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terça-feira, 29 de agosto de 2017

COMO OS FLUIDOS PERISPIRITUAIS ATINGEM UMA PESSOA

Avançando além dos conhecimentos a respeito do Fluido Vital como sintetizado na nota à questão 70 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec desenvolveu inúmeras observações sobre a novidade resultante dos esclarecimentos dos Espíritos ouvidos por ele. Na sequencia, uma demonstração disso destacada da matéria com que abre o número de janeiro de 1863 da REVISTA ESPÍRITA. Escreve ele: - O perispírito representa importante papel em todos os fenômenos da vida; é a fonte de uma porção de afecções, cuja causa é em vão buscada pelo escalpelo na alteração dos órgãos, e contra as quais é impotente a terapêutica. Por sua expansão explicam-se, ainda, as reações de indivíduo a indivíduo, as atrações e as repulsões instintivas, a ação magnética, etc. Espírito livre, isto é, desencarnado, substitui o corpo material; é o agente sensitivo, o órgão por meio do qual ele age. Pela natureza fluídica e expansiva do perispírito, o Espírito alcança o indivíduo sobre o qual quer atuar, rodeia-o, envolve-o, penetra-o e o magnetiza. Vivendo em meio ao mundo invisível, o homem está incessantemente submetido a essas influências, assim como às da atmosfera que respira, traduzindo-se aquelas por efeitos morais e fisiológicos dos quais não se dá conta e que, muitas vezes, atribui a causas inteiramente contrárias. Essa influência difere, naturalmente, segundo as qualidades, boas ou más, do Espírito, como já explicamos no artigo anterior. Se ele for bom e benevolente a influência, ou, se quisermos, a impressão, é agradável e salutar; é como as carícias de uma terna mãe, que abraça o filho. Se for mau e perverso, será dura, penosa, aflitiva e por vezes perniciosa; não abraça: constrange. Vivemos num oceano fluídico, expostos incessantemente a correntes contrárias, que atraímos ou repelimos, e às quais nos abandonamos, conforme nossas qualidades pessoais, mas em cujo meio o homem sempre conserva o seu livre-arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o caminho. Como se vê, isto é inteiramente independente da faculdade mediúnica, tal como é concebida vulgarmente. Estando a ação do mundo invisível na ordem das coisas naturais, ela se exerce sobre o homem, abstração feita de qualquer conhecimento espírita. Estamos a elas submetidos, como o estamos à influência da eletricidade atmosférica, mesmo não sabendo a Física, como ficamos doentes, sem conhecer a Medicina. Ora, assim como a Física nos ensina a causa de certos fenômenos e a Medicina a de certas doenças, o estudo da ciência espírita nos ensina a causa dos fenômenos devidos às influências ocultas do mundo invisível e nos explica o que, sem isto, nos parecerá inexplicável. A mediunidade é o meio direto de observação. O médium – que nos permitam a comparação – é o instrumento de laboratório pelo qual a ação do Mundo Invisível se traduz de maneira patente. E, pela facilidade que nos oferece de repetir as experiências, permite-nos estudar o modo e os diversos matizes desta ação. Destes estudos e destas observações nasceu a ciência espírita. Todo indivíduo que, de uma maneira ou de outra, sofre a influência dos Espíritos, é, por isto mesmo, médium, razão por que se pode dizer que todo o mundo é médium. Mas é pela mediunidade efetiva, consciente e facultativa que se chegou a constatar a existência do mundo invisível e, pela diversidade das manifestações obtidas ou provocadas, foi possível esclarecer a qualidade dos seres que o compõem e o papel que representam na Natureza. O médium fez pelo mundo invisível o que fez o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos. É, pois, uma nova força, uma nova faculdade, uma nova lei, numa palavra, que nos foi revelada. É realmente inconcebível que a incredulidade repila mesmo a ideia, levando-se em conta que esta ideia supõe em nós uma alma, um princípio inteligente que sobrevive ao corpo. Se se tratasse da descoberta de uma substância material e ininteligente, seria aceita sem dificuldade. Mas uma ação inteligente fora do homem é, para eles, superstição. Se, da observação dos fatos produzidos pela mediunidade, remontarmos aos fatos gerais, poderemos, pela similitude dos efeitos, concluir pela similitude das causas. Ora, é constatando a analogia dos fenômenos com aqueles que diariamente a mediunidade põe aos nossos olhos que nos parece evidente a participação dos Espíritos malfazejos naquela circunstância; e não o será menos para quantos tiverem meditado sobre os numerosos casos isolados, relatados na REVISTA ESPÍRITA. A única diferença está no caráter epidêmico da afecção. Mas a História registra alguns fatos semelhantes, entre os quais figuram o das religiosas de Loudun, dos convulsionários de Saint-Médard, dos calvinistas das Cévènes e dos possessos do tempo do Cristo (...)  em qualquer parte onde esses fenômenos se produzissem, a ideia de que fossem devidos a Espíritos era o pensamento dominante e como que intuitiva naqueles por eles afetados.

domingo, 27 de agosto de 2017

COMO SERÁ ?

Que todos morreremos um dia já sabemos. Mas o que nos aguarda após a liberação do corpo físico, o instrumento de trabalho da existência cumprida em nossa Dimensão. Informações não faltam pelos milhares de depoimentos desde as experiências de Allan Kardec quando do surgimento do Espiritismo. Destacamos a seguir algumas informações disponibilizadas pelo Espírito Abel Gomes através do médium Chico Xavier. Para melhor compreensão simulamos uma entrevista para nossas reflexões. - Como ficam os que conhecem as Verdades da Imortalidade mas não conseguiram viver como pensaram? Abel Gomes - Nem todos se retiram da Terra na posição de heróis. A perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes. Notamos, em toda parte, homens e mulheres de boa vontade inequívoca na aceitação das Verdades Divinas e que, no entanto, não conseguem aplicá-las, de pronto ou de todo, à própria vida. Aqui, vemos companheiros que já conseguem livrar-se dos laços asfixiantes da cobiça, na zona do dinheiro, vivendo em louvável desprendimento das posses materiais, prendendo-se, no entanto, à sexualidade, ainda incapazes de quebrar os aguilhões que os ferretoam nesse domínio; outros, aquietados em perfeita serenidade, extinguiram, na profundeza anímica, os últimos resquícios das ardentes paixões carnais, contudo, apegam-se a míseros vinténs, convertendo a vida num culto lastimável e exclusivo ao ouro que o chão reclamará. Muitos ensinam o Bem, com vigor e beleza nas palavras e com atitudes e atos que os desabonam, não obstante as intenções respeitáveis que os animam, demonstrando incapacidade no reger os próprios pensamentos e desintegrando com o verbo impulsivo as boas obras que executam com as mãos. Não raros praticam o Bem, mas simplesmente para com aqueles a quem se inclinam pela simpatia, negando-se a ajudar quantos lhes não penetram os círculos do agrado pessoal. Inúmeras pessoas se reconfortam com o ensino religioso de santificação em seu campo interior, mas o renegam na esfera de ação objetiva. Existem os que suportam o trabalho pela Humanidade, durante certo número de anos, relegando-se, em seguida, a longo período de inércia".  Que tipo de assistência recebem? Abel Gomes - "Toma o Governo da Vida boa conta dos serviços, pequenos ou grandes, que hajam prestado, porquanto é da Lei que até as menores sementes da nossa vida mental produzam a seu tempo. Velho conhecido de minhas relações particulares assassinou certo companheiro de luta, em deplorável momento de insânia, e, não obstante ver-se livre da justiça humana, que o restituiu à liberdade, experimentou longo martírio da consciência dilacerada, entregando-se, por mais de quatro decênios, à caridade com trabalho ativo pelo Bem do próximo. Com semelhante procedimento, granjeou a admiração e o carinho de vários Benfeitores da Espiritualidade Superior, que o acolheram, solícitos, quando afastado da experiência física, situando-o em lugar respeitável, a fim de que pudesse prosseguir na obra retificadora. Pelos fios da amizade e da colaboração que soube tecer, em volta coração, para solucionar o seu caso, conseguiu recursos para ir no encalço da vitima, que a insubmissão havia desterrado para fundo despenhadeiro de trevas e animalidade. Não se fez dela reconhecido, de pronto, de modo a lhe não perturbar os sentimentos, auxiliando-a a assumir a posição de simpatia necessária à receptividade dos benefícios de que era portador; e, após lutar intensivamente pela sua transformação moral, em favor do necessário alçamento, voltará às lides da carne, a fim de recebê-lo nos braços paternos. Tendo subtraído ao irmão a oportunidade de viver e lutar no campo terrestre, restituir-lhe-á o corpo perdido, ajudando-o a desenvolver-se para a educação, entre as dádivas da existência comum. Sofrerão juntos, a princípio, quando de volta à matéria espessa, as velhas antipatias do pretérito, mas o homicida regenerado conseguiu, por seus méritos, a graça de ser pai e, nessa condição, é justo esperar-lhe a vitória porque, na qualidade de progenitor, sentirá sublime alegria em renunciar e sacrificar-se. Quando os grandes inimigos adquirem o ensejo da convivência nos elos da consanguinidade, apreciável mérito já lhes assinala o caminho evolutivo, porquanto, sob o mesmo teto, quando aceitam os imperativos do verdadeiro amor, podem solidificar os alicerces da perfeita união. Quem conquistou o dom de ajudar, sem pedir remuneração, penetrou o caminho de acesso efetivo à Espiritualidade Superior. O crime passional do amigo a que me reporto não lhe valeu o Inferno sem-fim, segundo ensina a antiga teologia, mas custou-lhe vastíssimos padecimentos, em beneficio do reajuste, com enorme despesa de tempo, de vez que, se houvesse suportado o adversário, com paciência, prescindiria de tantas e tão longas canseiras de reparação. 

