim familiares diversos, que os próprios
encarnados retêm com suas pesadas vibrações de apego doentio. Admitindo-se
a hipótese que a mesa doméstica estivesse rodeada de entidades indignas,
estranhas aos laços consanguíneos, resta a certeza de que obedecem às
tendências que lhes são características e à circunstância de que cada Espírito
tem as companhias que prefere”. Pondera que “a mesa familiar é sempre um
receptáculo de influencias de natureza invisível. Valendo-se dela, medite o
homem no Bem, e os trabalhadores espirituais, nas vizinhanças do pensador,
virão partilhar-lhe o serviço no campo abençoado dos bons pensamentos (...).
Entretanto, pelos mesmos dispositivos da Lei da Afinidade, a maledicência
atrairá os caluniadores invisíveis e a ironia buscará, sem dúvida, as entidades
galhofeiras e sarcásticas, que inspirarão o anedotário menos digno, deixando
margem vastíssima à leviandade e à perturbação (...). É o vampirismo recíproco”.
quarta-feira, 11 de junho de 2014
COLHEITA OBRIGATÓRIA
Explica Allan Kardec que “um
indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família
renascem juntos para constituir uma família nova noutra posição social, a fim
de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos. Por
considerações de ordem mais geral, a criatura renasce no mesmo meio, na mesma
nação, na mesma raça, quer por simpatia, quer para continuar, com os elementos
já elaborados, estudos começados, para se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos
encetados e que a brevidade da vida não lhe permitiu acabar. A reencarnação no
mesmo meio é a causa determinante do caráter distintivo dos povos e das raças.
Embora melhorando-se, os indivíduos conservam o matiz primário, até que o
progresso os haja completamente transformado”. Acrescenta que “os
Espíritos se esclarecem pela experiência; o infortúnio é o estimulante que os impele
a procurar um remédio para o mal; na erraticidade (passagem pelo Mundo
Espiritual), refletem, tomam novas resoluções e, quando voltam, fazem coisa melhor.
É assim que, de geração em geração, o progresso se efetua”.
Acrescendo-se a isso a total ignorância sobre o assunto dominante na Humanidade
terrena, o baixíssimo nível de aproveitamento espiritual de uma existência em
que apenas um terço do tempo disponível numa encarnação é objetivamente
aproveitado já que um terço é dispendido no refazimento diário através do sono físico das energias gastas no estado de vigília, e, outro terço representa o
desenvolvimento à vida adulta, deduz-se ser lento o trabalho de harmonização
entre os Espíritos interligados por transgressões à LEI DE CAUSA E EFEITO. Exemplo
interessante, encontramos no excelente livro A PSIQUIATRIA EM FACE DA REENCARNAÇÃO, uma das poucas escritas pelo
psiquiatra Inácio Ferreira enquanto encarnado. Como se sabe, ele foi um dos precursores da terapia desobsessiva, introduzida nos tratamentos
ministrados no Sanatório Espírita de Uberaba do qual foi diretor clínico por
várias décadas desde sua fundação por iniciativa da extraordinária médium Maria
Modesto Cravo. Vamos ao caso, cujo conhecimento chegou ao Dr Inácio
através de uma carta da família. EFEITO - Médico, diretor clínico de hospital especializado em recuperação de viciados,
casado, pai de três filhos, dois homens e uma mulher. No primeiro ano de vida
conjugal, experimentou um relacionamento marcado por brigas, discussões,
crises, insatisfação, em face do ciúme doentio e desconfiança da esposa, o que
foi atenuado pelo nascimento do primeiro filho. Logo, nasce o segundo. Mais
tarde, numa fase em que esboçava a dissolução do lar, mantendo-se desanimado e
abatido psiquicamente, o que o impedia de desempenhar com eficiência seu
trabalho, nasce a filha, que representaria o escudo amortecendo os choques
resultantes da perseguição da esposa, as brigas e desentendimentos entre os
irmãos, além do comportamento do mais velho que, mimado pela mãe, começava, às
escondidas uma vida de desregramentos e orgias. CAUSA - Suas
desventuras atuais originaram-se duas existências antes, quando levando uma
vida nômade, em meio às suas viagens, conhece numa vila de pescadores na
Noruega, uma órfã com a qual passa a conviver por dois anos, até abandoná-la no
Porto de Marselha, já em estado de gestação. Na encarnação seguinte, nos
Estados Unidos, em meio a muitas dificuldades, forma-se médico, casando-se com
a mesma que lhe fora esposa na vida anterior, tendo iniciadas as torturas após
o consórcio, com a cisma exacerbada da mulher abandonada no passado, até que
ela foge com outro, levando a filha resultante de sua união com ele. Combalido,
sentindo-se o maior dos sofredores, envolveu-se no tráfico de entorpecentes,
integrando-se de corpo e alma no
comércio de tóxicos. Rebelando-se um dia por questões comerciais, foi
apunhalado por um dos comparsas, morrendo em consequência dos ferimentos.
