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sexta-feira, 30 de abril de 2021

O FASCINANTE MUNDO DOS FLUIDOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 –“Emmanuel me disse que aquela senhora teve uma discussão forte com o marido, chegando quase a ser agredida fisicamente por ele. O marido desejou dar-lhe uma bofetada, não o fazendo por um recato natural. Contudo, agrediu-a vibracionalmente, provocando uma concentração de fluidos deletérios que lhe invadiram o aparelho auditivo, causando a dor de cabeça. Tão logo começou a reunião, Dr Bezerra colocou a mão sobre sua cabeça e vi sair de dentro do seu ouvido um cordão fluidico escuro, negro, que produzia a dor. Estava psicografando, mas, orientado por Emmanuel, pude acompanhar todo o fenômeno”. O comentário de Chico Xavier se refere a uma vivência quando ainda trabalhava no Centro Espírita Luiz Gonzaga, envolvendo cooperadora do grupo a que pertencia que compareceu para o trabalho em determinada noite, reclamando de forte for de cabeça num dos lados do rosto. Ainda sobre a relação fluidos/palavra, o médium lembra que certa vez, tendo saído atrasado para o trabalho por ter perdido a hora, caminhava apressadamente quando uma vizinha gritou-lhe o nome, e, tentando esquivar-se dizendo que a atenderia na hora do almoço, foi impedido por Emmanuel que lhe determinou voltasse e se inteirasse do problema. A senhora solicitava explicações sobre orientação dada por escrito pelo Dr. Bezerra de Menezes. Esclarecida a dúvida, retomou o caminho, percebendo que a mulher, alegre, despedindo-se, diz: - Obrigada,Chico!.Deus lhe pague!Vá com Deus!.. Neste instante, ouve o Benfeitor Espiritual sugerir: - Pare um pouco e olhe para trás.  Surpreso, observa uma massa branca de fluidos luminosos saindo da boca da irmã atendida, encaminhando-se para ele, entrando-lhe no corpo. Ouve ainda Emmanuel observar-lhe - “-Imagine se, ao invés de “Vá com Deus !”, dissesse magoada, “-Vá com o diabo”. De seus lábios estariam saindo coisas diferentes”. A questão dos fluidos foi substancialmente ampliada pelas observações e conclusões de Allan Kardec, sobretudo através das páginas da REVISTA ESPÍRITA, fundada e editada de janeiro de 1858 até sua desencarnação em 1869. Em artigo publicado em 1867, por exemplo, afirma que “o ar é saturado de fluidos conforme a natureza dos Espíritos (ou dos pensamentos dominantes)”. Consequentemente, “ambiente carregado de fluidos salutares ou malsãos exerce influência tanto sobre a saúde física como sobre a saúde moral”. Sendo assim, “em razão do seu grau de sensibilidade, cada indivíduo sofre a influência desta atmosfera, viciada ou vivificante”. Acrescenta que “pensamentos colhidos na fonte das más paixões - ódio, inveja, ciúme, orgulho, egoísmo, animosidade, cupidez, falsidade, hipocrisia, malevolência, etc -, espalham em torno de si eflúvios fluidicos malsãos que reagem sobre os que o cercam”. Comenta ainda que assim como  o “ar viciado é saneado com correntes de ar saudável, atmosfera com maus fluidos o é como fluidos bons. Como se percebe, o pensamento mais uma vez está por trás dos fenômenos do mundo dos efeitos. Kardec considera que “o pensamento age sobre os fluidos ambientes como o som age sobre o ar; esses Fluidos nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som”. Afirma que “os fluidos que emanam dos Espíritos (encarnados ou desencarnados) são mais ou menos salutares, conforme seu grau de depuração. As qualidades do fluido estão na razão direta das qualidades do Espírito encarnado ou desencarnado. Quanto mais elevados os sentimentos e desprendidos das influências da matéria mais depurado será seu fluido”. Já n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, na questão 70, alertara que “a quantidade de fluido vital se esgota; se transmite de um indivíduo para outro; que os órgãos do corpo estão, por assim dizer, impregnados de fluido vital, o qual dá a todas as partes do organismo uma atividade que as une em certas lesões e restabelece as funções momentaneamente suspensas; a quantidade de fluido vital não é fator absoluto para todos os seres orgânicos, variando segundo as espécies não sendo fator constante,  seja no mesmo indivíduo, seja nos indivíduos da mesma espécie, e , por fim, quando os seres orgânicos morrem, o fluido vital remanescente retorna à massa”. Estudos posteriores, revelaram também que “a matéria inanimada absorve potencialmente fluidos humanos, retendo toda espécie de vibrações e emanações físicas, psíquicas e vitais”. Convertem-se assim em agentes evocadores das impressões psicométricas, como Ernesto Bozzano mostra na obra ENIGMAS DA PSICOMETRIA (feb). Sendo assim, da mesma forma que a influência deixada num objeto por pessoa viva tem a virtude de por o sensitivo em relação com a subconsciência dessa pessoa, assim também a mesma influência, deixada nos objetos por uma pessoa desencarnada tem o poder de por o sensitivo em relação com esses registros fluídicos ou mesmo, até com o Espírito que as deixou neles gravadas. Dai o fato de roupas de uma pessoa desencarnada poder causar sensações desconfortáveis naquela outra que a passa a usar. A água e a exposição ao Sol, desimpregnam tais peças dessa energia chamada remanente.  Os alimentos também sofrem a influência dos fluidos de quem os manipula ou consome. A propósito da água fluidificada, o Espírito Emmanuel esclarece que “a água é dos corpos mais simples e receptivos da Terra (...). Alerta “que a água como fluido criador, absorve em cada lar, as características mentais dos seus moradores”. Confirma que “a água pode ser fluidificada de modo geral em benefício de todos e, se em caráter particular para determinado enfermo, é conveniente que o uso seja pessoal e exclusivo”. Recomenda que “se desejas, portanto, o concurso dos Amigos Espirituais na solução de tuas necessidades fisio-psíquicas ou nos problemas de saúde e equilíbrio dos companheiros, coloca o teu recipiente de água cristalina, à frente de tuas orações, espera e confia. O orvalho do Plano Divino magnetizará o líquido com raios de amor em forma de bênçãos”.


