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quarta-feira, 29 de abril de 2015

A PROPÓSITO DO CORPO PERISPIRITUAL

“O LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um tratado completo de Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”, escreveu Allan Kardec em texto inserido na edição de julho de 1866, da REVISTA ESPÍRITA. O tema períspirito, por exemplo, inclui-se entre os muitos assuntos que ainda precisam ser melhor conhecidos. Explicado por Allan Kardec como “involucro semimaterial do Espírito depois da sua separação do corpo, é organizado pela individualidade a partir dos fluidos do mundo em que se acha, sendo trocado ao passar de um a outro; sendo mais ou menos sutil ou grosseiro, segundo a natureza de cada Globo, podendo tomar todas as formas segundo a vontade do Espírito, geralmente assumindo a imagem que este tinha na sua ultima vida corporal”. Segundo sua avaliação, “embora de natureza etérea, a substância do perispírito é suscetível de certas modificações que a tornam perceptível à nossa vista, como no caso das aparições, onde, por sua união com o fluido de certas pessoas, torna-se temporariamente tangível, ou seja, oferecer ao toque a resistência de um corpo sólido, como se vê nas aparições estereológicas ou palpáveis”. Acrescenta ainda que “a natureza íntima do períspirito não é ainda conhecida; mas poder-se-ia supor que a matéria do corpo é composta de uma parte sólida e grosseira e de uma parte sutil e etérea; que só a primeira sofre a decomposição produzida pela morte, ao passo que a segunda persiste e segue o Espírito. O Espírito teria, assim, um duplo invólucro; a morte o despojaria apenas do mais grosseiro; o segundo que constitui o períspirito, conservaria o tipo e a forma da primeira, da qual ele é como a sombra; mas sua natureza essencialmente vaporosa permite ao Espírito modificar esta forma à sua vontade, torna-la visível, palpável ou impalpável. O períspirito é, para o Espírito, o que o perisperma é para o germe do fruto. A amêndoa, despojada do seu invólucro lenhoso, encerra o germe sob o involucro delicado do perisperma”. No ano de 1994, num comentário inserido no livro IMAGENS DO ALÉM (ide), Chico Xavier analisando um desenho do Pavilhão do Restringimento elaborado pela também médium Heigorina Cunha que, em desdobramento espiritual teria visitado alguns setores da Colônia Nosso Lar, afirma que “na reencarnação compulsória, o processo é mais lento, levando mais de um ano para se completar o chamado restringimento, e que assim que se inicia a fase do sono letárgico, o corpo espiritual vai se despojando da matéria grosseira, ficando o períspirito sutil, sem trazer-lhe prejuízo algum, matéria grosseira que é enterrada em lugar próprio”. A instigante observação levou alguns pesquisadores ao capítulo 12 do livro EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (1958,feb), obra que marca a mudança de Chico de Pedro Leopoldo para Uberaba, ambas no Estado de Minas Gerais. No referido capítulo, o Espírito André Luiz minudencia detalhes interessantes da dinâmica dos processos reencarnatório / desencarnatório. Entre outras informações diz ele: -“Assimilando recursos orgânicos com o auxílio da célula feminina, fecundada e fundamentalmente marcada pelo gene paterno, a mente elabora, por si mesma, novo veículo fisiopsicossomático, atraindo para os seus moldes ocultos as células físicas a se reproduzirem por caricionese, de conformidade com a orientação que lhes é imposta, isto é, refletindo as condições em que ela, a mente desencarnada, se encontra. Plasma-se-lhe, desse modo, com a nova forma carnal, novo veículo ao Espírito, que se refaz ou se reconstitui em formação recente, entretecido de células sutis, veiculo este que evoluirá igualmente depois do berço e que persistirá depois do túmulo”. Retornando às observações de Chico a Heigorina Cunha, ele disse também: -“Há duas fecundações, no momento da concepção, sendo uma a que conhecemos, com a penetração do espermatozoide no óvulo, formando a célula-ovo, semente do corpo físico. A outra fecundação opera-se no Plano Espiritual, e consiste na integração do Espírito reencarnante com o Espírito da mãe, que pode se operar de modos diversos. (...). É esta fecundação, a espiritual, que vai transmitir vida ao óvulo fecundado e modelá-lo segundo os planos da Divina Providência, para que venha à luz um Ser, filho de Deus, com determinadas oportunidades de aprendizado e reajustamento”. O intrigante da redução do períspirito no início do processo gestacional é esclarecido no capítulo 29 do livro ENTRE A TERRA E O CÉU (1954, feb), em que o Instrutor Clarêncio vincula este efeito “à influência de fortes correntes eletromagnéticas liberadas pela matriz geradora do corpo feminino, impondo a redução automática, liberando para o plano etéreo toda matéria que não sirva ao trabalho fundamental de refundição da forma”.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

A VIDA NO MUNDO ESPIRITUAL


A insuficiência de conhecimentos astronômicos da Antiguidade nas tentativas de explicar a origem de tudo durante o tempo em que se imaginava a Terra o centro do Universo, levaram os estudiosos a escalonarem os Céus, acomodando diversos graus de beatitude, sendo o último, a morada da suprema felicidade. Segundo a opinião mais comum, havia sete deles; daí a expressão “estar no Sétimo Céu”, para exprimir uma felicidade perfeita. Os muçulmanos admitem nove, em cada um aumentando a felicidade dos crentes. O astrônomo Ptolomeu que viveu na Alexandria, no Egito, contou onze, sendo o último chamado Empíreo, por causa da ofuscante luz que ali reinava. A Teologia Católica reconhece três Céus: o primeiro é o da região do ar e das nuvens; o segundo o espaço onde se movem os astros; o terceiro, além da região dos astros, é a morada do Mais Alto, a região dos eleitos que contemplam ao Deus face a face, crença que levou a se dizer que São Paulo foi elevado ao Terceiro Céu. O surgimento do Espiritismo apresentou uma visão mais racional da questão ao dizer que a fim do período de ligação com o corpo físico, libera o chamado períspirito ou corpo espiritual para a reintegração no Mundo Espiritual de onde a individualidade saiu um dia para mais uma experiência reencarnatória. Aglutinam-se conforme os diferentes estados em que se desprendem do revestimento fisiológico. Observa-se que alguns não se afastam do meio em que viveram, enquanto outros se elevam a outros espaço ou mundo enquanto certos Espíritos culpados erram em regiões sombrias, constituindo também, diferentes moradas, não localizadas nem circunscritas, encaixadas nas “muitas moradas na Casa do Pai” referidas por Jesus aos seus seguidores mais próximos. Em interessante observação reproduzida na REVISTA ESPÍRITA de junho de 1868, Allan Kardec explica: -“A quem quer que não conheça a verdadeira constituição do Mundo Invisível, parecerá estranho que Espíritos, segundo eles, seres abstratos, sem-imateriais, indefinidos, sem corpo, sejam vítimas de sensação como a fome, por exemplo. O espanto cessa quando se sabe que esses mesmos Espíritos são seres como nós: tem um corpo, fluídico é verdade, mas que não deixa de ser matéria; que deixando o seu invólucro carnal, certos Espíritos continuam a vida terrena com as mesmas vicissitudes, durante um tempo mais ou menos longo. Isto parece singular, mas é; e a observação nos ensina que tal é a situação dos Espíritos que viveram mais a vida material que a espiritual, situação por vezes terrível, porque a ilusão das necessidades da carne se faz sentir, e se tem todas as angústias de uma necessidade impossível de saciar. O suplício mitológico de Tântalo, nos antigos, acusa um conhecimento mais exato do que se supõem, do estado do Mundo de Além-túmulo, sobretudo mais exato do que entre os modernos. Outra, contudo, é a posição dos que, desde essa vida, se desmaterializaram pela elevação de seus pensamentos e sua identificação com a vida futura. Todas as dores da vida corporal cessam com o último suspiro e logo o Espírito plana, radioso, no mundo etéreo, feliz com um prisioneiro livre de suas algemas. Quem nos disse isto? É um sistema, uma teoria? Alguém disse que deveria ser assim e se acredita sob palavra? Não; são os próprios habitantes do Mundo Invisível que o repetem em todos os pontos do Globo, para ensinamento dos encarnados. Sim, legiões de Espíritos continuam como na vida corporal com suas torturas e suas angústias. Mas quais? Os que ainda estão muito presos à matéria para dela se destacarem instantaneamente. É uma crueldade do Ser Supremo? Não; é uma Lei da Natureza inerente ao estado de inferioridade dos Espíritos e necessária ao adiantamento; é um prolongamento misto da vida terrestre durante alguns dias, meses ou anos, conforme o estado mora dos indivíduos. (...). As evocações nos mostram uma porção de Espíritos que ainda se julgam deste mundo: suicidas, supliciados que não suspeitam que estão mortos e sofrem o seu gênero de morte; outros que assistem ao próprio enterro, como ao de um estranho; avarentos que guardam seus tesouros, soberanos que julgam mandar ainda e ficam furiosos por não serem obedecidos; depois de grandes naufrágios, náufragos que lutam contra o furor das ondas; depois de uma batalha, soldados que se batem e, ao lado disto, Espíritos radiosos, que nada mais tem de terrestres e são para os encarnados o que a borboleta é para a lagarta. Pode-se perguntar para que serve as evocações, quando nos dão a conhecer, até nos mínimos detalhes, esse mundo que nos espera a todos ao sairmos deste? É a Humanidade encarnada que conversa com a Humanidade desencarnada; o prisioneiro que fala com o homem livre. Não, por certo, elas para nada servem ao homem superficial que nisto só vê um divertimento; elas não lhe servem mais que a física e a química recreativas para sua instrução. Mas para o filósofo, o observador sério, que pensa no amanhã da vida, é uma grande e salutar lição; é todo um mundo novo que se descobre; é a luz atirada sobre o futuro; é a destruição dos preconceitos seculares sobre a alma e a vida futura; é a sanção da solidariedade universal que liga todos os seres. Dirão que se pode estar enganado. Sem dúvida, como se o pode sobre todas as coisas, mesmo as que se vê e se toca. Tudo depende da maneira de observar”.



