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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

FALSOS PROFETAS; EM BUSCA DE VERDADE COM O PROFESSOR

A questão das profecias estapafúrdias e das revelações fantásticas atribuídas a Espíritos desencarnados através de médiuns com nomes associados ao Espiritismo já era assunto nas páginas da REVISTA ESPÍRITA. Atualmente, basta a mediunidade mais pronunciada se tornar conhecida pelo seu portador para que ele se julgue infalível e porta voz de entidades que julga “donas da verdade”. Chico Xavier contava ter sido orientado em 1931, pelo guia espiritual Emmanuel logo no primeiro encontro que tiveram, a jogar fora toda a produção desde quando o jovem psicografara quatro anos antes, sua primeira mensagem, pois, até ali fizera parte apenas de seu treinamento. Para nos basearmos em informação confiável, no número de abril de 1860, Allan Kardec, desenvolve algumas considerações sobre carta recebida do amigo Sr Jobard, abordando a TEORIA DA FORMAÇÃO DA TERRA PELA INCRUSTAÇÃO DE VÁRIOS CORPOS PLANETÁRIOS. Dizendo-se não adepto da mesma apesar de ter sido dada em várias épocas por certos Espíritos e através de médiuns desconhecidos uns dos outros, salienta não passarem de hipóteses, até que dados mais positivos venham confirma-las ou desmenti-las. Destacando que sua posição geraria críticas do tipo não tendes confiança nos Espíritos e duvidais de suas afirmações” ou como inteligências desprendidas da matéria, não podem remover todas as dúvidas da Ciência e lançar a luz onde reina a obscuridade?, Allan Kardec pondera “ser esta uma questão séria, que se liga à própria base do Espiritismo, e que não poderíamos resolver no momento, sem repetir o que temos dito a respeito; acrescentaremos apenas algumas palavras, a fim de justificar nossas reservas. Para começar, responderemos que nos tornaríamos sábios muito facilmente se tratássemos apenas de interrogar os Espíritos para conhecer tudo quanto se ignora. Deus quer que adquiramos a Ciência pelo trabalho, e não encarregou os Espíritos de nô-la trazer preparada, favorecendo nossa preguiça. Em segundo lugar, a Humanidade, como os indivíduos, tem a sua infância, sua adolescência, sua juventude e sua idade viril. Encarregados por Deus de instruir os homens, devem pois, os Espíritos proporcionar-lhes ensinos para o desenvolvimento da inteligência; não dirão tudo a todos e, antes de semear, esperam que a Terra esteja pronta para receber a semente, a fim de fazê-la frutificar. Eis por que certas verdades que nos são ensinadas hoje não o foram aos nossos pais, que também interrogavam os Espíritos; eis por que, ainda, verdades para as quais não estamos maduros só serão ensinadas aos que vierem depois de nós. Nosso equívoco está em nos julgarmos chegados ao topo da escada, quando apenas nos achamos a meio caminho”. Observando que “os Espíritos podem instruir os de instruir os homens tanto se comunicando diretamente – como provam todas as histórias sagradas ou profanas -, quanto encarnando-se entre eles, para o desempenho das missões de progresso”, salienta que “não basta ser Espírito para possuir a Ciência universal, pois assim a morte nos faria quase iguais a Deus. Aliás, o simples bom senso se recusa a admitir que o Espírito de um selvagem, de um ignorante ou de um malvado, desde que separado da matéria, esteja no nível do cientista ou do homem de Bem. Isto não seria racional. Há, pois, Espíritos adiantados, e outros mais ou menos atrasados, que devem superar ainda várias etapas, passar por numerosas peneiras antes de se despojarem de todas as imperfeições. Disso resulta que, no mundo dos Espíritos, são encontradas todas as variedades morais e intelectuais existentes entre os homens e outras mais. Ora, a experiência prova que os maus se comunicam tanto quanto os bons. Os que são francamente maus, são facilmente reconhecíveis; mas há também os meio sábios, falsos sábios presunçosos, sistemáticos e até hipócritas. Estes são os mais perigosos, porque afetam uma aparência séria, de ciência e de sabedoria, em favor da qual proclamam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as mais absurdas coisa. E para melhor enganar, não receiam enfeitar-se com os mais respeitáveis nomes. Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da ciência espírita. Para superá-la, faz-se necessária uma longa experiência, conhecer todas as sutilezas de que são capazes os Espíritos de baixa classe, ter muita prudência, ver as coisas com o mais imperturbável sangue frio, e guardar-se principalmente contra o entusiasmo que cega. (...).  Mas infeliz do médium que se julga infalível, que se ilude com as comunicações que recebe: o Espírito que o domina pode fasciná-lo a ponto de fazê-lo achar sublime aquilo que, por vezes, é apenas absurdo e salta aos olhos de todos, menos os seus”.