Uma senhora, ligou um tanto desanimada, questionando a sua fé. Ela conta que não soube lidar com uma situação do passado que até hoje a perturba. Ela gostaria de acreditar mais em Deus, até porque já viu muita gente passar por situação semelhante e vencer. Por que ela mesma não venceria?

  De fato, cara ouvinte, por que você não venceria?  Nessa questão de fé muitas pessoas ainda estão aferradas a uma ideia primitiva de Deus. Pensam que Deus é aquele rei severo e insensível que, lá no antigo testamento da bíblia, mandava castigar sem piedade os desobedientes e matar com crueldade os culpados. Rebaixam Deus a um ser humano desarvorado, que sempre perde o equilíbrio quando contrariado, assim como nós humanos, que ainda não sabemos nos compreender uns aos outros, sempre apontando culpados e os condenando ao sofrimento.

 O deus, porém, que Jesus proclamou com muita propriedade, não é esse deus; é o Deus-Pai que nos ama e que nos quer ver crescer para a vida, superando nossas próprias dificuldades para construir o reino dos céus no coração. De fato, não somos perfeitos, mas caminhamos para a perfeição. “Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito” – disse o mestre, estimulando-nos ao crescimento espiritual. Problemas e dificuldades fazem parte dessa escalada para a perfeição.

  Assim, não devemos simplesmente carregar culpas, achando que, por não termos sido felizes na solução de um problema, precisamos ser infelizes a vida toda. Devemos, sim, assumir nossos limites e nossos erros, prometendo a nós mesmos que, mais cedo ou mais tarde, vamos superá-los. Se não for agora, será depois; se não for nesta vida, será em outra.