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

OUVINDO O PROFESSOR

O professor José Benevides Cavalcante cujos escritos foram objeto de apreciação dias atrás, está de volta. Na sequencia, oferece suas respostas para mais algumas dúvidas interessantes. 1- Toda vez que vou ler um livro espírita sinto sono e começo a bocejar; mas depois que abandono o livro percebo que não tenho mais sono. Será que isso é devido a influência de espíritos que não querem que eu leia livro espírita? Embora estejamos conscientes de que os Espíritos interagem conosco nas atividades do dia-a-dia, não é de bom senso atribuirmos somente a eles tudo que nos acontece de indesejável. Os crentes costumam fazer o mesmo com o demônio, numa tentativa de tirar a responsabilidade das pessoas e convertê-las de autoras em vítimas. Portanto, cuidado!... Ler é uma atividade que, para quem não tem o costume, torna-se monótona e cansativa por exigir silêncio e concentração. A própria escola - que não consegue estimular essa prática nos alunos - deu-lhe a conotação de castigo, tornando-a enfadonha. Assim, os estudantes também dormem sobre os livros porque, no fundo, não querem estudar, embora tenham interesse em ser aprovados. O sono passa, então, a ser uma desculpa muito bem engendrada, talvez inconsciente, para não se dedicar à atividade. Portanto, se você quiser realmente ler livros espíritas e se propuser a isso, com certeza, vai conseguir e muito bem. Não é preciso ler muito.  Leia pouco, mas leia bem. Pessoas, que não estão habituadas à leitura, devem exercitar a atividade com critério e dentro de uma dosagem adequada à sua capacidade de concentração. Não adianta querer ler metade de um livro de uma vez, quando a sua capacidade inicial só se presta a algumas páginas por dia. Vá devagar, mas não pare. Se você estabelecer um mínimo para ler diariamente, alcançará seu intento com relativa facilidade . Mas tenha sempre uma meta definida. Convença-se de que, primeiramente, a leitura depende de você, de sua força de vontade ( e por que não dizer, da vontade de fazer força) e só, depois, de outras influências que, se porventura existirem mesmo, perderão paulatinamente seu império sobre você. 2- Quando se dá a primeira comunicação de um Espírito? Ele pode se comunicar logo após o desencarne ou isso só acontece com os Espíritos Superiores? Pelo que sabemos, não existe tempo determinado para um desencarnado dar a sua primeira comunicação, seja ele superior ou não. Cada caso é um caso e depende de muitos fatores. Um Espírito poderá comunicar-se quase que imediatamente após o seu desencarne, se houver interesse e condições para isso, incluindo, evidentemente, a presença de um médium. Há Espíritos que passando para o plano espiritual, mal se dão conta, já estão se comunicando; outros demoram meses, anos e outros, ainda, não se sabe se comunicaram em algum lugar. Em tese, a comunicação depende de vários fatores, como as condições íntimas do Espírito, o interesse, a necessidade, a oportunidade e, pelo que podemos deduzir , o estágio moral em que o Espírito se encontra parece não ter influência quanto ao tempo necessário para sua primeira comunicação. É claro que, em se tratando da primeira comunicação, se ela ocorrer em breve tempo, só poderá se verificar no meio familiar ao desencarnado. 3- É de Albert Einstein este pensamento: “Penso 99 vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela”. Não estaria o médium Einstein servindo às influências dos Espíritos? É possível. Nós, os espíritas, assim consideramos, pois, como disseram os mentores a Kardec, os Espíritos influem em nossos pensamentos muito mais do que podemos imaginar ( Vide O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão nº459). No entanto, pelo que sabemos, Einstein não cogitava da influência dos Espíritos. Mais de uma vez ele se referiu à intuição como canal de conhecimento, ou seja, referiu-se a essa capacidade anímica e extraordinária do homem de entrar em contato com o conhecimento superior. Albert Einstein era um admirador do Budismo e, certamente, estava convencido de que o conhecimento não se adquire somente pelo uso do raciocínio. Parece que a intuição fazia parte de sua vida e, provavelmente, ele estivesse sendo orientado por Espíritos dedicados ao progresso da ciência humana, sem que o soubesse. Contudo, prezado leitor, devemos tomar cuidado para não atribuirmos somente aos desencarnados o mérito pelos grandes feitos, como se os Espíritos fossem seres divinos e os homens seres inferiores. Não devemos nos esquecer de que eles já estiveram encarnados e que os homens também são Espíritos e, igualmente, podem produzir grandes obras ou belos pensamentos, sem que para isso precisem sempre dos Espíritos ou precisem desencarnar. 

terça-feira, 22 de agosto de 2017

TODOS ESTÃO APTOS A SER MÉDIUM?

No número de fevereiro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec responde: - Há médiuns escreventes; médiuns videntes; médiuns audientes; médiuns intuitivos; isto é, médiuns que escrevem – os mais numerosos e os mais úteis; médiuns que veem os Espíritos; que os ouvem e conversam com eles como com os vivos – estes são raros; outros recebem em seu cérebro o pensamento do Espírito evocado e o transmitem pela palavra. Raramente um médium possui todas essas faculdades ao mesmo tempo. Existem ainda médiuns de outro gênero, cuja simples presença num lugar qualquer permite a manifestação dos Espíritos, quer por meio de golpes vibrados, quer pelo movimento dos corpos, tal como o deslocamento de uma mesinha de três pés, o levantamento de uma cadeira, de uma mesa ou de qualquer outro objeto. Foi por esse meio que os Espíritos começaram a manifestar-se e a revelar a sua existência. Ouviste falar das mesas girantes e da dança das mesas; como eu, também riste delas. E daí? Foram os primeiros meios de que os Espíritos se serviram para chamar a atenção; assim foi reconhecida a sua presença, depois do que, com o auxílio da observação e do estudo, chegou-se a descobrir no homem faculdades até então ignoradas, por intermédio das quais ele pode entrar em comunicação. Não é maravilhoso tudo isto? Entretanto é apenas natural; somente repito que à nossa época estava reservada a descoberta e a aplicação desta ciência, como de muitos outros segredos admiráveis da Natureza. Agora, para nos pormos em relação com os Espíritos, ou, pelo menos, para ver se estamos aptos a fazê-lo pela escrita, toma-se de uma folha de papel e de um lápis em boas condições, posicionando-se para escrever. É sempre bom começar por dirigir uma prece a Deus; em seguida evoca-se um Espírito, isto é, pede-se que tenha a bondade de vir comunicar-se conosco e de nos fazer escrever; por fim espera-se, sempre na mesma posição. Há pessoas que têm a faculdade mediúnica de tal forma desenvolvida que já começam a escrever logo de início; outras, ao contrário, só veem essa faculdade desenvolver-se com o tempo e a perseverança. Neste último caso, repete-se a sessão todos os dias, para o que basta um quarto de hora; é inútil gastar mais tempo; mas, tanto quanto possível, deve-se repeti-la diariamente, sendo a perseverança uma das primeiras condições de sucesso. Também é necessário fazer sua prece e sua evocação com fervor; mesmo repeti-la durante o exercício; ter vontade firme, um grande desejo de ser bem-sucedido e, sobretudo, nada de distração. Uma vez obtida a escrita, essas últimas precauções tornam-se inúteis. Quando se está para escrever, sente-se em geral um ligeiro estremecimento na mão, às vezes precedido de uma leve dormência na mão e no braço e, até mesmo, de discreta dor nos músculos do braço e da mão; são sinais precursores e, quase sempre, indicativos de que o momento do sucesso está próximo. Algumas vezes é imediato; outras, porém, se faz esperar ainda um ou vários dias, mas nunca tarda em demasia. Apenas para chegar nesse ponto é preciso mais ou menos tempo, que pode variar de um instante a seis meses; mas, repito, basta um quarto de hora de exercício por dia. Quanto aos Espíritos que podem ser evocados para tais tipos de exercícios preparatórios, é preferível dirigir-se ao nosso Espírito familiar, que sempre está próximo e jamais nos deixa, ao passo que os outros podem estar ali apenas momentaneamente, ou não se encontrarem no instante em que os evocamos, ou, ainda, estarem impossibilitados, por uma causa qualquer, de atender ao nosso apelo, como por vezes acontece. O Espírito familiar, que até certo ponto confirma a teoria católica do anjo-da-guarda, não é, entretanto, exatamente aquilo que nos apresenta o dogma católico. É simplesmente o Espírito de um mortal, que viveu como nós, mas que é muito mais adiantado que nós e, consequentemente, nos é infinitamente superior em bondade e em inteligência; que realiza uma missão meritória para si, proveitosa para nós, desse modo nos acompanhando neste mundo e no outro, até ser chamado a uma nova encarnação, ou até que nós mesmos, chegados a um certo grau de superioridade, sejamos chamados a realizar, na outra vida, missão semelhante junto a um mortal menos evoluído do que nós. Como bem vês, meu caro amigo, tudo isto entra maravilhosamente nas nossas ideias de solidariedade universal. 

