faça sua pesquisa

domingo, 31 de dezembro de 2017

ESTUDO DA REENCARNAÇÃO E INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS



sábado, 30 de dezembro de 2017

ESPÍRITO DESENCARNADO TEM FOME?

Preso a rotinas diárias que incluem refeições objetivando a sustentação do corpo físico de que se serve ao longo de uma encarnação, o Espírito após a morte se livra facilmente desses condicionamentos? A resposta pode ser encontrada em matéria publicada por Allan Kardec no número de junho de 1868 da REVISTA ESPÍRITA. Partindo de notícia publicada no Journal de Sétif, de 23 de abril, tratando do necrológio que publicou sobre padre Sr. Bizet da cidade de Sétif, na Bélgica, destacando que não faltou nenhum habitante da localidade; estando as diferentes religiões reunidas e misturadas para dizer um adeus a ele, os árabes, representados por alcaides e magistrados muçulmanos; os israelitas pelo rabino e os principais notáveis dentre eles; os protestantes por seu pastor, lá estavam, Evocado na Sociedade Espírita de Paris, ele revelou um dado curioso: o reencontro com vários concidadão mortos em epidemia de cólera que se abateu sobre a região, implorando por comida. Comentando a informação que induziu a duvida natural sobre a fome dos espíritos desencarnados, Kardec comenta: – “A quem quer que não conheça a verdadeira constituição do Mundo Invisível, parecerá estranho que Espíritos, que segundo eles são seres abstratos, imateriais, indefinidos, sem corpo, sejam vítimas dos horrores da fome; mas o espanto cessa quando se sabe que esses mesmos Espíritos são seres como nós; que têm um corpo, fluídico é verdade, mas que não deixa de ser matéria; que, deixando seu invólucro carnal, certos Espíritos continuam a vida terrestre com as mesmas vicissitudes, durante um tempo mais ou menos longo. Isto parece singular, mas é, e a observação nos ensina que tal é a situação dos Espíritos que viveram mais a vida material do que a vida espiritual, situação por vezes terrível, porque a ilusão das necessidades da carne se faz sentir, e se tem todas as angústias de uma necessidade impossível de satisfazer. O suplício mitológico de Tântalo, nos Antigos, acusa um conhecimento mais exato do que se supõe, do estado do Mundo de além-túmulo, sobretudo mais exato que entre os modernos. Completamente diversa é a posição dos que, desde esta vida, se desmaterializaram pela elevação de seus pensamentos e sua identificação com a vida futura. Todas as dores da vida corporal cessam com o último suspiro e logo o Espírito plana, radioso, no Mundo Etéreo, feliz como o prisioneiro liberto de suas cadeias. Quem nos disse isto? É um sistema, uma teoria? Alguém disse que deveria ser assim e se acredita sob palavra? Não; são os próprios habitantes do mundo invisível que o repetem em todos os pontos do globo, para ensinamento dos encarnados. Sim, legiões de Espíritos continuam a vida corporal com suas torturas e suas angústias. Mas quais? Os que ainda estão muito avassalados à matéria para dela se desprenderem instantaneamente. É uma crueldade do Ser Supremo? Não; é uma lei da Natureza, inerente ao estado de inferioridade dos Espíritos e necessária ao seu adiantamento; é um prolongamento misto da vida terrena durante alguns dias, alguns meses, alguns anos, conforme o estado moral dos indivíduos. Estariam aptos para tachar de barbárie essa legislação, aqueles que preconizam o dogma das penas eternas, irremissíveis, e as chamas do inferno como um efeito da soberana justiça? Podem eles fazer um paralelo entre a situação temporária, sempre subordinada à vontade do indivíduo de progredir, e a possibilidade de avançar por novas encarnações? Aliás, não depende de cada um escapar a essa vida intermediária, que, francamente, nem é a vida material, nem a vida espiritual? Os espíritas a ela escapam naturalmente, porque, compreendendo o estado do mundo espiritual antes de nele entrar, imediatamente se dão conta de sua situação. As evocações nos mostram uma multidão de Espíritos que ainda se julgam deste mundo: suicidas, supliciados que não suspeitam que estão mortos e sofrem o seu gênero de morte; outros que assistem ao próprio enterro, como se fosse o de um estranho; avarentos que guardam seus tesouros, soberanos que julgam mandar ainda e que ficam furiosos por não serem obedecidos; depois de grandes desastres marítimos, náufragos que lutam contra o furor das ondas; após uma batalha, soldados que se batem; e, ao lado disto, Espíritos radiosos, que nada mais têm de terrestre e são para os encarnados o que a borboleta é para a lagarta. Pode perguntar-se para que servem as evocações, quando nos dão a conhecer, até nos mais ínfimos detalhes, esse Mundo que nos espera a todos, ao sairmos deste? É a Humanidade encarnada que conversa com a Humanidade desencarnada; o prisioneiro que fala com o homem livre. Não, por certo elas nada servem ao homem superficial que nisto só vê um divertimento; elas não lhe servem mais do que a física e a química recreativas para a sua instrução. Mas para o filósofo, observador sério, que pensa no amanhã da vida, é uma grande e salutar lição; é todo um mundo novo que se descobre; é a luz lançada sobre o futuro; é a destruição dos preconceitos seculares sobre a alma e a vida futura; é a sanção da solidariedade universal que liga todos os seres. Dirão que se pode ser enganado; sem dúvida, como se o pode sobre todas as coisas, mesmo as que se vê e se toca; tudo depende da maneira de observar. O quadro que apresenta o cura Bizet nada tem, pois, de estranho; vem, ao contrário, confirmar, por mais um grande exemplo, o que já se sabia; e, o que afasta toda ideia de reflexão de pensamentos, é que o fez espontaneamente, sem que ninguém pensasse em chamar sua atenção sobre aquele ponto. Por que, então, teria vindo dizer, sem que se lhe perguntasse, se aquilo era assim ou não? Sem dúvida a isto foi levado para a nossa instrução. Aliás, toda a comunicação traz um cunho de gravidade, de sinceridade e de modéstia, que é bem o seu caráter e que não é próprio dos Espíritos mistificadores. 

