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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

POPULAÇÃO ESPIRITUAL DA TERRA E A MISSÃO DO ESPIRITISMO



MORTE DE CINCO CRIANÇAS POR OUTRA DE DOZE ANOS

A notícia foi destaque na edição de 20 de outubro de 1857 do jornal GAZETA DE SILÉSIE pela violência e impacto da tragédia que se abateu sobre duas famílias da localidade: a morte de 5 crianças – um menino e quatro meninas de quatro a nove anos -, por uma outra de apenas 12 anos. Convidados a brincar com o mais velho reconhecidamente de mau caráter, entraram aos risos comprimidos num baú guardado numa casinha de jardim de um dos pais, ali sendo trancados pelo mentor da ideia que também sentou-se sobre a tampa, acompanhando os gritos, depois os gemidos e, por fim, o silêncio das inocentes crianças abrindo a tampa e verificando que estavam vivos, fechando-a de novo indo brincar com um papagaio de papel. Os pais quando se deram conta do desaparecimento dos filhos e se desesperaram ao encontrá-los no baú, após demoradas buscas. Uma das crianças ainda vivia, porém não tardou a expirar. Denunciado pela garota que o vira sair do jardim, o jovem H... confessou o crime com o maior sangue-frio, sem manifestar qualquer arrependimento. No mês de outubro do ano seguinte -  1858 -,Allan Kardec incluiu na pauta da REVISTA ESPÍRITA, uma entrevista com a irmã de um médium da Sociedade Espírita de Paris, morta aos 12 anos, Das perguntas e respostas obtidas, destacamos algumas das revelações oferecidas pela entidade. –Que motivo teria levado uma criança dessa idade a cometer uma ação tão atroz e com tanto sangue-frio? – A maldade não tem idade; é ingênua na criança e raciocinada no homem adulto. 3. Quando a maldade existe numa criança que não raciocina, não denotará a encarnação de um Espírito muito inferior?– Nesse caso, procede diretamente da perversidade do coração; é seu ppróprio Espírito que o domina e o impele à perversidade. Qual poderia ter sido a existência anterior de semelhante Espírito?. – Horrível. Em sua existência anterior ele pertencia à Terra ou a um mundo ainda mais atrasado? – Não o vejo bem; contudo, devia pertencer a um Orbe bem mais inferior do que a Terra. Nessa idade tinha perfeita consciência do crime que cometia? Como Espírito, será responsabilizado por ele?– Tinha a idade da consciência, e isso basta. Observação – Uma observação é feita a propósito da palavra ousadia, de que se serviu o Espírito, bem como dos exemplos citados, que dizem respeito à situação dos Espíritos que se acharam em Mundos muito elevados para eles, e que foram obrigados a regressar a outro mais compatível com a sua natureza. A tal respeito, uma pessoa observou ter sido dito que os Espíritos não podem regredir. Com efeito, os Espíritos realmente não podem retrogradar, no sentido de que não é possível perder o que adquiriram em ciência e em moralidade; mas podem decair em posição. Um homem que usurpa uma posição superior à que lhe conferem suas capacidades ou sua fortuna pode ser constrangido a abandoná-la e a voltar à sua posição natural; ora, não é a isso que se pode chamar decair, pois que ele apenas retorna à sua esfera, de onde havia saído por ambição e orgulho. Ocorre a mesma coisa em relação aos Espíritos que querem se elevar muito depressa em mundos onde se acham deslocados. Os Espíritos superiores também podem encarnar em mundos inferiores, para cumprir uma missão de progresso, e a isso não se pode chamar de regressão, porque é devotamento. Em que a Terra é superior ao mundo ao qual pertencia o Espírito de quem acabamos de falar? – Nele há uma fraca ideia de justiça: é um começo de progresso. Disso resulta não haver, em Mundos inferiores à Terra, nenhuma ideia de justiça? – Não; os homens ali vivem apenas para si e não têm por móvel senão a satisfação das paixões e dos instintos.. Qual será a posição desse Espírito numa nova existência? – Se o arrependimento vier apagar, se não inteiramente, mas pelo menos em parte, a enormidade de suas faltas, então ficará na Terra; se, ao contrário, persistir no que chamais de impenitência final, irá para um lugar onde o homem se nivela com os animais. Dessa forma, pode encontrar na Terra os meios de expiar suas faltas sem ser obrigado a regressar a um Mundo Inferior?– O arrependimento é sagrado aos olhos de Deus, porquanto é o homem que a si mesmo se julga, o que é raro no vosso Planeta.