 É por isso que a Doutrina Espírita nos vem ensinando a lei da reencarnação que, para nós, é a grande oportunidade para nos redimir dos males que praticamos ou mesmo dos erros que inadvertidamente vimos cometendo. Quem não erra? Quem não comete deslizes e depois se arrepende? Imagine você o que aconteceria para uma pessoa que cometesse um erro grave e morresse logo  em seguida. Que chance ela teria de se redimir, se a vida fosse uma só? Uma única vida não explicaria, nem mesmo, porque as crianças morrem tão cedo e os bons sofrem.

  Mas o fato de concebermos a reencarnação, cara ouvinte, não quer dizer que vamos nos acomodar ou adiar nossos compromissos, esperando que o tempo por si só resolva nosso problema. Não; é absurdo pensar assim. Protelar os compromissos é complicar nosso caminho e provocar novos problemas. Devemos começar já, agora, fazendo algo que nos possa preencher o vazio deixado pela culpa, nele colocando nossa cota de responsabilidade perante nós mesmos, perante nossas vítimas e perante a lei divina. Substituamos, portanto, o sentimento de culpa pelo sentimento de responsabilidade, pois é assim que caminhamos para a frente.

  Ainda não conseguimos atingir o patamar que Jesus nos traçou, o patamar do amor incondicional e desinteressado, da fraternidade pura, da solidariedade.  Ainda cultivamos sentimentos de aversão ou o indiferença em relação aos que mais precisam(encarnados ou desencarnados), principalmente se forem nossos desafetos ou inimigos. Ainda assim, procuremos não cultivar o ódio e, quando for para pensar em alguém, com quem não nos damos bem, pensemos nas dificuldades desse alguém, no sofrimento que também experimenta, nos seus dramas e nos seus conflitos, porque haveremos de achar um lugar em nosso coração para amá-lo como irmão; se não for agora, será depois – tudo depende de nossas intenções e de nosso esforço.

 Ainda uma vez, recordemos Jesus, quando disse: “Se amais somente os que vos amam, que fazeis nisso de especial? Não fazem também  assim as pessoas de má vida?. Amai, portanto, os vossos inimigos, fazei o bem os que vos perseguem e caluniam. Sede perfeitos, como vosso Pai celestial, que manda o sol para os bons e para os maus, que envia a chuva para os justos e para os injustos”. Conclusão: Ninguém está perdido, cara ouvinte. Somos todos filhos amados de um Pai misericordioso e perfeito.

