“O LIVRO DOS
ESPÍRITOS não é um tratado completo de
Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem
desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”, escreveu Allan Kardec em texto inserido na
edição de julho de 1866, da REVISTA ESPÍRITA. O tema períspirito, por exemplo, inclui-se entre os muitos
assuntos que ainda precisam ser melhor conhecidos. Explicado por Allan
Kardec como “involucro semimaterial do Espírito depois da sua separação do corpo, é
organizado pela individualidade a partir dos fluidos do mundo em que se acha,
sendo trocado ao passar de um a outro; sendo mais ou menos sutil ou grosseiro,
segundo a natureza de cada Globo, podendo tomar todas as formas segundo a
vontade do Espírito, geralmente assumindo a imagem que este tinha na sua ultima
vida corporal”. Segundo sua avaliação, “embora de natureza etérea, a
substância do perispírito é suscetível de certas modificações que a tornam
perceptível à nossa vista, como no caso das aparições, onde, por sua união com
o fluido de certas pessoas, torna-se temporariamente tangível, ou seja,
oferecer ao toque a resistência de um corpo sólido, como se vê nas aparições
estereológicas ou palpáveis”. Acrescenta ainda que “a
natureza íntima do períspirito não é ainda conhecida; mas poder-se-ia supor que
a matéria do corpo é composta de uma parte sólida e grosseira e de uma parte
sutil e etérea; que só a primeira sofre a decomposição produzida pela morte, ao
passo que a segunda persiste e segue o Espírito. O Espírito teria, assim, um
duplo invólucro; a morte o despojaria apenas do mais grosseiro; o segundo que
constitui o períspirito, conservaria o tipo e a forma da primeira, da qual ele
é como a sombra; mas sua natureza essencialmente vaporosa permite ao Espírito
modificar esta forma à sua vontade, torna-la visível, palpável ou impalpável.
O
períspirito é, para o Espírito, o que o perisperma é para o germe do fruto. A
amêndoa, despojada do seu invólucro lenhoso, encerra o germe sob o involucro
delicado do perisperma”. No ano de 1994, num comentário inserido no
livro IMAGENS DO ALÉM (ide), Chico
Xavier analisando um desenho do Pavilhão do Restringimento elaborado
pela também médium Heigorina Cunha que, em desdobramento espiritual teria visitado
alguns setores da Colônia Nosso Lar, afirma que “na reencarnação compulsória, o
processo é mais lento, levando mais de um ano para se completar o chamado
restringimento, e que assim que se inicia a fase do sono letárgico, o corpo
espiritual vai se despojando da matéria grosseira, ficando o períspirito sutil,
sem trazer-lhe prejuízo algum, matéria grosseira que é enterrada em lugar
próprio”. A instigante observação levou alguns pesquisadores ao
capítulo 12 do livro EVOLUÇÃO EM DOIS
MUNDOS (1958,feb), obra que marca a mudança de Chico de Pedro Leopoldo
para Uberaba, ambas no Estado de Minas Gerais. No referido capítulo, o Espírito
André
Luiz minudencia detalhes interessantes da dinâmica dos processos
reencarnatório / desencarnatório. Entre outras informações diz ele: -“Assimilando
recursos orgânicos com o auxílio da célula feminina, fecundada e
fundamentalmente marcada pelo gene paterno, a mente elabora, por si mesma, novo
veículo fisiopsicossomático, atraindo para os seus moldes ocultos as células
físicas a se reproduzirem por caricionese, de conformidade com a orientação que
lhes é imposta, isto é, refletindo as condições em que ela, a mente
desencarnada, se encontra. Plasma-se-lhe, desse modo, com a nova forma carnal,
novo veículo ao Espírito, que se refaz ou se reconstitui em formação recente,
entretecido de células sutis, veiculo este que evoluirá igualmente depois do
berço e que persistirá depois do túmulo”. Retornando às observações de Chico
a Heigorina
Cunha, ele disse também: -“Há duas fecundações, no momento da
concepção, sendo uma a que conhecemos, com a penetração do espermatozoide no
óvulo, formando a célula-ovo, semente do corpo físico. A outra fecundação
opera-se no Plano Espiritual, e consiste na integração do Espírito reencarnante
com o Espírito da mãe, que pode se operar de modos diversos. (...). É esta
fecundação, a espiritual, que vai transmitir vida ao óvulo fecundado e
modelá-lo segundo os planos da Divina Providência, para que venha à luz um Ser,
filho de Deus, com determinadas oportunidades de aprendizado e reajustamento”.
O intrigante da redução do períspirito no início do processo gestacional é
esclarecido no capítulo 29 do livro ENTRE
A TERRA E O CÉU (1954, feb), em que o Instrutor Clarêncio vincula este
efeito “à influência de fortes correntes eletromagnéticas liberadas pela
matriz geradora do corpo feminino, impondo a redução automática, liberando para
o plano etéreo toda matéria que não sirva ao trabalho fundamental de refundição
da forma”.
Compartilhamento de informações reveladoras disponibilizadas pelo Espiritismo ampliando nosso nivel cultural
faça sua pesquisa
quarta-feira, 29 de abril de 2015
segunda-feira, 27 de abril de 2015
A VIDA NO MUNDO ESPIRITUAL
A insuficiência de conhecimentos astronômicos da Antiguidade nas
tentativas de explicar a origem de tudo durante o tempo em que se imaginava a
Terra o centro do Universo, levaram os estudiosos a escalonarem os Céus,
acomodando diversos graus de beatitude, sendo o último, a morada da suprema
felicidade. Segundo a opinião mais comum, havia sete deles; daí a
expressão “estar no Sétimo Céu”, para exprimir uma felicidade perfeita.
Os muçulmanos admitem nove, em cada um aumentando a
felicidade dos crentes. O astrônomo Ptolomeu que viveu na Alexandria, no
Egito, contou onze, sendo o último chamado Empíreo, por causa da ofuscante
luz que ali reinava. A Teologia Católica reconhece três Céus: o primeiro é o da região do ar e das
nuvens; o segundo o espaço onde se movem os astros; o terceiro,
além da região dos astros, é a morada do Mais Alto, a região dos eleitos que
contemplam ao Deus face a face, crença que levou a se dizer que São Paulo foi
elevado ao Terceiro Céu. O surgimento do Espiritismo apresentou uma visão mais
racional da questão ao dizer que a fim do período de ligação com o corpo
físico, libera o chamado períspirito ou corpo espiritual para a reintegração no
Mundo Espiritual de onde a individualidade saiu um dia para mais uma
experiência reencarnatória. Aglutinam-se conforme os diferentes estados em que
se desprendem do revestimento fisiológico. Observa-se que alguns não se afastam
do meio em que viveram, enquanto outros se elevam a outros espaço ou mundo
enquanto certos Espíritos culpados erram em regiões sombrias, constituindo
também, diferentes moradas, não localizadas nem circunscritas, encaixadas nas “muitas
moradas na Casa do Pai” referidas por Jesus aos seus seguidores
mais próximos. Em interessante observação reproduzida na REVISTA ESPÍRITA de junho de 1868, Allan Kardec explica: -“A
quem quer que não conheça a verdadeira constituição do Mundo Invisível,
parecerá estranho que Espíritos, segundo eles, seres abstratos, sem-imateriais,
indefinidos, sem corpo, sejam vítimas de sensação como a fome, por exemplo. O
espanto cessa quando se sabe que esses mesmos Espíritos são seres como nós: tem
um corpo, fluídico é verdade, mas que não deixa de ser matéria; que deixando o
seu invólucro carnal, certos Espíritos continuam a vida terrena com as mesmas
vicissitudes, durante um tempo mais ou menos longo. Isto
parece singular, mas é; e a observação nos ensina que tal é a situação dos
Espíritos que viveram mais a vida material que a espiritual, situação por vezes
terrível, porque a ilusão das necessidades da carne se faz sentir, e se tem
todas as angústias de uma necessidade impossível de saciar. O suplício
mitológico de Tântalo, nos antigos, acusa um conhecimento mais exato do que se
supõem, do estado do Mundo de Além-túmulo, sobretudo mais exato do que entre os
modernos. Outra, contudo, é a posição dos que, desde essa vida, se
desmaterializaram pela elevação de seus pensamentos e sua identificação com a
vida futura. Todas as dores da vida corporal cessam com o último suspiro e logo
o Espírito plana, radioso, no mundo etéreo, feliz com um prisioneiro livre de
suas algemas. Quem nos disse isto? É um sistema, uma
teoria? Alguém disse que deveria ser assim e se acredita sob palavra? Não; são
os próprios habitantes do Mundo Invisível que o repetem em todos os pontos do
Globo, para ensinamento dos encarnados. Sim, legiões de Espíritos
continuam como na vida corporal com suas torturas e suas angústias. Mas quais?