domingo, 26 de novembro de 2017

BUSCANDO ENTENDER

A vida vai nos surpreendendo a cada momento com fatos estarrecedores. Violência doméstica ou no transito, acidentes, suicídios inexplicáveis, homicídios... Tão impactantes que muitos chegam a duvidar da existência de Deus. O Espiritismo pode nos ajudar diante desses tormentosos acontecimentos? Na sequência o professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) nos oferece elementos para reflexões a partir da questão-problema proposto por um leitor: Um grupo de crianças morre carbonizada numa creche, após um incêndio no berçário, salvando-se apenas uma criança que escapou ilesa. Tem-se a notícia de que o sinistro ocorreu porque os funcionários deixaram um aquecedor ligado no chão, perto de material inflamável e que naqueles momentos não havia ninguém por perto para tomar conta das crianças. Uma tragédia que deixou os pais desesperados e a população da cidade revoltada, comovendo todo o País. Pergunto: se essas crianças tinham que morrer nessa tragédia, de quem é a culpa? Os funcionários, que pecaram por negligência, teriam sido intuídos pelos Espíritos para que a tragédia ocorresse? Podemos, pela Lei da Reencarnação, justificar o fato, porque esse tipo de morte estava no carma desses Espíritos? Nunca há justificativa para o mal causado. Na Lei Divina, todos respondem objetivamente pelos erros cometidos, uns diante dos outros e cada um consigo mesmo, arcando com as consequências. Se, de fato, houve negligência - e não somos nós que vamos fazer esse julgamento - as pessoas envolvidas não serão apenas rés da justiça humana, mas sujeitos passivos na Justiça Divina. O Espiritismo vê com muita clareza, embora nem sempre seja fácil para nós explicar os mecanismos, a Lei do Retorno, que não existe para castigar ninguém, mas para ensinar o Espírito a conviver, a ser responsável e prudente nas suas decisões e nos seus atos. É fato que Jesus nos ensinou a compreensão e o perdão, mas igualmente nos ensinou a responsabilidade e o compromisso uns com os outros, de modo que o perdão de Deus não significa ignorar o erro, mas proporcionar ao infrator a possibilidade de arrependimento, reparação e reaprendizagem. Com relação às crianças desencarnadas, também sabemos que o fato não ocorreu por acaso na sua experiência evolutiva; algo tem a ver com o passado. Antes de reencarnar, os Espíritos, em resgate coletivo, tomam ciência dos riscos a que estão expostos, das formas pelas quais podem desencarnar, mas o fato em si não está determinado, pois dependem de circunstâncias várias em suas vidas. Por outro lado, seria absurdo conceber que as pessoas que causaram o acidente por negligência ou irresponsabilidade, e não por vontade deliberada, tivessem reencarnado com esse objetivo, ou seja, tivessem sido instrumentos da Espiritualidade para o cumprimento da Lei. É possível que esses funcionários tenham ligações anteriores com essas crianças, mas o acidente em si, com certeza, surgiu das circunstâncias ocasionadas pela soma de suas fraquezas morais, pelas quais, cedo ou tarde, vão ter que responder.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

FALANDO DE SAÚDE

A proliferação das chamadas reuniões de cura em muitas Instituições Espíritas gera expectativas equivocadas em muitas pessoas. Mas o que o Espiritismo tem a dizer sobre a saúde. Alinhamos na sequencia alguns tópicos e questões para reflexões: 1- Se dividirmos os males da vida em duas categorias, uma a dos que o homem não pode evitar, e outra das atribulações que ele mesmo provoca por sua falta de cuidado e excessos, veremos que esta última é muito mais numerosa que a primeira”. (ese)“ 2- Não há uma só falta, por mais leve que seja, uma única infração à sua Lei (de DEUS), que não tenha consequências forçosas e inevitáveis, mais ou menos desagradáveis”. (ESE) 3- “O homem não é, portanto, punido sempre, ou completamente punido, na sua existência presente, mas, jamais escapa às consequências de suas faltas” (...). (ESE) 4- “Quando nos elevamos, pelo pensamento, de maneira a abranger uma série de existências, compreendemos que a cada um é dado o que merece”. (ESE) Saúde: como defini-la a partir de uma visão espiritual do Ser humano? Em todos os Planos do Universo, somos Espírito e manifestação, pensamento e forma. Todo mal praticado conscientemente expressa de algum modo, lesão em nossa consciência e toda lesão dessa espécie determina distúrbio ou mutilação no organismo que nos exterioriza o modo de ser. Todos os estados acidentais das formas de que nos utilizamos, no espaço e no tempo, dependem, assim, do comando mental que nos é próprio. A Medicina há de considerar o doente como um todo psicossomático, se quiser realmente investir-se da arte de curar. (AR, 19) Da mente clareada pela razão, sede dos princípios superiores que governam a individualidade, partem as forças que asseguram o equilíbrio orgânico, por intermédio de raios ainda inabordáveis à perquirição humana, os quais vitalizam os centros perispiríticos, em cujos meandros se localizam as chamadas glândulas endócrinas, que, a seu turno, despedem recursos que nos garantem a estabilidade do campo celular. Nas criaturas encarnadas esses elementos se consubstanciam nos hormônios diversos que atuam sobre todos os órgãos do corpo físico, através do sangue. (AR) E as doenças: como, com base nas revelações espíritas, entende-las? A maioria das doenças, como todas as misérias humanas, são expiações do presente ou do passado, ou provas para o futuro; são dívidas contraídas, cujas consequências devem ser sofridas, até que tenham sido saldadas. Aquele, pois, que deve suportar sua provação até o fim não pode ser curado.  São inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda espécie, por sua vez, criam em nossos organismos condições nocivas, frequentemente transmissíveis pela hereditariedade. (RE, 1868) E no caso das chamadas doenças de nascença? Doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, a imbecilidade, entre outras (...), são efeitos que devem ter uma causa, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. A causa sendo sempre anterior ao efeito e, desde que não se encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente. (ESE, 5, 6)  Saindo do campo filosófico, como entender a etiologia das doenças? O homem é um composto de três  estruturas essenciais: o Espírito, o perispírito e o corpo. (...) Se, pois, temos três princípios frente a frente, esses três princípios devem reagir um sobre o outro, e seguir-se-á a saúde ou a doença, conforme haja entre eles harmonia perfeita ou discordância parcial. (...) Se, enfim, a doença procede da mente, o Espírito, o perispírito e o corpo, mantidos sob sua dependência, serão entravados em suas funções, e nem será cuidando de um nem de outro que se fará desaparecer a causa. (RE;1867)



