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quinta-feira, 24 de setembro de 2020

FOI O INEVITÁVEL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Pairava um clima de expectativa e ansiedade naquele lar, na cidade de Itambé, a 500 quilômetros de Salvador, na Bahia, para a qual a família havia se mudado meses antes, procedentes de Piracicaba, São Paulo. Era sexta feira, 20 de junho de 1980, e, as malas estavam prontas desde cedo para a viagem programada para aquele final de semana, a fim de participarem, em cidade próxima, de tradicionais e conhecidas festas de São João. A tarde, porém, permanecia agitada e, Dona Vilma, ao fazer breve saída para comprar jenipapo para preparar um licor, guardou na memória a imagem da filha de dezesseis anos, Cris, deitada no tapete da sala, de bruços, ouvindo com uma amiga o último disco que havia comprado. Rememorando detalhes do que ocorreu na sua ausência diz que “foi num instante, de repente, tudo acabado. Não sabia como e nem por quê. Parecia uma enorme loucura, uma terrível mentira, um doloroso pesadelo. Cristiane morria em minhas mãos... e com ela, também, me sentia morrer”. O fato a que se refere somente seria devidamente aclarado, cinco meses e nove dias depois, através de uma carta que sua amada filha lhe escreveria através da mediunidade de Chico Xavier, na cidade de Uberaba, Minas Gerais, em reunião pública, entre outras recebidas. Era a terceira vez que ia ao encontro do médium: na primeira, ele se encontrava viajando; na segunda, o conheceu, encontrando a certeza e a esperança, ouvindo-o citar nomes impossíveis de serem por ele conhecidos, o que a fez pensar: -“Se esse homem vê e sabe os nomes de meus familiares, principalmente do meu bisavô, desencarnado há muitos anos, que nem meu pai conheceu, por que também Cris não estará viva? Claro que sim. Cris vive, meu Deus! Vive e esse homem pode vê-la!”. Para ela, surge então, “uma nova visão da vida, uma nova visão da morte”. Do Plano Espiritual, naquela ocasião, apenas um bilhete: -“Tão logo se nos faça possível, cooperaremos na obtenção das notícias solicitadas. Confiemos no amparo de Jesus, hoje e sempre”. Tal prognóstico se materializou na inesquecível noite de 29 de novembro, com a recepção da primeira das 5 mensagens que seriam escritas por de Cris. Iniciando suas notícias, Cristiane explica: -“A querida vovó Olimpia me trouxe aqui para este encontro. Comunica-me que devo explicações à querida família, o que tento articular nestas folhas escritas. Sobretudo, é a tranquilidade ao seu carinho, ao meu pai, aos irmãos, ao Paulinho e aos familiares que me cabe promover”. Mais à frente, do seu ponto de vista, explica o que ninguém entendeu: -“O que sucedeu foi o inevitável. Vendo-me com a Virna e conversando sobre as festas joaninas, repentinamente lembrei-me de que pretendia guardar alguns enfeites no móvel em que estava a arma do irmão. Sem a menor ideia de que o perigo nos cortejava, retirei-a, ou melhor, procurei retirá-la cuidadosamente do lugar em que se mantinha. Inábil qual me vi, não sei de que modo certa parte da arma tocou no móvel e o projétil foi arremessado sobre mim. Arrasada de susto e ainda desconhecendo que consequências poderiam sobrevir da ocorrência, estirei-me às pressas no leito rente a nós e, sinceramente, não sei de que maneira larguei a arma ou deixei-a em qualquer lugar, porque a intenção de acolher-me no leito foi meu propósito dominante. Era inútil gritar por socorro, porque as forças não davam para isso. Notava a aflição da companheira que não tivera participação alguma no episódio infeliz, entretanto, nem mesmo dirigir-lhe a palavra estava em meus recursos, porque a voz esmorecera na garganta e um abatimento estranho me dominou todas as energias. Não sei se aquilo foi morrer ou dormir, desmaio ou repouso. A única recordação que me ficou foi a certeza de minha impossibilidade para qualquer reação”. Dirimindo dúvidas naturais diante da aparente tranquilidade da outrora alegre, irrequieta e estudiosa Cristiane, vitimada por tão brusca e violenta mudança, ela acrescenta: -“Não estou escrevendo sozinha por que não conseguiria dispor de meios para me exprimir, com quem telegrafa. Vovó Olimpia e aquele amigo que se me fez conhecido e estimado por Vovô Lourenço, com outros amigos, nesta hora me amparam os pensamentos e a mão a fim de que me expresse com a verdade e clareza”.Em outro momento, desabafa: -“Saudades são muitas, no entanto, a sede de paz em auxílio de nós todos é a nota predominante dos sentimentos que me tomam o coração”.