Os que ainda estão muito presos à matéria para dela se destacarem
instantaneamente. É uma crueldade do Ser Supremo? Não; é uma Lei da Natureza
inerente ao estado de inferioridade dos Espíritos e necessária ao adiantamento;
é um prolongamento misto da vida terrestre durante alguns dias, meses ou anos,
conforme o estado mora dos indivíduos. (...). As evocações nos mostram uma porção
de Espíritos que ainda se julgam deste mundo: suicidas, supliciados que não
suspeitam que estão mortos e sofrem o seu gênero de morte; outros que assistem
ao próprio enterro, como ao de um estranho; avarentos que guardam seus
tesouros, soberanos que julgam mandar ainda e ficam furiosos por não serem
obedecidos; depois de grandes naufrágios, náufragos que lutam contra o furor
das ondas; depois de uma batalha, soldados que se batem e, ao lado disto,
Espíritos radiosos, que nada mais tem de terrestres e são para os encarnados o
que a borboleta é para a lagarta. Pode-se perguntar para que serve as
evocações, quando nos dão a conhecer, até nos mínimos detalhes, esse mundo que
nos espera a todos ao sairmos deste? É a Humanidade encarnada que conversa com
a Humanidade desencarnada; o prisioneiro que fala com o homem livre. Não, por
certo, elas para nada servem ao homem superficial que nisto só vê um
divertimento; elas não lhe servem mais que a física e a química recreativas
para sua instrução. Mas para o filósofo, o observador sério, que pensa no
amanhã da vida, é uma grande e salutar lição; é todo um mundo novo que se
descobre; é a luz atirada sobre o futuro; é a destruição dos preconceitos
seculares sobre a alma e a vida futura; é a sanção da solidariedade universal
que liga todos os seres. Dirão que se pode estar enganado. Sem dúvida, como se
o pode sobre todas as coisas, mesmo as que se vê e se toca. Tudo depende da
maneira de observar”.
sábado, 25 de abril de 2015
UM MERGULHO NO PASSADO
38 – Os sacerdotes do Antigo
Egito Recebiam manifestações de Espíritos? - Sim. 39.- As manifestações recebidas pelos sacerdotes
egípcios tinham a mesma fonte que as recebidas por Moisés? - Sim. Este foi iniciado por aqueles. 40.- Por que,
então, as manifestações recebidas por Moisés eram mais potentes que as
recebidas pelos sacerdotes egípcios - Moisés queria revelar, enquanto os sacerdotes
egípcios queriam apenas oculta-Ias. 41.- Pensais que a doutrina dos
sacerdotes egípcios tivesse quaisquer ligações com a dos indianos? - Sim. Todas as religiões-mães estão ligadas entre si por laços quase
invisíveis: procedem de uma mesma fonte. 42.- Destas
duas religiões, isto é, a dos egípcios e a dos indianos, qual a matriz? - Elas são irmãs. 43.- Como é que vós, que em vida éreis tão pouco esclarecido sobre estes
assuntos, podeis agora responder com tanta profundeza? - Outras existências me ensinaram. O trecho é da curiosa entrevista feita na reunião
de 16 de março de 1858 com o um Espírito chamado Mehemet-Ali, desencarnado
em 1849. Nascido em 1769, em Kavala, na Romélia, em 1805, foi feito Quediva –
espécie de Vice-Rei - do Egito, tendo participado, ao lado do Sultão, da guerra
greco-turca, voltando-se, posteriormente, contra o aliado. Historicamente de
1805 a 1848 exerceu a função de Governador do Império Otomano, em nome do
Sultão, sendo considerado o fundador do Egito Moderno, introduzindo grandes
reformas no País, entre elas a construção de canais de irrigação para melhor
distribuição das águas do Rio Nilo, construção de prédios, instituição de novas
Leis, impostos e a modernização do exercito, tendo conseguido considerável
autonomia frente ao Império Otomano ampliando, consideravelmente, suas
fronteiras. Apesar dos nove anos transcorridos desde sua desencarnação, Mehemet-Ali,
informou não ter ainda uma lembrança nítida de sua ultima existência,
sentindo-se ainda sob efeito da morte física do corpo em que se encontrava encarnado.
Lembrava-se, porém, de ter sido na penúltima
existência física socialmente uma pessoa pobre que invejava as grandezas
terrenas, subindo na escala social na volta às experiências materiais, para
experiênciar a condição da riqueza, dizendo que se puder renascer na Terra
novamente, escolheria uma vida obscura onde os deveres são menores, visto que
na recém-terminada representou a vaidade do nada, quisera conduzir homens, sem
saber conduzir a si mesmo. Sobre ser acusado de atos de grande crueldade,
disse estar expiando-os, vendo inclusive aqueles que mandara massacrar;
que ele e seu inimigo Sultão Mahmud fogem um do
outro pela aversão reciproca que alimentam. Solicitado a opinar
sobre as causas da decadência moral do Egito da Antiguidade, disse que a
corrupção dos costumes foi determinante; que tinha pleno conhecimento de suas
existências anteriores, exceto a última, tendo vivido por três vezes ao tempo
dos Faraós, como sacerdote ao tempo de Sesóstrotris, como mendigo e como
príncipe. No número de novembro de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz uma
segunda entrevista com o Espírito Mehemet-Ali, ampliando um pouco o conteúdo
da primeira manifestação. A propósito da construção das pirâmides, revelou que eram
sepulcros e templos, onde se davam grandes manifestações; que não tinham
objetivo científico, visto que o interesse religioso absorvia tudo; que
o
homem foi a máquina utilizada em sua construção, absorvendo massas deles que
gemeram sob o peso daquelas pedras; povo que trabalhava sob o domínio da força.
Perguntado de onde os egípcios tiravam o gosto pelas coisas colossais em vez das
graciosas como os gregos, afirmou que os egípcios eram tocados pela grandeza de
Deus, procurando igualá-lo, superando suas próprias forças, comportamento
típico do homem. Sobre a existência em que fora sacerdote, informou
que governantes e governados, corrompidos, acreditavam em seus sacerdotes tendo
por deuses aqueles que os mantinham sob o jugo; que sobre a vida após a morte,
acreditavam no que diziam os sacerdotes; que os grandes do Estado oscilavam
entre as crenças do povo e a dos sacerdotes; que a origem do culto prestado aos
animais resultara do desejo de desviar o homem de Deus e mantê-lo sob seu
domínio, dando-lhe como deuses seres inferiores; que a
utilização de animais como serpentes e crocodilos baseava-se no fato do homem
adorar aquilo que teme, constituindo-se num jogo para o povo, visto que em toda
parte o homem procura deuses para esconder aquilo que é; que a representação
de Osíris com a cabeça de um gavião e Anúbis com a cabeça de um cão, surgira do
fato de que o egípcio gostava de personificar sob a forma de emblemas claros:
Anúbis era bom; o gavião que estraçalha representava o cruel Osíris.