sábado, 25 de abril de 2015

UM MERGULHO NO PASSADO

38 – Os sacerdotes do Antigo Egito Recebiam manifestações de Espíritos? - Sim. 39.- As manifestações recebidas pelos sacerdotes egípcios tinham a mesma fonte que as recebidas por Moisés? - Sim. Este foi iniciado por aqueles. 40.- Por que, então, as manifestações recebidas por Moisés eram mais potentes que as recebidas pelos sacerdotes egípcios - Moisés queria revelar, enquanto os sacerdotes egípcios queriam apenas oculta-Ias. 41.- Pensais que a doutrina dos sacerdotes egípcios tivesse quaisquer ligações com a dos indianos? - Sim. Todas as religiões-mães estão ligadas entre si por laços quase invisíveis: procedem de uma mesma fonte. 42.- Destas duas religiões, isto é, a dos egípcios e a dos indianos, qual a matriz? - Elas são irmãs. 43.- Como é que vós, que em vida éreis tão pouco esclarecido sobre estes assuntos, podeis agora responder com tanta profundeza? - Outras existências me ensinaram. O trecho é da curiosa entrevista feita na reunião de 16 de março de 1858 com o um Espírito chamado Mehemet-Ali, desencarnado em 1849. Nascido em 1769, em Kavala, na Romélia, em 1805, foi feito Quediva – espécie de Vice-Rei - do Egito, tendo participado, ao lado do Sultão, da guerra greco-turca, voltando-se, posteriormente, contra o aliado. Historicamente de 1805 a 1848 exerceu a função de Governador do Império Otomano, em nome do Sultão, sendo considerado o fundador do Egito Moderno, introduzindo grandes reformas no País, entre elas a construção de canais de irrigação para melhor distribuição das águas do Rio Nilo, construção de prédios, instituição de novas Leis, impostos e a modernização do exercito, tendo conseguido considerável autonomia frente ao Império Otomano ampliando, consideravelmente, suas fronteiras. Apesar dos nove anos transcorridos desde sua desencarnação, Mehemet-Ali, informou não ter ainda uma lembrança nítida de sua ultima existência, sentindo-se ainda sob efeito da morte física do corpo em que se encontrava encarnado. Lembrava-se, porém, de ter sido na penúltima existência física socialmente uma pessoa pobre que invejava as grandezas terrenas, subindo na escala social na volta às experiências materiais, para experiênciar a condição da riqueza, dizendo que se puder renascer na Terra novamente, escolheria uma vida obscura onde os deveres são menores, visto que na recém-terminada representou a vaidade do nada, quisera conduzir homens, sem saber conduzir a si mesmo. Sobre ser acusado de atos de grande crueldade, disse estar expiando-os, vendo inclusive aqueles que mandara massacrar; que ele e seu inimigo Sultão Mahmud fogem um do outro pela aversão reciproca que alimentam. Solicitado a opinar sobre as causas da decadência moral do Egito da Antiguidade, disse que a corrupção dos costumes foi determinante; que tinha pleno conhecimento de suas existências anteriores, exceto a última, tendo vivido por três vezes ao tempo dos Faraós, como sacerdote ao tempo de Sesóstrotris, como mendigo e como príncipe. No número de novembro de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz uma segunda entrevista com o Espírito Mehemet-Ali, ampliando um pouco o conteúdo da primeira manifestação. A propósito da construção das pirâmides, revelou que eram sepulcros e templos, onde se davam grandes manifestações; que não tinham objetivo científico, visto que o interesse religioso absorvia tudo; que o homem foi a máquina utilizada em sua construção, absorvendo massas deles que gemeram sob o peso daquelas pedras; povo que trabalhava sob o domínio da força. Perguntado de onde os egípcios tiravam o gosto pelas coisas colossais em vez das graciosas como os gregos, afirmou que os egípcios eram tocados pela grandeza de Deus, procurando igualá-lo, superando suas próprias forças, comportamento típico do homem. Sobre a existência em que fora sacerdote, informou que governantes e governados, corrompidos, acreditavam em seus sacerdotes tendo por deuses aqueles que os mantinham sob o jugo; que sobre a vida após a morte, acreditavam no que diziam os sacerdotes; que os grandes do Estado oscilavam entre as crenças do povo e a dos sacerdotes; que a origem do culto prestado aos animais resultara do desejo de desviar o homem de Deus e mantê-lo sob seu domínio, dando-lhe como deuses seres inferiores; que a utilização de animais como serpentes e crocodilos baseava-se no fato do homem adorar aquilo que teme, constituindo-se num jogo para o povo, visto que em toda parte o homem procura deuses para esconder aquilo que é; que a representação de Osíris com a cabeça de um gavião e Anúbis com a cabeça de um cão, surgira do fato de que o egípcio gostava de personificar sob a forma de emblemas claros: Anúbis era bom; o gavião que estraçalha representava o cruel Osíris. Sobre a contradição entre o respeito pelos mortos e o desprezo e horror pelos que os enterravam e mumificavam, esclareceu que o cadáver era um instrumento de manifestações, pois pesavam que o Espírito voltava ao corpo que havia animado, sendo o corpo um dos instrumentos do culto, por ser sagrado, nascendo a perseguição do fato de terem ousado violar a santidade da morte; que a conservação do corpo dava lugar a numerosas e longas manifestações; revelou também que no Egito a iniciação era feita através de práticas mais rigorosas que na Grécia, impostas para que só houvesse almas superiores que sabiam compreender e calar; concluindo, por fim,  que todo ensino estava muito corrompido, já que o fim dos sacerdotes era dominar e não instruir.