 (Laura Beatriz Bancchieri)  Se temos o livre arbítrio, por que não podemos ser preconceituosos?

 Livre arbítrio é a faculdade de escolher, de tomar decisões, segundo nossa vontade e nossos interesses. O ser humano tem o livre arbítrio de seus pensamentos e de seus atos; os animais, não. Simplesmente porque o homem, no pleno uso da razão, faz uso pleno de sua vontade. Ele pode medir as consequências de seus atos e, portanto, em tese, ele sabe o que está fazendo, e  o que pode esperar dos atos que pratica.

  Quanto mais evoluído o Espírito mais ampla a sua liberdade de usar a vontade para decidir e, portanto, maior seu livre arbítrio; quanto menos evoluído mais reduzido seu livre arbítrio. Por que os animais não têm livre arbítrio? Porque ainda não sabem discernir o bem do mal; desse modo que quem decide por eles é o instinto, um mecanismo da natureza, que o defende de si mesmo, garantindo sua sobrevivência. Por exemplo, a fome. A fome é instinto, não depende de decisão pessoal, mas da necessidade do organismo.

  Logo se percebe, Laura, que o livre arbítrio é uma conquista que o Espírito vai obtendo ao longo de seu processo evolutivo. Fazendo uma comparação: o ser humano, na Terra, nasce sob o império total do instinto. Quando criança, não tendo capacidade de discernimento ( ou seja, não gozando da faculdade de escolha), vive sob o comando dos pais; os pais é que decidem por ele. Mais cedo ou mais tarde, porém, com o seu crescimento e desenvolvimento intelectual, vai nascendo nele a capacidade de escolher e assumir o comando da própria vida.

 Até lá, ele pode exercer aleatoriamente sua vontade. Pode acertar, pode errar – ainda sem noção clara do certo e do errado. A criança, que enfia o dedo numa tomada elétrica, ainda não sabe o que está fazendo, mas o choque vai ensiná-la. Assim é a nossa evolução como Espíritos. À medida que caminhamos, através das reencarnações, vamos aprendendo a exercitar o livre arbítrio com as consequências de nossas ações. Desse modo, Deus nos concede o direito de errar.  Caminhamos das trevas para a luz, da ignorância para o conhecimento – errando, acertando e, sobretudo, aprendendo.

 Podemos ser preconceituosos, Laura? Claro que sim. Podemos errar de mil maneiras diferentes e o fazemos sempre: nas decisões que tomamos, nos atos que cometemos, nas posturas que assumimos diante da vida. Tudo isso é aprendizado. Deus não tem pressa; a pressa é nossa. No entanto, cada ato que praticamos tem suas consequências:  alguns têm consequências boas e agradáveis ( são os acertos), outras têm consequências más e desagradáveis ( os erros). Lições de vida não nos faltam. É assim que caminhamos.

 
















terça-feira, 29 de setembro de 2020

ALLAN KARDEC E OS FLUIDOS; UM CASO DE PSICOMETRIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR





 



 Eu vejo que a grande diferença entre os evangélicos, os católicos e os espíritas; é que os espíritas não leem a Bíblia, leem apenas as obras de Kardec. Minha pergunta é a seguinte: podemos confiar mais em Kardec do que na Bíblia? (Anônimo)

  Evidentemente, caro ouvinte, católicos e evangélicos não falam a mesma língua do espírita, porque atuam apenas no campo exclusivo da fé. Desse modo, muitos deles aceitam os textos bíblicos como verdade absoluta, enquanto que os espíritas, por princípio, devem colocar a razão para controlar a fé, baseando-se no princípio de que para crer é necessário compreender. Assim, o espírita não costuma ler, nem mesmo as obras de Allan Kardec, apenas para aceitar passivamente o que lá está escrito, sem examinar e sem questionar.