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

GENOMA HUMANO E REVELAÇÕES DO PASSADO

 A evolução da Ciência materialista nas últimas décadas suscita muitas dúvidas quanto à visão oferecida pelo Espiritismo no que tange à evolução do Espírito e as doenças e limitações físicas impostas pelas transgressões às Leis de Deus. Uma dessas dúvidas é proposta ao professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme), na sequência, bem como uma questão relacionada à TVP - Terapias de Vidas Passadas. GENOMA HUMANO Com relação à encarnação de Espíritos, que precisam passar por determinadas expiações, de acordo com suas necessidades evolutivas, como fica a Espiritualidade diante da engenharia genética que, mais cedo ou mais tarde, poderá conseguir evitar aleijões físicos e mentais, doenças fatais, como o câncer, o mal de Alzeihmer, etc. Vemos dois grandes aspectos nesta questão. O primeiro nos leva afirmar que uma coisa são as necessidades evolutivas do Espírito; outra, as experiências pelas quais ele precisa passar. Na natureza, não há somente uma solução para cada problema, há múltiplas alternativas, de acordo com o lugar e o tempo, com a cultura e o desenvolvimento de cada povo. Na Antiguidade, certamente havia experiências que hoje não mais existem e, atualmente, outras existem que não havia naquela época. Logo, Espíritos, que reencarnam em diferentes momentos da História, vivenciam situações diversas conforme suas necessidades, donde podemos concluir que as novas descobertas da ciência, dando ensejo ao progresso da Medicina, no campo da prevenção e das terapias, não servem de obstáculo às leis naturais, que continuarão a funcionar interminavelmente. Tais realizações humanas, por mais arrojadas nos pareçam, não alteram as Leis da Natureza, que prosseguem comandando todos os fenômenos. O outro aspecto da pergunta refere-se ao progresso científico e tecnológico que, com certeza, não se realiza sem a co-participação da Espiritualidade que, para tudo, tem um objetivo providencial, encaminhando para a Terra - Espíritos capazes de revolucionar o conhecimento e sua aplicação com descobertas de impacto. Com certeza, o mapeamento do código genético humano e as posteriores façanhas nesse campo, também vão comprovar o absurdo do racismo e outros meios de discriminação que, até hoje, servem de pretexto para crimes que deveriam envergonhar o homem do Terceiro Milênio. REVELAÇÕES DO PASSADO Como podemos explicar, do ponto de vista espírita, que tantas pessoas, que passaram pela Terapia de Vidas Passadas, talvez a maioria delas, se lembrem de terem sido reis, príncipes, chefes de estado e personalidades importantes da História? Será que elas estão imaginando tudo isso ou, no passado, havia mais gente importante do que pessoas comuns? Vários terapeutas espíritas têm se preocupado com as reportagens que a televisão costuma apresentar ao público leigo, fazendo apologia da TVP, através de exageradas revelações que fluem com muita facilidade da mente dos pacientes para o público. Dizem que, além do exagero promocional da TV, é difícil para o profissional separar o que é a lembrança do real da mera fantasia criada pela mente imaginosa, e que o objetivo da terapia não é a revelação do passado, mas a cura. O terapeuta pode sentir a mente supercriativa, recurso comum para a alimentação do EGO, mas dificilmente saberá separar com precisão o real do imaginário. Além disso, TVP não é Espiritismo, não tem por fim verificar a realidade ou não dos relatos apresentados pelo paciente; é apenas uma técnica de tratamento psicológico surgida nos Estados Unidos, há alguns anos atrás. A Doutrina Espírita tem um posicionamento inequívoco a respeito de revelações do passado em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, valorizando o fenômeno do esquecimento como meio de defesa da mente encarnada, razão pela qual para ela a regra é não se lembrar de encarnações anteriores. No entanto, mesmo no meio espírita, por ignorância ou vaidade, muitos grupos se utilizam do expediente perigoso da revelação, apresentando aos consulentes histórias que servem para identificá-los com personalidades importantes do passado, sem o mínimo critério crítico de análise. Tal procedimento, além de não se coadunar com a moral espírita, fere frontalmente o princípio lógico do bom senso, defendido por Erasto em O LIVRO DOS MÉDIUNS ("É preferível rejeitar nove verdades a aceitar uma só falsidade") e ratificado por Allan Kardec em toda sua obra.