Desencarnado, sentiu o peso da sua culpa e o horror de suas contraditórias
atividades – como médico, restituindo a saúde, e, como traficante, espalhando
desventuras, misérias, esfacelando vidas e lares, mantendo-se firme no
propósito de numa nova reencarnação ressarcir o mal que havia espalhado,
disposto a, novamente como médico, amparar os infelizes que se entregam as
dependências químicas. Reconduzido à nova vida, após brilhante curso, já
integrado na nova missão, casa-se com a mesma companheira que numa existência ,
havia abandonado e, noutra, fora por ela abandonado. Assim sendo, a esposa de hoje é a mesma de ontem; o
primeiro filho, aquele pelo qual a esposa o abandonara
na vida pregressa; o segundo, o que o prostrara a punhaladas e a filha, aquela
que desprezara ao abandonar a mãe em Marselha e que havia, na vida seguinte,
trabalhado como enfermeira- auxiliar no hospital no qual clinicara nos Estados
Unidos e que o assistiu no momento da morte.
segunda-feira, 9 de junho de 2014
PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL - ENTENDA COMO ACONTECE
Insistem
vários textos elaborados por estudiosos da questão da obsessão quanto à
gravidade do problema nos dias atuais, apontando-a como fator determinante de
muitas das violências, suicídios, depressões que engrossam estatísticas atormentadoras
da sociedade humana. Ignorado pelo maioria das pessoas que se mantem
demasiadamente focadas nas atividades dessa Dimensão em que momentânea e
presentemente vivemos, o fato é que a origem de muitos desses eventos está na
influência exercida pelos Espíritos desencarnados, conforme revelação
resultante da resposta à questão 459 d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS. No número de dezembro de 1862, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz
interessante estudo por ele desenvolvido, de onde destacamos alguns tópicos que
didaticamente facilitam a compreensão do problema: 1- O primeiro ponto que importa bem
se compenetrar é da natureza dos Espíritos, do ponto de vista moral. Não sendo
os Espíritos senão as almas dos homens, e não sendo bons todos os homens, não é
racional admitir-se que o Espírito de um perverso de súbito se transforme (...).
Mostram-nos as relações com o Mundo Invisível, ao lado de Espíritos sublimes de
sabedoria e conhecimento, outros ignóbeis, ainda com todos os vícios e paixões
da Humanidade. Após a morte, a alma de um homem de Bem será um bom Espírito; do
mesmo modo, encarnando-se um bom Espírito será um homem de Bem. Pela mesma
razão, ao morrer, um homem perverso dará um Espírito perverso ao Mundo
Invisível. E, assim, enquanto o Espírito não se houver depurado ou
experimentado o desejo de melhorar. 2- Sendo a Terra um mundo inferior, isto é, pouco adiantado, resulta que a
imensa maioria dos Espíritos que a povoam, tanto no estado errante, quanto,
encarnados, deve compor-se de Espíritos imperfeitos, que fazem mais mal que
bem. Daí a predominância do mal na Terra. 3- É, pois, necessário imaginar-se o Mundo Invisível
como formando uma população inumerável, compacta, por assim dizer, envolvendo a
Terra e se agitando no espaço. É uma espécie de atmosfera moral, da qual os
Espíritos encarnados ocupam a parte inferior, onde se agitam como num vaso.