quarta-feira, 22 de abril de 2015

O VERDADEIRO SENTIDO

Indiscutivelmente o principal meio de difusão do Espiritismo tornou-se um ponto de referência e convergência dos que são surpreendidos por revezes com os quais não contavam. Na superficialidade de suas avaliações concluem ser a prática espírita mero instrumento de reequilíbrio através dos passes ou outros tratamentos oferecidos nas Casas Espíritas, supõem-nas mero ponto de encontro entre a realidade material e a imaterial, a tangível e a intangível. Um meio onde se pode encontrar a cura ou o caminho a seguir através das orientações dos Amigos Espirituais ou Mentores como se costuma dizer. Será apenas esta a finalidade da Doutrina Espirita? Em texto apresentado na edição de novembro de 1864, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec esclarece essa dúvida. Escreve ele: -“O Espiritismo não é uma concepção individual, um produto da imaginação; não é uma teoria, um sistema inventado para a necessidade de uma causa. Tem sua fonte nos fatos da natureza mesma, em fatos positivos, que se produzem aos nossos olhos e a cada instante, mas cuja origem não se suspeitava. É, pois, resultado da observação, numa palavra, uma ciência: a ciência das relações entre os mundos visível e invisível; ciência ainda imperfeita, mas que diariamente se completa por novos estudos e que, tende certeza, tomará posição ao lado das ciências positivas. Digo positivas, porque toda ciência que repousa sobre fatos é uma ciência positiva, e não meramente especulativa. O Espiritismo nada inventou, porque não se inventa o que está na Natureza. Newton não inventou a Lei da Gravitação: está Lei Universal, existia antes dele; cada um a aplicava e lhe sentia os efeitos, posto não a conhecessem. Por sua vez, o Espiritismo vem mostrar uma nova Lei, uma nova força da natureza: a que reside na ação do Espírito sobre a matéria, lei tão Universal quanto a da gravitação e da eletricidade, contudo ainda desconhecida e negada por certas pessoas, como o foram outras Leis no momento de sua descoberta. É que os homens geralmente sentem dificuldade em renunciar às suas ideias preconcebidas e, por amor próprio, custa-lhes concordar que estavam enganados, ou que outros tenham podido encontrar o que eles próprios não encontraram. Mas como, em definitivo, esta Lei repousa sobre fatos e contra os fatos não há negação que possa prevalecer, terão que render-se à evidência, como os mais recalcitrantes tiveram que o fazer quanto ao movimento da Terra, à formação do Globo e aos efeitos do vapor. Por mais que taxem os fenômenos de ridículos, não podem impedir a existência daquilo que é. Assim, o Espiritismo procurou a explicação dos fenômenos de uma certa ordem e que, em todas as épocas, se produziram de maneira espontânea. Mas o que, sobretudo, o favoreceu nessas pesquisas, é que lhe foi dado o poder de produzi-los e os provocar, até certo ponto. Encontrou nos médiuns instrumentos adequados a tal efeito, como o físico encontrou na pilha e na máquina elétrica os meios de reproduzir os efeitos do raio. Compreende-se que isso é uma comparação e não uma analogia. Há aqui uma consideração de alta importância: é que, em suas pesquisas, ele não procedeu por via de hipóteses, como o acusam; não supôs aexistência do Mundo Espiritual, para explicar os fenômenos que tinha sob as vistas; procedeu pela via da análise e da observação; dos fatos remontou à causa e o elemento espiritual se apresentou como força ativa; só o proclamou depois de o haver constatado. Como força e como Lei da Natureza, a ação do elemento espiritual abre, assim, novos horizontes à ciência, dando-lhe a chave de uma porção de problemas incompreendidos. Mas se a descoberta de Leis puramente materiais produziu no mundo revoluções materiais, a do elemento espiritual nele prepara uma revolução moral, porque muda totalmente o curso das ideias e das crenças mais arraigadas; mostra a vida sob um outro aspecto; mata a superstição e o fanatismo; desenvolve o pensamento e o homem, em vez de se arrastar na matéria, de circunscrever sua vida entre o nascimento e a morte, eleva-se no Infinito; sabe de onde vem e para onde vai; vê um objetivo para o seu trabalho, para seus esforços, uma razão de ser para o Bem; sabe que nada do que aqui adquire em saber e moralidade lhe é perdido, e que o seu progresso continua indefinidamente no além túmulo; sabe que há sempre um futuro para si, sejam quais forem a insuficiência e a brevidade da presente existência, ao passo que a ideia materialista, circunscrevendo a vida à existência atual, dá-lhe como perspectiva o nada, que nem mesmo tem por compensação a duração, que ninguém pode aumentar à sua vontade, desde que podemos cair amanhã, em uma hora, e então o fruto de nossos labores, de nossas vigílias, dos conhecimentos adquiridos estarão para nós perdidos para sempre, muitas vezes sem termos tido tempo de os desfrutar. Repito, demonstrando o Espiritismo, não por hipótese, mas por fatos, a existência do Mundo Invisível e o futuro que nos aguarda, muda completamente o curso das ideias; dá ao homem a força moral, a coragem e a resignação, porque não mais trabalha apenas pelo presente, mas pelo futuro; sabe que se não gozar hoje, gozará amanhã”.