domingo, 20 de agosto de 2017

MENTALISMO

A História demonstra que um novo princípio para ser incorporado ao inconsciente coletivo demanda por vezes um século. As informações do Espírito que em sua recente encarnação em nossa Dimensão tornou-se reconhecido como Miguel Couto (1865/1934) é um exemplo disso. Doutor em Medicina, Professor Universitário, atuou no cenário politico como Deputado Federal, foi pesquisador na área de Saúde Publica, realizando varias pesquisas nessa área. Mais de uma década após sua desencarnação através do médium Chico Xavier, em mensagem constante do quase desconhecido livro FALANDO A TERRA (1951, feb) discorre sobre a educação mental e os benefícios dela advindos. Embora seu teor de prognostico, observa-se que a evolução caminha na direção dela proposta. De seu texto destacamos alguns trechos para reflexões: - O progresso do mentalismo abrirá, indubitavelmente, novos rumos à Medicina para engrandecimento do futuro humano. O corpo físico é máquina viva, constituída pela congregação de miríades de corpúsculos ativos, sob o comando do espírito que manobra com a rede biológica dentro das mesmas normas que seguimos ao utilizar a corrente elétrica. Avançando pesadamente, da animalidade para a humanidade, aumentamos o poder da consciência pela assimilação dos valores que a vida nos oferece, por intermédio do tempo e do trabalho; e, com esse poder armazenado na economia do próprio Ser, manejamos o equipamento celular, com antecipado conhecimento de suas ações e reações, qualidades superiores ou idiossincrasias genéticas, para que nos ajustemos ao laborioso esforço da encarnação, dela retirando os proventos necessários. A custa de insano trabalho, emerge a alma do passado obscuro, elevando-se para as zonas de equilíbrio e sublimação, deixando, porém, na retaguarda, verdadeiros mundos submersos, dos quais recebe apelos deprimentes, que, muita vez, a compelem à estagnação nas trevas. Tudo é vibração, movimento, magnetismo e eletricidade, nos domínios quase desconhecidos da matéria e do Espírito, cujo ponto de interação estamos singularmente distantes de alcançar. O homem, na estruturação fisiopsíquica, é uma grande bateria criando e acumulando cargas elétricas, com que influencia e é influenciado. Todo sentimento é energia estática. Todo pensamento é criação dinâmica. Toda ação é arremesso, com todos os seus efeitos. Cada individualidade, assim, conforme os sentimentos que nutre na estrutura espiritual e segundo os pensamentos que entretém na mente, atrai ou repele, constrói ou destrói, através das forças que emite nas obras, nas palavras, nas atitudes, com que se evidencia pela instrumentação mental que lhe é própria. A saúde é questão de equilíbrio vibracional, de conformação de frequências. Naturalmente, enquanto na Terra, esse problema implica uma equação de vários parâmetros, quais sejam a respiração e a atividade, o banho e o alimento. Forçoso é, todavia, convir que as raízes morais são sempre os fatores de maior importância, não somente na vida normal, senão também, e em particular, nas horas conturbadas. Cada alma vive carregada dos princípios eletromagnéticos gerados por ela mesma, projetando ondas que, na essência, são os fluidos positivos ou negativos com os quais jogamos no campo de atividades a que fomos chamados ou conduzidos. Nossa mente vive cercada de forças complexas que procedem das constelações próximas e remotas, do Sol, da Lua, da própria Terra, dos nossos semelhantes e dos seres superiores e inferiores que partilham conosco a habitação coletiva. Achamo-nos, no Planeta, como que presos a poderoso imã: desenvolvemos nossas virtudes potenciais; apuramos tendências e recolhemos as vantagens da educação espiritual; emitimos as irradiações que nos são peculiares e graças às quais somos aproveitados pelas Potências Sublimes, no serviço da Humanidade ; entesouramos nossa riqueza futura, ou por ela nos castigamos a nós mesmos: são os choques de retorno, em cuja manifestação somos sempre vítimas das cargas asfixiantes que arremessamos, no espaço e no tempo, ferindo pessoas e coisas, na tentativa de quebra da Harmonia Divina. Nossos sentimentos e pensamentos criam linhas de força, e, destarte, conforme a nossa polaridade, ou se nos facilita a ascensão, que é luz, ou sofremos retardamento em níveis mais baixos, quais os apresenta o mundo terrestre, voluntário cárcere de sombra. (...) O homem é o distribuidor de cargas eletromagnéticas, geradas por ele mesmo, em toda parte. O equilíbrio, portanto, é questão de toda hora. Examinado em seus aspectos reais, o corpo físico é uma grande república federativa, onde as células, diferenciadas pela especialização, agem sob o comando da mente. Esses indivíduos microscópicos requisitam, porém, incentivo, nutrição e amparo, a fim de viverem convenientemente, e possuem também o seu campo vibratório circunscrito, dependendo de estímulos dessa natureza para se enquadrarem na harmonia necessária. A missão de curar, deste modo, é muito mais a ciência de equilibrar os movimentos oscilatórios que a de socorrer o veículo somático; e somos obrigados a considerar que, ainda quando praticamos a clinica ou a cirurgia, é imprescindível ponderar a modificação do tônus vibratório de imensas colônias de protozoários, através de cargas elétricas de produtos químicos ou de golpes renovadores do bisturi, se desejamos alcançar a almejada restauração. Cada alma vive e respira na atmosfera mental que estabelece para si mesma, em qualquer distrito do Universo. Purifiquemos o pensamento, encaminhando-o às zonas superiores do nosso idealismo, buscando, simultaneamente, materializá-la no terreno chão da luta diária, criando novos motivos de felicidade, de confiança, de luz e de alegria, na esfera de nossas horas vulgares, e a harmonia será a resposta divina aos nossos empreendimentos.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

SERÁ POSSÍVEL?