Sobre a contradição entre o respeito pelos mortos e o desprezo e horror pelos
que os enterravam e mumificavam, esclareceu que o cadáver era um instrumento
de manifestações, pois pesavam que o Espírito voltava ao corpo que havia
animado, sendo o corpo um dos instrumentos do culto, por
ser sagrado, nascendo a perseguição do fato de terem
ousado violar a santidade da morte; que a conservação do corpo dava lugar
a numerosas e longas manifestações; revelou também que no
Egito a iniciação era feita através de práticas mais rigorosas que na Grécia,
impostas para que só houvesse almas superiores que sabiam compreender e calar;
concluindo, por fim, que todo
ensino estava muito corrompido, já que o fim dos sacerdotes era dominar e não instruir.
quarta-feira, 22 de abril de 2015
O VERDADEIRO SENTIDO
Indiscutivelmente o principal
meio de difusão do Espiritismo tornou-se um ponto de referência e convergência
dos que são surpreendidos por revezes com os quais não contavam. Na
superficialidade de suas avaliações concluem ser a prática espírita mero instrumento
de reequilíbrio através dos passes ou outros tratamentos oferecidos nas Casas
Espíritas, supõem-nas mero ponto de encontro entre a realidade material e a imaterial, a
tangível e a intangível. Um meio onde se pode encontrar a cura ou o caminho a
seguir através das orientações dos Amigos Espirituais ou Mentores como se
costuma dizer. Será apenas esta a finalidade da Doutrina
Espirita? Em texto apresentado na edição de novembro de 1864, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec esclarece essa dúvida. Escreve ele: -“O
Espiritismo não é uma concepção individual, um produto da imaginação; não é uma
teoria, um sistema inventado para a necessidade de uma causa. Tem sua fonte nos
fatos da natureza mesma, em fatos positivos, que se produzem aos nossos olhos e
a cada instante, mas cuja origem não se suspeitava. É, pois, resultado da
observação, numa palavra, uma ciência: a ciência das relações entre os mundos
visível e invisível; ciência ainda imperfeita, mas que diariamente se completa
por novos estudos e que, tende certeza, tomará posição ao lado das ciências
positivas. Digo positivas, porque toda ciência que repousa sobre fatos é uma
ciência positiva, e não meramente especulativa. O Espiritismo nada inventou,
porque não se inventa o que está na Natureza. Newton não inventou a Lei da
Gravitação: está Lei Universal, existia antes dele; cada um a aplicava e lhe
sentia os efeitos, posto não a conhecessem. Por sua vez, o Espiritismo vem
mostrar uma nova Lei, uma nova força da natureza: a que reside na ação do Espírito
sobre a matéria, lei tão Universal quanto a da gravitação e da eletricidade,
contudo ainda desconhecida e negada por certas pessoas, como o foram outras
Leis no momento de sua descoberta. É que os homens geralmente sentem
dificuldade em renunciar às suas ideias preconcebidas e, por amor próprio,
custa-lhes concordar que estavam enganados, ou que outros tenham podido
encontrar o que eles próprios não encontraram. Mas como, em definitivo, esta
Lei repousa sobre fatos e contra os fatos não há negação que possa prevalecer,
terão que render-se à evidência, como os mais recalcitrantes tiveram que o
fazer quanto ao movimento da Terra, à formação do Globo e aos efeitos do vapor.
Por mais que taxem os fenômenos de ridículos, não podem impedir a existência
daquilo que é. Assim, o Espiritismo procurou a explicação dos fenômenos de uma
certa ordem e que, em todas as épocas, se produziram de maneira espontânea. Mas
o que, sobretudo, o favoreceu nessas pesquisas, é que lhe foi dado o poder de
produzi-los e os provocar, até certo ponto. Encontrou nos médiuns instrumentos
adequados a tal efeito, como o físico encontrou na pilha e na máquina elétrica
os meios de reproduzir os efeitos do raio. Compreende-se que isso é uma
comparação e não uma analogia. Há aqui uma consideração de alta importância: é
que, em suas pesquisas, ele não procedeu por via de hipóteses, como o acusam;
não supôs aexistência do Mundo Espiritual, para explicar os fenômenos que tinha
sob as vistas; procedeu pela via da análise e da observação; dos fatos remontou
à causa e o elemento espiritual se apresentou como força ativa; só o proclamou
depois de o haver constatado. Como força e como Lei da Natureza, a ação do
elemento espiritual abre, assim, novos horizontes à ciência, dando-lhe a chave
de uma porção de problemas incompreendidos. Mas se a descoberta de Leis
puramente materiais produziu no mundo revoluções materiais, a do elemento
espiritual nele prepara uma revolução moral, porque muda totalmente o curso das
ideias e das crenças mais arraigadas; mostra a vida sob um outro aspecto; mata
a superstição e o fanatismo; desenvolve o pensamento e o homem, em vez de se
arrastar na matéria, de circunscrever sua vida entre o nascimento e a morte,
eleva-se no Infinito; sabe de onde vem e para onde vai; vê um objetivo para o
seu trabalho, para seus esforços, uma razão de ser para o Bem; sabe que nada do
que aqui adquire em saber e moralidade lhe é perdido, e que o seu progresso
continua indefinidamente no além túmulo; sabe que há sempre um futuro para si,
sejam quais forem a insuficiência e a brevidade da presente existência, ao
passo que a ideia materialista, circunscrevendo a vida à existência atual,
dá-lhe como perspectiva o nada, que nem mesmo tem por compensação a duração,
que ninguém pode aumentar à sua vontade, desde que podemos cair amanhã, em uma
hora, e então o fruto de nossos labores, de nossas vigílias, dos conhecimentos
adquiridos estarão para nós perdidos para sempre, muitas vezes sem termos tido
tempo de os desfrutar. Repito, demonstrando o Espiritismo, não por hipótese,
mas por fatos, a existência do Mundo Invisível e o futuro que nos aguarda, muda
completamente o curso das ideias; dá ao homem a força moral, a coragem e a
resignação, porque não mais trabalha apenas pelo presente, mas pelo futuro;
sabe que se não gozar hoje, gozará amanhã”.
terça-feira, 21 de abril de 2015
ECTOPLASMA - UM ASSUNTO POLÊMICO
O tema ectoplasma ainda hoje
é motivo para debates e divergências em alguns dos aspectos relacionados aos
fenômenos em que ele é essencial para que ocorram. Na Inglaterra, entre os anos
1862/1927, viveu uma jornalista e espiritualista que, segundo definição de Ernesto
Bozzano foi uma investigadora
pertinaz que praticou a radiografia, a fotografia transcendental e a fotografia
do pensamento - também chamada escotografia - durante mais de 40 anos. Seu nome
Felícia
Rudolphina Scatcherd. Entre seus trabalhos registrados, está os
associados às manifestações de ectoplasma por intermédio da sensitiva Eva
Carrère. O ectoplasma, sabe-se, existe em todos os seres vivos, é capaz
de se exteriorizar nos sensitivos e explica a objetividade das
formas-pensamentos, improvisadas ou duradouras, fotografáveis (fotografia
transcendental), observadas pelos videntes, ora simplesmente plásticas e
inanimadas (retratos de pessoas ou de objetos), ora se realizando verdadeiro
renascimento ou ressurreição, como, por
exemplo, no caso de Estela Livermore, por sinal, muito pouco conhecido. Esposa
falecida do banqueiro Charles F. Livermore, seu Espírito se
manifestou através da médium Katie Fox, uma das famosas irmãs
Fox, comunicando-se em francês, língua completamente desconhecida pela médium,
materializou-se várias vezes, dizendo-se acompanhada pelo Espírito Benjamim
Franklin. Uma publicação da época intitulada The Spiritual Magazine,
apresentou relatos completos sobre os fenômenos envolvendo a entidade,
comparando e comprovando inclusive a caligrafia do Espírito de Estela enquanto estava encarnada. Ao todo, 338 sessões foram realizadas ao
longo de cinco anos consecutivos. Numa das matérias elaboradas por Felicia
sobre Eva Carrière, conta: -“Ainda estávamos conversando, quando, de
repente, vimos aparecer no assoalho abundante massa de substância, cerca de cinquenta
centímetros distante e à esquerda da cadeira da médium. Substância era de uma alvura
extraordinária e ligeiramente luminosa. De mim para mim, pensei: “como se pode
produzir semelhante coisa? Quem sabe se essa substância está ligada à médium? E
o controle da médium logo respondeu à minha pergunta mental, dizendo: - Não há
ligações quaisquer, pode passar a mão entre a substância e o corpo da médium”.