domingo, 19 de novembro de 2017

COMO O FUTURO PODE SER ANTECIPADO

Uma dúvida que paira entre os que se aproximam do Espiritismo é quanto à possibilidade demonstrada pelos fatos de acontecimentos serem antecipados nas visões de algumas pessoas. É possível? Allan Kardec desenvolveu uma Teoria da Presciência em que explica isso. Reproduzida na REVISTA ESPÍRITA de maio de 1864, depois seria incluída na obra A GÊNESE lançada em 1868. De seus argumentos, destacamos um trecho para avaliação: - De conformidade com o grau de sua perfeição, pode um Espírito abarcar um período de alguns anos, de alguns séculos, mesmo de muitos milhares de anos, porquanto, que é um século em face do Infinito? Diante dele, os acontecimentos não se desenrolam sucessivamente, como os incidentes da estrada diante do viajor: ele vê simultaneamente o começo e o fim do período; todos os eventos que, nesse período, constituem o futuro para o homem da Terra são o presente para ele, que poderia então vir dizer-nos com certeza: Tal coisa acontecerá em tal época, porque essa coisa ele a vê como o homem da montanha vê o que espera o viajante no curso da viagem. Se assim não procede, é porque poderia ser prejudicial ao homem o conhecimento do futuro, conhecimento que lhe pearia o livre arbítrio, paralisá-lo-ia no trabalho que lhe cumpre executar a bem do seu progresso. O se lhe conservarem desconhecidos o bem e o mal com que topará constitui para o homem uma prova. Se tal faculdade, mesmo restrita, se pode contar entre os atributos da criatura, em que grau de potencialidade não existirá no Criador, que abrange o infinito? Para o Criador, o tempo não existe: o princípio e o fim dos mundos lhe são o presente. Dentro desse panorama imenso, que é a duração da vida de um homem, de uma geração, de um povo? Entretanto, como o homem tem de concorrer para o progresso geral, como certos acontecimentos devem resultar da sua cooperação, pode convir que, em casos especiais, ele pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes preparar o encaminhamento e de estar pronto a agir, em chegando a ocasião. Por isso é que Deus, às vezes, permite se levante uma ponta do véu; mas, sempre com fim útil, nunca para satisfação da vã curiosidade. Tal missão pode, pois, ser conferida, não a todos os Espíritos, porquanto muitos há que do futuro não conhecem mais do que os homens, porém a alguns Espíritos bastante adiantados para desempenhá-la. Ora, é de notar-se que as revelações dessa espécie são sempre feitas espontaneamente e jamais, ou, pelo menos, muito raramente, em resposta a uma pergunta direta. Pode também semelhante missão ser confiada a certos homens, desta maneira: Aquele a quem é dado o encargo de revelar uma coisa oculta recebe, à sua revelia e por inspiração dos Espíritos que a conhecem, a revelação dela e a transmite maquinalmente, sem se aperceber do que faz. É sabido, ao demais, que, assim durante o sono, como em estado de vigília, nos êxtases da dupla vista, a alma se desprende e adquire, em grau mais ou menos alto, as faculdades do Espírito livre. Se for um Espírito adiantado, se, sobretudo, houver recebido, como os profetas, uma missão especial para esse efeito, gozará, nos momentos de emancipação da alma, da faculdade de abarcar, por si mesmo, um período mais ou menos extenso, e verá, como presente, os sucessos desse período. Pode então revelá-los no mesmo instante, ou conservar lembrança deles ao despertar. Se os sucessos hajam de permanecer secretos, ele os esquecerá, ou apenas guardará uma vaga intuição do que lhe foi revelado, bastante para o guiar instintivamente. É assim que em certas ocasiões essa faculdade se desenvolve providencialmente, na iminência de perigos, nas grandes calamidades, nas revoluções, e é assim também que a maioria das seitas perseguidas adquire numerosos videntes.



quinta-feira, 16 de novembro de 2017

COMUNICAÇÃO IMEDIATA E DIVERGÊNCIA ENTRE OS ESPÍRITAS

É razoável esperar-se uma manifestação do Espírito de alguém que desencarnou recentemente? E as divergências e rivalidades observadas entre espíritas? São os dois temas propostos ao professor José Benevides Cavalcante ( FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) na postagem de hoje: Como é possível uma pessoa, que faleceu há algumas horas, dar uma comunicação no Centro?... Não conhecemos de perto o caso a que você se refere, mas, pela forma como você relata a situação, parece-nos, no mínimo, suspeita a comunicação. Não estamos afirmando que não existe essa possibilidade: dependendo do caso, pode até haver uma comunicação imediata do Espírito recém-desencarnado, mas, como conhecedores da obra de Kardec, precisamos ser mais exigentes em relação a esses fatos, para não nos enganarmos, não enganarmos os outros e não cairmos no ridículo, comprometendo o nome da Casa Espírita.. Sem indícios veementes de que é mesmo aquela pessoa que está comunicando, não podemos reconhecer a autenticidade da mensagem e sair proclamando publicamente que fulano se comunicou. Erasto, Espírito orientador de Kardec na questão das comunicações mediúnicas (principalmente aquelas que chegam ao conhecimento público), traz uma recomendação importante em O LIVRO DOS MÉDIUNS, afirmando ser preferível rejeitar 9 verdades que aceitar uma só falsidade. Logo, o crivo da razão se faz necessário, antes que a emoção tome conta. Há grupos mediúnicos muito emotivos e pouco racionais, que aceitam qualquer comunicação como autêntica; não procuram investigar melhor a sua procedência, pelo próprio teor da mensagem e pelo parecer dos familiares do desencarnado, que o conhecem na intimidade. Não atendem, assim , a um preceito básico da Doutrina em relação às atividades mediúnicas e vão afirmando precipitadamente que a comunicação é autêntica, como se fossem os donos da verdade. Isso não pode ser Espiritismo. Sabemos que todas as comunicações geralmente sofrem a influência do médium, mas existem também as mistificações, tanto do médium como de Espíritos interessados em provocar situações embaraçosas para o pessoal do Centro e para os espíritas em geral.  DIVERGÊNCIA ENTRE OS ESPÍRITAS Haverá um dia em que os espíritas se entenderão sobre todos os pontos da Doutrina, de modo que desapareçam todas essas discussões que vêm ocorrendo desde o tempo de Allan Kardec? É difícil responder objetivamente sua pergunta, porque nós, espíritas, também somos Espíritos em evolução e, necessariamente, pelo fato de cada qual estar num degrau de desenvolvimento, as concepções a respeito de um mesmo ponto sempre tendem a se diferenciar. Ademais, existem fatores e condições culturais da atual existência que implicam em diversidade de entendimento. Se todos fossemos iguais, clones ou cópias autenticadas uns dos outros, certamente não haveria tal discrepância, mas a Lei de Evolução estaria comprometida, pois a evolução implica em riqueza de opções e, portanto, em diferenciação. Precisamos compreender que não temos a verdade absoluta a respeito de nada, pois somos imperfeitos: só Deus, sendo a Inteligência Suprema, o tem. Desse modo, a nossa visão sobre um mesmo ponto dependerá sempre de nossa posição relativa nessa escala evolutiva, que não é tão simples assim. Mas não devemos ver nesse fenômeno uma condição apenas negativa: pelo contrário, a diversidade de visão, embora nos seja um problema, é o que nos tira do comodismo e da estagnação, uma vez que, se todo espírita pensasse da mesma maneira sobre todos os pontos da doutrina, ninguém se sentiria estimulado a pesquisar, a estudar, a aprender mais profundamente o Espiritismo. As divergências de interpretação, o pluralismo de ideias, portanto, são um fator positivo em nossa Doutrina, mas jamais deveria ser um fator de distanciamento moral do espíritas, que precisam estar unidos uns aos outros pelo ideal comum da fraternidade, através do qual somos capazes de conviver respeitosamente com as nossas divergências, conforme nos concita Allan Kardec, em O LIVRO DOS MÉDIUNS, ítem 350.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