Conhecido orador em entrevista a publicação espírita dos anos 90 comentou que a reencarnação de Hitler teria sido planejada pelos Planos Espirituais inferiores do Planeta Terra. A surpreendente e incomoda informação é lembrada diante dos recentes acontecimentos na cidade de Charlottesville, Virgínia (EUA) em que um conflito extremamente violento foi protagonizado por centenas de pessoas autodenominadas nacionalistas, fundamentalistas cristãos, neonazista, etc, e opositores, dos quais resultaram dezenas de feridos e a morte de uma jovem, bem como de Barcelona, Espanha, no dia 17 de agosto. Mundo de Expiação e Provas em processo de avaliação e reforma segundo o Espiritismo, nossa Dimensão recebeu desde a metade do século 20, expressivo numero de Espíritos estacionários nos processos e programas evolutivos adensando a densidade demográfica do Planeta. Mesmo a visão de progresso apresentada pela Doutrina Espírita aprofunda-se e amplia-se na medida em que os conceitos iniciais vão sendo assimilados. Na importante obra AÇÃO E REAÇÃO (1957, feb) do Espiritismo André Luiz/FCXavier; encontramos interessante diálogo que repercute o comentário com que abrimos esse texto. Para reflexões, reproduzimos um trecho: -“Se existem reencarnações ligadas aos Planos Superiores, temos aquelas que se enraízam diretamente nos Planos Inferiores. Se a penitenciária vigora entre os homens, em função da criminalidade corrente no mundo, o inferno existe, na Espiritualidade, em função da culpa nas consciências. E assim como já podemos contar na esfera carnal com uma justiça sinceramente interessada em auxiliar os delinquentes na recuperação, através do livramento condicional e das prisões-escolas, organizadas pelas próprias autoridades que dirigem os tribunais humanos em nome das leis, aqui também os representantes do Amor Divino podem mobilizar recursos de misericórdia, beneficiando Espíritos devedores, desde que se mostrem dignos do socorro que lhes abrevie o resgate e a regeneração. – Quer dizer que, em boa lógica terrena, e utilizando-me de uma linguagem de que usaria um homem na experiência física, há reencarnações em perfeita conexão com os planos infernais... – Sim. Como não? Valem como preciosas oportunidades de libertação dos círculos tenebrosos. E como tais renascimentos na carne não possuem senão característicos de trabalho expiatório, em muitas ocasiões são empreendimentos planejados e executados daqui mesmo, por Benfeitores credenciados para agir e ajudar em nome do Senhor. – E, nesses casos, o Instrutor Druso (dirigente da Mansão da Paz) dispõe da necessária delegação de competência para resolver os problemas dessa espécie? – Nosso dirigente como é razoável, não goza de faculdades ilimitadas e esta instituição é suficientemente ampla para absorver-lhe os maiores cuidados. Entretanto, nos processos reencarnatórios, funciona como autoridade intermediária. – De que modo? – Duas vezes por semana reunimo-nos no Cenáculo da Mansão da Paz e os Mensageiros da Luz, por instrumentos adequados, deliberam quanto ao assunto, apreciando os processos que a nossa casa lhes apresenta. – Mensageiros da luz? – Sim, são prepostos das Inteligências angélicas que não perdem de vista as plagas infernais, porque, ainda que os gênios da sombra não o admitam, as forças do Céu velam pelo inferno que, a rigor, existe para controlar o trabalho regenerativo na Terra. Assim como o doente exige remédio, reclamamos a purgação espiritual, a fim de que nos habilitemos para a vida nas esferas superiores. O inferno para a alma que o erigiu em si mesma é aquilo que a forja constitui para o metal: ali ele se apura e se modela convenientemente. A respeito da presença crescente de inteligências interessadas no caos, em outro momento da narrativa surge uma pergunta/resposta importante para pensarmos: Não disporia a Espiritualidade Superior de elementos para encarcerá-los, a distância da carne? – Sim, isso não é impossível. Entretanto, se temos enxovias pungentes para a expiação dos crimes que entenebrecem a mente humana, muitas delas a se expressarem por vales de miséria e de horror, é preciso considerar que os delinquentes aí segregados atraem-se uns aos outros, contagiando-se mutuamente das chagas morais de que são portadores, gerando o inferno em que passam transitoriamente a viver. Por outro lado, contamos com muitas instituições, funcionando à semelhança de estufas, nas quais criaturas desencarnadas dormem pacificamente largos sonos, mergulhadas nos pesadelos que merecem até certo ponto, depois de efetuada a travessia do sepulcro...



quarta-feira, 16 de agosto de 2017

PRESSENTIMENTOS E PROGNÓSTICOS FUTUROS: A POSIÇÃO DO ESPIRITISMO

A edição de novembro de 1967 da REVISTA ESPÍRITA inclui interessante comentário de Allan Kardec sobre os surpreendentes fenômenos sobre ocorrências futuras. Diz o texto: - Não se poderia negar os pressentimentos, dos quais há poucas pessoas que não tenham tido exemplos. É um desses fenômenos cuja explicação a matéria, sozinha, é impotente para dar, porque se a matéria não pensa, também não pode pressentir. É assim que o materialismo a cada instante se choca contra as coisas mais comuns que o vêm desmentir. Para ser advertido de maneira oculta daquilo que se passa ao longe e cujo conhecimento não podemos ter senão num futuro mais ou menos próximo pelos meios ordinários, é preciso que algo se desprenda de nós, veja e escute o que não podemos perceber pelos olhos e pelos ouvidos, para referir a sua intuição ao nosso cérebro. Esse algo deve ser inteligente, visto que compreende e, muitas vezes, de um fato atual ele prevê as consequências futuras; é assim que por vezes temos o pressentimento do futuro. Esse algo não é outra coisa senão nós mesmos, nosso Ser espiritual, que não está confinado no corpo, como um pássaro na gaiola, mas que, semelhante a um balão cativo, se afasta momentaneamente da Terra, sem deixar de a ela estar ligado. É principalmente nos momentos em que o corpo repousa, durante o sono, que o Espírito, aproveitando o pequeno descanso que lhe deixa o cuidado de seu invólucro, recobra parcialmente a liberdade e vai haurir no espaço, entre os outros Espíritos, encarnados como ele, ou desencarnados, e naquilo que vê, ideias cuja intuição traz ao despertar. Esta emancipação da alma frequentemente se dá no estado de vigília, nos momentos de absorção, de meditação e de devaneio, em que a alma parece não estar mais preocupada com a Terra; ocorre, sobretudo de maneira mais efetiva e mais ostensiva, nas pessoas dotadas do que se chama dupla vista ou visão espiritual. Ao lado das intuições pessoais do Espírito, há que se colocar as que lhe são sugeridas por outros Espíritos, quer em vigília, quer durante o sono, pela transmissão de pensamento de alma a alma. É assim que muitas vezes se é advertido de um perigo, solicitado a tomar tal ou qual direção, sem que por isto o Espírito deixe de ter o seu livre-arbítrio. São conselhos, e não ordens, porque é sempre senhor de sua vontade. Os pressentimentos têm, pois, a sua razão de ser e encontram a sua explicação natural na Vida Espiritual, que não cessamos um instante de viver, porque é a vida normal. Já não se dá o mesmo com os fenômenos físicos, considerados como prognósticos de acontecimentos felizes ou infelizes. Em geral esses fenômenos não têm nenhuma ligação com as coisas que parecem pressagiar. Podem ser os precursores de efeitos físicos que são a sua consequência, como um ponto negro no horizonte pode pressagiar ao marinheiro uma tempestade, ou certas nuvens anunciar uma saraivada, mas a significação desses fenômenos para as coisas de ordem moral deve ser classificada entre as crenças supersticiosas, que nunca seriam combatidas com demasiada energia. Essa crença, que absolutamente não repousa sobre nada de racional, faz que, quando chega um acontecimento, a gente se lembre de algum fenômeno que o precedeu, e ao qual o Espírito impressionado o liga, sem se importar com a possibilidade de relações que só existem na imaginação. Não pensam que os mesmos fenômenos se repetem diariamente, sem que daí resulte nada de azar, e que os mesmos acontecimentos chegam a cada instante sem serem precedidos por nenhum pretenso sinal precursor. Se se tratar de acontecimentos que digam respeito a interesses gerais, narradores crédulos ou, no mais das vezes, oficiosos, para lhes exaltar a importância aos olhos da posteridade, amplificam os prognósticos, que se esforçam por tornar mais sinistros e mais terríveis, adicionando-lhes supostas perturbações da Natureza, das quais os tremores de terra e os eclipses são os acessórios obrigatórios, como fez o bispo de Rodez a propósito da morte de Henrique IV. Esses relatos fantásticos, que muitas vezes tinham sua fonte nos interesses dos partidos, foram aceitos sem exame pela credulidade popular que viu, ou à qual queriam fazer ver, milagres nesses estranhos fenômenos. Quanto aos acontecimentos vulgares, na maioria das vezes o homem é a sua primeira causa. Não querendo confessar suas próprias fraquezas, busca uma desculpa pondo à conta da Natureza as vicissitudes que são quase sempre o resultado de sua imprevidência e de sua imperícia. É em suas paixões, em seus defeitos pessoais que deve buscar os verdadeiros prognósticos de suas misérias, e não na Natureza, que não se desvia da rota que Deus lhe traçou por toda a Eternidade. Explicando por uma lei natural a verdadeira causa dos pressentimentos, o Espiritismo demonstra, por isso mesmo, o que há de absurdo na crença nos prognósticos. Longe de dar crédito à superstição, ele lhe tira seu último refúgio: o sobrenatural.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