Assim fiz, sem inconvenientes. Depois, coloquei um lenço branco, perfeitamente
limpo, ao lado da substância, a fim de lhe avaliar a alvura e verifiquei que o
lenço me parecia antes cinzento, comparado à substância misteriosa. Coloquei-me
à feição de poder tocar a substância sem ser vista, mas, quando estava a pique
de fazer, todo o corpo da médium se contorceu em convulsivo espasmo, e o
controle exclamou: - Não me toque, não me toque porque me mataria!”.
Arrependida da tentativa inconsiderada, humildemente, procurei desculpar-me.
Todavia, mais tarde, espontaneamente, me autorizaram esse toque, e assim,
contatei que essa substância oferece certa resistência ao tato, comparável à
clara de ovo. E quanto à sua temperatura, pareceu-me um pouco inferior à do
ambiente em que nos encontrávamos. Seria interessante pesar essa substância,
disse eu à senhora Bisson, mas compreendo, ao mesmo tempo, que se nos torna
impossível fazê-lo, de vez que o seu manuseio pode prejudicar o médium.
Sorriu-se a senhora Bisson e, dirigindo-se à filha, pediu-lhe fosse à cozinha
buscar uma balança. Nesse ínterim, a mágica substância alongou-se, tomou a
forma de um réptil, de onde concluo houvesse compreendido o que dela pretendíamos.
Chegada a balança, foi-me dado experimentar uma das mais fortes emoções da
minha vida. É que a substância, qual serpente que se levantasse sobre a cauda,
viera colocar-se num dos pratos da balança, que estava sobre um pedestal, na
altura de uns 25 centímetros do assoalho. E ali permaneceu todo o tempo
necessário à verificação do seu peso, por mim julgado levíssimo, em relação ao
volume. Serpeando depois para trás, deixou o prato e baixou ao assoalho, para
retomar o primitivo aspecto informe. Enquanto eu observava, sumiu-se. Não se
retraiu, não se dissolveu: simplesmente – desapareceu”. O ectoplasma, sob a ação da vontade
subconsciente organiza-se na ‘alavanca fluídica’ de registrada fotograficamente
por William
Jackson Crawford através dos recursos cedidos pela médium Kathleen
Goligher descritas no livro MECÂNICA
PSÍQUICA. Permitiu ainda a composição de retratos ideoplásticos do
presidente norte americano Wilson, do presidente Poincaré,
retratos que surgiam em poses sucessivas, ora de olhos cerrados, ora de olhos
arregalados. Já disse alguém que “cada um de nós não é mais do que a
materialização estável e permanente, até que a morte nos liberte”. O
ectoplasma “é a matéria prima para aparições de ‘fantasmas’ inertes e sem vida
em materializações plásticas inanimadas, objetivações de formas fluídicas do
pensamento de alguém, vivo ou morto, formas-pensamentos que tanto podem ser
originárias de um médium, como de um desencarnado, denunciando-se pela
propriedade actínica de impressionar chamas fotográficas”, como explicado pelo
erudito Sergio Valle em seu livro SILVA MELLO E OS SEUS MISTÉRIOS (lake).
sexta-feira, 17 de abril de 2015
UM OUTRO 18 DE ABRIL
-“Peço licença para aditar um apontamento de Emmanuel. Perguntei a ele,
em 1965, onde estavam aqueles companheiros de Allan Kardec que vibravam com a
Doutrina Espírita na França, onde estava aquele contingente de almas heroicas,
sublimes, que aceitaram aquelas ideias e as divulgaram com tanto entusiasmo
pelo mundo inteiro. Então ele me disse que do último quartel do século 19 para
cá, de 15 a 20 milhões de espíritos da cultura francesa, principalmente
simpatizantes da obra de Allan Kardec, se reencarnaram no Brasil, para dar
corpo às ideias da Doutrina Espírita e fixarem os valores da reencarnação. Foi
assim que, nos últimos 80 anos, desenvolveu-se entre nós tal amor à cultura
francesa, que milhares de nós outros sabemos de ponta a ponta a história da
revolução francesa e nada conhecemos a respeito do Marquês de Pombal, dos reis
de Portugal, que foram os donos da nossa evolução primária. Isso está no
conteúdo psicológico de milhões e milhões de brasileiros, que estão fichados –
por certidão de Cartório – como brasileiros, mas que psicologicamente são
franceses”. O revelador aparte é de Chico Xavier e foi feito aos
realizadores do programa radiofônico NO
LIMIAR DO AMANHÃ - veiculado na década de 70 por uma emissora paulistana -,
que foram a Uberaba (MG) para entrevistar o médium. Na ocasião, o jornalista e
professor de Filosofia José Herculano Pires, fez a seguinte
observação: - “É interessante citar aqui uma coisa muito curiosa, que
ainda parece que não foi lembrada. O Brasil é a primeira grande nação do Ocidente
que está se tornando basicamente reencarnacionista. A ideia da reencarnação
penetrou de tal maneira em nosso país, por influência não só do Espiritismo mas
também das religiões africanas que foram trazidas aqui pelo contingente
negreiro, que dificilmente encontramos hoje uma pessoa que, se não aceita
positivamente a reencarnação, também não a nega, não a combate. Isso é muito
curioso porque no Ocidente só houve uma nação reencarnacionista no passado, que
foi a França. O Brasil será, dentro em breve, a grande nação reencarnacionista
do Ocidente. E o professor lan Stevenson, na sua pesquisa sobre a reencarnação,
disse que no Brasil encontrou uma compreensão mais precisa, mais natural da
reencarnação”. Tudo
isto começou no 18 de abril de 1857, quando Allan Kardec recebeu os
primeiros exemplares d’ O LIVRO DOS
ESPÍRITOS dos 2 mil que havia encomendado em pequena tipografia a alguns
quilômetros de Paris. E esta primeira obra falando do Espiritismo, seria
ampliada três anos depois com o lançamento de segunda edição, didaticamente
organizada em quatro partes: As Causas
Primárias; o Mundo Espírita ou dos
Espíritos; As Leis Morais e
Esperanças e Consolações, temas abordados em 1018 perguntas e respostas
através das quais o organizador da obra procurou cercar todas as questões
principais e derivadas dos esclarecimentos possíveis. Sabia e afirmou em artigo
na REVISTA ESPÍRITA de julho
de 1866 que: -“O LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um tratado completo de
Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem
desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. O
tempo se incumbiu de mostrar que aquele primeiro passo representava apenas o
início do alicerce que no século 21 suporta um grande edifício de conhecimentos
sobre essa realidade que noutra via a Física Quântica vem descortinando através
da Teoria das Supercordas que afirmam existir Universos Paralelos e, mais
recentemente, que “mesmo que as dimensões do espaço sejam imperceptíveis, são elas que
determinam a realidade física em que vivemos”. Caminha-se para a
constatação da resposta à questão 85 do livro citado de que entre o mundo
material e o espiritual, o segundo é o mais importante, pois, de lá tudo vem e
para lá tudo volta. Através do mesmo livro que faz 158 anos neste ano, uma das
principais indagações do Ser pensante é respondida: --“A vida humana é
uma escola de aperfeiçoamento espiritual e uma série de provas. Por isso é que
o Espírito deve conhecer todas as condições sociais e, em cada uma delas,
aplicar-se em cumprir a vontade divina. O poder e a riqueza, como a pobreza e a
humildade, são provas; dores, idiotismo, demência, etc, são punições pelo
mal cometido em vida anterior”. Esbarra-se nos mesmos preconceitos e nas mesmas
resistências que Copérnico ou Galileu, mas observa Kardec:
-“Porque não se compreende
uma coisa, não é motivo para que ela não exista, visto que o que hoje é utopia,
poderá ser verdade amanhã”.