QUALIFICAÇÃO DE SANTO APLICADA A CERTOS ESPÍRITOS

Na edição de Julho de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec incluiu uma matéria que certamente  esclarece duvidas levantadas por pessoas que se aproximam do Espiritismo e estranham o fato de, sobretudo nas OBRAS BÁSICAS encontrarem textos assinados por Espíritos que se identificam como Santos. Sabendo-se que tal título é atribuído pela Igreja Católica a personagens que se destacaram no meio em que viveram por ações que os diferenciavam da maioria dominante, reproduzimos a seguir o material a seguir para avaliação dos interessados: - Num grupo de província, tendo-se apresentado um Espírito sob o nome de “São José, santo, três vezes santo”, isto deu ensejo a que se fizesse a seguinte pergunta: Um Espírito, mesmo canonizado em vida, pode dar-se a qualificação de santo, sem faltar à humildade, que é um dos apanágios da verdadeira santidade e, invocando-o, permite que lhe deem esse título? O Espírito que o toma deve, por esse fato, ser tido por suspeito? Um outro Espírito respondeu: “Deveis rejeitá-lo imediatamente, pois equivaleria a um grande capitão que se vos apresentasse exibindo pomposamente seus numerosos feitos de armas, antes de declinar o seu, ou a um poeta que começasse por se gabar de seus talentos. Veríeis nessas palavras um orgulho despropositado. Assim deve ser com homens que tiveram algumas virtudes na Terra e que foram julgados dignos de canonização. Se se apresentarem a vós com humildade, crede neles; se vierem se fazendo preceder de sua santidade, agradecei e nada perdereis. O encarnado não é santo porque foi canonizado: só Deus é santo, porque só ele possui todas as perfeições. Vede os Espíritos superiores, que conheceis pela sublimidade de seus ensinamentos: eles não ousam dizer-se santos; qualificam-se simplesmente de Espíritos de verdade.” Esta resposta demanda algumas retificações. A canonização não implica a santidade no sentido absoluto, mas simplesmente um certo grau de perfeição. Para alguns a qualificação de santo tornou-se uma espécie de título banal, fazendo parte integrante do nome, para os distinguir de seus homônimos, ou que lhes dão por hábito. Santo Agostinho, São Luís, São Tomé, podem, pois, antepor o nome santo à sua assinatura, sem que o façam por um sentimento de orgulho, que seria tanto mais descabido em Espíritos superiores que, melhor que os outros, não fazem nenhum caso das distinções dadas pelos homens. Dar-se-ia o mesmo com os títulos nobiliárquicos ou as patentes militares. Seguramente aquele que foi duque, príncipe ou general na Terra não o é mais no mundo dos Espíritos e, no entanto, assinando, poderão tomar essas qualificações, sem que isto tenha consequência para o seu caráter. Alguns assinam: aquele que, quando vivo na Terra, foi o duque de tal. O sentimento do Espírito se revela pelo conjunto de suas comunicações e por sinais inequívocos em sua linguagem. É assim que não nos podemos enganar sobre aquele que começa por se dizer: “São José, santo, três vezes santo.” Só isto bastaria para revelar um Espírito impostor, adornando-se com o nome de São José. Assim, ele pôde ver, graças ao conhecimento dos princípios da doutrina, que sua velhacaria não encontrou ingênuos no círculo onde quis introduzir-se. O Espírito que ditou a comunicação acima é, pois, muito absoluto no que concerne à qualificação de santo e não está certo quando diz que os Espíritos superiores se dizem simplesmente Espíritos de verdade, qualificação que não passaria de um orgulho disfarçado sob outro nome, e que poderia induzir em erro, se tomado ao pé da letra, porque nenhum se pode vangloriar de possuir a verdade absoluta, nem a santidade absoluta. A qualificação de Espírito de verdade não pertence senão a um só, e pode ser considerada como nome próprio; está especificada no Evangelho. Aliás, esse Espírito se comunica raramente e apenas em circunstâncias especiais. Devemos pôr-nos em guarda contra os que se adornam indevidamente com esse título: são fáceis de reconhecer, pela prolixidade e pela vulgaridade de sua linguagem