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 29 de abril de 2021

FALSOS PROFETAS - PROBLEMA SEMPRE ATUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A questão das profecias estapafúrdias e das revelações fantásticas atribuídas a Espíritos desencarnados através de médiuns com nomes associados ao Espiritismo já era assunto nas páginas da REVISTA ESPÍRITA. Atualmente, basta a mediunidade mais pronunciada se tornar conhecida pelo seu portador para que ele se julgue infalível e porta voz de entidades que julga “donas da verdade”. Chico Xavier contava ter sido orientado em 1931, pelo guia espiritual Emmanuel logo no primeiro encontro que tiveram, a jogar fora toda a produção desde quando o jovem psicografara quatro anos antes, sua primeira mensagem, pois, até ali fizera parte apenas de seu treinamento. Para nos basearmos em informação confiável, no número de abril de 1860, Allan Kardec, desenvolve algumas considerações sobre carta recebida do amigo Sr Jobard, abordando a TEORIA DA FORMAÇÃO DA TERRA PELA INCRUSTAÇÃO DE VÁRIOS CORPOS PLANETÁRIOS. Dizendo-se não adepto da mesma apesar de ter sido dada em várias épocas por certos Espíritos e através de médiuns desconhecidos uns dos outros, salienta não passarem de hipóteses, até que dados mais positivos venham confirma-las ou desmenti-las. Destacando que sua posição geraria críticas do tipo não tendes confiança nos Espíritos e duvidais de suas afirmações” ou como inteligências desprendidas da matéria, não podem remover todas as dúvidas da Ciência e lançar a luz onde reina a obscuridade?, Allan Kardec pondera “ser esta uma questão séria, que se liga à própria base do Espiritismo, e que não poderíamos resolver no momento, sem repetir o que temos dito a respeito; acrescentaremos apenas algumas palavras, a fim de justificar nossas reservas. Para começar, responderemos que nos tornaríamos sábios muito facilmente se tratássemos apenas de interrogar os Espíritos para conhecer tudo quanto se ignora. Deus quer que adquiramos a Ciência pelo trabalho, e não encarregou os Espíritos de nô-la trazer preparada, favorecendo nossa preguiça. Em segundo lugar, a Humanidade, como os indivíduos, tem a sua infância, sua adolescência, sua juventude e sua idade viril. Encarregados por Deus de instruir os homens, devem pois, os Espíritos proporcionar-lhes ensinos para o desenvolvimento da inteligência; não dirão tudo a todos e, antes de semear, esperam que a Terra esteja pronta para receber a semente, a fim de fazê-la frutificar. Eis por que certas verdades que nos são ensinadas hoje não o foram aos nossos pais, que também interrogavam os Espíritos; eis por que, ainda, verdades para as quais não estamos maduros só serão ensinadas aos que vierem depois de nós. Nosso equívoco está em nos julgarmos chegados ao topo da escada, quando apenas nos achamos a meio caminho”. Observando que “os Espíritos podem instruir os de instruir os homens tanto se comunicando diretamente – como provam todas as histórias sagradas ou profanas -, quanto encarnando-se entre eles, para o desempenho das missões de progresso”, salienta que “não basta ser Espírito para possuir a Ciência universal, pois assim a morte nos faria quase iguais a Deus. Aliás, o simples bom senso se recusa a admitir que o Espírito de um selvagem, de um ignorante ou de um malvado, desde que separado da matéria, esteja no nível do cientista ou do homem de Bem. Isto não seria racional. Há, pois, Espíritos adiantados, e outros mais ou menos atrasados, que devem superar ainda várias etapas, passar por numerosas peneiras antes de se despojarem de todas as imperfeições. Disso resulta que, no mundo dos Espíritos, são encontradas todas as variedades morais e intelectuais existentes entre os homens e outras mais. Ora, a experiência prova que os maus se comunicam tanto quanto os bons. Os que são francamente maus, são facilmente reconhecíveis; mas há também os meio sábios, falsos sábios presunçosos, sistemáticos e até hipócritas. Estes são os mais perigosos, porque afetam uma aparência séria, de ciência e de sabedoria, em favor da qual proclamam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as mais absurdas coisa. E para melhor enganar, não receiam enfeitar-se com os mais respeitáveis nomes. Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da ciência espírita. Para superá-la, faz-se necessária uma longa experiência, conhecer todas as sutilezas de que são capazes os Espíritos de baixa classe, ter muita prudência, ver as coisas com o mais imperturbável sangue frio, e guardar-se principalmente contra o entusiasmo que cega. (...).  Mas infeliz do médium que se julga infalível, que se ilude com as comunicações que recebe: o Espírito que o domina pode fasciná-lo a ponto de fazê-lo achar sublime aquilo que, por vezes, é apenas absurdo e salta aos olhos de todos, menos os seus”.



Por que o Espiritismo se preocupa tanto com deveres, quando vivemos numa época em que os direitos das pessoas não são respeitados?