quinta-feira, 16 de abril de 2015
O QUE TODOS QUEREM SABER
Convivendo com fatos relacionados
ao Mundo Espiritual, natural que se queira mais informações sobre essa
realidade invisível ao sentido da visão de que somos dotados. Paulatinamente,
desde o surgimento do Espiritismo várias entidades desencarnadas, através de
inúmeros médiuns, tem transferido para nossa Dimensão informes tão precisos
quanto possível, até pelas restrições de nosso vocabulário para definir e
explicar coisas para que ainda não temos palavras. Um deles operoso trabalhador
na seara espírita de Belo Horizonte (MG), desencarnado em 1953. Pouco depois,
manifestou-se por intermédio de Chico Xavier durante reunião havida
no Centro Espírita Luiz Gonzaga, na noite de 7 de outubro de 1954. Seu nome Efigênio Victor que, enquanto
encarnado, funcionou como médium em duas Casas Espíritas da capital mineira.
Comentando que alimentou por anos tal curiosidade, recém chegado ao outro
Plano, sua primeira comunicação mediúnica não poderia falar de outra coisa que
não fosse suas impressões sobre a Vida no chamado Além. Tentando explicar o que
fosse possível, diz o Espírito: -“Operamos aqui em bases de matéria noutra
modalidade vibratória. Possuímos nossa sede de trabalho em Cidade Espiritual,
que se localiza nas regiões superiores da Terra ou, mais propriamente, nas
regiões inferiores do Céu. Gradativamente, a Humanidade compreenderá, com dados
científicos e positivos, que há no Planeta outras faixas de vida. E, assim como
existe, por exemplo, para o serviço humano o solo formado de argila, areia,
calcário e elementos orgânicos, temos para as nossas atividades o sol etéreo,
em Esfera mais elevada, com as suas propriedades químicas especiais e
obedecendo a leis de plasticidade e densidade características”. Na
elucidativa mensagem repassada psicofonicamente através de Chico Xavier, Efigênio, a
certo trecho diz: -“Acima da crosta terrestre comum, temos uma cinta atmosférica que
classificamos por ‘cinta densa’, com a profundidade aproximada de 50 quilômetros
e, além dela, possuímos a ‘cinta leve’, com a profundidade aproximada de 950
quilômetros, somando 1000 quilômetros acima da Esfera em que os encarnados
respiram. Nesse grande mundo aéreo, encontramos múltiplos exemplares de almas
desencarnadas, junto de variadas espécies de criaturas sub-humanas, em
desenvolvimento mental no rumo da Humanidade. Milhões de Espíritos alimentam-se
da atmosfera terrestre, demorando-se, por vezes, por muito tempo, na
contemplação íntima de suas próprias visões e criações, nas quais habitualmente
se imobilizam, à maneira da alga marinha que nutre a si mesma, absorvendo os
princípios do mar”. Quase vinte anos antes, o Espírito daquela que foi
mãe de Chico Xavier, Maria João de Deus no livro CARTAS DE UMA MORTA (lake), revelou: -““A
Terra é o centro, isto é, a sede de grande número de Esferas Espirituais que a
rodeiam de maneira concêntrica. Não posso precisar o número dessas esferas,
porque elas se alongam até um limite que a minha compreensão, por enquanto, não
pode alcançar”. Acrescentou
também: -“Quanto mais evoluído o Ser, mais elevada será sua habitação,
até alcançar o ponto em que essas Esferas se interpenetram com as de outros
mundos mais perfeitos”. (...). “Temos casas, pássaros, animais,
reuniões, institutos como os das famílias terrenas, onde se agrupam os Espíritos
através das mais santas afinidades”. Mais à frente, o Espírito André
Luiz reproduz no livro OS MENSAGEIROS (1944; feb), uma
informação do Instrutor Aniceto de que “há, porém, outros Mundos
Sutis, dentro dos mundos grosseiros, maravilhosas Esferas que se interpenetram.
Cada uma dessas divisões compreende outras, conforme asseguram os Espíritos,
distinguindo-se por vibrações distintas que se apuram à medida que se afastam
do núcleo. Os que estão acima podem transitar pelas esferas que
lhe estão abaixo; os que estão nas Esferas Inferiores não podem, sozinhos,
passar para as Esferas Superiores”. E o próprio André Luiz aprende
quando de sua chegada à Colônia Nosso Lar, que a Terra do ponto de vista da sua
configuração espacial divide-se em Sete Esferas, sub-divididas em inúmeros planos
e sub-planos, cujo perfil, genericamente, organiza-se da seguinte forma: PRIMEIRA ESFERA –
Comporta o Umbral “Grosso” (Núcleo Interno ou Abismo), mais materializado, de
regiões purgatoriais mais dolorosas e de cujas organizações comunitárias, conquanto
estejam tão próximas, temos poucas notícias. SEGUNDA ESFERA – Abriga o Umbral
mais ameno (Núcleo Externo ou Trevas), onde os Espíritos do Bem localizam, com
mais amplitude, sua assistência. Referida por André Luiz como Trevas ou regiões
sub crostais. TERCEIRA ESFERA – Nossa morada
provisória, ou seja, a Crosta Terrestre. QUARTA ESFERA – Começa
na Crosta, constituindo-se e em zona obscura destinada ao esgotamento dos
resíduos mentais. Aí se agitam milhões de Espíritos imperfeitos que partilham
com as criaturas terrenas as condições de habitabilidade da Crosta do Mundo.
Anos mais tarde, Chico Xavier em comentário com amigos, nos ofereceu uma imagem
que pode auxiliar a visualizarmos mentalmente essa organização: “Se
cortarmos uma cebola ao meio, teremos uma ideia de como se superpõem e
interpenetram essas Esferas, Planos e Sub-Planos”.
segunda-feira, 13 de abril de 2015
E O LIVRE ARBÍTRIO?