Ora, assim como o ar das partes baixas é pesado e malsão, esse ar moral é
também malsão, por que corrompido pelas emanações dos Espíritos impuros. Para
resistir a isso são necessários temperamentos morais dotados de grande vigor. 4- Sabemos que os Espíritos são revestidos de um
envoltório vaporoso, que lhes forma um verdadeiro corpo fluídico, ao qual damos
o nome de períspirito, e cujos elementos são tirados do Fluido Universal ou
cósmico, princípio de todas as coisas (...). Esse períspirito não é confinado
no corpo como numa caixa. Por sua natureza fluídica, ele irradia exteriormente
e forma em torno do corpo uma espécie de atmosfera, como vapor que dele se
desprende (...). O períspirito é impregnado das qualidades, ou seja, do
pensamento do Espírito e irradia tais qualidades em torno do corpo. 5- O fluido perispiritual
é, pois, acionado pelo Espírito. Se por sua vontade, o Espírito, por assim
dizer, dardeja raios sobre outro indivíduo, os raios o penetram. Daí a ação
magnética mais ou menos poderosa, conforme a vontade, mais ou menos benfazeja,
conforme sejam os raios de natureza melhor ou pior, mais ou menos vivificante
(..). Aquilo que pode fazer um Espírito encarnado, dardejando seu próprio
fluido sobre uma pessoa, pode, igualmente, fazê-lo um desencarnado. 6- Credes que os maus Espíritos, que pululam no meio humano, esperam ser
chamados, a fim de exercerem sua influência perniciosa? Desde que os Espíritos
existiram em todos os tempos, em todos os tempos representaram o mesmo papel,
pois isto está na natureza. E a prova é o grande número de pessoas obsedadas,
ou possessas, se quiserdes, antes que se cogitasse de Espiritismo e de médiuns.
A ação dos Espíritos, bons ou maus, é, pois, espontânea. A dos maus produz uma
porção de perturbações na economia moral e mesmo física e que, por ignorância
da verdadeira causa, são atribuídas a coisas erradas. Os maus Espíritos são
inimigos invisíveis, tanto mais perigosos quanto não se suspeitava de sua ação.
Pondo-os a descoberto, o Espiritismo vem revelar uma nova causa de certos males
da Humanidade. 7- O Espiritismo não atraiu os maus Espíritos:
descobriu-os e forneceu os meios de lhes paralisar a ação e, consequentemente,
os afastar. Ele não trouxe o mal, pois este sempre existiu. Ao contrário,
trouxe o remédio ao mal, mostrando-lhe as causas. Uma vez reconhecida a ação do
Mundo Invisível, ter-se-á a chave de uma porção de fenômenos incompreendidos e
a ciência, enriquecida com esta nova Lei, verá novos horizontes abertos à sua
frente.
sábado, 7 de junho de 2014
O OUTRO LADO DA QUESTÃO
Afirma
a Ciência que três segundos é o tempo que uma informação leva para ser
arquivada em nossa memória e que esta é quem orienta nossas ações. A propósito
da memória Allan Kardec escreveu que no início de sua caminhada evolutiva,
“limitado
em suas ideias e aspirações, tendo circunscrito seus horizontes, o homem
precisa gravar todas as coisas e identifica-las, a fim de guardar delas
apreciável lembrança e basear seus estudos nos dados que haja reunido. Pelo
sentido da visão foi que lhe vieram as primeiras noções do conhecimento. Foi a
imagem de um objeto que lhe ensinou a existência desse objeto. Quando conheceu
muitos objetos, tirou deduções das impressões diferentes que eles lhe produziam
no íntimo do Ser, fixou na inteligência a quintessência deles por meio do
fenômeno da memória. Ora, que é a memória, senão uma espécie de álbum mais ou
menos volumoso, que se folheia para encontrar de novo as ideias apagadas e
reconstituir os acontecimentos que se foram? Esse álbum tem marcas nos pontos
capitais. De alguns fatos o individuo imediatamente se recorda; para
recordar-se de outros, é-lhe necessário folhear por longo tempo o álbum. A
memória é como um livro!. Aquele em que lemos algumas passagens facilmente
nô-las apresenta aos olhos; as folhas virgens ou raramente perlustradas tem que
ser folheadas uma a uma, para que consigamos reconstituir um fato sobre o qual
pouco tenhamos demorado a atenção. Quando o Espírito encarnado se lembra, sua
memória lhe apresenta, de certo modo, a fotografia do fato que ele procura”.