terça-feira, 21 de abril de 2015

ECTOPLASMA - UM ASSUNTO POLÊMICO

O tema ectoplasma ainda hoje é motivo para debates e divergências em alguns dos aspectos relacionados aos fenômenos em que ele é essencial para que ocorram. Na Inglaterra, entre os anos 1862/1927, viveu uma jornalista e espiritualista que, segundo definição de Ernesto Bozzano  foi uma investigadora pertinaz que praticou a radiografia, a fotografia transcendental e a fotografia do pensamento - também chamada escotografia - durante mais de 40 anos. Seu nome Felícia Rudolphina Scatcherd. Entre seus trabalhos registrados, está os associados às manifestações de ectoplasma por intermédio da sensitiva Eva Carrère. O ectoplasma, sabe-se, existe em todos os seres vivos, é capaz de se exteriorizar nos sensitivos e explica a objetividade das formas-pensamentos, improvisadas ou duradouras, fotografáveis (fotografia transcendental), observadas pelos videntes, ora simplesmente plásticas e inanimadas (retratos de pessoas ou de objetos), ora se realizando verdadeiro renascimento ou  ressurreição, como, por exemplo, no caso de Estela Livermore, por sinal, muito pouco conhecido. Esposa falecida do banqueiro Charles F. Livermore, seu Espírito se manifestou através da médium Katie Fox, uma das famosas irmãs Fox, comunicando-se em francês, língua completamente desconhecida pela médium, materializou-se várias vezes, dizendo-se acompanhada pelo Espírito Benjamim Franklin. Uma publicação da época intitulada The Spiritual Magazine, apresentou relatos completos sobre os fenômenos envolvendo a entidade, comparando e comprovando inclusive a caligrafia do Espírito de Estela  enquanto estava encarnada. Ao todo, 338 sessões foram realizadas ao longo de cinco anos consecutivos. Numa das matérias elaboradas por Felicia sobre Eva Carrière, conta: -“Ainda estávamos conversando, quando, de repente, vimos aparecer no assoalho abundante massa de substância, cerca de cinquenta centímetros distante e à esquerda da cadeira da médium. Substância era de uma alvura extraordinária e ligeiramente luminosa. De mim para mim, pensei: “como se pode produzir semelhante coisa? Quem sabe se essa substância está ligada à médium? E o controle da médium logo respondeu à minha pergunta mental, dizendo: - Não há ligações quaisquer, pode passar a mão entre a substância e o corpo da médium”. Assim fiz, sem inconvenientes. Depois, coloquei um lenço branco, perfeitamente limpo, ao lado da substância, a fim de lhe avaliar a alvura e verifiquei que o lenço me parecia antes cinzento, comparado à substância misteriosa. Coloquei-me à feição de poder tocar a substância sem ser vista, mas, quando estava a pique de fazer, todo o corpo da médium se contorceu em convulsivo espasmo, e o controle exclamou: - Não me toque, não me toque porque me mataria!”. Arrependida da tentativa inconsiderada, humildemente, procurei desculpar-me. Todavia, mais tarde, espontaneamente, me autorizaram esse toque, e assim, contatei que essa substância oferece certa resistência ao tato, comparável à clara de ovo. E quanto à sua temperatura, pareceu-me um pouco inferior à do ambiente em que nos encontrávamos. Seria interessante pesar essa substância, disse eu à senhora Bisson, mas compreendo, ao mesmo tempo, que se nos torna impossível fazê-lo, de vez que o seu manuseio pode prejudicar o médium. Sorriu-se a senhora Bisson e, dirigindo-se à filha, pediu-lhe fosse à cozinha buscar uma balança. Nesse ínterim, a mágica substância alongou-se, tomou a forma de um réptil, de onde concluo houvesse compreendido o que dela pretendíamos. Chegada a balança, foi-me dado experimentar uma das mais fortes emoções da minha vida. É que a substância, qual serpente que se levantasse sobre a cauda, viera colocar-se num dos pratos da balança, que estava sobre um pedestal, na altura de uns 25 centímetros do assoalho. E ali permaneceu todo o tempo necessário à verificação do seu peso, por mim julgado levíssimo, em relação ao volume. Serpeando depois para trás, deixou o prato e baixou ao assoalho, para retomar o primitivo aspecto informe. Enquanto eu observava, sumiu-se. Não se retraiu, não se dissolveu: simplesmente – desapareceu”.  O ectoplasma, sob a ação da vontade subconsciente organiza-se na ‘alavanca fluídica’ de registrada fotograficamente por William Jackson Crawford através dos recursos cedidos pela médium Kathleen Goligher descritas no livro MECÂNICA PSÍQUICA. Permitiu ainda a composição de retratos ideoplásticos do presidente norte americano Wilson, do presidente Poincaré, retratos que surgiam em poses sucessivas, ora de olhos cerrados, ora de olhos arregalados. Já disse alguém que “cada um de nós não é mais do que a materialização estável e permanente, até que a morte nos liberte”. O ectoplasma “é a matéria prima para aparições de ‘fantasmas’ inertes e sem vida em materializações plásticas inanimadas, objetivações de formas fluídicas do pensamento de alguém, vivo ou morto, formas-pensamentos que tanto podem ser originárias de um médium, como de um desencarnado, denunciando-se pela propriedade actínica de impressionar chamas fotográficas”, como explicado pelo erudito Sergio Valle em seu livro SILVA MELLO E OS SEUS MISTÉRIOS (lake).

                                                                        












sexta-feira, 17 de abril de 2015

UM OUTRO 18 DE ABRIL

-“Peço licença para aditar um apontamento de Emmanuel. Perguntei a ele, em 1965, onde estavam aqueles companheiros de Allan Kardec que vibravam com a Doutrina Espírita na França, onde estava aquele contingente de almas heroicas, sublimes, que aceitaram aquelas ideias e as divulgaram com tanto entusiasmo pelo mundo inteiro. Então ele me disse que do último quartel do século 19 para cá, de 15 a 20 milhões de espíritos da cultura francesa, principalmente simpatizantes da obra de Allan Kardec, se reencarnaram no Brasil, para dar corpo às ideias da Doutrina Espírita e fixarem os valores da reencarnação. Foi assim que, nos últimos 80 anos, desenvolveu-se entre nós tal amor à cultura francesa, que milhares de nós outros sabemos de ponta a ponta a história da revolução francesa e nada conhecemos a respeito do Marquês de Pombal, dos reis de Portugal, que foram os donos da nossa evolução primária. Isso está no conteúdo psicológico de milhões e milhões de brasileiros, que estão fichados – por certidão de Cartório – como brasileiros, mas que psicologicamente são franceses”. O revelador aparte é de Chico Xavier e foi feito aos realizadores do programa radiofônico NO LIMIAR DO AMANHÃ - veiculado na década de 70 por uma emissora paulistana -, que foram a Uberaba (MG) para entrevistar o médium. Na ocasião, o jornalista e professor de Filosofia José Herculano Pires, fez a seguinte observação: - É interessante citar aqui uma coisa muito curiosa, que ainda parece que não foi lembrada. O Brasil é a primeira grande nação do Ocidente que está se tornando basicamente reencarnacionista. A ideia da reencarnação penetrou de tal maneira em nosso país, por influência não só do Espiritismo mas também das religiões africanas que foram trazidas aqui pelo contingente negreiro, que dificilmente encontramos hoje uma pessoa que, se não aceita positivamente a reencarnação, também não a nega, não a combate. Isso é muito curioso porque no Ocidente só houve uma nação reencarnacionista no passado, que foi a França. O Brasil será, dentro em breve, a grande nação reencarnacionista do Ocidente. E o professor lan Stevenson, na sua pesquisa sobre a reencarnação, disse que no Brasil encontrou uma compreensão mais precisa, mais natural da reencarnação”. Tudo isto começou no 18 de abril de 1857, quando Allan Kardec recebeu os primeiros exemplares d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS dos 2 mil que havia encomendado em pequena tipografia a alguns quilômetros de Paris. E esta primeira obra falando do Espiritismo, seria ampliada três anos depois com o lançamento de segunda edição, didaticamente organizada em quatro partes: As Causas Primárias; o Mundo Espírita ou dos Espíritos; As Leis Morais e Esperanças e Consolações, temas abordados em 1018 perguntas e respostas através das quais o organizador da obra procurou cercar todas as questões principais e derivadas dos esclarecimentos possíveis. Sabia e afirmou em artigo na REVISTA ESPÍRITA de julho de 1866 que: -“O LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um tratado completo de Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. O tempo se incumbiu de mostrar que aquele primeiro passo representava apenas o início do alicerce que no século 21 suporta um grande edifício de conhecimentos sobre essa realidade que noutra via a Física Quântica vem descortinando através da Teoria das Supercordas que afirmam existir Universos Paralelos e, mais recentemente, que “mesmo que as dimensões do espaço sejam imperceptíveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”. Caminha-se para a constatação da resposta à questão 85 do livro citado de que entre o mundo material e o espiritual, o segundo é o mais importante, pois, de lá tudo vem e para lá tudo volta. Através do mesmo livro que faz 158 anos neste ano, uma das principais indagações do Ser pensante é respondida: --“A vida humana é uma escola de aperfeiçoamento espiritual e uma série de provas. Por isso é que o Espírito deve conhecer todas as condições sociais e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina. O poder e a riqueza, como a pobreza e a humildade, são provas; dores, idiotismo, demência, etc, são punições pelo mal cometido em vida anterior”. Esbarra-se nos mesmos preconceitos e nas mesmas resistências que Copérnico ou Galileu, mas observa Kardec: -“Porque não se compreende uma coisa, não é motivo para que ela não exista, visto que o que hoje é utopia, poderá ser verdade amanhã”.