 São duas posturas diferentes ou formas diferentes de interpretar o que está escrito. Não é que os espíritas não se interessam pela Bíblia; muito pelo contrário. A questão está na maneira como eles interpretam seus textos Porque não basta ler, no sentido de verbalizar o que lá está escrito, mas de verificar o que se pode descobrir e concluir a respeito daquelas informações. Para tanto, é preciso conhecer a cultura da época e o que podia significar cada regra ou cada mandamento que a religião estabelecia.

Vamos dar um exemplo para você melhor entender.  Adão e Eva são tidos, na Bíblia, como os primeiros seres humanos a habitar este planeta, como se aquele cenário do paraíso tivesse sido uma realidade concreta. Para os espíritas, no entanto, trata-se de um mito, ou de uma alegoria – que serviu para atender às necessidades do homem da antiguidade, mas não mais atende ao homem de hoje, que vive a era da ciência. Sabemos, todavia, que atrás dessa alegoria há uma grande lição moral para a humanidade, mas não podemos confundir aquele relato com a realidade.

  Desse modo, a Bíblia tem que ser muito bem estudada, para se saber como eram a cultura, os costumes e os usos daquele tempo. Ela tem um conteúdo tão vasto que, até hoje, dá margem a muitos entendimentos, fazendo com que surjam em torno dela milhares de religiões, cada uma querendo a verdade para si. Desse modo, o que você quiser, vai encontrar ali, conforme sua fé, suas crenças e seus valores de vida. Por que? Porque se trata de relatos antigos de fatos mais antigos ainda, que se deram num seio de um povo totalmente diferente do nosso.

  Os espíritas, no entanto – aqueles que seguem os princípios enunciados por Allan Kardec – interessam-se sobremaneira pelos ensinamentos de Jesus e que estão nos evangelhos.  Mas, mesmo os ensinamentos de Jesus precisam de estudo e de reflexão, pois Jesus viveu numa época e num cenário bem diferentes dos nossos, com um povo de idéias, concepções, problemas e dificuldades muito próprios e dos quais ele participou. Muitos dos usos, dos costumes, dos valores, da forma de encarar a vida, das leis de então não se adequam às condições de vida atualidade.

 É claro que na Bíblia existem valores universais, idéias que servem para todos os tempos e povos, como, por exemplo -  não matar, não roubar, amar o próximo; mas é o bom senso que leva o leitor a separar o que é universal e o que é próprio de um momento e de um lugar. Por isso, o leitor tem que ser um estudioso do texto bíblico, consultar a história, conhecer as diversas épocas por que passaram aquele povo, compreender suas necessidades e aspirações.

 Só para você ter uma idéia até onde chega essa discrepância de valores morais, cara ouvinte, na lei mosaica, ouça estas: Deus mandava matar os inimigos de forma cruel, não tolerava desobediência de seu povo, ordenava que se apedrejassem os adúlteros e os homossexuais, também os filhos rebeldes e os que fossem surpreendidos trabalhando aos sábados – isso, apenas para dar alguns poucos exemplos.  É claro que essa lei não faz nenhum sentido para nós, hoje; e nem fez para Jesus, que já quis mudar tudo isso há 2 mil anos.                               

 Logo a Bíblia é uma das obras mais importantes para a humanidade, que revela  muito da história e do pensamento religioso de um povo respeitável, mas precisa ser compreendida de forma adequada, pois não podemos trazer para o presente muita coisa que ficou no passado, muito entendimento que atendiam a determinados momentos, e que nada mais tem a ver com as necessidades e aspirações do homem da atualidade.


