domingo, 12 de novembro de 2017

ESCLARECIMENTOS SOBRE A FAMÍLIA

Evidentemente o inconsciente coletivo demorará bastante tempo para conhecer e assimilar as revelações oferecidas pelo Espiritismo. Inclusive no que tange ao papel da família consanguínea no processo de evolução na dinâmica de nossa Dimensão. Na sequencia, duas duvidas interessantes esclarecidas pela Espiritualidade. 1- Se a organização da família obedece a um planejamento espiritual, como entender a gravidez fora do casamento? Dois seres descobrem um no outro, de maneira imprevista, motivos e apelos para a entrega recíproca e daí se desenvolve o processo de atração.  Inteligências que traçaram entre si a realização de empresas afetivas ainda no Mundo Espiritual, criaturas que já partilharam experiências no campo sexual em estâncias passadas, corações que se acumpliciaram em delinquência passional, noutras Eras, ou almas inesperadamente harmonizadas na complementação magnética, diariamente compartilham as emoções de semelhantes encontros, em todos os lugares da Terra. Positivada a simpatia mútua, é chegado o momento do raciocínio. Acontece, porém, que diminuta é, ainda, no Planeta, a percentagem de pessoas, em qualquer idade física, habilitadas a pensar em termos de autoanálise, quando o instinto sexual se derrama do Ser. É imperioso anotar, entretanto, em muitos lances da caminhada evolutiva do Espírito, a influência exercida pelas inteligências desencarnadas no jogo afetivo.  Referimo-nos aos parceiros das existências passadas, ou, mais claramente, aos Espíritos que se corporificarão no futuro lar, cuja atuação, em muitos casos, pesa no ânimo dos namorados, inclinando afeições pacificamente raciocinadas para casamentos súbitos ou compromissos na paternidade e na maternidade, namorados esses que então se matriculam na escola de laboriosas responsabilidades.  A doação de si mesmos à comunhão sexual, em regime de prazer sem ponderação, não os exonera dos vínculos cármicos para com os seres que trazem à luz do mundo. 2-Nesse caso a tarefa da maternidade/paternidade se assemelha a qualquer outra? As crianças confiadas na Terra ao nosso zelo são portadoras de aparelhagem neurocerebral completamente nova em sua estrutura orgânica, à feição de câmara fotográfica devidamente habilitada a recolher impressões. A objetiva, que na máquina dessa espécie é constituída por um sistema de lentes apropriadas, capazes de colher imagens corretas sobre recursos sensíveis, é representada na mente infantil por um espelho renovado em que se conjugam visão e observação, atenção e meditação por lentes da alma, absorvendo os reflexos das mentes que a rodeiam e fixando-os em si própria, como elementos básicos de Conduta. Os pequeninos acham-se, deste modo, à mercê dos moldes espirituais dos que lhes tecem o berço ou que lhes asseguram a escola, assim como a argila frágil e viva ante as ideias do oleiro.  Não podemos, pois, esquecer na Terra que nossos filhos, embora carreando consigo a sedimentação das experiências passadas, em estágios anteriores na gleba fisiológica, são companheiros que nos retomam transitoriamente o convívio, quase sempre para se reajustarem conosco, aos impositivos da Lei Divina, necessitados quanto nós mesmos, de provas e ensinamentos, no que tange ao trabalho da regeneração desejada. Tratá-los à conta de enfeites do coração será induzi-los a funestos enganos, porquanto, em se tornando ineficientes para a luta redentora, quando se lhes desenvolve o veículo orgânico facilmente se ajustam ao reflexo dominante das inteligências aclimatadas na sombra ou na rebeldia, gravitando para a influência do pretérito que mais deveríamos evitar e temer. Assim toda criança, entregue à nossa guarda, é um vaso vivo a arrecadar-nos as imagens da experiência diária, competindo-nos, pois, o dever de traçar-lhe noções de justiça e trabalho, fraternidade e ordem, habituando-a, desde cedo, à disciplina e ao exercício do bem, com a força de nossas demonstrações, sem, contudo, furtar-lhe o clima de otimismo e esperança.