UMA MENSAGEM PROFUNDA


Vários foram os líderes que surgiram e se projetaram no cenário do Movimento Espírita por influência de Chico Xavier. Um deles, convertido pela dor da perda de um ente muito querido, exerceu importante papel na região de Campos (RJ), fundando e dirigindo uma instituição modelo na área social  especialmente na formação e encaminhamento da infância. Seu nome: Clóvis Tavares, autor, entre outros, de TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER (cec). Contando sobre suas experiências com o incomparável médium mineiro lembra:. “Foram sem conta as lições, as benesses, as profundas experiências espirituais a mim concedidas, misericordiosa e ininterruptamente, na querida escola evangélica de Pedro Leopoldo. Considerando os limites destas singelas memórias, vou respingando, aqui e ali, de meus queridos arquivos ou de meus rascunhos de viagem, o trigo bom e farto das bênçãos do Alto. São lembretes, são mensagens, são observações, são advertências, são carinhos — tudo testificando a inefável bondade de Deus. Em julho de 1948, como sempre o fazia nas férias, pus-me a caminho de Pedro Leopoldo. Saí de Campos, na manhã do dia 14, no velho e moroso trem da Leopoldina. Durante a viagem, recordo-me bem, meu pensamento se fixou intensamente na personalidade de Santos Dumont: sua vida, suas dedicações, sua morte dolorosa. Relembrava as páginas de Gondin da Fonseca, depoimentos sobre seus trabalhos aeronáuticos, observações do seu ‘Dans L’Air”. Mentalmente recapitulava episódios da vida do Pai da Aviação: a infância extraordinária, o balãozinho Brasil, o 14-Bis... Cabangu, Saint-Cloud, Guarujá. . . E meditava, outrossim, na confortadora notícia que o Chico me dera, dois anos antes, de que Santos Dumont, desde 1936, era um dos mais devotados Amigos Espirituais de nossa Escola Jesus Cristo. Seis dias depois, na noite de 20 de julho, numa reunião íntima com nosso Chico, em recordando a data natalícia do genial brasileiro, pedi aos companheiros do nosso pequeno grupo permissão para formular uma prece em memória do Benfeitor Espiritual. O querido médium, havendo percebido a presença de Alberto Santos Dumont em nosso círculo íntimo, transmite-me suas palavras de carinho e também uma notícia que me provocou profundo impacto emocional, pois eu guardara, natural e modestamente, completo silêncio sobre minhas cogitações durante a viagem Campos-Rio. Revela-me, então, o Chico que Santos Dumont lhe estava dizendo que muito se sensibilizara com minhas lembranças de sua pessoa, durante a referida viagem e, comovido, me agradecia as recordações afetuosas, desejando escrever uma página destinada ao nosso pequeno grupo. E assim o fez. A mensagem do Pai da Aviação, farta de profundos conceitos, foi inicialmente publicada no jornal campista “A CIDADE” e, mais tarde no livro TEMPO E AMOR (ide). Diz ela: “Amigos, Deus vos recompense. A lembrança da prece me comove as fibras mais intimas. O Espírito liberto esquece o homem prisioneiro. A alvorada entende a sombra. Tenho hoje dificuldades para compreender a luta que passou e, não fosse a responsabilidade que me enlaça ainda ao campo humano, em vista das aflições que me povoaram as últimas vigílias na carne, preferiria que as vossas recordações, ainda mesmo carinhosas e doces, muito me envolvessem o nome de lutador insignificante. Descobrir caminhos foi a obsessão do meu pensamento. Reconheço hoje, porém, que outra deve ser a vocação da altura. Dominar continentes e subjugar povos, através dos ares, será, talvez, extensão de domínio da inteligência perversa que se distancia de Deus. Facilitar comunicações às criaturas que ainda não se entendem, possivelmente será acentuar os processos de ataque e morte, de surpresa, nas aventuras da guerra. Dolorosa é a situação do missionário da ciência que se vê confundido nos ideais superiores. Atormentada vive a cultura que não alcançou o cerne sublime da vida. Terei errado, buscando rotas diferentes? Certo, não. O mundo e os homens aprenderão sempre. A evolução é fatal. Todavia, recolhido presentemente à humildade de mim mesmo, procuro caminhos mais altos e estradas desconhecidas, no aprendizado do roteiro para o Cristo, Senhor de nossas vidas. Não há vôo mais divino que o da alma. Não existe mundo mais nobre a conquistar. além do que se localiza na própria consciência, quando deliberamos converter-nos ao Bem supremo. Sejamos descobridores de nós mesmos. Alcemos corações e pensamentos ao Cristo. Aprimoremo-nos para refletir a vontade soberana e divina do Alto por onde passarmos. Crescimento sem Deus é curso preparatório da queda espetacular. Humilharmo-nos para servir em nome Dele é o caminho da verdadeira glória. De qualquer modo, agradeço-vos. O trabalhador que repara as possibilidades para ser mais util jamais se esquecerá de endereçar reconhecimento às flores que lhe desabrocham na senda. Crede! Não passo de servidor pequenino. Que o Senhor nos enriqueça com Sua divina bênção”. Alberto Santos Dumont