segunda-feira, 28 de setembro de 2020

INTERESSANTE LEITURA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Entre as dezenove experiências de regressão de memória a encarnações passadas, inseridas pelo engenheiro frances Albert De Rochas no livro VIDAS SUCESSIVAS, publicado em 1911 (no Brasil em 2005, pela Lachâtre, chama a atenção a de número 8. Na verdade, foi desenvolvida por um amigo de nome Bouvier que testemunhara algumas de suas inusitadas investigações no inconsciente profundo de alguns voluntários entre 1892 e 1910.  Identifica, por razões compreensíveis, apenas pela inicial J. a pessoa estudada, informando ter ela formação certificada de ensino secundário; ser  casada com um militar; mãe de uma menina de 4 anos; de  saúde delicada. Quanto aos critérios por ele adotados e observações feitas, Bouvier explica: 1- a cada pergunta, permanecia sempre a personalidade do momento, sem hesitações.2- Frequência: vários dias, com várias semanas de intervalo, sem respostas contraditórias, revelando em certos casos detalhes, revivendo o momento preciso da existência acessada no passado. 3- Detalhes : ao atingir os dois anos de idade, a fala tornava-se mais difícil, com um ano, quase nada ou pouco falava; mais jovem, parecia mamar ou gemer; 4-  no período pré-nascimento, no ventre materno, curvava-se sobre si mesma ao atingir o quinto mês; aos quatro uma leve descontração; aos três meses, o corpo inclinava-se muito para trás, os membros descansados numa completa inércia. 5- antes da concepção – no momento em que o Espírito ainda está no espaço, faz esforços para subtrair-se à força irresistível que parece atraí-lo; recuando ainda mais no tempo, responde sobre o que faz, qual seu modo de existência até o momento em que novamente retoma o corpo que anteriormente abandonou para entrar numa outra vida, assumindo a mesma atitude quando induzida a penetrar no ventre materno. 6 - fisionomia alterada de acordo com a personalidade, bem como a fala, o tom, procedimentos diferentes sensivelmente do tom e dos gestos de mulher; o mesmo ocorrendo quando passa pela fase da infância. Considerando a existência atual como “Primeira vida”, recua 18 anos, quando teria terminado o que chama de Segunda vida, personalidade feminina, chamando Marguerite Duchesne, filha de Louis Duschene, morta aos 25 anos, em 1860, por doença respiratória, iniciada quando da morte em Briaçon, do jovem soldado Louis-Jules Martin, por quem se apaixonara. Aprofunda-se mais, recuando 55 anos, onde se interrompe a Terceira vida Jules Robert; morto aos 45 anos, em 1780, em Milão, Itália, onde trabalhava talhando mármore para um escultor chamado Paoli, especializado em reproduções de obras de arte para o Vaticano.  Menos 35 anos, surge a  Quarta Vida Jenny Ludovic;  desencarnada aos 30 anos, em 1702, casada com Auguste Ludovic, mãe de dois filhos, , moradora de Plouermel; dedicada a cuidar do lar.  Voltando 157 anos, ressurge a Quinta Vida Michel Berry; morto aos 22 anos, em 1515, em consequência de ferimento causado em batalha por golpe de  lança, em luta pelo Rei da França, Francisco, contra os suíços. Menos 191 anos, a Sexta Vida Mariette Martin; morta aos 20 anos, em 1302, em Vannes, onde atuava como professora, residindo na casa de seu futuro marido, Gaston, morto em acidente ao ser esmagado pelo próprio cavalo. Menos 272 anos, a Sétima Vida Irmã Marthe – morta aos 87 anos, em 1010, sob o reinado de Roberto II, tendo exercido a função de Abadessa em Convento ligado à Companhia de Jesus. Menos 474 anos, a Oitava Vida Carlomée, chefe guerreiro franco, cegado ao ser capturado por Átila, em Charles- Sur-Mane, por volta do ano 449, descrevendo ritos de adoração a Théos incluindo sacrifícios humanos. Menos 139 anos, a Nona Vida –  Esius – Morto queimado aos 40 anos; no ano 279, tendo exercido a função de guardião do Imperador Probus, em Roma, ao qual servia na expectativa de mata-lo por ter-lhe tomado a filha Florina, ação impedida por ter sido descoberto antes. Avança e encontra a Décima VidaIrisée – Viveu por volta do ano 100, num país chamado Imondo, ocupando-se, aos 26 anos, em colher flores para um padre de nome Ali dedicado a oferendas e sacrifícios a dois deuses consagrados à prece, de nome Abrahim e José. Décima Primeira Vida – Criança, morta aos 8 anos. Além das observações do Sr Bouvier, chama a atenção alguns detalhes: 1- Nos quase dois mil anos recuados, a pessoa que estava sendo submetida às regressões, teve apenas 11 encarnações. 2- Os intervalos entre elas, aparentemente eram maiores quanto mais recuada no tempo. 3- Alternaram-se a condição masculina e feminina, com predominância desta. 4- Apenas uma vez na sequência observada, a condição masculina foi subsequente. Os relatos das diferentes personalidades acessadas, preservados no livro são instigantes, oferecendo matéria para outras interessantes cogitações aos estudiosos do assunto.