  O direito e o dever são faces de uma mesma moeda, caro ouvinte. Isso quer dizer que não existe um sem o outro. A cada direito corresponde um dever e vice-versa. Se não houver quem cumpra seu dever para com o próximo e para com a sociedade, não haverá também quem goze de seu correspondente direito. Desse modo, se focamos muito o direito, muita gente vai se esquecer do dever e, ao contrário, se focamos demais o dever parece que ninguém tem direitos. Nem uma coisa, nem outra. A realidade é o conjunto.

  Além do mais, em doutrina espírita, toda questão ético-moral deve ser tratada à luz da reencarnação; caso contrário, não vamos ter resposta para a maioria das questões, porque, focando apenas uma vida única sobre a Terra, parece que uns nasceram para dominar e só terem direitos, enquanto outros teriam nascido para serem dominados e só terem deveres. Pela reencarnação, contudo, vamos entender que nessa questão há alternâncias ao longo da História por causa da lei de causa e efeito.

  O posicionamento sobre esta questão fica muito claro, quando estudamos n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS as leis morais, que compreendem, ao mesmo tempo, vários capítulos, especialmente o capítulo intitulado “Lei de Justiça, de Amor e de Caridade”. Veja o que diz a questão 875: pergunta – “Como se pode definir a justiça?”; a resposta é clara e objetiva: “ A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um”. Quando todos os homens fizerem isso, não há haverá direitos desrespeitados. Isso é sinal de que todos cumpriram seus deveres.

 Cremos que não pode haver dúvida sobre isso. Mas, Allan Kardec vai mais além. Não basta o respeito; é necessário o amor. O respeito é o estrito cumprimento da lei humana; o amor é a observância da lei divina. “O critério da verdadeira justiça – afirma Kardec em nota à questão 876 – é, com efeito, desejar para os outros o que se desejaria para si mesmo, e não desejar para si o que se desejaria para os outros, o que não é a mesma coisa”.

 “Como não é natural querer o mal para si – continua Kardec na mesma nota  -  tomando seu desejo pessoal por modelo ou ponto de partida, se está certo de não desejar jamais apenas o bem para o próximo. Em todos os tempos e em todas as crenças, o homem sempre tem procurado fazer prevalecer seu direito pessoal. O sublime da religião cristã tem sido de tomar o direito pessoal por base do direito do próximo”.

  E, para concluir esta questão de direitos e deveres, que o Espiritismo deixa tão claro para os nossos dias, vamos citar na íntegra a questão 877 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Kardec pergunta: “A necessidade que o Ser humano tem de viver em sociedade acarreta-lhe obrigações particulares? 

 Resposta – “Sim, e a primeira dessas obrigações é a de respeitar o direito de seus semelhantes. Aquele que respeitar esses direitos será sempre justo. No vosso mundo, onde tantos homens não praticam a lei da justiça, cada um usa de represálias e é isso o que faz a perturbação e a confusão de vossa sociedade. A vida social confere direitos e impõe deveres recíprocos”.

 