sábado, 12 de agosto de 2017

RELIGIÃO E POLÍTICA

Durante as mais de três décadas em que circulou, a revista INFORMAÇÃO - publicação espírita mensal -, o teve como colaborador. Fosse alimentando a seção O JOVEM E SEUS PROBLEMAS, fosse nas matérias para a seção EDUCAÇÃO ou entrevistas suas balizadas e substanciais colaborações estavam presentes. Autor do livro FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA (eme) e produtor há mais de quarenta anos do programa MOMENTO ESPÍRITA levado ao ar pela UNIRÁDIO da cidade de Garça (SP). Falamos do professor José Benevides Cavalcante cujos escritos pela sua atualidade , estaremos recuperando  para reflexões sobre temas importantes como o reproduzido a seguir respondendo a pergunta: “porque a religião e a política se parecem tanto”? Porque elas têm praticamente a mesma origem e sempre estiveram lutando pelo poder. Aliás numa retrospectiva da História, vamos perceber que a religião antecedeu em muito a política. Na pré-história, o poder está nas mãos do “feiticeiro”, o homem que fala com os Espíritos ou Deuses e que pode ter acesso ao conhecimento do sobrenatural, que conhece o futuro das pessoas e da própria tribo, os métodos de cura e os ministérios da natureza: ele tem o poder (porque tem o conhecimento) e por isso, é sempre ouvido respeitado e temido, mesmo pelo chefe que lhe atende as mais absurdas recomendações. As grandes nações da História antiga são teocracias, visto que governadas por homens que se intitulam Deuses ou se arvoram em detentores da ordenação divina, como os faraós do Egito rodeados pelos sacerdotes. Ou mesmo Moisés, o chefe dos hebreus, escolhido pelo seu deus Iavé. O absolutismo, poder político concentrado na vontade do homem, o rei, por largo tempo passa a noção de que o soberano representa a própria vontade de Deus. A Igreja Católica desde a oficialização do Cristianismo como religião do Estado Romano no século IV, sempre exerceu esse poder de forma opressora, tendo nas mãos soberanos que lhe prestam cega obediência. O triste episódio da Santa Inquisição, verdadeiro holocausto em nome da fé, mostra quanto foi opressor o poder da religião intolerante, que perseguiu torturou e matou durante séculos, milhares de pessoas que discordavam de sua linha de pensamento ou ousavam desagradar o clero. Tão forte é o poder político da religião que ainda hoje, ano 2000, temos estados governados por chefes religiosos, caso do Irã (governado pelo Aiatolá), onde a intolerância é marca indispensável desse poder, promovendo verdadeiro regime do terror. O Brasil até antes da república tinha como religião oficial o Catolicismo Romano (como Portugal o tem até hoje), onde uma religião gozava de todos os privilégios em prejuízo das outras, exercendo sozinha decisiva influência em todas as questões de interesse social. Mesmo em nosso dias, quando a Constituição Federal nos caracteriza como um País democrático, onde há lugar para todas as crenças e cultos, por causa desse atavismo religioso arraigado em nossas estruturas arcaicas, o Brasil ainda depende muito da posição da Igreja para resolver seus mais graves problemas. Kardec, em OBRAS PÓSTUMAS, tem um artigo intitulado “AS ARISTOCRACIAS”, em que faz rápido comentário sobre o caminhar da Humanidade em matéria do poder político, assinalando as conquistas democráticas que vem sendo alcançadas ao longo do tempo para a solução dos problemas humanos. Desse modo, você percebe que a política é filha das religiões e instituições humanas que sempre se impuseram por meios escusos e métodos opressores, sonegando a verdade, esclarecendo conflitos e promovendo guerras de conquistas em torno de interesses exclusivamente materiais, tudo em nome de Deus, do Bem e da Verdade. As religiões do presente herdam esse triste caráter da religião do passado instigando-se os adeptos ao desprezo e ao ódio em relação as outras crenças. Nem mesmo as que se dizem adeptas de Jesus, levam em conta que o carpinteiro de Nazareth, pregava o amor para com os adversários, porque isso simplesmente não lhes interessa. Elas querem um Jesus politicamente agressivo, tão intolerante como elas mesmas, estabelecendo divisões, preferências, privilégios e condenações, porque isso lhes garante o poder. A Doutrina Espírita, saída das mãos de Allan Kardec, nos meados do século passado, veio justamente combater esse estado de coisas recusando-se terminantemente a ser uma adversa- ria a mais na saturada arena da competição religiosa, estruturada em conceitos científicos e filosóficos com consequências morais inatacáveis, ela não é uma instituição religiosa salvacionista, nem se proclama dona exclusiva da Verdade, mas representa a síntese de uma evolução do pensamento humano, que defende a liberdade de crença como condição para o próprio progresso da Humanidade. Deve-se colocar acima das questiúnculas que dividem as pessoas ou os grupos religiosos, para proclamar a verdadeira religião. Não está nesta ou naquela denominação, na utilização deste ou aquele culto, na frequência deste ou daquele tempo, mas na conduta do homem e das coletividades ante os valores universais do amor e da solidariedade humana.


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

MILAGRES? O QUE DIZ O ESPIRITISMO

A evolução do conhecimento humano nos últimos dois séculos avança em velocidade intensa. O extraordinário encontra muitas explicações outrora temidas pela ignorância geralmente imposta por pressões religiosas. Contra esse estado de coisas o Espiritismo trabalha operando o desenvolvimento mental bloqueado por mentes astutas. O tópico milagres mereceu de Allan Kardec atenção especial como se pode constatar de uma das matérias da REVISTA ESPÍRITA de dezembro de 1867. Dele alguns trechos para reflexões: - As razões pelas quais o Espiritismo repudia a palavra milagre, para o que lhe diz respeito em particular, e em geral para os fenômenos que não escapam das leis naturais, foram muitas vezes desenvolvidas, quer em nossas obras sobre a doutrina, quer em vários artigos da REVISTA ESPÍRITA. Estão resumidas na passagem seguinte, tirada do número de maio de 1867. “Em sua acepção usual a palavra milagre perdeu sua significação primitiva, como tantas outras, a começar pela palavra filosofia (amor à sabedoria), da qual hoje se servem para exprimir as idéias mais diametralmente opostas, desde o mais puro espiritualismo, até o materialismo mais absoluto. Ninguém duvida que, no pensamento das massas, milagre implica a ideia de um fato extranatural. Perguntai a todos os que creem nos milagres se os encaram como efeitos naturais. A Igreja fixou-se de tal modo sobre este ponto que anatematiza os que pretendem explicar os milagres pelas leis da Natureza. A própria Academia define esta palavra: Ato do poder divino, contrário às leis conhecidas da natureza. – Verdadeiro, falso milagre. – Milagre comprovado. – Operar milagres. – O dom dos milagres. Para ser por todos compreendido, é preciso falar como todo o mundo. Ora, é evidente que se tivéssemos qualificado os fenômenos espíritas de miraculosos, o público se teria equivocado quanto ao seu verdadeiro caráter, a menos que, de cada vez, se empregasse um circunlóquio e dissesse que há milagres que não são milagres, como geralmente se entende. Visto que a generalidade a isto liga a ideia de uma derrogação das leis naturais, e que os fenômenos espíritas não passam da aplicação dessas mesmas leis, é muito mais simples e sobretudo mais lógico dizer sem rodeios: Não, o Espiritismo não faz milagres. Desta maneira, não há engano, nem falsa interpretação. Assim como o progresso das ciências físicas destruiu uma multidão de preconceitos e faz entrar na ordem dos fatos naturais um grande número de efeitos outrora considerados miraculosos, o Espiritismo, pela revelação de novas leis, vem ainda restringir o domínio do maravilhoso; dizemos mais: dá-lhe o último golpe, razão por que não é malvisto em parte alguma, como também não o são a astronomia e a geologia.” Aliás, a questão dos milagres é tratada de maneira completa, e com todos os desenvolvimentos que comporta, na segunda parte da nova obra que publicamos sob o título de A GÊNESE, OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES, SEGUNDO O ESPIRITISMO. A causa natural dos fatos reputados miraculosos, no sentido vulgar da palavra, é explicada. Se se der ao trabalho de a ler, verá que as curas não são um problema para o Espiritismo que, desde muito tempo, sabe como proceder neste ponto. É uma questão quase elementar. A acepção da palavra milagre, no sentido de fato extranatural, está consagrada pelo uso. A Igreja a reivindica por sua conta, como parte integrante de seus dogmas; parece-nos, pois, difícil fazer esta palavra voltar à sua acepção etimológica, sem se expor a qüiproquós. Seria preciso, diz o autor, uma palavra nova. Ora, como tudo o que não está fora das leis da Natureza é natural, não vemos outra podendo abarcá-los todos senão a de fenômenos naturais. Mas os fenômenos naturais, reputados miraculosos, são de duas ordens: uns dependem de leis que regem a matéria, outros de leis que regem a ação do princípio espiritual. Os primeiros são da alçada da Ciência propriamente dita, os segundos estão mais especialmente no domínio do Espiritismo. Quanto a estes últimos, como são, na maior parte, uma consequência dos atributos da alma, a palavra existe: são chamados fenômenos psíquicos; e quando combinados com os efeitos da matéria, poderiam ser chamados psíquicos-materiais ou semipsíquicos. (...). O Espiritismo não tem a pretensão de dizer a última palavra sobre todas as leis que regem o Universo(...). Por sua própria natureza abre caminho a todas as novas descobertas, mas até que um princípio novo seja constatado, não o aceita senão a título de hipótese ou de probabilidade.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