Na elaboração d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, as entidades
invisíveis consultadas sobre a influência dos Espíritos sobre nossos
pensamentos e atos (questão 459), revelaram ser isso “muito maior que se crê, sendo, frequentemente,
eles que nos dirigem”. Esclarecendo dúvidas na obra O QUE É O ESPIRITISMO, num dos diálogos
ali reproduzidos, Allan Kardec explica que o meio de comunicação mais comum entre
os habitantes do Mundo Espiritual e o nosso é a intuição, ou seja, as
ideias e pensamentos que eles nos sugerem, por sinal, muito pouco considerado
na generalidade dos casos, visto que se presta mais atenção n’outros mais
materiais. Diante dessas informações, como se situa o livre-arbítrio nas
decisões que eventualmente se adote? No número de agosto de 1867, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz a
mensagem de um Espírito de nome Louis Nivard psicografada na reunião
da Sociedade
Espírita de Paris de 7 de julho daquele ano, tecendo explicações ao seu
filho – por sinal o médium de que se serviu – a respeito dos limites da ação do
Mundo Invisível sobre nossos pensamentos. Diz ele: -“Assisto a todas as tuas
conversas mentais, mas sem as dirigir; teus pensamentos são emitidos em minha
presença, mas não os provoco. É o pressentimento dos casos, que tem alguma
chance de se apresentar, que faz nascer em ti os pensamentos adequados à
resolução das dificuldades que poderiam te suscitar. Aí está o livre-arbítrio;
é o exercício do Espírito encarnado, tentando resolver problemas que ergue em
si mesmo. Com efeito, se os homens só tivessem as ideias que os Espíritos lhes
inspiram, teriam pouca responsabilidade e pouco mérito; só teriam a
responsabilidade de haver escutado maus conselhos, ou o mérito de haver seguido
os bons. Ora, esta responsabilidade e este mérito evidentemente seriam menores
do que se fossem o inteiro resultado do livre arbítrio, isto é, de atos
realizados na plenitude do exercício das faculdades do Espírito que, neste
caso, age sem qualquer solicitação. Resulta do que digo que muitas vezes os
homens tem pensamentos que lhes são essencialmente próprios, e que os cálculos
a que se entregam, os raciocínios que fazem, as conclusões a que chegam são o
resultado do exercício intelectual, ao mesmo título que o trabalho manual é o
resultado do exercício corporal. Daí não se deveria concluir que o homem não
seja assistido em seus pensamentos e em seus atos pelos Espíritos que os
cercam; muito ao contrário: os Espíritos, sejam bons ou maus, são sempre a
causa provocadora dos vossos atos e pensamentos. Mas ignorais completamente em
que circunstâncias se produz essa influência, de sorte que, agindo, julgais
fazê-lo em virtude do vosso próprio moimento: o vosso livre arbítrio fica
intacto; não há diferença entre os atos que realizais sem serdes a eles
impelidos, e os que realizais sob a influência dos Espíritos, senão no grau do
mérito ou da responsabilidade. Num e noutro caso, a responsabilidade e o mérito
existem, mas, repito, não existem no mesmo grau. Creio que esse princípio, que
anuncio, não necessita de demonstração. Para o provar, bastar-me-á fazer uma
comparação no que existe entre vós. Se um homem cometeu um crime, e se o tiver
cometido seduzido pelos conselhos perigosos de outro homem que sobre aquele
exerce muita influência, a justiça humana saberá reconhece-lo, concedendo-lhe o
benefício das circunstâncias atenuantes; irá mais longe: punirá o homem cujos
conselhos perniciosos provocaram o crime, e sem haver contribuído de outra
maneira, este homem será mais severamente punido do que o que foi o
instrumento, porque foi seu pensamento que concebeu o crime, e sua influência
sobre um Ser mais fraco, que o fez executar. Então, o que fazem os homens neste
caso, diminuindo a responsabilidade do criminoso, e a partilhando com o infame
que o impeliu a cometer o crime, como quereis que Deus, que é a mesma justiça,
não fizesse o mesmo, desde que vossa razão vos diz que é justo agir assim? Para
o que concerne o mérito das boas ações, que eu disse ser menor se o homem tiver
sido solicitado a praticá-las, é a contrapartida do que acabo de dizer a
respeito da responsabilidade, e pode demonstrar-se invertendo a proposição.
Assim, pois, quando te acontece refletir e passear tuas ideias de um a outro
assunto; quando discutes mentalmente sobre os fatos que prevês ou que já se
realizaram; quando tu analisas, quando raciocinas, quando julgas, não crês que
sejam Espíritos que te ditam os pensamentos ou que te dirigem; eles lá estão,
perto de ti, e te escutam; vem com prazer esse exercício intelectual, ao qual
te entregas; seu prazer é duplo, quando veem que tuas conclusões são conforme a
verdade. Por vezes lhes acontece, evidentemente, que se misturem nesse
exercício quer para o facilitar, quer para dar ao Espírito alguns elementos, ou
lhe criar algumas dificuldades, a fim de tornar essa ginástica intelectual mais
proveitosa a quem a pratica. Mas, em geral, o homem que busca, quando entregue
às suas reflexões, quase sempre age só, sob o olhar vigilante de seu Espírito
protetor que intervém se o caso for bastante grave para tornar necessária sua intervenção”.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ
Servindo-nos do
extraordinário volume de materiais disponibilizados por Allan Kardec e pelo
Espiritismo sobre temas cruciais, estamos desenvolvendo algumas apresentações
que possibilitem a leigos e até mesmo seguidores da Doutrina ter uma visão
panorâmica da visão sobre assuntos como a morte e o morrer, a reencarnação, a
influência espiritual, a mediunidade, a obsessão. Temas que não
encontram mesmo em outras escolas espiritualistas respostas ou explicações
condizentes com os níveis de interesse das atualidade. Pela iniciativa
inspirada de uma estudiosa do Espiritismo, o resultado dessas pesquisas tem
sido gravado e disponibilizado neste incrível instrumento de disseminação de
informações que é a INTERNET. Depois da abordagem PENSAMENTO E VIDA, agora está disponível um conteúdo focado na
reencarnação de uma forma ampla e substancial. Na sequência, 40 respostas, reproduzimos
5 para se ter uma ideia do interessante conteúdo do trabalho: 1 -Qual
o objetivo da encarnação? Os
Espíritos não pertencem eternamente à mesma ordem. Todos melhoram, passando
pelos diferentes graus da hierarquia espiritual. Esse melhoramento se verifica
pela encarnação, que a uns é imposta como uma expiação e a outros como missão.
A vida material é uma prova a que devem se submeter repetidas vezes até
atingirem a perfeição absoluta; é uma espécie de peneira ou depurador de que
eles saem mais ou menos purificados. (...) A encarnação ocorre sempre na
espécie humana. Seria erro acreditar que o Espírito ou alma pudesse encarnar no
corpo de animal. 2 - Qual o estado do
Espírito na primeira encarnação? Criado simples e ignorante, o Espírito
está em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual, como a criança
que acaba de nascer. Se não fez o mal, também não fez o Bem. Nem é feliz, nem
infeliz. Age sem consciência e sem responsabilidade. Desde que nada tem, nada
pode perder, como não pode retrogradar. Sua responsabilidade só começa no
momento em que se desenvolve seu livre-arbítrio. Seu estado primitivo não é,
pois, um estado de inocência inteligente e raciocinada. Consequentemente, o mal
que fizer mais tarde, infringindo as leis de Deus, abusando das faculdades que
lhe foram dadas, não é um retorno do Bem ao mal, mas consequência do mau
caminho por onde entrou. 3- Então todas as reencarnações estão programadas? Em matéria de filhos, no Plano Físico, a lei
das afinidades quase pode ser considerada por fator determinante da chamada
hereditariedade psicológica. (...) A vida dos companheiros encarnados se
conjuga com a vida dos companheiros desencarnados que lhes são afins. O
alcoolismo, por exemplo, é um hábito que muito raramente se observa numa pessoa
que se embriaga a sós. Geralmente, a criatura se alcooliza em companhia de