sábado, 11 de novembro de 2017

ARREPENDIMENTO NA VISÃO DO ESPIRITISMO

Escolas religiosas tradicionais o veem como uma forma de isenção das culpas com que o Ser mergulha em processos depressivos ou afasta-se das venturas imaginadas no pós vida. Na continuidade o professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) oferece a visão do Espiritismo sobre o tema a partir dos argumentos lógicos de um leitor que diz: -Uma coisa, que não me convence, é o tal do arrependimento, porque existem pessoas que vivem uma vida descompromissada, fazem e aprontam, prejudicam os outros, chegam até a cometer crimes bárbaros e, depois, se penitenciam diante de uma igreja, acreditando que obtiveram o perdão e alcançaram a salvação, só porque passam a dizer que aceitam Jesus. Eu me pergunto como pode ser isso? Onde está o princípio da justiça? Será que Deus vai proteger somente aqueles que se dizem arrepender de seus pecados, depois de terem feito tanto mal? Como ficam suas contas passadas? E o mal que fizeram? Será que a fé é suficiente para apagar tudo isso, deixando vítimas amarguradas e revoltadas e prejuízos sem acerto de contas? Neste caso, seria vantajoso ser mal até o último dia e depois se arrepender. Gostaria de ter uma explicação sobre isso. O seu raciocínio está correto e bem colocado; na própria pergunta você já deu a resposta que procura. O Espiritismo traz no seu bojo o mais perfeito senso de justiça, que já se formulou em todas as épocas da Humanidade, tirado justamente da concepção ampla e profunda de Jesus sobre a vida moral. Não foi por outro motivo que o jurista cubano Fernando Ortiz, estudando pormenorizadamente Allan Kardec, lançou a obra "A FILOSOFIA PENAL DOS ESPÍRITAS" (Editora LAKE, S. Paulo), que merece ser lida não apenas por conhecedores do Direito, mas por todas as pessoas que querem penetrar mais a fundo o aspecto moral da Doutrina. Na obra espírita, os conceitos de culpa e mérito são fundamentais. Se somos seres dotados de vontade própria, se podemos aprender a dominar as nossas emoções e sentimentos, se temos capacidade de decidir, é porque Deus nos permitiu, caminhando pelos próprios pés, construir a vida que pretendemos, pelos caminhos que mais nos aprouver e, assim, assumir as consequências de nossos atos ou omissões, sempre respondendo por eles. O arrependimento ( conforme podemos ler na questão 990 e seguintes de O LIVRO DOS ESPÍRITOS é o primeiro passo da consciência que amadureceu, mas não representa, por mais sincero que seja, a quitação definitiva das "dívidas" contraídas ao longo de nossa experiência e, muito menos, a conquista do céu: cada um deve responder pelo que fez ou deixou de fazer. O perdão de Deus consiste nas oportunidades REPARAÇÃO dos prejuízos causados, etapa que vem depois do ARREPENDIMENTO, para quitar definitivamente a "dívida", ou contra pessoas ou contra a coletividade. Para o Espírito em evolução, o maior sofrimento sempre virá a partir do momento em que ele se arrepender do mal que fez ou do Bem que deixou de fazer (amadurecimento espiritual) , em forma de sentimento de culpa ou remorso, de modo que as contas a serem prestadas ou o tribunal que o julga não estão propriamente em Deus ou na pessoa de algum Juiz Supremo, mas na sua própria consciência que, cedo ou tarde, vai exigir e conseguir dele o retorno à vida para quitar dívida por dívida, para reparar prejuízo por prejuízo, de alguma forma, em algum tempo ou lugar. Portanto, a doutrina do arrependimento, aliado à fé, como meta única de salvação, sem a necessidade da reparação, é profundamente falha, porque não conserta a situação, não recupera o delinquente e não o coloca, portanto, em condições de compartilhar dos ideais superiores da vida num reino de amor e justiça, como aquele a que Jesus tanto se referiu.

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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

SUICÍDIOS - PREVISÃO ACERTADA

- E como se a destruição não marchasse bastante depressa, ver-se-ão suicídios multiplicando-se numa proporção incrível, até entre crianças. A afirmação/prognostico faz parte do resumo de várias conversas havidas com dois médiuns habituais nas relações de Allan Kardec em sonambulismo extático e que, ao despertar, não conservaram nenhuma lembrança. O conteúdo dessas informações foi reproduzido na REVISTA ESPÍRITA de outubro de 1866. Vivemos esse tempo com o suicídio tendo se transformado num problema de saúde publica segundo a OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, registrando-se hoje um suicídio a cada 45 segundos no Planeta. O Espiritismo tem muito a dizer sobre - e exemplificar - sobre esse procedimento. A seguir três respostas do Espírito identificado como São Luiz através do Sr. C., médium falante e vidente, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, na sessão do dia 12 de outubro de 1858: 1-. Por que o homem, que tem a firme intenção de se destruir, revoltar-se-ia à ideia de ser morto por um outro e se defenderia contra os ataques, no mesmo instante em que vai cumprir seu desígnio? – Porque o homem tem sempre medo da morte; quando se suicida, está superexcitado, tem a cabeça transtornada e realiza esse ato sem coragem nem temor e, por assim dizer, sem ter a consciência do que faz, enquanto que, se pudesse escolher, não veríeis tantos suicidas. O instinto do homem o leva a defender a própria vida e, durante o tempo que medeia entre o instante em que seu semelhante se aproxima para o matar e aquele em que o ato é cometido, há sempre um movimento de repulsão instintiva da morte que o leva a repelir esse fantasma, que não é apavorante senão para o Espírito culpado. O homem que se suicida não experimenta esse sentimento, porque está cercado de Espíritos que o impelem, que o auxiliam em seus desejos e lhe fazem perder completamente a lembrança do que não seja ele mesmo, isto é, dos pais e daqueles que o amam, bem como de uma outra existência. Nesse momento o homem é todo egoísmo. 2. Aquele que, desgostoso da vida, embora não querendo suicidar-se, deseja que sua morte sirva para alguma coisa, é culpável de a buscar no campo de batalha ao defender seu país? Sempre. O homem deve seguir o impulso que lhe é dado; qualquer que seja a carreira que abrace, seja qual for a vida que leve, é sempre assistido por Espíritos que o conduzem e dirigem, mau grado seu. Ora, intentar contra seus conselhos é um crime, visto estarem ali para nos dirigir e, quando queremos atuar de moto próprio, para nos auxiliar. Entretanto, se o homem, arrastado por seu próprio Espírito, quer deixar esta vida, logo é abandonado, reconhecendo mais tarde sua falta, ao ver-se obrigado a recomeçar outra existência. Para elevar-se, deve o homem ser provado; conter suas atitudes, pôr um entrave em seu livre-arbítrio seria ir contra Deus, e as provas, nesse caso, tornar-se-iam inúteis, porque os Espíritos não cometeriam faltas. O Espírito foi criado simples e ignorante. Para chegar às esferas felizes é preciso, pois, que progrida, eleve-se em ciência e em sabedoria, não sendo senão na adversidade que adquire um coração elevado e melhor compreende a grandeza de Deus. 3. Um dos assistentes observou que parece ter havido uma contradição entre essas derradeiras palavras de São Luís e as precedentes, quando ele disse que o homem pode ser impelido ao suicídio por certos Espíritos que a isto o excitam. Neste caso, cederia a um impulso que lhe seria estranho? – Não há contradição alguma. Quando disse que o homem impelido ao suicídio estava cercado de Espíritos que a isto o solicitavam, não me referia aos Espíritos bons, que fazem todos os esforços para o demover dessa ideia; isto deveria estar subentendido. Todos sabemos que possuímos um anjo guardião, ou, se quiserdes, um guia familiar. Ora, tem o homem o seu livre arbítrio; se, apesar dos conselhos que lhe são dados, persevera nesta ideia criminosa, ele a realiza e, para isso, é auxiliado pelos Espíritos levianos e impuros que o cercam e que se sentem felizes, por ver que ao homem, ou Espírito encarnado, falta coragem para seguir os conselhos de seu bom guia e, muitas vezes, dos Espíritos de parentes mortos que o envolvem, sobretudo, em semelhantes circunstâncias.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