Essa dinâmica está amplia-se quando considerada a realidade da influência
dos Espíritos em nossos pensamentos e atos, como revela a questão
459 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, pois,
segundo pondera Allan Kardec, “em geral, os encarnados que nos cercam nada
veem; o álbum se acha em lugar inacessível ao olhar deles; mas os Espíritos o
veem e folheiam conosco. Em dadas
circunstâncias, podem mesmo, deliberadamente, ajudar a nossa pesquisa,
ou perturbá-la. O que se produz de um encarnado para um desencarnado também se
verifica do desencarnado para o vidente. Quando se evoca a lembrança de certos
fatos da existência de um Espírito, apresentasse-lhe a fotografia desses fatos;
e o vidente, cuja situação espiritual é análoga à do Espírito livre, vê como
ele e, até, em determinadas circunstâncias, vê o que o Espírito não vê por si
mesmo, tal como um desencarnado pode folhear a memória de um encarnado, sem que
este tenha disso consciência e lembrar-lhe fatos de há muito esquecidos. Quanto
aos pensamentos abstratos, por isso mesmo que existem, tomam corpo para
impressionar o cérebro; tem de agir naturalmente sobre este e, de certo modo,
gravar-se nele. Ainda neste caso, como no primeiro, parece perfeita a semelhança
entre os fatos da Terra e do espaço”. Entendido este ponto, Kardec
acrescenta: “Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre aqueles
outros como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento como o ar nos
traz o som. Pode-se, pois, dizer, com verdade, que há ondas nos fluidos e
radiações de pensamento, que se cruzam sem se confundirem, como há, no ar,
ondas e radiações sonoras. Ainda mais: criando imagens fluídicas, o
pensamento se reflete no envoltório perispirítico como num espelho, ou, então,
como essas imagens de objetos terrestres que se refletem nos vapores do ar,
tomando aí um corpo e, de certo modo, fotografando-se (...). É assim que
os mais secretos movimentos da alma repercutem no invólucro fluídico. É assim
que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível
aos olhos corporais. Estes veem as impressões interiores que se refletem nos
traços fisionômicos: a cólera, a alegria, a tristeza; a alma, porém, vê nos
traços da alma os pensamentos que não se exteriorizam”. Salienta Kardec
que “embora
vendo a intenção e pressentindo a execução do ato consequente, não pode
determinar o momento em que será executado; seus pormenores; nem afirmar que pode
se realizar; por estar sujeito a: 1- circunstâncias posteriores;
2- ao livre arbítrio da pessoa
e, 3- acima de tudo, a uma
Vontade Superior que pode, em sua sabedoria, permitir-lhe a revelação ou impedi-la;
caso em que um véu impenetrável é lançado sobre a mais perspicaz percepção
psíquica”.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
O ESPIRITISMO EXPLICA
Muitas
pessoas já passaram pela experiência: alguém nunca antes visto, se aproxima e começa
a falar sobre você, a respeito de fatos passados, presentes ou futuros, somente
de seu conhecimento, amenizando a angústia que sentia a respeito de problema
que vivias, ou prevenindo-o sobre a ocorrência de acontecimento não cogitado.
Foi, sem dúvida, uma experiência marcante. Algumas vezes, isso aconteceu através
de pessoa que você sabia ser médium. O fenômeno evasivamente justificado como ‘dom’,
é explicado pelo Espiritismo, em artigo de Allan Kardec. Diz ele: -“O
fluido cósmico (a matéria básica de tudo que chamamos Criação), conquanto
emane de uma fonte universal, se individualiza, por assim dizer, em cada Ser e
adquire propriedades características, que permitem distingui-lo de todos os
outros. Nem mesmo a morte apaga esses caracteres de individualização, que
persistem por longos anos após a cessação da vida, coisa de que já pudemos
convencer-nos. Cada um de nós tem, pois, o seu fluido próprio, que nos envolve e
acompanha em todos os movimentos, como a atmosfera acompanha cada planeta. É
muito variável a extensão da irradiação dessas atmosferas individuais.