irmãos desencarnados que, embora desenfaixados da experiência física, ainda não
se desvencilharam dessa prática. Quando isso ocorre, é justo considerar que por
muito se esforcem os Instrutores Espirituais, encarregados de cooperarem na
execução de certo Plano de reencarnações para determinado grupo familiar, nem
sempre conseguem evitar a intromissão de um ou mais de um dos alcóolatras
desencarnados, porquanto se ajustam eles de tal modo às forças genésicas de um
dos parceiros do compromisso sexual que acabam na condição de filhos deles,
revelando, mais tarde, as mesmas tendência
compulsivas 4- O que determinaria um corpo perfeito ou com
deformações? Os contornos anatômicos da forma física, disformes ou
perfeitos, longilíneos ou brevilínios, belos ou feios, fazem parte dos
estatutos educativos. Em geral, a reencarnação sistemática é sempre um curso
laborioso de trabalho contra os defeitos morais preexistentes nas lições e
conflitos presentes. Pormenores anatômicos imperfeitos, circunstâncias
adversas, ambientes hostis, constituem, na maioria das vezes, os melhores
lugares de aprendizado e redenção para aqueles que renascem. Por isso, o mapa
de provas úteis é organizado com antecedência, como o caderno de apontamentos
dos aprendizes nas escolas comuns. 5- Como
entender as gestações difíceis para a futura mãe? A mulher grávida, além da prestação de serviço
orgânico à entidade que se reencarna, é igualmente constrangida a lhe suportar
o contato espiritual, sempre sacrificial quando se trata de alguém com escuros
débitos de consciência. A organização feminina, durante a gestação, sofre
verdadeira enxertia mental. Os pensamentos do Ser que se acolhe ao santuário
íntimo, lhe envolvem totalmente, determinando significativas alterações em seu
cosmo biológico. Se o filho é senhor de larga evolução e dono de elogiáveis
qualidades morais, consegue auxiliar o campo materno, prodigalizando-lhe
sublimadas emoções e convertendo a maternidade, habitualmente dolorosa, em
estação de esperanças e alegrias intraduzíveis. A íntegra da palestra poderá
ser acessada no link
https://www.youtube.com/watch?v=0orNSrg-KFY&list=UUy9gis18A-Bs6b7w_8jCNRg
terça-feira, 7 de abril de 2015
AOS FORMADORES DE OPINIÃO
O vale tudo que se observa na
disputa pela audiência, leva os programadores dos veículos de comunicação de
massa a apelarem de forma altamente prejudicial ao comportamento social,
especialmente nos países subdesenvolvidos. A tecnologia transforma-se num
instrumento desagregador e corrosivo das tímidas conquistas espirituais
resultantes do processo evolutivo adotado no planeta Terra. Sexo, sobretudo, é
matéria prima explorada pelos criadores, redatores e diretores por trás das câmaras,
em se tratando de televisão e cinema. Quanto maior o apelo maior o interesse e
os resultados financeiros dos que buscam produtos de retorno certo. Há duas
questões espirituais por trás de tudo isso. Uma a influência, outra a
consequência. Encontramos elementos para reflexão em duas das obras do Espírito
André
Luiz através do médium Chico Xavier. Para avaliação vamos a
eles: CASO 1 - INFLUÊNCIA – “Em mesa lautamente provida com fino
conhaque, um rapaz, fumando com volúpia e sob o domínio de uma entidade digna
de compaixão pelo aspecto repelente em que se mostrava, escrevia, escrevia,
escrevia...(...) O cérebro do moço embebia-se em substância escura e pastosa
que escorria das mãos do triste companheiro que o enlaçava. Via-se-lhes a
absoluta associação na autoria dos caracteres escritos”. Comentando a
cena, o Instrutor Áulus explica: -“Neste instante, nosso irmão desconhecido é
hábil médium psicógrafo. Tem as células do pensamento integralmente controladas
pelo infeliz cultivador de crueldade sob a nossa vista. Imanta-se-lhe à
imaginação e lhe assimila as ideias, atendendo-lhe aos propósitos escusos,
através dos princípios da indução magnética, de vez que o rapaz, desejando
produzir páginas escabrosas, encontrou que lhe fortaleça a mente e o ajude
nesse mister. Encontramos sempre o que procuramos ser. Não é um médium na
acepção real do termo. É um moço de inteligência vivaz, sem maior experiência
da vida, manejado por entidades perturbadoras. Entre as excitações do álcool e
do fumo que saboreiam juntos, pretendem provocar uma reportagem perniciosa,
envolvendo uma família em duras aflições. (..) O obsessor, usando
calculadamente o rapaz com quem se afina, pretende alcançar o noticiário de
sensação, para deprimir a vida moral de jovem por ele perseguida com o fim de
martelar-lhe a mente apreensiva para deprimir a vida moral dela, amolecendo-lhe
o caráter, arrojando-a aos abusos da mocidade e, se possível, trazendo-a ao charco
vicioso em que ele jaz”. (NDM, 15)
CASO
2 – DESDOBRAMENTOS APÓS A MORTE - “Um dos irmãos presentes buscava
salientar-se, no intuito de relatar-nos a experiência de que era vítima.
(...). Fui homem de letras, mas nunca me
interessei pelo lado sério da vida. Cultivava o chiste malicioso e com ele o
gosto da volúpia, estendendo minhas criações à mocidade de meus dias. Não
consegui posição de evidência, nos galarins da fama; entretanto, mais que eu
poderia imaginar, impressionei, destrutivamente, muitas mentalidades juvenis,
arrastando-as a perigosos pensamentos. Depois do meu decesso, sou
incessantemente procurado pelas vítimas de minhas insinuações sutis, que me não
deixam em paz, e, enquanto isto ocorre, outras entidades me buscam, formulando
ordens e propostas referentes a ações indignas que não posso aceitar. Compreendi que me achava em ligação, desde a
existência terrestre, com enorme quadrilha de Espíritos perversos e galhofeiros
que me tomavam por aparelho invigilante de suas manifestações indesejáveis.. No
fundo, mantinha por mim mesmo, no próprio espírito, suficiente material de
leviandade e malícia, que eles exploraram largamente, adicionando aos meus
erros os erros maiores que intentariam debalde praticar, sem meu concurso
ativo. Acontece, porém, que abrindo meus olhos à verdade, na Esfera em que hoje
respiramos, em vão busco adaptar-me a processos mais nobres de vida. Quando não
sou atribulado por mulheres e homens que se afirmam prejudicados pelas ideias
que lhes infundi, na romagem carnal, certas formas estanhas me apoquentam o
mundo interior, como se vivessem incrustradas à minha própria imaginação.
Assemelham-se a personalidades autônomas, se bem que sejam visíveis somente aos
meus olhos. Falam, gesticulam, acusam-me e riem-se de mim. Reconheço-as sem
dificuldade. São imagens vivas de tudo o que meu pensamento e minha mão de
escritor criaram para anestesiar a dignidade de meus semelhantes. Investem
contra mim, apupam-me e vergastam-me o brio, como se fossem filhos rebelados
contra um pai criminoso. Tenho vivido ao léu, qual alienado mental que ninguém
compreende! Como entender, porém, os pesadelos que me possuem? Somos o
domicílio vivo dos pensamentos que geramos. (L, 16)
sexta-feira, 3 de abril de 2015
AMPLIANDO HORIZONTES
A visão meramente fisiológica
do Ser humano muito raras vezes conduz ao equilíbrio da funcionalidade do corpo
doente. A ignorada contribuição oferecida pelo Espiritismo a partir da
extraordinária pesquisa conduzida por Allan Kardec de 1855 a 1869, tem
substancial conteúdo para provocar uma reflexão mais precisa e objetiva naqueles
que efetivamente se preocupam com a cura dos seus pacientes. No número de fevereiro de 1867 da REVISTA ESPÍRITA, pode ser encontrada
na seção DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS, a mensagem assinada pelo Espírito do um médico
chamado Dr Morel Lavallée. Sempre oportuno lembrar a observação feita por Allan
Kardec num de seus artigos falando sobre a visão propiciada pelo Espiritismo,
onde diz que “a mediunidade curadora não vem suplantar a Medicina e os
médicos; vem simplesmente provar a estes últimos que há coisas que eles não
sabem e os convidar a estudá-las; que a natureza tem recursos que eles ignoram”.