Gostaria de saber se podemos dizer que o Espiritismo é politicamente correto. (Roberto)

 Depende do que se entende por “politicamente correto”, Roberto. A expressão “politicamente correto” geralmente é usada para se referir a um posicionamento sem preconceitos, declarações que evitam ofender pessoas, grupos sociais ou étnicos, principalmente minorias. Logo, quando alguém faz uma declaração nesses termos, procurando ser o mais assertivo possível, demonstrando respeito pelos diferentes, dizemos que tem uma postura politicamente correta.

 Nesse sentido, podemos afirmar que o Espiritismo – que, desde de sua origem, há 163 anos atrás, procurou ser o mais assertivo possível, combatendo toda sorte de preconceito – pode ser visto como uma doutrina “politicamente correta”. Trata-se, portanto, de uma postura ético-moral, cujas bases estão nos ensinamentos de Jesus, conforme lemos nos evangelhos. Todos sabemos que o que Jesus mais combateu no seu tempo foi o preconceito, razão pela qual ele se colocou ao lado dos pobres, das mulheres e dos discriminados em geral.

  Como espíritas, nós não podemos ter  a pretensão de ser os donos exclusivos da verdade ou de nos apresentarmos como superiores a ninguém. Acreditamos que a verdade não é uma dádiva que cai do céu de graça para beneficiar somente alguns privilegiados, mas é uma conquista que a humanidade, como um todo – utilizando de todos os diferentes -  vai obtendo ao longo do tempo. Se você consultar O LIVRO DOS ESPÍRITOS, origem da Doutrina Espírita, vai perceber isso, mas vai encontrar também uma postura que não era comum naquela época.

 Direitos humanos é coisa nova, que só veio se consolidar como política social depois da segunda guerra mundial. Discriminação, preconceito, intolerância, perseguição – tudo isso já fez parte da História da Humanidade e, infelizmente, até hoje existe. Trata-se, evidentemente, de uma manifestações do orgulho e da intolerância, que enaltece alguns, como seres escolhidos e privilegiados, e subestima outros como desprezíveis e condenados.

O verdadeiro espírita, aquele que de fato conhece sua doutrina, não pode discriminar ninguém em nome do Espiritismo, e muito menos condenar quem não concorda com suas idéias. Pelo contrário: como o Espiritismo prega a liberdade, como um direito natural e fundamental do ser humano, ele deve ser o primeiro a defender a liberdade de pensamento e expressão, e defender o direito de manifestação até mesmo daqueles que combatem sua doutrina.

 Isso não quer dizer, absolutamente, que o Espiritismo concorda com tudo ou que defende qualquer tipo de manifestação. O Espiritismo não pode concordar com o desrespeito. Está muito claro n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS que todas as doutrinas são respeitáveis, mas que não poderia merecer respeito a doutrina que conspira contra o bem-estar da coletividade, incentivando a separação e o confronto, a intolerância e a perseguição. Além do mais, como fez Jesus, a Doutrina Espírita não combate pessoas, combate idéias.

 Nesse sentido, Roberto, é possível dizer que a política adotada pelo Espiritismo é correta, ou procura sê-lo tanto quanto possível, de acordo com o nível evolutivo da humanidade. Incorreta seria a política que fomenta a discórdia entre os homens, que estimula a separação, criando barreiras de comunicação entre as pessoas.


















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