Achando-se o Espírito em estado de absoluto repouso, pode essa irradiação ficar
circunscrita nos limites de alguns passos; mas, atuando a vontade, pode
alcançar distâncias infinitas. A vontade como que dilata o fluido, do mesmo
modo que o calor dilata os gases. As diferentes atmosferas individuais se
entrecruzam e misturam, sem jamais se confundirem, exatamente como as ondas
sonoras que se conservam distintas, a despeito da imensidade de sons que
simultaneamente abalam o ar. Pode-se, por conseguinte, dizer que cada indivíduo
é centro de uma onda fluídica, cuja extensão se acha em elação com a força da
vontade, do mesmo modo que cada ponto vibrante é centro de uma onda sonora,
cuja extensão está na razão propulsora do fluido, como o choque é a causa de vibração
do ar e propulsor das ondas sonoras. Das qualidades peculiares a cada fluido
resulta uma espécie de harmonia ou não entre eles, uma tendência a se unirem ou
repelirem, uma atração ou repulsão, numa palavra: as simpatias ou antipatias
que se experimentam, muitas vezes sem manifestas causas determinantes. Se nos
colocamos na esfera de atividade de um indivíduo, sua presença não rao se nos
revela pela impressão agradável ou desagradável eu nos produz seu fluido. Se
estamos entre pessoas de cujos sentimentos não partilhamos, cujos fluidos não
se harmonizam com os nossos, penosa reação entra a oprimir-nos e sentimo-nos como
nota dissonante num concerto. Se, ao contrário, muitos indivíduos se acham
reunidos em comunhão de vistas e de intenções, os sentimentos de cada um se
exaltam na proporção mesma da massa das forças atuantes. Quem não conhece a
força de arrastamento que domina as aglomerações onde há homogeneidade de
pensamentos e vontades? Ninguém pode imaginar a quantas influências estamos
assim submetidos, à nossa revelia. Não podem essas influências ser a causa
determinante de certas ideias, dessas ideias que em dado momento se nos tornam
comuns e a outras pessoas, desses pressentimentos que nos levam a dizer: paira
alguma coisa no ar, pressagiando tal ou tal acontecimento? Enfim, certas sensações
indefiníveis de bem ou mal estar moral, de alegria ou tristeza, não serão
efeitos da reação do meio fluídico em que nos encontramos, dos eflúvios simpáticos
ou antipáticos que recebemos e que nos envolvem como as emanações de um corpo
odorífico?”. O raciocínio de Kardec evolui, com ele afirmando que
“em
nos movimentando, cada um de nós leva consigo nossa atmosfera fluídica, como o
caracol leva sua concha, fluido que deixa vestígios de nossa passagem; um com
sulco luminoso, inacessível aos nossos sentidos, no estado de vigília, mas que
serve para que os sonâmbulos, os videntes e os Espíritos desencarnados
reconstituam os fatos ocorridos e examinem os moveis que os ocasionaram”.
Acrescenta que “toda ação física ou moral, patente ou oculta, de um Ser sobre si mesmo,
ou sobre outro, pressupõe, de um lado, uma força atuante e, de outro, uma
sensibilidade passiva. Em todas as coisas, duas forças iguais se neutralizam e
a fraqueza cede à força. Ora, não sendo todos os homens dotados da mesma
energia fluídica, ou, por outra, não tendo o fluido perispirítico em todos, a
mesma potência ativa, explicado fica por que, nuns, essa potência é quase
irresistível, ao passo que, noutros, é nula; porque algumas pessoas são mais
acessíveis à sua ação, enquanto que outras lhe são refratárias”.
terça-feira, 3 de junho de 2014
KARDEC E OS CENTROS GRANDES
Indiscutivelmente, o
Centro Espírita cumpre importante papel na divulgação do Espiritismo. Por ser
ele uma proposta de interpretações livres, apesar da aparente
institucionalização do movimento em torno das ideias em federações – ou
similares - estaduais ou na nacional a que, hipoteticamente, as demais estariam
subordinadas, essa dinâmica não funciona dessa forma. O impulso derivado das
duas aparições de Chico Xavier em programas de televisão no ano de 1971, marcos de audiência nas pesquisas da época, resultou no surgimento de inúmeros Centros
Espíritas, em cidades e regiões em que as atividades práticas inspiradas na
Doutrina Espírita, aconteciam em garagens ou salas de visita da residência de
seguidores. Consequentemente, algumas dessas instituições foram ampliando
atividades e absorvendo trabalhadores transformando as Casas em polos de
assistência espiritual e material através de departamentos ou setores de
assistência social. Grupos grandes, contudo, dão origem a outros problemas
associados à imperfeições humanas como a vaidade, o egoísmo, observados nos “donos”
de áreas onde se desdobram atividades importantes no atendimento das
necessidades humanas. Deserções, intrigas, disputas internas, não são incomuns
em situações como estas. Curiosamente na edição de outubro de 1861, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec registrou sua opinião sobre tal situação. Atendia
a consulta de espíritas da cidade de Lyon, durante discurso em banquete organizado
um ano antes, em 19 de setembro de 1860, para homenageá-lo. Esquivando-se dos
elogios a ele dirigidos, creditando o valor que viam nele ao próprio
Espiritismo, entre as considerações importantes emitidas, diz haver “três
categorias de adeptos do movimento nascente: os que se limitam a acreditar na
realidade das manifestações e que antes, de mais nada, buscam os fenômenos.