domingo, 24 de dezembro de 2017

O RIGOR DA LEI

Ninguém foge de si mesmo conclui-se analisando depoimentos vertidos do Plano Espiritual através de milhares de médiuns que filtram o pensamento dos que voltaram para afirmar a realidade da sobrevivência após a morte física, bem como, revelar sua situação no Plano Espiritual. Na mensagem SUICÍDIO do livro RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS do Espírito Emmanuel através de Chico Xavier, uma interessante lista de prováveis relações CAUSA E EFEITO.  Na reunião descrita na REVISTA ESPÍRITA de maio de 1862 em que Allan Kardec procurou ouvir o jovem suicida Maximiliano que aos 12 se enforcou, outras questões foram tratadas com o guia do médium através do qual houve a manifestação espiritual bem como com o próprio suicida com fins de esclarecimento e aprendizado. Vamos a elas:  Qual o grau de punição para este Espírito por se haver suicidado? Levando-se em conta sua idade, sua ação é tão condenável quanto a dos outros suicidas? – A punição será terrível, porque foi mais culpado que os outros. Já possuía grandes faculdades: a força de amar a Deus de maneira poderosa e de fazer o bem. Os suicidas sofrem longos castigos e Deus pune ainda mais os que se matam com grandes ideias na mente e no coração. Dissestes que a punição de Maximiliano V... será terrível. Poderíeis dizer em que consistirá? Parece que ela já começou. Ser-lhe-á reservado mais do que já experimenta? – Sem dúvida, pois sofre um fogo que o consome e o devora e que só cessará pelos esforços da prece e do arrependimento. Observação – Sofre um fogo que o consome e o devora. Não está aí a imagem do fogo do inferno, que nos é apresentado como um fogo material? Há possibilidade de ser atenuada a sua punição? – Sim: orando-se por ele, principalmente se Maximiliano se unir às vossas preces. O objeto de sua paixão compartilha de seus sentimentos? Estarão esses dois seres destinados a unir-se um dia? Quais as condições de sua união e quais os obstáculos que agora a impedem? – Os poetas amam as mulheres da Terra? Eles o acreditam por um dia, uma hora. O que eles amam é o ideal, uma quimera criada por sua ardente imaginação; amor que não pode ser satisfeito senão por Deus. Todos os poetas têm uma ficção no coração – a beleza ideal que eles acreditam ver passar na Terra; e quando encontram uma bela menina, que jamais deverão possuir, então dizem que a realidade tomou o lugar do sonho. Mas, se tocarem a realidade, cairão das regiões etéreas na matéria e, não mais reconhecendo o ser que sonhavam, criam outras quimeras. [A Maximiliano]. Em que época vivestes como poeta? Tivestes um nome conhecido? – No reinado de Luís XV. Eu era pobre e desconhecido; amava a uma mulher, um anjo que vi passar num parque, num dia de primavera. Depois, só a revi em sonhos, e meus sonhos prometiam que eu a possuiria um dia. O nome Elvira nos parece muito romântico, o que nos leva a pensar que se trate de um ser imaginário. – Sim; era uma mulher. Sei seu nome porque um cavaleiro que passava perto dela a chamou Elvira. Ah! era bem a mulher que minha imaginação havia sonhado. Eu a vejo ainda, sempre bela e encantadora. Ela é capaz de me fazer esquecer a Deus para vê-la e segui-la ainda. Sofreis e podeis sofrer ainda muito tempo. De vós depende abreviar os vossos tormentos. – Que me faz o sofrimento! Não podeis avaliar o que é um desejo insatisfeito. Meus desejos serão carnais? E, no entanto, eles me queimam, e as pulsações do coração, ao pensar nela, são mais fortes do que seriam se pensasse em Deus. Nós vos lamentamos profundamente. Para trabalhar pelo vosso progresso é necessário que vos torneis útil e penseis mais em Deus do que o tendes feito. É preciso que soliciteis uma reencarnação com o único objetivo de reparar os erros e a inutilidade de vossas últimas existências. Não se diz que deveis esquecer a Elvira, mas pensar um pouco menos nela e um pouco mais em Deus, que pode abreviar os vossos tormentos se fizerdes o que for necessário. Secundaremos vossos esforços pelas nossas preces. Resp. – Obrigado! orai e tratai de arrancar Elvira de meu coração. Talvez um dia eu vos agradeça por isto.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