quinta-feira, 16 de abril de 2015

O QUE TODOS QUEREM SABER

Convivendo com fatos relacionados ao Mundo Espiritual, natural que se queira mais informações sobre essa realidade invisível ao sentido da visão de que somos dotados. Paulatinamente, desde o surgimento do Espiritismo várias entidades desencarnadas, através de inúmeros médiuns, tem transferido para nossa Dimensão informes tão precisos quanto possível, até pelas restrições de nosso vocabulário para definir e explicar coisas para que ainda não temos palavras. Um deles operoso trabalhador na seara espírita de Belo Horizonte (MG), desencarnado em 1953. Pouco depois, manifestou-se por intermédio de Chico Xavier durante reunião havida no Centro Espírita Luiz Gonzaga, na noite de 7 de outubro de 1954. Seu nome Efigênio Victor que, enquanto encarnado, funcionou como médium em duas Casas Espíritas da capital mineira. Comentando que alimentou por anos tal curiosidade, recém chegado ao outro Plano, sua primeira comunicação mediúnica não poderia falar de outra coisa que não fosse suas impressões sobre a Vida no chamado Além. Tentando explicar o que fosse possível, diz o Espírito: -“Operamos aqui em bases de matéria noutra modalidade vibratória. Possuímos nossa sede de trabalho em Cidade Espiritual, que se localiza nas regiões superiores da Terra ou, mais propriamente, nas regiões inferiores do Céu. Gradativamente, a Humanidade compreenderá, com dados científicos e positivos, que há no Planeta outras faixas de vida. E, assim como existe, por exemplo, para o serviço humano o solo formado de argila, areia, calcário e elementos orgânicos, temos para as nossas atividades o sol etéreo, em Esfera mais elevada, com as suas propriedades químicas especiais e obedecendo a leis de plasticidade e densidade características”. Na elucidativa mensagem repassada psicofonicamente através de Chico Xavier, Efigênio, a certo trecho diz: -“Acima da crosta terrestre comum, temos uma cinta atmosférica que classificamos por ‘cinta densa’, com a profundidade aproximada de 50 quilômetros e, além dela, possuímos a ‘cinta leve’, com a profundidade aproximada de 950 quilômetros, somando 1000 quilômetros acima da Esfera em que os encarnados respiram. Nesse grande mundo aéreo, encontramos múltiplos exemplares de almas desencarnadas, junto de variadas espécies de criaturas sub-humanas, em desenvolvimento mental no rumo da Humanidade. Milhões de Espíritos alimentam-se da atmosfera terrestre, demorando-se, por vezes, por muito tempo, na contemplação íntima de suas próprias visões e criações, nas quais habitualmente se imobilizam, à maneira da alga marinha que nutre a si mesma, absorvendo os princípios do mar”. Quase vinte anos antes, o Espírito daquela que foi mãe de Chico Xavier, Maria João de Deus no livro CARTAS DE UMA MORTA (lake), revelou: -““A Terra é o centro, isto é, a sede de grande número de Esferas Espirituais que a rodeiam de maneira concêntrica. Não posso precisar o número dessas esferas, porque elas se alongam até um limite que a minha compreensão, por enquanto, não pode alcançar. Acrescentou também: -“Quanto mais evoluído o Ser, mais elevada será sua habitação, até alcançar o ponto em que essas Esferas se interpenetram com as de outros mundos mais perfeitos”. (...).Temos casas, pássaros, animais, reuniões, institutos como os das famílias terrenas, onde se agrupam os Espíritos através das mais santas afinidades”. Mais à frente, o Espírito André Luiz reproduz no livro OS MENSAGEIROS (1944; feb), uma informação do Instrutor Aniceto de que “há, porém, outros Mundos Sutis, dentro dos mundos grosseiros, maravilhosas Esferas que se interpenetram.  Cada uma dessas divisões compreende outras, conforme asseguram os Espíritos, distinguindo-se por vibrações distintas que se apuram à medida que se afastam do núcleo. Os que estão acima podem transitar pelas esferas que lhe estão abaixo; os que estão nas Esferas Inferiores não podem, sozinhos, passar para as Esferas Superiores”. E o próprio André Luiz aprende quando de sua chegada à Colônia Nosso Lar, que a Terra do ponto de vista da sua configuração espacial divide-se em Sete Esferas, sub-divididas em inúmeros planos e sub-planos, cujo perfil, genericamente, organiza-se da seguinte forma: PRIMEIRA ESFERA – Comporta o Umbral “Grosso” (Núcleo Interno ou Abismo), mais materializado, de regiões purgatoriais mais dolorosas e de cujas organizações comunitárias, conquanto estejam tão próximas, temos poucas notícias. SEGUNDA ESFERA – Abriga o Umbral mais ameno (Núcleo Externo ou Trevas), onde os Espíritos do Bem localizam, com mais amplitude, sua assistência. Referida por André Luiz como Trevas ou regiões sub crostais. TERCEIRA ESFERA – Nossa morada provisória, ou seja, a Crosta Terrestre. QUARTA ESFERA Começa na Crosta, constituindo-se e em zona obscura destinada ao esgotamento dos resíduos mentais. Aí se agitam milhões de Espíritos imperfeitos que partilham com as criaturas terrenas as condições de habitabilidade da Crosta do Mundo. Anos mais tarde, Chico Xavier em comentário com amigos, nos ofereceu uma imagem que pode auxiliar a visualizarmos mentalmente essa organização: “Se cortarmos uma cebola ao meio, teremos uma ideia de como se superpõem e interpenetram essas Esferas, Planos e Sub-Planos”








segunda-feira, 13 de abril de 2015

E O LIVRE ARBÍTRIO?