Para estes o Espiritismo é simplesmente uma série de fatos mais ou menos
importantes. O segundo dos que veem mais que os fatos. Compreendem seu alcance
filosófico; admiram a moral dele decorrente, mas não a praticam. Para eles, a
caridade cristã é uma bela máxima, eis tudo. Os terceiros, enfim, não se
contentam em admirar a moral: praticam-na e aceitam todas as suas
consequências. Bem convencidos de que a existência terrena é uma prova
passageira, buscam tirar proveito desses curtos instantes para marchar na via
do progresso que lhes traçam os Espíritos, esforçam-se por fazer o Bem e
reprimir suas inclinações más. Suas relações são sempre seguras, porque suas
convicções os afastam de todo pensamento do mal. Em tudo, a caridade lhe é
regra de conduta. Estes são os verdadeiros Espíritas, ou melhor, os Espíritas
cristãos”. Prevenindo que seu parecer não passava de opinião pessoal,
passível da ponderação de cada um, a propósito da intenção dos
anfitriões de formar uma grande sociedade, acrescentou: -“Sabe-se que as melhores
comunicações são obtidas em reuniões pouco numerosas, nas quais reina a
harmonia e uma comunhão de sentimentos. Ora, quanto maior for o número, tanto
mais difícil será a obtenção dessa homogeneidade (...). Ao contrário, os
pequenos grupos serão sempre mais homogêneos. Todos se conhecem melhor, estão
mais em família, e podem ser melhor admitidos aqueles de desejamos. E como em
definitivo, todos tendem para um mesmo fim, podem entender-se perfeitamente e
entender-se-ão tanto melhor quanto não haja aquela discordância incessante, que
é incompatível com o recolhimento e a concentração de espírito. Os maus
Espíritos, que buscam incessantemente semear a discórdia, irritando
suscetibilidades, terão sempre menos domínio num pequeno grupo do que num meio
numeroso e heterogêneo. Numa palavra, a unidade de vistas e de sentimento será
aí mais fácil de se estabelecer”. Pondera que “a multiplicidade de grupos tem
outra vantagem: a de obter uma variedade muito maior de comunicações, pela
diversidade de aptidões dos médiuns. Que essas reuniões parciais comuniquem
reciprocamente o que elas obtem, cada uma por seu lado, e todas aproveitarão
assim os seus mútuos trabalhos (...). Do ponto de vista da propaganda – é ainda
um fato certo – não é nas grandes reuniões que os neófitos podem colher
elementos de convicção, mas bem na intimidade. Há, pois, um duplo motivo para
preferir os pequenos grupos, que se podem multiplicar ao infinito. Ora, vinte
grupos de dez pessoas, por exemplo, inquestionavelmente obterão mais e farão mais
prosélitos que uma reunião única de duzentas pessoas. Falei, a pouco, das
divergências que podem surgir, e disse que estas não devem criar obstáculos ao
perfeito entendimento entre os Centros. Com efeito, essas divergências só podem
dar-se nos detalhes e não sobre o fundo. O objetivo é o mesmo: o melhoramento
moral; o meio é o mesmo: o ensinamento dado pelos Espírito
domingo, 1 de junho de 2014
O QUE VEM DEPOIS
Pronunciando-se sobre os
maiores percalços para a expansão da Doutrina Espírita em entrevista efetuada
pelo Espírito André Luiz, o também Espírito Gabriel Delanne, - o menino
precoce filho de médiuns da Sociedade Espírita de Paris que se
tornou importante pesquisador e divulgador do Espiritismo -, avalia que “os
maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles que
reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou
indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções
da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das esferas inferiores,
de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a
ridicularizá-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto
dos quais encontramos as demonstrações improdutivas, as histórias fantásticas,
o anedotário deprimente e os filmes de terror”. O final do século 20 e
início do 21, confirmam isso. A quantidade de títulos disponíveis somente nos
catálogos de livros espíritas é espantosa. Os da área espiritualista, nem se