SEM JUSTIFICATIVA MAS EXPLICÁVEL

Diferentemente das escolas religiosas tradicionais, o Espiritismo analisa a questão do suicídio de forma racional. Explica que a condenação eterna não é o destino daquele que aniquila o próprio corpo físico, não é o destino que  cria o que se mata; que o que assim procede o faz compulsivamente pelos profundos traumas impostos e gravados no Espírito agravados, muitas vezes, pela influência obsessiva causada por adversários do passado. Na REVISTA ESPÍRITA de maio de 1862, Allan Kardec reproduz o resultado de entrevista realizada com fins de pesquisa com Espírito de um adolescente suicida. Diz a matéria: Maximiliano V..., criança de doze anos, suicida-se por amor Lê-se no Siècle de 13 de janeiro de 1862: “Maximiliano V..., rapazola de doze anos, morava com os pais à Rua des Cordiers e estava empregado como aprendiz numa tapeçaria. Esta criança tinha o hábito de ler romances folhetins. Todos os momentos que podia escapulir do trabalho ele os dedicava à leitura, que lhe superexcitava a imaginação e inspirava ideias acima de sua idade. Assim, imaginou sentir paixão por uma criatura que teve ocasião de ver algumas vezes, a qual estava longe de pensar que tivesse inspirado um tal sentimento. Desesperado por não ver a realização dos sonhos provocados por suas leituras, resolveu matar-se. Ontem, o porteiro da casa que o empregava encontrou-o sem vida num gabinete do terceiro andar, onde trabalhava sozinho. Enforcara-se numa corda que prendera numa viga com um enorme prego.” As circunstâncias dessa morte, numa idade tão pouco avançada, deram a pensar que a evocação dessa criança poderia fornecer assunto para um ensino útil. Ela foi feita em sessão da Sociedade, ocorrida 11 dias depois através do Médium: Sr. E. Vézy. Nesse fato há um difícil problema de moral, quase impossível de resolver pelos argumentos da filosofia comum e, ainda menos, da filosofia materialista. Pensam ter tudo explicado dizendo que era uma criança precoce. Mas isto não explica nada; é absolutamente como se dissessem que é dia, porque o Sol se levantou. De onde vem tal precocidade? Por que certas crianças ultrapassam a idade normal para o desenvolvimento das paixões e da inteligência? Eis uma das dificuldades contra as quais vêm se chocar todas as filosofias, porque suas soluções sempre deixam uma questão não resolvida e podemos sempre indagar o porquê do por quê. Admiti a preexistência da alma e o desenvolvimento anterior e tudo se explica da maneira mais natural. Com este princípio remontais à causa e à fonte de tudo.  . [A Maximiliano]. Tendes consciência de vossa situação?. – Ainda não posso definir bem onde estou; há como que um véu sombrio à minha frente; falo, mas não sei como me ouvem e como falo. Contudo, já vejo aquilo que até há pouco era obscuro; sofria, mas desde agora me sinto aliviado.  Lembrai-vos bem das circunstâncias da vossa morte? – Parecem muito vagas. Sei que me suicidava sem motivo. Entretanto, poeta numa outra encarnação, tinha uma espécie de intuição de minha vida passada; criava sonhos, quimeras; enfim, eu amava . É singular que uma criança de doze anos seja levada ao suicídio, sobretudo por um motivo como esse que vos impeliu. – Sois extraordinários! Já não vos disse que, poeta numa outra encarnação, minhas faculdades tinham ficado mais amplas e mais desenvolvidas que nos outros? Oh! ainda na noite em que me encontro agora vejo passar essa sílfide de meus sonhos na Terra, e é isto o castigo que Deus me inflige, de a ver bela e leviana como sempre, passar diante de mim e eu, ébrio de loucura e de amor, quero me atirar... mas, ah! é como se estivesse preso a um anel de ferro... Chamo... mas em vão; ela nem sequer vira a cabeça... Oh! como sofro então! . Poderíeis descrever a sensação que experimentastes quando vos reconhecestes no mundo dos Espíritos?. – Oh! sim, agora que estou em contato convosco. Meu corpo lá estava, inerte e frio e eu planava à sua volta; desfazia-me em lágrimas. Estais admirados das lágrimas de uma alma. Ah! como são intensas e abrasadoras! Sim, eu chorava, porque acabava de reconhecer a enormidade de minha falta e a grandeza de Deus!... E, contudo, não tinha certeza de minha morte; pensava que meus olhos fossem abrir-se... Elvira! Chamava eu... supondo vê-la... Ah! é que a amo desde muito tempo; amá-la-ei sempre... Que importa, se tiver de sofrer por toda a Eternidade, se puder um dia possuí-la em outra encarnação!  Que sensação experimentais por estar aqui? – Faz-me bem e mal ao mesmo tempo. Bem, porque sei que compartilhais de meu sofrimento; mal, porque, apesar de toda a vontade que tenho de vos agradar, aceitando as vossas preces, não posso, porque então deveria seguir um outro caminho, diferente daquele de meus sonhos.  Que podemos fazer que vos seja útil?. – Orar, visto que a prece é o orvalho divino que nos refresca o coração, a nós, pobres almas em pena e em sofrimento. Orar. No entanto, parece que se me arrancásseis do coração o próprio amor e o substituísseis pelo amor divino, então!... não sei... creio!... Vede! neste instante eu choro... pois  bem!... pois bem!... orai  por mim! 