quarta-feira, 28 de abril de 2021

BEM JUNTO DE NÓS ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

A certa distância, surgia a Terra, não na forma esférica, porque nos achávamos não longe da Crosta, mas como paisagem além, a interpenetra-se nas extensas regiões espirituais. O Sol resplandecia, rumo ao poente, como enorme lâmpada de ouro (...). Indiferentes à nossa presença, os transeuntes passavam apressados, de mente chumbada aos problemas de ordem material. Buzinavam ônibus repletos(...). No longo percurso, através de ruas movimentadas, surpreendia-me, sobremaneira, por se me depararem quadros totalmente novos. Identificava, agora, a presença de muitos desencarnados de ordem inferior, seguindo os passos de transeuntes vários, ou colados a eles, em abraço singular. Muitos dependuravam-se a veículos, contemplavam-nos outros, das sacadas distantes. Alguns, em grupos, vagavam pelas ruas, formando verdadeiras nuvens escuras que houvessem baixado repentinamente ao solo. Assustei-me. Não havia anotado tais ocorrências nas excursões anteriores ao círculo carnal (...). Não dissilumalava, entretanto, minha surpresa. As sombras sucediam-se umas às outras e posso assegurar que o número de entidades inferiores, invisíveis ao homem comum, não era menor, nas ruas, ao de pessoas encarnadas, em contínuo vaivém(...). Receios imprevistos instalavam-se-me nalma, desagradáveis choques íntimos assaltavam-me o coração, sem que lhes pudesse localizar a procedência. Tinha a impressão nítida de havermos mergulhado num oceano de vibrações muito diferentes, onde respirávamos com certa dificuldade”. O relato pertence ao Espírito André Luiz e descreve no livro OS MENSAGEIROS (feb,1944), sua primeira incursão em nossa Dimensão com fins de observação e aprendizado. Propicia-nos uma ideia da intensa influência do Plano dos desencarnados sobre todos nós, momentânea e circunstancialmente encarnados. Como revelado a Allan Kardec e, ele a nós, n’ O LIVROS DOS ESPÍRITOS. Mais informações interessantes nos fornece o médico Waldo Vieira que no período 1959/1966, desenvolveu profícuas atividades no campo da mediunidade na cidade de Uberaba (MG), construindo importantes obras juntamente com Chico Xavier. Em 1980, após anos de silenciosa ausência, ressurgiu com a publicação do livro PROJEÇÕES DA CONSCIÊNCIA – diário de experiência fora do corpo físico (lake), com que lançava as bases da PROJECIOLOGIA, técnica da pratica de desprendimentos do corpo físico com lucidez. Mais de 60 experiências efetuadas ao longo de um semestre são relatadas, mostrando a interatividade entre os diferentes Planos Existenciais.  Destacamos um que exemplifica como é forte a presença espiritual em nossas vidas. Relata ele: “- 28/11/79, quarta-feira(..). O Espírito José Grosso avisou-me categoricamente que haveria uma projeção consciente relatável assim que me deitasse(...). Ao deixar o corpo físico, a minha consciência despertou de imediato junto de uma entidade desencarnada que informou que iríamos dar um giro aqui no Rio mesmo. Em momentos, deixávamos o edifício do apartamento e saiamos observando as ocorrências na rua e no trânsito. Estava ainda claro. Pela primeira vez percebi diversos espíritos desencarnados andando nos carros junto com os encarnados, perto do motorista, inclusive num posto de gasolina e dentro de um bugre com jovem casal dentro. Alguns encarnados transitavam acompanhados por um ou mais Espíritos desencarnados intimamente relacionados, formando na verdade “pessoas conjugadas” nos processos visíveis de obsessão. Um rapaz falava alto dentro de um automóvel aberto, impulsionado por uma entidade aderida à ele. Impressionante assistir ao fenômeno da influenciação às claras, friamente, sem quaisquer subterfúgios ou envolvimento da matéria. Meu Deus, como as pessoas podem ser influencidas. Que coisa inverossímil! Isso é pior do que sempre pensei. O obsessor é um verdadeiro dreno vibratório. Incrível o fato, só vendo a interrelação “interpessoal”, justaposição perfeita ou imantação da entidade humana e da desencarnada. Um verdadeiro assalto corpo-a-corpo, vivo e atuante, fazendo lembrar a coexistência ou coincidência existente entre o psicossoma do encarnado e o seu próprio físico. Não sei se foi a possibilidade de visualização ampliada fora do físico, mas estava distinguindo tudo entre as duas criaturas ‘soldadas’ uma na outra. Na psicosfera do rapaz, o desencarnado era um homem de meia idade alimentando-se com a mente desprotegida do jovem encarnado dos seus 25 anos, louro, forte, espadaúdo, queimado de praia, falando, ou sendo ‘falado’ pelos pensamentos inoculados, em altos gritos e gesticulando muito com os braços erguidos nas brincadeiras aparentemente naturais com os amigos em outros carros, ao ar livre. Até que ponto haveria a influência dos tóxicos nesse caso de obsessão? Dali deslizamos para outros locais, e muitas minúcias associadas à projeção(...) foram prejudicadas na minha memória, pela poderosa reação emocional causada pelo fato de presenciar o processo íntimo da obsessão declarada em plena atividade”. 