SEXUALIDADE E ESPIRITISMO

Atualmente objeto de acaloradas discussões, a sexualidade em suas variações somente é avaliada do ponto de vista fisiológico e psicológico. Evita-se a introdução nas polemicas do aspecto espiritual que poderia efetivamente esclarecer a questão. Afinal, antes de surgirmos no Plano de vida em que nos situamos, estávamos Espíritos, presos aos efeitos das ações assumidas no passado na caminhada evolutiva. Oferecendo alguns elementos para reflexões, alinhamos alguns tópicos capazes de ajudar a formar uma base de entendimento, destacados de obras de indiscutível credibilidade.1- Espíritos são os seres inteligentes da Criação, a individualização do Princípio Inteligente (LE, 76/79) 2- O Espírito carrega um corpo que ajudou a formar por tempo determinado durante a reencarnação, não um corpo carregando um Espírito. 3- No seu início a criatura humana não tem senão instintos; mais avançada e extraviada, só tem sensações; mais instruída e purificada, tem sentimentos e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e revelações sobre-humanas. ESE) 4- Quando o Espírito concluiu uma prova, adquiriu conhecimentos que não mais perde (LE,118) 5- Instinto sexual é o amor em expansão.(EDM) 6- Nascer, viver, morrer; renascer ainda; progredir sempre. Tal é a Lei.  Revelando que o Espírito não tem sexo como o  entendemos dependendo a encarnação num corpo de homem ou de mulher das provas que ele tem de sofrer porque deve progredir em tudo, estando, portanto, a característica subordinada apenas ao corpo de que se servirá, o Espiritismo abre caminho para a solução de uma infinidade de problemas. Como explicar isso? Nos seres inferiores da Criação, o Princípio Inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida.  É de certa maneira um trabalho preparatório, como o de germinação, em seguida ao qual o Princípio Inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. (LE, 607ª) Começa para ele o período de humanidade, e com este a consciência do seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade de seus atos. (LE, 607ª) Nesse processo, o Princípio Inteligente gastou, desde os vírus e bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos quinze milhões de séculos, a fim de poder, como Ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar suas primeiras emissões do pensamento contínuo. (EDM, 6)   Essa caminhada é cumprida numa série de existências que precedem o período chamado Humanidade (LE), não sendo na Terra o ponto de partida da primeira encarnação humana, começando, em geral, nos Mundos ainda mais inferiores, podendo, contudo, ocorrer como exceção. (LE,607b) Como surge e se desenvolve a energia sexual denominada libido por Freud?  Resulta da caminhada do Principio Inteligente primeiro pelo Reino Vegetal onde as plantas, por milênios e milênios, ensaiaram e fixaram em flores os estames e pistilos, articulando, respectivamente elementos masculinos e femininos nas experiências do hermafroditismo. Em fase mais avançada já no Reino Animal, na condição de protozoário (microrganismos unicelulares) e metazoários (microrganismos multicelulares) vivencia a reprodução monogâmica. Posteriormente, nas espécies animais inferiores alterna o hermafroditismo e a unissexualidade, evoluindo o instinto sexual aperfeiçoando características na direção dos vertebrados. (EDM) Na criatura humana, representa não uma energia fixa da Natureza, trabalhando a alma, e sim uma energia variável da alma, com que ela trabalha a Natureza em que evolui, aprimorando a si mesma. Uma força do Criador na criatura, destinada a expandir-se em obras de amor e luz que enriqueçam a vida, igualmente condicionada à Lei de Responsabilidade, que nos rege os destinos.  (AR, 15)