fale. As produções de livros e filmes tendo como personagens zumbis, vampiros,
figuras grotescas procedentes de outros universos, polarizam a atenção de
milhares de pessoas, sobretudo jovens, certamente, restabelecendo conexões com
regiões astrais, durante o sono físico,ou outrora frequentadas na condição de desencarnados. Embora a
culpa parcial pela não resistência ante estes“chamamentos”, a responsabilidade
maior recairá sobre os que canalizam tais imagens para nossa Dimensão. O
retorno destes para o ponto de partida antes da reencarnação atual, será, contudo, inevitável. Apossando-se,
proporcionalmente, de sua bagagem milenar, na medida em que amadurece
espiritualmente, o encontro do indivíduo com a própria consciência será
fatal. Um relato do Espírito Augusto Cesar Neto ilustra uma das múltiplas
possibilidades. Augusto não conheceu o Espiritismo em sua última reencarnação, interrompida em 1968, aos 28 anos, após uma parada cardíaca ao dar um mergulho em praia do
litoral paulista. Confirmaria sua sobrevivência, cinco anos depois, através da mediunidade
de Chico
Xavier, escrevendo ao longo dos anos seguintes, centenas de cartas à
mãe, algumas transformadas em livro, outras, distribuídas em várias obras
compilando mensagens psicografadas pelo médium mineiro a partir de JOVENS NO ALÉM (geem,1974), que foi a
primeira. Num deles, FOTOS DA VIDA (
geem,1988), conta que levado a conhecer um sanatório destinado a abrigar
portadores de complexos de culpa no Mundo Espiritual, pelo Benfeitor Batuíra,
acompanhando o diálogo deste com o dirigente da instituição, de quando em
quando, ouvia exclamações do grande pátio de confraternização dos doentes ali abrigados, do
tipo: -‘por que não fiz’; ‘não suporto este inferno!’; ‘como adquiri tanta
dor de consciência?’; ‘porque sou maldito, qual me vejo’. Autorizado a
formular perguntas ao anfitrião, indagou: -“Os alienados mentais, cujo
tratamento o senhor superintende, procedem de lugares ou situações
determinadas? Se enfermaram o cérebro com estados de culpa, teriam sido grandes
criminosos do gênero humano? Neste milênio, em vias de terminar, chefes
insensíveis, religiosos sem amor, políticos que fomentaram a guerra,
inteligências que se transviaram para seduzir as próprias vítimas e
massacrá-las”? Mostrando
paternal sorriso, o dirigente explicou: -“Meu filho, sua indagação é oportuna. Devo,
no entanto, esclarecer que nosso sanatório, um dos muitos que funcionam com os
mesmos objetivos, nestas regiões, acolhe especialmente aqueles companheiros que
conheciam as lições de Jesus, que as ouviram com aparente piedade, que não
guardavam qualquer dúvida quanto a legitimidade dos ensinamentos do Divino
Mestre e que até mesmo sustentavam ardentes discussões com os outros, de modo a
defender-lhe o prestígio; eram faladores exímios mas não moveram sequer uma
palha para auxiliara ninguém. Acreditavam e aceitavam Jesus, no entanto viviam
exclusivamente para si, confinados ao círculo doméstico, sem despenderem uma
hora para aliviarem um doente e nunca sacaram do bolso um só vintém em auxílio a
boas obras. Viveram no mundo como entendiam, sem a mínima disposição para
servir e chegam à Vida Espiritual em que nos achamos, desorientados com o espírito
de posse a lhes atanazar a cabeça e com a força da culpa a lhes pressionar os
pensamentos. A PRINCÍPIO, CHORAM ARREPENDIDOS, recordando o tempo que
perderam, do qual nunca retiram a mais ligeira parcela, a fim de prestarem
apoio a quem quer que seja. CRIAM, EM SEGUIDA, UMA ESPÉCIE DE DOENÇA MENTAL
DE ETIOLOGIA OBSCURA e estamos investigando caso a caso, para descobrir a
terapia mais adequada ao respectivo tratamento. Abraçavam as ideias e exemplos
de Jesus, entretanto, andavam no mundo qual se o desconhecessem. Depois de
reconquistarem o equilíbrio espiritual, passaremos a analisar-lhes a
personalidade com as respectivas conexões sobre as pessoas, terras e haveres
que deixaram na Terra”.
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