Na elaboração d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, as entidades invisíveis consultadas sobre a influência dos Espíritos sobre nossos pensamentos e atos (questão 459), revelaram ser isso “muito maior que se crê, sendo, frequentemente, eles que nos dirigem”. Esclarecendo dúvidas na obra O QUE É O ESPIRITISMO, num dos diálogos ali reproduzidos, Allan Kardec explica que o meio de comunicação mais comum entre os habitantes do Mundo Espiritual e o nosso é a intuição, ou seja, as ideias e pensamentos que eles nos sugerem, por sinal, muito pouco considerado na generalidade dos casos, visto que se presta mais atenção n’outros mais materiais. Diante dessas informações, como se situa o livre-arbítrio nas decisões que eventualmente se adote? No número de agosto de 1867, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz a mensagem de um Espírito de nome Louis Nivard psicografada na reunião da Sociedade Espírita de Paris de 7 de julho daquele ano, tecendo explicações ao seu filho – por sinal o médium de que se serviu – a respeito dos limites da ação do Mundo Invisível sobre nossos pensamentos. Diz ele: -“Assisto a todas as tuas conversas mentais, mas sem as dirigir; teus pensamentos são emitidos em minha presença, mas não os provoco. É o pressentimento dos casos, que tem alguma chance de se apresentar, que faz nascer em ti os pensamentos adequados à resolução das dificuldades que poderiam te suscitar. Aí está o livre-arbítrio; é o exercício do Espírito encarnado, tentando resolver problemas que ergue em si mesmo. Com efeito, se os homens só tivessem as ideias que os Espíritos lhes inspiram, teriam pouca responsabilidade e pouco mérito; só teriam a responsabilidade de haver escutado maus conselhos, ou o mérito de haver seguido os bons. Ora, esta responsabilidade e este mérito evidentemente seriam menores do que se fossem o inteiro resultado do livre arbítrio, isto é, de atos realizados na plenitude do exercício das faculdades do Espírito que, neste caso, age sem qualquer solicitação. Resulta do que digo que muitas vezes os homens tem pensamentos que lhes são essencialmente próprios, e que os cálculos a que se entregam, os raciocínios que fazem, as conclusões a que chegam são o resultado do exercício intelectual, ao mesmo título que o trabalho manual é o resultado do exercício corporal. Daí não se deveria concluir que o homem não seja assistido em seus pensamentos e em seus atos pelos Espíritos que os cercam; muito ao contrário: os Espíritos, sejam bons ou maus, são sempre a causa provocadora dos vossos atos e pensamentos. Mas ignorais completamente em que circunstâncias se produz essa influência, de sorte que, agindo, julgais fazê-lo em virtude do vosso próprio moimento: o vosso livre arbítrio fica intacto; não há diferença entre os atos que realizais sem serdes a eles impelidos, e os que realizais sob a influência dos Espíritos, senão no grau do mérito ou da responsabilidade. Num e noutro caso, a responsabilidade e o mérito existem, mas, repito, não existem no mesmo grau. Creio que esse princípio, que anuncio, não necessita de demonstração. Para o provar, bastar-me-á fazer uma comparação no que existe entre vós. Se um homem cometeu um crime, e se o tiver cometido seduzido pelos conselhos perigosos de outro homem que sobre aquele exerce muita influência, a justiça humana saberá reconhece-lo, concedendo-lhe o benefício das circunstâncias atenuantes; irá mais longe: punirá o homem cujos conselhos perniciosos provocaram o crime, e sem haver contribuído de outra maneira, este homem será mais severamente punido do que o que foi o instrumento, porque foi seu pensamento que concebeu o crime, e sua influência sobre um Ser mais fraco, que o fez executar. Então, o que fazem os homens neste caso, diminuindo a responsabilidade do criminoso, e a partilhando com o infame que o impeliu a cometer o crime, como quereis que Deus, que é a mesma justiça, não fizesse o mesmo, desde que vossa razão vos diz que é justo agir assim? Para o que concerne o mérito das boas ações, que eu disse ser menor se o homem tiver sido solicitado a praticá-las, é a contrapartida do que acabo de dizer a respeito da responsabilidade, e pode demonstrar-se invertendo a proposição. Assim, pois, quando te acontece refletir e passear tuas ideias de um a outro assunto; quando discutes mentalmente sobre os fatos que prevês ou que já se realizaram; quando tu analisas, quando raciocinas, quando julgas, não crês que sejam Espíritos que te ditam os pensamentos ou que te dirigem; eles lá estão, perto de ti, e te escutam; vem com prazer esse exercício intelectual, ao qual te entregas; seu prazer é duplo, quando veem que tuas conclusões são conforme a verdade. Por vezes lhes acontece, evidentemente, que se misturem nesse exercício quer para o facilitar, quer para dar ao Espírito alguns elementos, ou lhe criar algumas dificuldades, a fim de tornar essa ginástica intelectual mais proveitosa a quem a pratica. Mas, em geral, o homem que busca, quando entregue às suas reflexões, quase sempre age só, sob o olhar vigilante de seu Espírito protetor que intervém se o caso for bastante grave para tornar necessária sua intervenção”.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ


Servindo-nos do extraordinário volume de materiais disponibilizados por Allan Kardec e pelo Espiritismo sobre temas cruciais, estamos desenvolvendo algumas apresentações que possibilitem a leigos e até mesmo seguidores da Doutrina ter uma visão panorâmica da visão sobre assuntos como a morte e o morrer, a reencarnação, a influência espiritual, a mediunidade, a obsessão. Temas que não encontram mesmo em outras escolas espiritualistas respostas ou explicações condizentes com os níveis de interesse das atualidade. Pela iniciativa inspirada de uma estudiosa do Espiritismo, o resultado dessas pesquisas tem sido gravado e disponibilizado neste incrível instrumento de disseminação de informações que é a INTERNET. Depois da abordagem PENSAMENTO E VIDA, agora está disponível um conteúdo focado na reencarnação de uma forma ampla e substancial. Na sequência, 40 respostas, reproduzimos 5 para se ter uma ideia do interessante conteúdo do trabalho: 1 -Qual o objetivo da encarnação? Os Espíritos não pertencem eternamente à mesma ordem. Todos melhoram, passando pelos diferentes graus da hierarquia espiritual. Esse melhoramento se verifica pela encarnação, que a uns é imposta como uma expiação e a outros como missão. A vida material é uma prova a que devem se submeter repetidas vezes até atingirem a perfeição absoluta; é uma espécie de peneira ou depurador de que eles saem mais ou menos purificados. (...) A encarnação ocorre sempre na espécie humana. Seria erro acreditar que o Espírito ou alma pudesse encarnar no corpo de animal.  2 - Qual o estado do Espírito na primeira encarnação?  Criado simples e ignorante, o Espírito está em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual, como a criança que acaba de nascer. Se não fez o mal, também não fez o Bem. Nem é feliz, nem infeliz. Age sem consciência e sem responsabilidade. Desde que nada tem, nada pode perder, como não pode retrogradar. Sua responsabilidade só começa no momento em que se desenvolve seu livre-arbítrio. Seu estado primitivo não é, pois, um estado de inocência inteligente e raciocinada. Consequentemente, o mal que fizer mais tarde, infringindo as leis de Deus, abusando das faculdades que lhe foram dadas, não é um retorno do Bem ao mal, mas consequência do mau caminho por onde entrou. 3- Então todas as reencarnações estão programadas? Em matéria de filhos, no Plano Físico, a lei das afinidades quase pode ser considerada por fator determinante da chamada hereditariedade psicológica. (...) A vida dos companheiros encarnados se conjuga com a vida dos companheiros desencarnados que lhes são afins. O alcoolismo, por exemplo, é um hábito que muito raramente se observa numa pessoa que se embriaga a sós. Geralmente, a criatura se alcooliza em companhia de irmãos desencarnados que, embora desenfaixados da experiência física, ainda não se desvencilharam dessa prática. Quando isso ocorre, é justo considerar que por muito se esforcem os Instrutores Espirituais, encarregados de cooperarem na execução de certo Plano de reencarnações para determinado grupo familiar, nem sempre conseguem evitar a intromissão de um ou mais de um dos alcóolatras desencarnados, porquanto se ajustam eles de tal modo às forças genésicas de um dos parceiros do compromisso sexual que acabam na condição de filhos deles, revelando, mais tarde, as mesmas tendência  compulsivas 4- O que determinaria um corpo perfeito ou com deformações? Os contornos anatômicos da forma física, disformes ou perfeitos, longilíneos ou brevilínios, belos ou feios, fazem parte dos estatutos educativos. Em geral, a reencarnação sistemática é sempre um curso laborioso de trabalho contra os defeitos morais preexistentes nas lições e conflitos presentes. Pormenores anatômicos imperfeitos, circunstâncias adversas, ambientes hostis, constituem, na maioria das vezes, os melhores lugares de aprendizado e redenção para aqueles que renascem. Por isso, o mapa de provas úteis é organizado com antecedência, como o caderno de apontamentos dos aprendizes nas escolas comuns. 5- Como entender as gestações difíceis para a futura mãe? A mulher grávida, além da prestação de serviço orgânico à entidade que se reencarna, é igualmente constrangida a lhe suportar o contato espiritual, sempre sacrificial quando se trata de alguém com escuros débitos de consciência. A organização feminina, durante a gestação, sofre verdadeira enxertia mental. Os pensamentos do Ser que se acolhe ao santuário íntimo, lhe envolvem totalmente, determinando significativas alterações em seu cosmo biológico. Se o filho é senhor de larga evolução e dono de elogiáveis qualidades morais, consegue auxiliar o campo materno, prodigalizando-lhe sublimadas emoções e convertendo a maternidade, habitualmente dolorosa, em estação de esperanças e alegrias intraduzíveis. A íntegra da palestra poderá ser acessada no link
https://www.youtube.com/watch?v=0orNSrg-KFY&list=UUy9gis18A-Bs6b7w_8jCNRg