sábado, 4 de novembro de 2017

CRENÇA E TOLERÂNCIA

Problema social responsável por desastres coletivos de consequências dolorosas do ponto de vista carmico, a intolerância religiosa continua a fazer vitimas no mundo a todo momento, especialmente em Países considerados pobres. O professor José Benevides Cavalcante, autor de FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA (eme),com a sobriedade costumeira esclarece uma dúvida sobre o tema na sequencia. Pondera os argumentos da pergunta: - Não posso me conformar com qualquer tipo de intolerância, porque acredito no ideal da liberdade. Mas, o que mais me choca é a intolerância religiosa, pois cada pessoa deve ter a sua crença e a sua maneira de encarar a vida. A história da Humanidade, porém, está marcada por essa terrível moléstia da intolerância em todos os tempos. Prova mais evidente disso foi a Igreja Católica. Eu, por exemplo, sou um céptico, e exijo que me respeitem como eu sou, assim como me sinto na obrigação de respeitar qualquer pessoa que pense diferente de mim. Gostaria muito de acreditar numa vida além desta, pois, fui criado numa família religiosa e nunca deixei de admirar meus pais pela crença que tiveram. Eles não conseguiram passá-la para mim e, infelizmente, nunca tive qualquer experiência que me desse motivo para crer. Quero saber se vocês tem alguma fórmula eficaz para isso. Você bem sabe, prezado leitor, que não há fórmula mágica para isso. Kardec já disse, em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO que "a fé não se prescreve". Isto quer dizer que ninguém tem o condão de passar sua própria fé para outra pessoa, pois a fé é um sentimento, não apenas uma informação, um pedido ou uma ordem. Portanto, não há receita, nem fórmula de transmiti-la. Mas, se você se propõe a buscá-la, certamente a encontrará, temos certeza disso. Você poderia perguntar o que nos leva a ter essa certeza. Respondemos que ela advém da sua postura de respeito às ideias alheias e defesa à liberdade de pensar. Quando a pessoa raciocina como você, é porque ama a Verdade, e não se importa em buscá-la, venha de onde vier; ela está desarmada de qualquer preconceito, está atenta para ouvir e aprender, para analisar e tirar conclusões, sem aquela preocupação em agradar ou desagradar a quem quer que seja. Allan Kardec foi muito criterioso, em sua obra, ao colocar essa questão da fé, até porque o Espiritismo se assenta sobre uma fé raciocinada e não sobre uma crença ingênua. Ele diz que "a fé não se impõe", mas se conquista, quando a pessoa se propõe a buscá-la. Contudo, não pense que para crer na vida além da morte você precise tão somente de ver o fenômeno ou de assistir a uma sessão mediúnica. Aliás, há um capítulo em O LIVRO DOS MÉDIUNS, que trata do "Método", abordando esta questão com muita propriedade. Kardec diz que o adepto do Espiritismo deve ser convencido pela razão e não pelos fatos extraordinários, aqueles que as religiões chamam de milagres. Para se conhecer o Espiritismo, portanto, a pessoa deve, primeiro se inteirar, da Filosofia Espírita e, no seu caso, começar pelo estudo de O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Antes de ver o fato, deve-se compreender a teoria. Os fatos em si não convencem ninguém. Se convencessem, como afirma o Prof. Henrique Rodrigues, médicos não fumariam.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O DIA DOS MORTOS

O número de dezembro de 1860 da REVISTA ESPÍRITA apresenta na seção DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS uma série de interessantes e reveladoras comunicações espirituais obtidas através de diferentes médiuns. Uma, referindo-se especificamente à sessão da Sociedade Espírita de Paris do dia 2 de novembro, relata que através da médium Srta. Huet, o Espírito Charles Nodier, solicitado a continuar o trabalho que havia começado em outra reunião, responde: -“Meus caros amigos, permiti que nesta noite vos fale de um outro assunto. Na próxima vez continuarei o trabalho começado. Hoje é uma data que nos é pessoalmente tão consagrada que chamamos vossa atenção sobre a morte e as preces reclamadas pela maioria dos que vos antecederam. Esta semana é um período de confraternização entre o Céu e a Terra, entre os vivos e os mortos. Deveis ocupar-vos de nós mais particularmente, e de vós também; porque, meditando sobre este pensamento de que em breve, para vós, como para nós, os vivos entoarão preces por vossa alma, deveis tornar-vos melhores. Conforme a maneira pela qual tiverdes vivido aqui embaixo, sereis recebidos perante Deus. O que é a vida, afinal de contas? Uma curtíssima migração do Espírito na Terra; tempo, entretanto, em que pode acumular um tesouro de graças ou preparar-se para tormentos cruéis.  Pensai nisso, pensai no Céu, e a vida, seja qual for a que levais, vos parecerá bem amena. Charles Nodier A respeito de sua comunicação, foram feitas ele as seguintes perguntas: 1- Hoje os Espíritos são mais numerosos nos cemitérios que normalmente? Nesta época ficamos mais à vontade junto aos nossos despojos terrenos, porque os vossos pensamentos, as vossas preces ali estão conosco. 2- Os Espíritos que, nesses dias, vêm aos seus túmulos, junto aos quais ninguém ora, sofrem por se verem desamparados, enquanto outros têm parentes e amigos que lhes trazem uma prova de lembrança?  – Não há pessoas piedosas que oram por todos os mortos em geral? Pois bem! essas preces alcançam o Espírito esquecido e são, para ele, o maná celeste, que tanto caía para o preguiçoso como para o homem ativo. A prece é para o conhecido, como para o desconhecido. Deus a reparte igualmente, e os Espíritos bons que delas não mais necessitam as devolvem àqueles a quem podem ser necessárias. 3- Sabemos que a fórmula das preces é indiferente; no entanto, muitas pessoas têm necessidade de uma fórmula para fixar as ideias. Nós vos seríamos gratos se ditásseis uma a propósito. Todos nos associaremos pelo pensamento, para aplicá-la aos Espíritos que dela possam necessitar. – Também o quero.  -“DEUS, CRIADOR DO UNIVERSO, DIGNAI-VOS TER PIEDADE DE VOSSAS CRIATURAS; CONSIDERAI AS SUAS FRAQUEZAS; ABREVIAI SUAS PROVAS TERRENAS, SE ESTIVEREM ACIMA DE SUAS FORÇAS; COMPADECEI-VOS DOS SOFRIMENTOS DOS QUE DEIXARAM A TERRA E LHES INSPIRAI O DESEJO DE PROGREDIREM PARA O BEM”. 4- Certamente aqui há vários Espíritos aos quais podemos ser úteis. Vamos pedir que se deem a conhecer.  – Que pedido fazeis! Ireis ser assaltados. 5- De modo algum nos apavoramos com isso. Se não pudermos ouvir a todos, o que dissermos para um servirá para os outros.  – Pois bem! Fazei o que vos ditar o coração. Tendo sido feito um apelo, sem designação particular, a um dos Espíritos presentes, que queria comunicar-se para reclamar nossa assistência, manifestou-se o de uma personagem muito conhecida, morta há dois anos, revelando sentimentos muito diversos dos que tinha em vida, e que se estava longe de suspeitar.

NAS ENTRELINHAS E ENTREVISTAS, INÍCIO DE NOVA ETAPA