Deparamos com o seguinte comentário:  “Ninguém quer adoecer e muito menos morrer. O mesmo não queremos para as pessoas que amamos ou respeitamos. Isso é muito humano. Porém, aprendemos que esta não é a vida verdadeira. Ela é passageira e às vezes muito breve, como ensina a Doutrina Espírita. Nós não nos conformamos com isso e queremos que Deus nos cure de toda doença e nos salve da morte. Por isso vamos atrás de milagres. Por que temos tanta dificuldade de aceitar a vida como ela é, sabendo que doença e morte fazem parte de nossa experiência na Terra?”

 Mesmo sabendo que esta vida é passageira e que, em alguns meses ou anos, não estaremos mais aqui – ainda assim – a regra é viver o máximo possível, pois esse apego à vida física faz parte do mecanismo da natureza. É o que acontece com os vegetais e os animais, que lutam até suas últimas forças para sobreviver: sobreviver é lei da vida. Observando a lei da sobrevivência é que Charles Darwin chegou à teoria da evolução. Logo, esse impulso para superar a doença e vencer a morte é um mecanismo de que a natureza lança mão para preservar a vida. Encontramos este tema em O LIVRO DOS ESPÍRITOS de Allan Kardec, capítulo “Lei de Conservação”.

Não fosse assim, ou seja, se não déssemos à vida biológica seu justo valor, a tendência seria adoecer e morrer com facilidade ou, então, o que é pior, pôr fim à própria vida. E, se assim fosse, não viveríamos o tanto quanto é necessário em cada existência para o Espírito cumprir sua tarefa educativa aqui na Terra. Logo, a vida física ou biológica não é apenas necessária, mas ela é imprescindível à nossa evolução. Devemos dar a ela o devido cuidado para não desperdiçarmos oportunidades.

 Assim, quando somos acometidos por alguma doença, procuramos uma forma de nos curar, até porque não sabemos o quanto nos resta de vida. Se descuidamos, podemos morrer antes do tempo aprazado ou comprometer a saúde de tal maneira que ficaremos impedido de cumprir a missão para a qual nascemos, por negligência ou falta de cuidado. O mesmo em relação à morte.

Agora mesmo, neste tempo de pandemia, estamos vivendo um momento importante para aprendermos a valorizar a vida. Se não nos defendermos desse vírus, se facilitarmos sua propagação – não só em nosso prejuízo, mas em prejuízo de toda a população, poderemos partir antes do tempo e levar muita gente conosco, o que significa “na linguagem de André Luiz”, para cada um de nós, provocar um suicídio ou um homicídio indireto. Além dos cuidados recomendados pelas autoridades sanitárias, temos agora a vacina, que chega a tempo de salvar muitas vidas.

 No entanto, se apesar de nossos esforços, assim mesmo não conseguirmos debelar a enfermidade ou impedir que a morte ocorra, é porque estávamos destinados a viver menos ou a sofrer mais com o impacto da doença. É natural, portanto, que as pessoas procurem se curar, evoquem Deus na hora difícil e queiram se safar da morte. Trata-se, portanto, de um impulso natural de preservação, sustentado pelas leis da natureza.

 Este é um lado da questão.  Contudo, além disso, há as limitações espirituais de cada um, o medo da doença e o pavor da morte, próprio de quem ainda não adquiriu a necessária convicção nas leis da vida. Logo, é perfeitamente legítimo que as pessoas procurem os meios de se curar, até mesmo a cura espiritual, que muitas vezes ocorre, para despertá-las para o amplo significado da vida, para a certeza da imortalidade e para a concepção de um Deus justo e misericordioso. A vida na Terra está em nossas mãos.