sábado, 16 de dezembro de 2017

A MENTE E O ESPIRITISMO

Embora não sendo o foco principal de suas pesquisas, Allan Kardec obteve da Espiritualidade Superior informações que hoje podem servir para a formação de um consenso sobre o sentido mais amplo desse atributo do Ser: a mente. Na sequencia, uma série de detalhes encontráveis nas Obras Básicas: A Doutrina Espírita define o Espírito como “a individualização do Princípio Inteligente”, o que nos leva a crer que antes da condição humana ele estava em processo de formação. É possível ter-se uma ideia de como isso se dá? Nos seres inferiores da criação, que estais longe de conhecer inteiramente, o Princípio Inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida. É de certa maneira um trabalho preparatório, como o de germinação, em seguida ao qual o Princípio Inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. (LE, 607)  O Princípio Inteligente gastou, desde os vírus e bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos quinze milhões de séculos, a fim de poder, como Ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar suas primeiras emissões do pensamento contínuo. (EDM, 6)  Aprendida a constituição mecânica das palavras, (...) com seu exercício incessante e fácil, a energia mental do homem primitivo expande gradativamente o pensamento que se dilata (...). Pela compreensão progressiva entre as criaturas, por intermédio da palavra (...), fundamenta-se no cérebro o pensamento contínuo transformando as ideias-relâmpagos e as ideias-fragmentos da crisálida da consciência, no reino animal, em conceitos e inquirições, traduzindo desejos e ideias. (EDM, 10) A Teoria Evolucionista amplia-se sobremaneira considerando que o Princípio Inteligente desenvolve rudimentos da memória no Reino Mineral; da sensibilidade no Reino Vegetal e o Instinto com ideias fragmentárias no Reino Animal Irracional dos asselvajados aos domesticáveis. O pensamento contínuo é, então, um divisor entre uma etapa e outra, ou melhor, fator determinante no processo evolutivo a partir da fase humana? O pensamento é uma força, é o atributo característico do Ser Espiritual; é ele que distingue o Espírito da matéria; sem o pensamento o Espírito não seria Espírito. (RE, /1864)  O pensamento, força viva e atuante, cuja velocidade supera a da luz, emitido por nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas criadoras, que naturalmente se nos fixam no Espirito quando alimentadas pelo combustível de nosso desejo ou de nossa atenção. (L,4) O pensamento, qualquer que seja a sua natureza, é uma energia, tendo, conseguintemente, seus efeitos.(FT) Diante disso a capacidade de pensar não é derivada do corpo físico? O pensamento não está no cérebro, como não está na caixa craniana. O cérebro é o instrumento do pensamento, como o olho é o instrumento da visão, e o crânio é a superfície sólida que se molda aos movimentos do instrumento.  Se o instrumento for danificado, não se dá a manifestação, exatamente como, quando se perdeu um olho, não se pode mais ver. (RE;1860) A transição da irracionalidade para a racionalidade se dá na Terra? Essa caminhada é cumprida numa série de existências que precedem o período chamado Humanidade (LE) que, não tem na Terra o ponto de partida da primeira encarnação humana, começando, em geral, nos mundos ainda mais inferiores, não sendo, porém, regra absoluta, podendo, ocorrer como exceção. LE) Qual o traço dominante nesta fase? A faculdade dominante no estado selvagem é o instinto o que não o impede de agir com inteira liberdade em certas coisas, liberdade que se desenvolve com a inteligência.(LE)  O instinto é a força oculta (reflexo condicionado) que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista sua conservação. Nos atos instintivos (compulsão ou impulso), não há nem reflexão, nem combinação e nem premeditação. Todo ato maquinal é instintivo. Impulso involuntário é instintivo.(G)  Já a Inteligência revela-se por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, segundo a oportunidade das circunstâncias. Denota reflexão, associação, deliberação. Direção calculada é ato inteligente. (G) Instinto é uma espécie de inteligência, não racional, através do qual todos os seres provêm suas necessidades. (LE)  O Instinto, porém, enfraquece-se pela predominância da inteligência (G)   O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões sendo domadas pelo esforço da vontade. (G) Na primeira encarnação, o Espírito está no estado de infância na vida corpórea. Sua inteligência apenas desabrocha; ela ensaia para a vida. (LE)



terça-feira, 12 de dezembro de 2017

PROGRESSO DA HUMANIDADE

Tempo difíceis esses pelos quais a Humanidade presente no Planeta Terra atravessa Apesar dos avanços tecnológicos, as pessoas se mostram mais insensíveis para a dor e dificuldades do semelhante. Estamos, ao que tudo indica, nos aproximando cada dia mais de um conflito militar sem precedentes considerando o poderio militar exibido pelas grandes potências do Mundo. Na sequência, o professor José Benevides Cavalcante nos conduz a algumas reflexões a partir de questão proposta por leitor que indaga: -Não percebo que esteja havendo um progresso moral significativo na Humanidade. O materialismo aumenta em lugar de diminuir. O homem está mais voltado para os valores materiais e a religião para ele parece ser uma simples muleta de que se vale apenas no momento de necessidade. Depois, encosta a muleta e volta-se de novo para sua rotina materialista, sem compromisso com o semelhante, acomodando-se nas ilusões do mundo e pondo seu interesse apenas no poder e na riqueza. Estamos, de fato, vivendo um momento muito propício para a intensificação do materialismo. Mas o Espiritismo acredita na vitória do Espírito, porque acredita na evolução. Certamente, o homem progrediu intelectualmente, porque, na escala de suas necessidades, teve que desenvolver mais a inteligência para escapar do perigo e conseguir os meios de sobrevivência por meios violentos. Com isso, o sentimento perdeu terreno. As realizações do "homo faber" não foram acompanhadas de um progresso moral correspondente; enquanto isso, ele aprendeu a fabricar muitas coisas, mas não as soube utilizar convenientemente para o bem da coletividade. Não desenvolveu a solidariedade, permanecendo escravo de seu vil egoísmo. Hoje sofre as consequências do intensivo progresso material dos últimos anos, confinado em espaços cada vez menores, acomodando-se ao conforto da cidade, esvaziando o campo, extasiado ante o fenômeno ameaçador da globalização, numa vida de intensa competição e muito pouco humanismo. O individualismo cresce, transmudando-se em atos de extrema e generalizada violência, agravada pelo uso das drogas, porque o homem, de uma maneira geral, está iludido com o poder e com a riqueza, pensando que, passando por cima dos outros, desrespeitando a vida e as pessoas, será feliz sozinho no seu mundo. É como se nós, Humanidade, fôssemos passageiros de um grande transatlântico, que estivesse em alto mar atravessando ameaçadora tempestade. Ninguém pretende abrir mão do conforto da viagem, mas, ao mesmo tempo, todos estão alertas para conseguir o salva-vidas no momento propício e, para isso, não se importam em ferir ou matar, desde que se salvem. Daí a violência de nosso tempo. Mas tudo não passa de uma fase crítica de rápidas transformações (tempestade), em que as estruturas do passado estão sendo demolidas para darem lugar a outras que ainda não se ergueram, pois, como lemos em "Lei de Progresso", capítulo de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, o progresso é inevitável. A linha da evolução não é reta e, muitas vezes, para que a coletividade avance num sentido, ela precisa recuar em outro. Por isso, em várias ocasiões, é preciso que a situação chegue ao limite do tolerável para começar a mudar; o interesse do homem por valores espiritualmente elevados sempre acontece em momentos decisivos. Daí as grandes comoções sociais e outros fenômenos cíclicos a que se refere Allan Kardec no capítulo citado, que lhe indicamos para leitura.