terça-feira, 7 de abril de 2015

AOS FORMADORES DE OPINIÃO

O vale tudo que se observa na disputa pela audiência, leva os programadores dos veículos de comunicação de massa a apelarem de forma altamente prejudicial ao comportamento social, especialmente nos países subdesenvolvidos. A tecnologia transforma-se num instrumento desagregador e corrosivo das tímidas conquistas espirituais resultantes do processo evolutivo adotado no planeta Terra. Sexo, sobretudo, é matéria prima explorada pelos criadores, redatores e diretores por trás das câmaras, em se tratando de televisão e cinema. Quanto maior o apelo maior o interesse e os resultados financeiros dos que buscam produtos de retorno certo. Há duas questões espirituais por trás de tudo isso. Uma a influência, outra a consequência. Encontramos elementos para reflexão em duas das obras do Espírito André Luiz através do médium Chico Xavier. Para avaliação vamos a eles:  CASO 1 - INFLUÊNCIA“Em mesa lautamente provida com fino conhaque, um rapaz, fumando com volúpia e sob o domínio de uma entidade digna de compaixão pelo aspecto repelente em que se mostrava, escrevia, escrevia, escrevia...(...) O cérebro do moço embebia-se em substância escura e pastosa que escorria das mãos do triste companheiro que o enlaçava. Via-se-lhes a absoluta associação na autoria dos caracteres escritos”. Comentando a cena, o Instrutor Áulus explica: -“Neste instante, nosso irmão desconhecido é hábil médium psicógrafo. Tem as células do pensamento integralmente controladas pelo infeliz cultivador de crueldade sob a nossa vista. Imanta-se-lhe à imaginação e lhe assimila as ideias, atendendo-lhe aos propósitos escusos, através dos princípios da indução magnética, de vez que o rapaz, desejando produzir páginas escabrosas, encontrou que lhe fortaleça a mente e o ajude nesse mister. Encontramos sempre o que procuramos ser. Não é um médium na acepção real do termo. É um moço de inteligência vivaz, sem maior experiência da vida, manejado por entidades perturbadoras. Entre as excitações do álcool e do fumo que saboreiam juntos, pretendem provocar uma reportagem perniciosa, envolvendo uma família em duras aflições. (..) O obsessor, usando calculadamente o rapaz com quem se afina, pretende alcançar o noticiário de sensação, para deprimir a vida moral de jovem por ele perseguida com o fim de martelar-lhe a mente apreensiva para deprimir a vida moral dela, amolecendo-lhe o caráter, arrojando-a aos abusos da mocidade e, se possível, trazendo-a ao charco vicioso em que ele jaz”. (NDM, 15) CASO 2 – DESDOBRAMENTOS APÓS A MORTE -  “Um dos irmãos presentes buscava salientar-se, no intuito de relatar-nos a experiência de que era vítima. (...). Fui homem de letras, mas nunca me interessei pelo lado sério da vida. Cultivava o chiste malicioso e com ele o gosto da volúpia, estendendo minhas criações à mocidade de meus dias. Não consegui posição de evidência, nos galarins da fama; entretanto, mais que eu poderia imaginar, impressionei, destrutivamente, muitas mentalidades juvenis, arrastando-as a perigosos pensamentos. Depois do meu decesso, sou incessantemente procurado pelas vítimas de minhas insinuações sutis, que me não deixam em paz, e, enquanto isto ocorre, outras entidades me buscam, formulando ordens e propostas referentes a ações indignas que não posso aceitar. Compreendi que me achava em ligação, desde a existência terrestre, com enorme quadrilha de Espíritos perversos e galhofeiros que me tomavam por aparelho invigilante de suas manifestações indesejáveis.. No fundo, mantinha por mim mesmo, no próprio espírito, suficiente material de leviandade e malícia, que eles exploraram largamente, adicionando aos meus erros os erros maiores que intentariam debalde praticar, sem meu concurso ativo. Acontece, porém, que abrindo meus olhos à verdade, na Esfera em que hoje respiramos, em vão busco adaptar-me a processos mais nobres de vida. Quando não sou atribulado por mulheres e homens que se afirmam prejudicados pelas ideias que lhes infundi, na romagem carnal, certas formas estanhas me apoquentam o mundo interior, como se vivessem incrustradas à minha própria imaginação. Assemelham-se a personalidades autônomas, se bem que sejam visíveis somente aos meus olhos. Falam, gesticulam, acusam-me e riem-se de mim. Reconheço-as sem dificuldade. São imagens vivas de tudo o que meu pensamento e minha mão de escritor criaram para anestesiar a dignidade de meus semelhantes. Investem contra mim, apupam-me e vergastam-me o brio, como se fossem filhos rebelados contra um pai criminoso. Tenho vivido ao léu, qual alienado mental que ninguém compreende! Como entender, porém, os pesadelos que me possuem? Somos o domicílio vivo dos pensamentos que geramos. (L, 16)