Notadamente
na atualidade em que se observa a proliferação de trabalhos nessa área como que
tentando socorrer aos desventurados do caminho macerados pelos sofrimentos
físicos e morais. Mas, vamos ao texto psicografado em Paris, na reunião de 25
de outubro de 1866, através do médium Sr. Desliens: -“Que é o homem?... Um composto de três
princípios essenciais: o Espírito, o períspirito e o corpo. A ausência de
qualquer um destes três princípios acarretaria necessariamente o aniquilamento
do Ser no estado humano. Se o corpo não mais existir, haverá o Espírito e não
mais o homem; se o períspirito faltar ou não puder funcionar, não podendo o
imaterial agir diretamente sobre a matéria, poderá haver alguma coisa no gênero
do cretino ou do idiota, mas jamais um Ser inteligente. Enfim, se o Espírito
faltar, ter-se-á um feto vivendo vida animal e não um Espírito encarnado. Se,
pois, temos três princípios em presença, esses três princípios devem reagir um
sobre o outro, e seguir-se-á a saúde ou a doença, conforme haja entre eles a
harmonia perfeita ou desacordo parcial. Se a doença ou desordem orgânica, como
se queira chamar, procede do corpo, os medicamentos materiais, sabiamente
empregados, bastarão para restabelecer a harmonia geral. Se a perturbação vier
do períspirito, se for uma modificação do princípio fluídico que o compõe, que
se acha alterado, será preciso uma modificação em relação com a natureza do
órgão perturbado, para que as funções possam retomar seu estado normal. Se a
doença proceder do Espírito, não se poderia empregar, para a combater, outra
coisa senão uma medicação espiritual. Se, enfim, como é o caso mais geral, e,
pode mesmo dizer-se, que se e apresenta exclusivamente, se a doença procede do
corpo, do períspirito e do Espírito, será preciso que a medicação combata
simultaneamente todas as causas da desordem por meios diversos, para obter a
cura. Ora, que fazem geralmente os médicos? Cuidam do corpo e o curam; mas
curam a doença? Não. Porque? Porque sendo o períspirito um princípio superior à
matéria propriamente dita, poderá tornar-se a causa em relação a esta. E, se
for entravado, os órgãos materiais, que se acham em relação com ele, serão igualmente
atingidos na sua vitalidade. Cuidando do corpo, destruireis o efeito; mas,
residindo a causa no períspirito, a doença voltará novamente, quando cessarem
os cuidados, até que se percebam que é preciso levar alhures a atenção, eliminando
fluidicamente o princípio fluídico mórbido. Se, enfim, a doença proceder da
mente, do Espírito, o períspirito e o corpo, postos sob sua dependência, serão
entravados em suas funções, e nem é cuidando de um nem do outro que se fará
desaparecer a causa. Não é, pois, vestindo a camisa de força num louco, ou lhe
dando pílulas ou duchas, que se conseguirá repô-lo no estado normal. Apenas acalmarão
seus sentidos revoltados; acalmarão os seus acessos, mas não destruirão o germe
senão combatendo por seus semelhantes, fazendo homeopatia espiritual e
fluidicamente, como se faz materialmente, dando ao doente, pela prece, uma dose
infinitesimal de paciência, de calma, de resignação, conforme o caso, como se
lhe dá uma dose infinitesimal de Brucina, de Digitalis ou de Aconitum. Para
destruir uma causa mórbida, há que combatê-la em seu terreno”. Uma pesquisa
criteriosa na coleção da publicação fundada e mantida por Allan Kardec entre 1858 e sua morte em 31 de março de 1869, revela
aspectos importantes e reveladores – nem sempre encontrados nas chamadas OBRAS
BÁSICAS -, sobre essa
revolucionária visão oferecida pelo Dr Morel.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
UM FATO POUCO CONHECIDO SOBRE CHICO XAVIER
Foi em 1946, contando apenas
27 anos, que o formando em Direito pela Universidade de Minas Gerais, Rafael
Américo Ranieri conheceu Chico Xavier. Radicado em Belo
Horizonte, havia perdido pouco tempo antes sua primeira filhinha Helena,
convertera-se para o Espiritismo, iniciara o desenvolvimento de sua
mediunidade, quando cedendo ao convite da amiga Efigênia França, também
médium em desenvolvimento, viajou com ela e o amigo Leonel a Pedro Leopoldo - distância àquela época cumprida em duas horas de automóvel pela estrada de terra que
levantava muita poeira-, a fim de se avistarem com o médium que conhecia apenas
de nome e pelos jornais pela publicação das primeiras e polêmicas mensagens do
escritor Humberto de Campos. Lembrava que, na casa simples, cor de rosa
desbotado, chão de tijolo, apenas três bancos para os assistentes, outro
rústico para o médium à frente de mesa tosca para os trabalhos, além dos abraços
e cumprimentos da apresentação, ouviu, nas despedidas, Chico segurando com as
duas mãos as suas, que “haveriam de se encontrar de novo”,
pois, as atenções durante a visita se concentraram na também jovem Efigênia.
Pretensioso, envaidecido pelos resultados obtidos através da própria
mediunidade, certo dia, Ranieri sentiu-se impulsionado a escrever uma carta ao
já inesquecível amigo, mostrou-a a alguém de confiança e muito próximo, Jair
Soares, que lhe disse “estar louco, que Chico era um médium
poderoso, que convivia com a Espiritualidade Superior permanentemente e que não
necessitava que o consolasse', o que o levou a rasgar as folhas de papel”.
O impulso se repetiu, nova carta que também não enviou, pois, ao mostra-la à
família, esbarrou na mesma reação. A ideia fixa, fê-lo escrever uma terceira
vez, envelopar e enviar as palavras confortadoras a quem só vira naquele final
de tarde, início de noite memorável. Dias depois, um telefonema à casa do sua
mãe, combinava nova ligação às cinco horas da tarde do dia seguinte e, nela a
surpreendente ouviu de Chico as seguintes palavras: -“Alô,
Ranieri? Aqui é o Chico. Recebi sua carta. Depois de amanhã, à noite, passarei
em Belo Horizonte, pelo trem das 9:15 horas, e gostaria de falar com você na
Estação”. Acompanhado do descrente companheiro de tantas jornadas Jair
Soares, coração aos saltos ante a aproximação da composição que
anunciava ao longe através de seu apito sua chegada, viram descer o homem meio
obeso, face morena, olho defeituoso e um grande e fraternal sorriso. Abraço
longo e carinhoso como de velhos amigos, o convite para comer uma broa de fubá
em sua casa, magnetizados, ouviram Chico dizer: -“Olha, recebi sua carta. Deus
lhe pague! Foi um grande conforto. Encheu-me a alma. Pouca gente acredita, como
você, que eu sofra. Todos pensam que vivo voando no mundo da felicidade. Não
sabem que também sofro. Sua carta trouxe-me confortadoras expressões de amizade
e entendimento”. Contou que quando do seu recebimento, recebera de sua
irmã um ultimato para que fosse embora de sua casa. A surpresa e o choque da
inesperada intimação foram grandes, maior, todavia, quando da indagação se
levaria o piano que o médium havia ganho de dois irmãos admiradores do Paraná
que teriam ouvido que Chico no final de sua vida, mediunicamente,
receberia os grandes compositores do Além. O marido da referida irmã, estava
estudando nele. O piano ficou, a convivência de Ranieri e com Chico tornou-se mais frequente até
1948, quando a mudança de Ranieri para o Rio de Janeiro,
transformou os encontros em eventuais. Numa das conversas na casa de Chico
com amigos dos bons tempos, descrita no capítulo 78 do livro RECORDAÇÕES DE CHICO XAVIER (1974;
lake), uma surpreendente revelação. Da boca de Chico jorravam
impressionantes ensinamentos. Falavam sobre Lívia e Emmanuel,
e também de Clóvis Tavares, grande trabalhador da Causa do Espiritismo na
cidade de Campos, Rio de Janeiro. Espontaneamente o médium disse ter sido o Clóvis,
o padre
Flanegan, que aparece no livro RENÚNCIA (1944;feb), acrescentando
que por “mil anos reencarnara ligado à Igreja, sendo a atual a primeira
existência fora dela”. Em meio aos assuntos abordados, ante a opinião
de Ranieri,
sobre a necessidade de uma possível passagem gradativa na passagem do Espírito
reencarnado sucessivas vezes na condição masculina para a feminina e
vice-versa, como explicado nas questões 200 a 202 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITO, Chico diz: -“Acho que é uma grande aventura.
Eu, por exemplo, é a primeira reencarnação de homem que tenho. A
Espiritualidade Superior, quando fui reencarnar, estava preocupada com isso,
achava que eu poderia fracassar. Há uma linha de reencarnação, acredito, da
qual é muito difícil escapar. O Espírito precisa se preparar para isso”.
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