sábado, 9 de dezembro de 2017

KARDEC E A REENCARNAÇÃO

Os que se detém a estudar a obra construída pelo educador Allan Kardec não consegue encontrar um ponto passível de dúvida. Ele fosse qual o assunto procurava cercar todos os aspectos capazes de gerar dúvida estabelecendo polemicas entre os que buscam esclarecimentos ou respostas para os variados temas em que o Espiritismo toca. O meio século de vida cumprido quando se interessou pela fenomenologia em torno daquilo que confirmaria ser a intervenção do Mundo Espiritual no Mundo Material através do instrumento chamado médium, o qualificaram para a construção do alicerce da proposta que pretende resgatar no seu verdadeiro, amplo e profundo os ensinamentos de Jesus. Um dos tópicos esquecidos por treze séculos pela imposição da escola religiosa dominante no lado Ocidental do Planeta, a reencarnação, não foi de imediato aceito por ele, apesar de constituir-se numa das abordagens dos Espíritos que o orientavam e municiavam de revelações surpreendentes. No número de abril de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, ele confirma isso, explicando seu desinteresse, a princípio, pela inusitada informação. O princípio, por sinal, continua a encontrar resistência nos meios acadêmicos para ser considerado, provavelmente pelos atavismos que todos carregam das proibições em se discutir a questão. Interessantes confirmações vão, contudo, sendo apresentados por pesquisadores. Ian Stevenson, Hemendras Banerjee, Hernani Guimarães Andrade legaram interessante acervo em torno das memórias extracerebrais. Os profissionais da saude mental Brian Weiss, Helen Wambach, Edith Fiore, entre outros, vasculharam memórias de vidas passadas de pacientes a procura da origem de transtornos físico/mentais. Mas Allan Kardec também resistiu a princípio.Explica ele: - Em suma, o grande critério do ensino dado pelos Espíritos é a lógica. Deus nos deu a capacidade de julgar e a razão para delas nos servirmos; os Espíritos bons no-las recomendam, nisto nos dando uma prova de superioridade. Os outros se guardam: querem ser acreditados sob palavra, pois sabem muito bem que no exame têm tudo a perder. Como se vê, temos muitos motivos para não aceitar levianamente todas as teorias dadas pelos Espíritos. Quando surge uma, limitamo-nos ao papel de observador; fazemos abstração de sua origem espírita, sem nos deixar fascinar pelo brilho de nomes pomposos; examinamo-la como se emanasse de um simples mortal e vemos se é racional, se dá conta de tudo, se resolve todas as dificuldades. Foi assim que procedemos com a doutrina da reencarnação, que não tínhamos adotado, embora vinda dos Espíritos, senão após haver reconhecido que ela só, e só ela, podia resolver aquilo que nenhuma filosofia jamais havia resolvido, e isso abstração feita das provas materiais que diariamente são dadas, a nós e a muitos outros. Pouco nos importam, pois, os contraditores, ainda que sejam Espíritos. Desde que ela seja lógica, conforme à justiça de Deus; que não possam substituí-la por nada de mais satisfatório, não nos inquietamos mais do que os que afirmam que a Terra não gira em torno do Sol – porquanto há Espíritos que se julgam sábios – ou que pretendem que o homem veio completamente formado de um outro mundo, transportado nas costas de um elefante alado.




quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

CICLOS EVOLUTIVOS

Se os Espíritos ainda não dizem tudo abertamente, não é por que haja na Doutrina mistérios reservados a privilegiados, nem por que coloquem a candeia debaixo do alqueire. Mas porque cada coisa deve vir no tempo oportuno. Eles dão a cada ideia o tempo de amadurecer e de se propagar antes de apresentarem uma outra, e dão aos acontecimentos o tempo de lhes preparar a aceitação. (ESE) O comentário feito por Allan Kardec vai à medida que o tempo passa se confirmando. As ditas OBRAS BÁSICAS do Espiritismo após um século foram ampliadas, sobretudo, pela contribuição do Espírito conhecido como André Luiz através da série NOSSO LAR.  Quando do aparecimento dos primeiros trabalhos do Espírito Ramatís pelo médium Hercílio Maes de Curitiba, Paraná, espíritas mais conservadores foram ouvir a opinião do Orientador Espiritual Emmanuel através de Chico Xavier que ofereceu surpreendentes e reveladoras respostas resgatadas décadas depois pelo pesquisador Eduardo Carvalho Monteiro e incluídas no seu livro SALA DE VISITAS DE CHICO XAVIER. Ali, o responsável pelo trabalho do médium mineiro fala em Ciclos Evolutivos. Na sequência alguns elementos para reflexões:1- A Terra, em sua constituição física propriamente considerada, possui os seus grandes períodos de atividade e de repouso. É possível ter se uma ideia de como? Cada período de atividade e cada período de repouso da matéria planetária, pode ser calculado, cada um, em 260.000 mil anos.  Atravessando o período de repouso da matéria terrestre, a vida se reorganiza, enxameando de novo nos vários departamentos do Planeta, representando, assim, novos caminhos para a evolução das almas.  Assim sendo, os grandes Instrutores da Humanidade, nos Planos Superiores, consideram que, desses 260.000 anos de atividade, 60 a 64 mil foram empregados na reorganização dos pródomos da vida organizada.  Logo em seguida surge o desenvolvimento das grandes raças que dizem respeito à evolução do Espírito domiciliado na Terra.  Assim, depois desses 60 a 64 mil anos de reorganização de nossa Casa Planetária temos sempre grandes transformações de 28 em 28 mil anos.  Depois do período dos 64 mil anos, tivemos duas raças na Terra cujos traços se perderam por causa de seu primitivismo.  Logo em seguida podemos considerar a grande raça Lemuriana como portadora de uma inteligência algo mais avançada, detentora de valores mais altos, nos domínios do Espírito.  Em seguida aos 28.000 anos de trabalho Lemuriano - chegamos ao grande período da raça Atlântida, com outros 28.000 anos de grandes trabalhos, no qual a inteligência do mundo se elevou de maneira considerável, cujas últimas ilhas, que guardavam os remanescentes da Civilização Atlântida, submergiram, mais ou menos, 9 a 10 mil anos antes da Grécia de Sócrates.  2- Achamo-nos, agora, nos últimos períodos da grande raça Ariana. (SVCX) O Espiritismo afirma que a evolução é a razão da existência do Espírito. Da condição de  princípio inteligente à de Espírito e de Humanização, esse processo se desenvolve em linha reta? A lei circular preside todos os movimentos do mundo; ela rege as evoluções da Natureza, as da História e da Humanidade. Cada Ser gravita num círculo, cada vida descreve um circuito, toda a história humana se divide em ciclos. Os dias, as horas, os anos, os séculos rolam na órbita do Espaço e do tempo e renascem, pois o seu objetivo, se há um, é precisamente o de retornar ao seu princípio.  Os ventos, as nuvens, as águas, as flores, a luz seguem a mesma lei.  O vapor eleva-se para as alturas; forma as nuvens, verdadeiros oceanos suspensos sobre nossas cabeças.  As nuvens que planam, mares imensos e móveis, fundem-se em chuvas e tornam-se novamente os rios, os riachos que já foram. É, portanto, a lei, a lei da Natureza e a da Humanidade.Todo Ser já existiu; ele renasce e sobe, evolui, assim, numa espiral cujas órbitas vão aumentando cada vez mais, e é por isso que a História toma um caráter cada vez mais universal. (LD;OGE)

domingo, 3 de dezembro de 2017

NÃO CORRESPONDE

Nestes tempos de tanta disponibilidade de informações alguns religiosos se valem das limitações culturais e de acesso a tecnologia para propalar informações erradas. É o caso da que será esclarecida pelo professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) na sequencia. É verdade que Jesus foi o fundador da Igreja Católica e Pedro seu primeiro papa? Esta é, pelo menos, a versão que a Igreja passa para seus fiéis e proclama para o Mundo todo, mas não corresponde precisamente ao que se passou na História. Jesus, na verdade, não fundou religião alguma. Muitos estudiosos da religião o consideram um moralista e não um religioso. Isto porque iniciou um movimento de moralização da sociedade, através da transformação do homem; tratava-se de uma visão nova de religiosidade, onde a relação do homem com Deus (religião) devia ser precedida da relação do homem com o homem (moral) através da fraternidade: "Um novo mandamento vos dou, que vos ameis uns aos outros". Segundo Mateus (16:18), ele teria delegado a Pedro a liderança na continuidade dessa missão, mas Will Durant, in "CESAR E CRISTO", afirma que "essa passagem é tida como enxerto", posteriormente acrescentada ao Evangelho de Mateus por motivos óbvios. A propósito, Pinheiro Martins, in "HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO", vê com estranheza o fato de Marcos, autor do Evangelho mais antigo, não fazer nenhuma referência a essa suposta delegação de Jesus a Pedro, uma vez que Marcos (João Marcos) fora íntimo de Pedro e servira como intérprete do Apóstolo, quando este pregava aos Gentios. Quanto ao movimento moralizador, iniciado por Jesus, em nada se parecia com as religiões formais da época, nem mesmo com o judaísmo (ele combatia ardorosamente os religiosos, principalmente os fariseus) , pois sua doutrina era de cunho estritamente moral, simples e direta, sem dogmas, cultos, sacerdotes, templos ou qualquer tipo de adoração exterior. No entanto, quem, de fato, assumiu a liderança do movimento depois chamado cristão, após a sua morte, foi Saulo de Tarso (depois, Paulo, considerado por muitos como o fundador do Cristianismo, face às novas características que o movimento foi tomando), antigo perseguidor de seus adeptos. Jesus, certamente, buscou Paulo, na falta de alguém mais preparado e arrojado, por causa de sua cultura e de seu caráter íntegro. Todavia, o movimento, que se seguiu a Jesus, passou a tomar características religiosas comuns, por influência dos próprios cristãos, que vinham do Judaísmo, e de outras religiões da época. Foi quando se consolidou o Cristianismo propriamente dito, marcado por implacáveis perseguições e cruéis martírios, em face da intolerância dos romanos e também por aguerridos conflitos internos, até porque os próprios cristãos não se entendiam sobre vários pontos da religião., principalmente em relação à natureza do Cristo. Nos dois primeiros séculos, esse movimento se organizou com muita dificuldade e sacrifícios, formando as igrejas locais (ekklesía, ecclesia = assembleia) com seus padres e bispos, e assumindo a feição de religião sacerdotal com ofícios litúrgicos, no que se assemelhava ao Judaísmo. Houve tentativas de organização e centralização do comando do movimento, em face da existência de vários bispos, que assumiam indiscutíveis lideranças. "A palavra papa (pai) era, nos primeiros séculos, aplicada a qualquer bispo cristão, como ao papa Clemente, que aparece como autor de uma carta, escrita em 96, à Igreja de Corinto". Contudo, a Igreja Católica Romana, com a estrutura dogmática que ela tem hoje, só se consolidou posteriormente, no século IV, a  partir do Concílio de Nicéia, no ano 325 depois de Cristo, com o Imperador Constantino, já na fase de declínio do império. Depois de declarar o Cristianismo crescente como religião oficial, estabeleceu sua sede definitiva em Roma, determinando-lhe uma estrutura adaptada do Estado e da religião romana, como o próprio título de Sumo Pontífice, "que era usado para designar a autoridade do Imperador como chefe da religião cívica", segundo o historiador Edward M. Burns, in "HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL". Com o Imperador Constantino ficaram assentadas as bases de uma igreja única e universal (católica), ao mesmo tempo em que eram declaradas heresias todas as ideias que não se coadunassem com os pontos estabelecidos no "CREDO DE NICÉIA". A partir de então, os cristãos, de dominados, passaram a dominadores e a Igreja Romana passou a exercer a sua grande hegemonia.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A DINÂMICA DA EVOLUÇÃO ESPIRITUAL