sexta-feira, 3 de abril de 2015

AMPLIANDO HORIZONTES

A visão meramente fisiológica do Ser humano muito raras vezes conduz ao equilíbrio da funcionalidade do corpo doente. A ignorada contribuição oferecida pelo Espiritismo a partir da extraordinária pesquisa conduzida por Allan Kardec de 1855 a 1869, tem substancial conteúdo para provocar uma reflexão mais precisa e objetiva naqueles que efetivamente se preocupam com a cura dos seus pacientes. No número de fevereiro de 1867 da REVISTA ESPÍRITA, pode ser encontrada na seção DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS, a mensagem assinada pelo Espírito do um médico chamado Dr Morel Lavallée. Sempre oportuno lembrar a observação feita por Allan Kardec num de seus artigos falando sobre a visão propiciada pelo Espiritismo, onde diz que “a mediunidade curadora não vem suplantar a Medicina e os médicos; vem simplesmente provar a estes últimos que há coisas que eles não sabem e os convidar a estudá-las; que a natureza tem recursos que eles ignoram”. Notadamente na atualidade em que se observa a proliferação de trabalhos nessa área como que tentando socorrer aos desventurados do caminho macerados pelos sofrimentos físicos e morais. Mas, vamos ao texto psicografado em Paris, na reunião de 25 de outubro de 1866, através do médium Sr. Desliens: -“Que é o homem?... Um composto de três princípios essenciais: o Espírito, o períspirito e o corpo. A ausência de qualquer um destes três princípios acarretaria necessariamente o aniquilamento do Ser no estado humano. Se o corpo não mais existir, haverá o Espírito e não mais o homem; se o períspirito faltar ou não puder funcionar, não podendo o imaterial agir diretamente sobre a matéria, poderá haver alguma coisa no gênero do cretino ou do idiota, mas jamais um Ser inteligente. Enfim, se o Espírito faltar, ter-se-á um feto vivendo vida animal e não um Espírito encarnado. Se, pois, temos três princípios em presença, esses três princípios devem reagir um sobre o outro, e seguir-se-á a saúde ou a doença, conforme haja entre eles a harmonia perfeita ou desacordo parcial. Se a doença ou desordem orgânica, como se queira chamar, procede do corpo, os medicamentos materiais, sabiamente empregados, bastarão para restabelecer a harmonia geral. Se a perturbação vier do períspirito, se for uma modificação do princípio fluídico que o compõe, que se acha alterado, será preciso uma modificação em relação com a natureza do órgão perturbado, para que as funções possam retomar seu estado normal. Se a doença proceder do Espírito, não se poderia empregar, para a combater, outra coisa senão uma medicação espiritual. Se, enfim, como é o caso mais geral, e, pode mesmo dizer-se, que se e apresenta exclusivamente, se a doença procede do corpo, do períspirito e do Espírito, será preciso que a medicação combata simultaneamente todas as causas da desordem por meios diversos, para obter a cura. Ora, que fazem geralmente os médicos? Cuidam do corpo e o curam; mas curam a doença? Não. Porque? Porque sendo o períspirito um princípio superior à matéria propriamente dita, poderá tornar-se a causa em relação a esta. E, se for entravado, os órgãos materiais, que se acham em relação com ele, serão igualmente atingidos na sua vitalidade. Cuidando do corpo, destruireis o efeito; mas, residindo a causa no períspirito, a doença voltará novamente, quando cessarem os cuidados, até que se percebam que é preciso levar alhures a atenção, eliminando fluidicamente o princípio fluídico mórbido. Se, enfim, a doença proceder da mente, do Espírito, o períspirito e o corpo, postos sob sua dependência, serão entravados em suas funções, e nem é cuidando de um nem do outro que se fará desaparecer a causa. Não é, pois, vestindo a camisa de força num louco, ou lhe dando pílulas ou duchas, que se conseguirá repô-lo no estado normal. Apenas acalmarão seus sentidos revoltados; acalmarão os seus acessos, mas não destruirão o germe senão combatendo por seus semelhantes, fazendo homeopatia espiritual e fluidicamente, como se faz materialmente, dando ao doente, pela prece, uma dose infinitesimal de paciência, de calma, de resignação, conforme o caso, como se lhe dá uma dose infinitesimal de Brucina, de Digitalis ou de Aconitum. Para destruir uma causa mórbida, há que combatê-la em seu terreno”. Uma pesquisa criteriosa na coleção da publicação fundada e mantida por Allan Kardec entre 1858 e sua morte em 31 de março de 1869, revela aspectos importantes e reveladores – nem sempre encontrados nas chamadas OBRAS BÁSICAS -,  sobre essa revolucionária visão oferecida pelo Dr Morel.



quarta-feira, 1 de abril de 2015

UM FATO POUCO CONHECIDO SOBRE CHICO XAVIER

Foi em 1946, contando apenas 27 anos, que o formando em Direito pela Universidade de Minas Gerais, Rafael Américo Ranieri conheceu Chico Xavier. Radicado em Belo Horizonte, havia perdido pouco tempo antes sua primeira filhinha Helena, convertera-se para o Espiritismo, iniciara o desenvolvimento de sua mediunidade, quando cedendo ao convite da amiga Efigênia França, também médium em desenvolvimento, viajou com ela e o amigo Leonel a Pedro Leopoldo -  distância àquela época cumprida em duas horas de automóvel pela estrada de terra que levantava muita poeira-, a fim de se avistarem com o médium que conhecia apenas de nome e pelos jornais pela publicação das primeiras e polêmicas mensagens do escritor Humberto de Campos. Lembrava que, na casa simples, cor de rosa desbotado, chão de tijolo, apenas três bancos para os assistentes, outro rústico para o médium à frente de mesa tosca para os trabalhos, além dos abraços e cumprimentos da apresentação, ouviu, nas despedidas, Chico segurando com as duas mãos as suas, que “haveriam de se encontrar de novo”, pois, as atenções durante a visita se concentraram na também jovem Efigênia. Pretensioso, envaidecido pelos resultados obtidos através da própria mediunidade, certo dia, Ranieri sentiu-se impulsionado a escrever uma carta ao já inesquecível amigo, mostrou-a a alguém de confiança e muito próximo, Jair Soares, que lhe disse “estar louco, que Chico era um médium poderoso, que convivia com a Espiritualidade Superior permanentemente e que não necessitava que o consolasse', o que o levou a rasgar as folhas de papel”. O impulso se repetiu, nova carta que também não enviou, pois, ao mostra-la à família, esbarrou na mesma reação. A ideia fixa, fê-lo escrever uma terceira vez, envelopar e enviar as palavras confortadoras a quem só vira naquele final de tarde, início de noite memorável. Dias depois, um telefonema à casa do sua mãe, combinava nova ligação às cinco horas da tarde do dia seguinte e, nela a surpreendente ouviu de Chico as seguintes palavras: -“Alô, Ranieri? Aqui é o Chico. Recebi sua carta. Depois de amanhã, à noite, passarei em Belo Horizonte, pelo trem das 9:15 horas, e gostaria de falar com você na Estação”. Acompanhado do descrente companheiro de tantas jornadas Jair Soares, coração aos saltos ante a aproximação da composição que anunciava ao longe através de seu apito sua chegada, viram descer o homem meio obeso, face morena, olho defeituoso e um grande e fraternal sorriso. Abraço longo e carinhoso como de velhos amigos, o convite para comer uma broa de fubá em sua casa, magnetizados, ouviram Chico dizer: -“Olha, recebi sua carta. Deus lhe pague! Foi um grande conforto. Encheu-me a alma. Pouca gente acredita, como você, que eu sofra. Todos pensam que vivo voando no mundo da felicidade. Não sabem que também sofro. Sua carta trouxe-me confortadoras expressões de amizade e entendimento”. Contou que quando do seu recebimento, recebera de sua irmã um ultimato para que fosse embora de sua casa. A surpresa e o choque da inesperada intimação foram grandes, maior, todavia, quando da indagação se levaria o piano que o médium havia ganho de dois irmãos admiradores do Paraná que teriam ouvido que Chico no final de sua vida, mediunicamente, receberia os grandes compositores do Além. O marido da referida irmã, estava estudando nele. O piano ficou, a convivência de Ranieri  e com Chico tornou-se mais frequente até 1948, quando a mudança de Ranieri para o Rio de Janeiro, transformou os encontros em eventuais. Numa das conversas na casa de Chico com amigos dos bons tempos, descrita no capítulo 78 do livro RECORDAÇÕES DE CHICO XAVIER (1974; lake), uma surpreendente revelação. Da boca de Chico jorravam impressionantes ensinamentos. Falavam sobre Lívia e Emmanuel, e também de Clóvis Tavares, grande trabalhador da Causa do Espiritismo na cidade de Campos, Rio de Janeiro. Espontaneamente o médium disse ter sido o Clóvis, o padre Flanegan, que aparece no livro RENÚNCIA (1944;feb), acrescentando que por “mil anos reencarnara ligado à Igreja, sendo a atual a primeira existência fora dela”. Em meio aos assuntos abordados, ante a opinião de Ranieri, sobre a necessidade de uma possível passagem gradativa na passagem do Espírito reencarnado sucessivas vezes na condição masculina para a feminina e vice-versa, como explicado nas questões 200 a 202 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITO, Chico diz: -“Acho que é uma grande aventura. Eu, por exemplo, é a primeira reencarnação de homem que tenho. A Espiritualidade Superior, quando fui reencarnar, estava preocupada com isso, achava que eu poderia fracassar. Há uma linha de reencarnação, acredito, da qual é muito difícil escapar. O Espírito precisa se preparar para isso”.