REVELAÇÕES SOBRE NOSSO LAR



Mais de um milhão e quinhentos mil exemplares vendidos, tornaram o livro NOSSO LAR (feb; 1944) o maior best-seller da literatura espírita, além de ser um dos poucos livros reeditados por mais de cinquenta anos consecutivos. Já foi traduzido em vários idiomas. A partir da década de 70, o médium Francisco Cândido Xavier, seu psicógrafo, começou a fazer uma ou outra revelação curiosa sobre sua recepção entre outros detalhes envolvendo a obra Selecionamos  alguns destes apontamentos para termos uma ideia de sua importância na confirmação dos elementos compilados por Allan Kardec há cento e sessenta anos. 1- Chico Xavier: A literatura mediúnica em outros países atesta a existência de outras cidades semelhantes a Nosso Lar, uma das comunidades do chamado Espaço Brasileiro. Quando estávamos recebendo, mediunicamente, o primeiro livro de André Luiz, que traz esse título, impressionamo-nos vivamente com respeito ao assunto, porque a nossa perplexidade era indisfarçável e sendo o nosso assombro um motivo para perturbar a recepção do livro, o nosso André Luiz promoveu, em determinada noite, a nossa ausência do corpo físico para observar alguns aspectos, os aspectos mais exteriores, da chamada cidade “NOSSO LAR”. Mundo novo que somos chamados a perceber, a estudar, porque se relaciona com o futuro de cada um de nós. Ainda que não sejamos acolhidos na referida colônia, outros lares nos esperam após a desencarnação. Isto é muito importante. Há muita gente que considera este assunto demasiadamente remoto para que venhamos a nos preocupar com ele. Entretanto, na lógica terrestre, somos obrigados a cuidar dos estoques de determinados materiais - gasolina, óleo, medicamento, cereais. Se nos interessamos por isso, no trânsito sobre a Terra, por que admitir por ocioso esse tema da Espiritualidade que nos espera inevitavelmente a todos? O Espírito de André Luiz, registrando-nos o espanto, porquanto a estranheza era enorme da parte de companheiros de Pedro Leopoldo e Belo Horizonte, aos quais mostrávamos as páginas em andamento, teve o cuidado de mostrar-nos determinada faixa de Nosso Lar, onde jaziam centenas de irmãos hospitalizados, ocupando a atenção de médicos, de instrutores, enfermeiras, sacerdotes e pastores das diversas religiões. Devemos assinalar este fato, de vez que, frequentemente depois da morte são obrigados a compartilhar-nos crenças e concepções com respeito às verdades eternas do Espírito, quando a caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo nos espera a todos, quanto a discernimento e compreensão. Cada criatura, nessa cidade é chamada gradativamente para um estado mais amplo de entendimento. Nosso Lar é o retrato de muitas das colônias que nos aguardam, mas não é propriamente o retrato único, porque possuímos, além da Terra, além da vida física, muitas e muitas cidades de natureza superior e outras de natureza inferior a que chegaremos, inevitavelmente, segundo as nossas escolhas e méritos neste mundo. 2- Chico Xavier : “NOSSO LAR” situa-se sobre o norte do Rio de Janeiro. As regiões descritas no livro “E A VIDA CONTINUA”, sobre o lado norte da cidade de Santos. Quais os aparelhos científicos que as registram? A lente humana é o olho humano, ampliado”. 3- Chico estava psicografando “NOSSO LAR”. Numa das raras pausas que se permitia, saiu para fazer a barba. O barbeiro era dos antigos. Metódico, colocou-lhe a toalhinha sob o queixo, ensaboou-lhe o rosto. Esta rotina ordeira foi interrompida na primeira raspada: - Chico, estou sentindo muita tonteira. Parece que vou desmaiar. Posto em descanso no relativo conforto da cadeira, olhos cerrados, Chico inquietou-se, abriu os olhos e viu um espírito trevoso que enleava o barbeiro, dizendo-lhe aos ouvidos: - Corta a garganta dele... corta. Com o fio da navalha sobre o pescoço do Chico, o pobre homem não via nem ouvia o Espírito, mas sofria-lhe as influências. Daí, aquelas sensações estranhas, o afrouxamento dos controles. Voltou a dizer: - Chico, não sei se vou dar conta de terminar sua barba. - Não se preocupe, meu irmão. Barba é assim mesmo, a gente faz quando dá certo. Se não der hoje, a gente faz amanhã. Naquele momento, conta o Chico depois de uma pausa na conversa, tudo o que eu queria era que ele tirasse a navalha do meu pescoço. Concluindo, explicou que eram as trevas querendo impedir que “NOSSO LAR” fosse concluído e viesse à lume espargir luz. FONTE Arantes, Hércio M.C.; ENTREVISTAS; Edição IDE Worm, Fernando, A PONTE, Ed. Globo Silveira, Adelino; MOMENTOS COM CHICO XAVIER Ed.C

domingo, 6 de agosto de 2017

O CAMINHO PARA UM MUNDO MELHOR

Profissional espírita ligada à saúde mental e comportamental afirmou em interessante palestra que “a criança nada mais é que um Espírito num corpo pequeno. A visão dá margem a inúmeras reflexões até porque Allan Kardec reproduzindo o pensamento dos que o auxiliaram na elaboração do alicerce do Espiritismo enfatiza mais uma vez que o descaso com a formação da nova personalidade do Ser a cada encarnação conduz a sociedade aos descalabros como os observados na atualidade. Como construirmos um mundo melhor sem investimentos na criança e no jovem? Fácil concluir que o Centro Espírita tem um papel preponderante nessa tarefa. Há, contudo muitas instituições que não reconhecem o valor dessas ações. Dentre as importantes contribuições da Espiritualidade para o encaminhamento da questão da Evangelização Infanto-Juvenil, os livros do Espírito Luiz Sergio reúnem apontamentos valiosos. Num deles – CASCATA DE LUZ, psicografado pela médium Irene Pacheco – encontramos elementos para reflexões sobre o tema. Destacamos alguns: 1- Atualmente a criança e o jovem não têm o mesmo modo de pensar de tempos atrás. O que fazer para tomar agradável a evangelização, a fim de ser melhor  aproveitada por todos? —  Evitar a lição longa e entediante, e embelezar as lições práticas com encenações de palco, onde o aluno também participa, e depois a descoberta das aptidões. Dificilmente sentirão enfado e sono. 2- O jovem tem lá fora o que a vida Lhe dá; o atrativo é muito  forte. Se nós, os Espíritos, não nos unirmos com os encarnados em prol da família, veremos o que mais acontece hoje: meninas e meninos brincando de sexo. Devemos combater o aborto, sim, mas também levantar campanhas em prol da família e da felicidade, trazendo a criança e o jovem para os ambientes espíritas. Um Centro bem orientado é a “arca de Noé”, o recanto que irá salvar aquele que o buscar. 3-  Muitos julgam que o jovem na Doutrina só deve cantar e fazer a Campanha Auta de Souza. O jovem é uma semente que precisa do solo fértil para se tornar uma bela árvore, onde amanhã encontraremos abrigo, e cujos frutos, graças à água que hoje lhes ofertamos, serão saborosos e verdadeiros. A Casa que se preocupa com a família faz das suas crianças e jovens as flores do amanhã. O difícil é trazer o jovem para a Casa Espírita, quando lá fora o mundo material oferece uma “vida fácil”, onde tudo lhe é permitido. Não que a Doutrina proíba algo, mas ela faz brilhar nas consciências o Decálogo, e aí é doloroso constatarmos o quanto somos errados ainda.  4- Lá fora o jovem não tem compromisso  com a Lei de Deus. Ele se considera o dono da Terra, tanto é que brinca de viver, por isso qualquer Casa Espírita precisa dar ao jovem motivação, caso contrário ele fugirá dela. Hoje, com pesar, percebemos que poucas senhoras e senhores espíritas têm os seus filhos na Doutrina. Causa­-nos assombro esses mesmos senhores dizerem que o tóxico não é assunto para ser tratado pelos espíritas. Ao mesmo  tempo, levantam campanhas contra o suicídio. E o que é a droga? E o que vem ceifando  vidas dos jovens do mundo inteiro. Os espíritas que são contra falar de tóxico nos Centros deveriam visitar as cadeias e os hospitais. Façam um levantamento das causas dos desencarnes de jovens devido a problemas respiratórios e paradas cardíacas. A família esconde muitos casos, para que no  atestado não conste o  verdadeiro motivo do óbito: o suicídio por overdose. Feliz do Centro Espírita que oferece estudo e trabalho. 5- Para levarmos a juventude à Doutrina é necessário educá­-la de maneira tal que não seja vítima do fanatismo. O jovem tem de sentir­-se útil e não pode ficar preso à letra. O seu  campo energético está transbordando e pede trabalho à Casa. Se os deixarmos sentados, apenas estudando, irão buscar outros meios para dispersar o que têm em demasia: energia. Mocidade sem tarefas causa desinteresse ou  atritos com a diretoria. 