A ideia do Deus humanizado de Moises permanece presente em todos aqueles que imaginam que o Criador mantem-se próximo de cada uma de suas criaturas acompanhando seus atos para compensá-la ou puní-las. Mas seria possível que os 7,5 bilhões de seres humanos tivesse próximo constantemente a eles a Divindade? A lógica do raciocínio diz que não. Nesse sentido a visão evolucionista do Espiritismo sugere que os mecanismos da evolução contam com um recurso que vai se aprimorando a medida que o Ser evolui. Na sequencia três respostas que podem ampliar nosso entendimento a respeito. Reconhecendo que a Deus se deve todo movimento no contexto Universal, é possivel, segundo a Espiritualidade, saber como se desenvolveu na Individualidade humana o mecanismo da lei de Causa e Efeito? A mônada vertida do Plano Espiritual sobre o Plano Físico atravessou os mais rudes crivos da adaptação e seleção, assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, do instinto, da sensibilidade, da percepção e da preservação própria, penetrando, assim, pelas vias da inteligência mais completa e laboriosamente adquirida, nas faixas inaugurais da razão. (...) Através do nascimento e morte da forma, sofre constantes modificações nos dois planos em que se manifesta (...) Nas regiões extrafísicas, essa consciência incompleta prossegue elaborando o seu veículo sutil, correspondente ao grau evolutivo em que se encontra, (..) tecendo com os fios da experiência a túnica da própria exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que automatiza as próprias aquisições, desde o estímulo nervoso à defensiva imunológica, construindo o centro coronário, no próprio cérebro, através da reflexão automática de sensações e impressões em milhões e milhões de anos, pelo qual, com o auxílio das Potências Sublimes que lhe orientam a marcha, configura os demais centros energéticos do mundo íntimo, fixando-os na tessitura da própria alma.Para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o Ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementardo sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos. Isso é perfeitamente verificável na desintegração natural de certos elementos radioativos na massa geológica do Globo. O processo de construção da denominada consciência começou em fases pré-humanas? Através dos estágios nascimento / experiência / morte / experiência / renascimento, nos Planos Físico e Extrafísico, as crisálidas de consciência, dentro do princípio de repetição, respiram sob o Sol como seres autótrofos no Reino Vegetal, onde as células, nas espécies variadas em que se aglutinam, se reproduzem de modo absolutamente semelhante. Nesse domínio, o princípio inteligente, servindo-se da herança e por intermédio das experiências infinitamente recapituladas, habilita-se à diferenciação nos flagelados, ascendendo progressivamente à diferenciação maior na escala animal, onde o corpo espiritual, à feição de protoforma humana, já oferece moldes mais complexos, diante das reações do sistema nervoso, eleito para sede dos instintos superiores, com a faculdade de arquivar reflexos condicionados. (EDM)7 Os milhares de depoimentos dos que se veem diante das surpresas da morte dão conta que o Espírito razoavelmente evoluído desequilibra-se diante do encontro consigo mesmo. Como entender isso? Quando os acontecimentos da morte se realizam, é que a criatura humana desencarnada, plenamente renovada em si mesma, abandona o veículo carnal a que se jungia; contudo, muitas vezes intimamente aprisionada ao casulo dos seus pensamentos dominantes, quando não trabalhou para renovar-se, nos recessos do Espírito, passa a revelar-se em novo peso específico, segundo a densidade da vida mental em que se gradua (EDM, 11) Trazemos na própria consciência o arquivo indelével dos nossos erros. (OBE, 7) Doentes, ouvimos vozes internas, ansiosos, amargurados.  Desejaríamos desfazermo-nos do pretérito, pagaríamos pelo esquecimento qualquer preço, ansiamos fugir de nós mesmos, mas em vão: sempre as mesmas recordações atrozes vergastando-nos a consciência. (NMM, 12)