Quando uma pessoa sofre muito preconceito da sociedade – como é o caso de negros, pobres, mendigos, deficientes e gays – isso quer dizer que foi o Espírito que escolheu essa vida ou ele está pagando dívida do passado? (Maria Elisabete – por e-mail)

 Podemos aventar hipóteses, Elisabete, para explicar os casos em geral, mas devemos considerar que cada caso tem suas particularidades; logo, não há uma explicação única para todos os casos. Na verdade, segundo a classificação de Kardec, existem expiação e prova. Expiação é quando o sofrimento do Espírito é consequência natural de erros que ele cometeu no passado; prova é quando é o próprio Espírito que escolhe as dificuldades pelas quais vai passar.

 No primeiro caso (na expiação, portanto), o Espírito não decide, apenas sofre as consequências de seus atos; mas, no segundo caso, ele tem uma participação direta no planeamento de sua vida. É quando ele pode perceber que é a dificuldade e não a facilidade que mais vai contribuir para o seu progresso espiritual. A prova funciona como um concurso para obter uma promoção: você precisa sacrificar muitos de seus interesses e estudar o suficiente, se quiser ser aprovado.

 Em qualquer agrupamento humano, Elisabete,  há preconceitos e sofrimentos, e isso desde a mais remota antiguidade. Cada sociedade, como cada momento histórico, assinala ondas de preconceito e de intolerância,  que vão acontecer, quase sempre devido à ignorância ou à falta de maturidade de um povo, que quer excluir alguns grupos de pessoas da sociedade. Felizmente, as sociedades vêm mudando ao longo dos séculos, de forma minorar o preconceito, embora, até hoje, o preconceito ainda tenha um efeito devastador.

 O fato de um Espírito nascer pobre, negro ou gay – por exemplo – pode contribuir para que ele sofra os malefícios do preconceito, dependendo da sociedade onde venha a encarnar. De qualquer forma, nascer em uma condição desfavorável do ponto de vista social pode ser consequência de erros passados, pode ser tão somente uma escolha que o Espirito fez para vencer determinadas barreiras. O fato é que, sem sofrimento, não há progresso.

 Todavia, Elizabete, não podemos desconsiderar que, nos episódios de preconceito e intolerância, a sociedade, tanto quanto o indivíduo, sofre. Muitas vezes, os desentendimentos e conflitos que surgem nessas situações vão servir para que muita gente desperte de seu orgulho e acabe compreendendo a necessidade de mudar, de melhorar-se espiritualmente.

 Há muitos anos atrás, vimos um filme intitulado “CONRAC”. Esse filme se baseia num fato real ocorrido nos Estados Unidos. Ele conta a história de um professor louro, de família sueca, que escolheu uma ilha, habitado por negros, para dar aula. O enredo do filme gira em torno das dificuldades que esse professor teve de enfrentar para dar uma educação condigna àquela comunidade, e o preconceito que sofreu porque escolheu alunos negros e pobres.

  Como se trata de uma história real, o final não é tão feliz quando se pode esperar de um filme americano. Contudo, mostra a garra e o desprendimento desse professor, apesar de todas as forças que concorreram para o seu fracasso. Ao final, ele confessou que sua opção pelos negros servia para consertar um triste erro que ele próprio cometera quando jovem, em prejuízo de pessoas negras, trazendo consigo um profundo sentimento de culpa por ter cultivado o racismo.

  A vida ensina, Elisabete. Muitas vezes, para assimilar um conceito moral elevado precisamos vivenciar a condição oposta, a fim de que a culpa ou o remorso, mais tarde, venha cobrar uma mudança. Desse modo, mesmo numa sociedade preconceituosa, muita gente acaba amadurecendo suas idéias para se tornar defensor da idéia que mais combatia. Foi o caso de Paulo de Tarso em relação aos seguidores de Jesus.