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

A EXPLICAÇÃO

Por vezes as pessoas se admiram, com aparente razão, quando encontram em indivíduos indignos, faculdades notavelmente desenvolvidas, e que deveriam ser, de preferência, atributo de homens virtuosos e isentos de preconceitos; e, contudo, a história dos séculos passados apresenta, quase que a cada página, exemplos de mediunidades notáveis, possuídas por Espíritos inferiores e impuros, por fanáticos sem raciocínio! Qual pode ser o motivo de tal anomalia? A dúvida bastante compreensível e natural também foi objeto de estudo de Allan Kardec nas páginas da REVISTA ESPÍRITA de outubro de 1867. A resposta havia sido dada pelo Espírito Clélie Duplantier em reunião da Sociedade Espírita de Paris na reunião de 22 de fevereiro daquele ano, como complemento da matéria MÉDICOS-MÉDIUNS. Diz ela: - Aí nada há que possa causar admiração; um estudo um pouco sério e refletido do problema dará a sua chave. Quando fenômenos extraordinários, pertencentes à ordem extracorporal, são produzidos, realmente o que acontece? – É que individualidades encarnadas servem de órgãos de transmissão à manifestação. Elas são instrumentos movidos por uma vontade exterior. Ora, demandariam a um simples instrumento o que se exigiria do artista que o faz vibrar?... Se é evidente que um bom piano é preferível a um defeituoso, não é menos certo que, num como no outro, se distinguirá o toque do artista do de um principiante. Se, pois, o Espírito que intervém na cura encontra um bom instrumento, dele se servirá de bom grado; senão empregará o que lhe oferecerem, por mais defeituoso que seja. Também é preciso considerar, no exercício da faculdade mediúnica, e em particular no exercício da mediunidade curadora, que podem apresentar-se dois casos bem distintos: ou o médium pode ser curador por sua própria iniciativa, ou não passa de um agente, mais ou menos passivo, de um motor excepcional. No primeiro caso, só poderá agir se suas virtudes e sua força moral lho permitirem. Será um exemplo na sua conduta, privada ou pública, um modelo, um missionário vindo para servir de guia ou de sinal de ligação aos homens de boa vontade! O Cristo é a personificação suprema do curador. Quanto àquele que é apenas um médium, sendo instrumento, pode ser mais ou menos defeituoso, e os atos que se operam por seu intermédio de modo algum o impedem de ser imperfeito, egoísta, orgulhoso ou fanático. Membro da grande família humana, da mesma maneira que a generalidade, participa de todas as suas fraquezas. Lembrai-vos destas palavras de Jesus: “Não são os que gozam de saúde que precisam de médico.” Há que se ver, então, um sinal da vontade da Providência nessas faculdades que se desenvolvem em meios e em pessoas imperfeitas. É um meio de lhes dar a fé que, mais cedo ou mais tarde, os conduzirá ao bem; se não for hoje, será amanhã; são sementes que não estão perdidas, porque vós, espíritas, sabeis que nada se perde para o Espírito. Em naturezas moralmente e fisicamente mais rudes, não é raro encontrar faculdades transcendentes, porque essas individualidades, por terem pouca ou nenhuma vontade pessoal, limitam-se a deixar agir a influência que as dirige. Poder-se-ia dizer que agem por instinto, ao passo que uma inteligência mais desenvolvida, querendo se dar conta da causa que a põe em movimento, por vezes se coloca em condições que não permitem uma realização tão fácil dos desígnios providenciais. Por mais bizarros e inexplicáveis que sejam os efeitos que se produzem aos vossos olhos, estudai-os atentamente, antes de considerar um só como infração às leis eternas do Mestre Supremo! Não há uma só que não afirme a sua existência, a sua justiça e a sua sabedoria eternas; se a aparência disser o contrário, crede bem que será apenas uma aparência, que desaparecerá para dar lugar à realidade, com um estudo mais aprofundado das leis conhecidas e o conhecimento daquelas cuja descoberta está reservada ao futuro. 

terça-feira, 1 de agosto de 2017

A FORÇA DO PENSAMENTO

 Allan Kardec décadas antes do resultado do estudo relatado pelo engenheiro norte americano Edwin Houston deixara escrito que “o pensamento é o atributo característico do Ser Espiritual; é ele que distingue o Espírito da matéria; sem o pensamento o Espírito não seria Espírito” (RE; 12/ 1864) e que “pensamento não está no cérebro, como não está na caixa craniana”. A apresentação dos resultados do estudo do pesquisador data de março de 1892, disponibilizado pelo também Engenheiro Albert de Rochas nas notas do seu EXTERIORIZAÇÃO DA SENSIBILIDADE. Na sequencia algumas das considerações para reflexões até para avaliarmos outras informações oferecidas por Allan Kardec em suas obras  sobre as múltiplas repercussões do pensamento nas realidade objetiva e subjetiva em meio às quais existimos:  As operações psíquicas do cérebro até aqui têm desafiado toda explicação. Geralmente se está convencido que a sede da atividade psíquica é o cérebro. Contudo, a maneira pela qual esse órgão age para produzir, conservar e reproduzir o pensamento é desconhecida e provavelmente o será sempre. Partindo desta consideração única, que a operação cerebral ou pensamento, qualquer que seja o mecanismo exato, é acompanhada de vibrações moleculares ou atômicas da matéria cinzenta, ou de qualquer outra matéria desta parte do cérebro, chamada cerebelo, que me permito propor a seguinte hipótese, para dar conta da telepatia (ação à distância), do mesmerismo, da transmissão do pensamento, do hipnotismo e de outros fenômenos conexos. Depois de haver pedido me concedessem, como "postulatum", a existência do éter universal, que é geralmente aceita hoje por todos os sábios, e pensando que esse éter atravessa a matéria, mesmo a mais densa, tão facilmente quanto a água passa por uma peneira, segue-se que os átomos ou moléculas do cérebro, que são a causa da operação cerebral, banham-se completamente no éter. Ora, desde que o éter é um meio de alta elasticidade e muito móvel, o pensamento, ou operação cerebral, se acompanhado de vibrações, necessariamente deve dar origem, no seio do éter, a movimentos ondulatórios tendo por centro os átomos ou moléculas do cérebro. Em outros termos, o ato do pensamento, ou operação cerebral, exige um gasto de energia, porque, necessariamente, supõe a movimentação dessas partículas atômicas ou moleculares do cérebro, cuja existência admitimos. A natureza exata desses movimentos que, por hipótese, acompanham um estado ativo do cérebro, deve necessariamente permanecer desconhecida, enquanto ignorarmos a natureza exata do mecanismo que é posto em movimento. Mas se um cérebro em atividade desenvolve pensamento, porque algo é posto em movimento, segue-se naturalmente que um cérebro absolutamente livre de produzir pensamento deve estar em repouso, no que se refere a esse gênero de movimento. Uma libertação absoluta de pensar, num cérebro são, é, provavelmente, um estado que existe raramente. Parece resultar da facilidade com que esta curiosa função do cérebro, chamada memória, o põe em estado de lembrar facilmente as particularidades passadas, que as células da matéria cinzenta, ou outra do cérebro, que concorrem à produção do pensamento, podem ser levadas a entrar em certos grupamentos ou em certas relações umas com as outras. Graças à contínua repetição de certas ordens de pensamentos, como no estudo ou nas observações repetidas, os movimentos particulares, necessários à reprodução desse pensamento, provavelmente recebem um vinco ou uma tendência a formar grupamentos mais ou menos permanentes. Assim, pois quando o cérebro é posto em movimento e, de qualquer maneira, tocado como um instrumento, esses movimentos se produzem e certas lembranças despertam. Como se podem produzir tais movimentos? A resposta certa parece ser que se manifestem sob a dupla influência de dentro e de fora. Pode bem ser que o afluxo do sangue num cérebro em atividade - o fato é bem notório - que acompanha toda operação cerebral ativa, não seja apenas destinado a nutrir e reconstituir esse órgão, mas também a lhe fornecer a força puramente mecânica, que não tem senão que agir sobre esse instrumento tão maravilhosamente concedido para despertar os pensamentos cuja impressão já recebeu, ou para fazer julgar as combinações novas, que jamais se lhe tinham apresentado. (...). Seja qual for a origem dessas vibrações ou a maneira por que são excitadas, é preciso um dispêndio de força para as produzir e, como o reconhecerá de boa vontade a pessoa que pensa, esse dispêndio de força acarreta, muitas vezes, um considerável esforço nervoso. energia cerebral, ou energia gasta, como acabamos de o dizer, para produzir o pensamento, é dissipada quando se comunicam movimentos ondulatórios ao éter ambiente, e esses movimentos se espalham em todas as direções, partindo do cérebro, por exemplo, para os olhos. Sem dúvida não há provas absolutas da existência das vibrações moleculares ou atômicas das partículas do cérebro, cuja existência admito. Contudo, esse movimento não é improvável e, mesmo, certos fatos, conhecidos pelos médicos, estão longe de estar em desacordo com esta hipótese.