 Curar-se de uma doença, no entanto, não significa uma cura definitiva – sabemos disso.  A verdadeira cura é a cura do espírito e não a do corpo. Muitos não foram curados por Jesus e aqueles que o foram curados todos morreram. A cura do corpo pode ser um meio de despertar a pessoa para Deus, mas quando ela não vem e se prolonga indefinidamente até a morte, por mais esforços que se faça para alcançá-la, é porque essa experiência tem um sentido espiritual profundo para o qual o espírito precisa despertar o quanto antes.

 A nossa ânsia de viver, portanto, faz parte da vida. André Luiz, no livro OBREIROS DE VIDA ETERNA, ao narrar a morte e a desencarnação do personagem  Dimas, descreve com detalhes a extraordinária luta que o corpo empreende para não morrer. Os instrutores espirituais nos chamam a atenção para isso.

Em séculos passados, o valor do corpo foi subestimado por várias ordens religiosas que pregavam o sacrifício físico como condição para a salvação da alma. Hoje sabemos, por intermédio do Espiritismo, que o nosso corpo tem um valor inestimável para a evolução do Espírito, mas isso não quer dizer que ele seja mais importante. “Amai vossa alma, mas cuidai também de vosso corpo”- afirma o Espírito Georges n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.


 

terça-feira, 27 de abril de 2021

ANTROPOFAGIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Vez ou outra circulam pela mídia impressa e eletrônica, noticias sobre a descoberta de crimes cometidos por serial-killers que além da violência imposta a suas vítimas, acabam devorando parte dos seus corpos por eles  fragmentados. Muitas possíveis explicações são cogitadas para gestos tão extremos. O Espiritismo tem sua visão própria sobre tais fatos e, na REVISTA ESPÍRITA de fevereiro de 1866, encontramos comentário de Allan Kardec sobre o que se poderia chamar de recrudescimento da prática nalgumas ilhas do Oceano Pacífico, mais especificamente pertencentes à Oceania. A informação, publicada no jornal Le Monde, dá conta que em um ano toda a tripulação de quatro navios foram devorados pelos antropófagos das Novas Híbridas (hoje, Arquipélago das Vanuatu), da baia de Jérvis ou da Nova Caledônia, obrigando o almirantado inglês expedir às cidades marítimas que fazem armamentos para a Oceania uma circular aconselhando aos capitães de navios mercantes a tomar todas as precauções necessárias para evitar que suas tripulações sejam vítimas desse horroroso costume. Como explicar o comportamento de seres humanos capazes de devorar seus semelhantes? Segundo Allan Kardec, o “Espiritismo lhe encontra a mais simples solução, e a mais racional, na LEI DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS, a que todos os seres estão submetidos, e, em virtude da qual progridem. Assim a alma dos antropófagos ainda estão próximas de sua origem, as faculdades intelectuais e orais são obtusas e pouco desenvolvidas e nelas, por isso mesmo, dominam os instintos animais. Allan Kardec observa, porém, que “essas almas não estão destinadas a ficar perpetuamente nesse estado inferior, que as privaria para sempre da felicidade das almas mais adiantadas. Crescem em raciocínio; esclarecem-se, depuram-se, melhoram, instruem-se em existências sucessivas. Revivem nas raças selvagens, enquanto não ultrapassarem os limites da selvageria. Chegadas a certo grau, deixam esse meio para encarnar-se numa raça um pouco mais adiantada; desta a uma outra e assim por diante, sobem em grau, em razão dos méritos que adquirem e das imperfeições de que se despojam, até atingirem o grau de perfeição de que é suscetível a criatura. Segundo ele, “a via do progresso a nenhuma está fechada; de tal sorte que a mais atrasada das almas pode pretender a suprema felicidade. Mas uma, em virtude do seu livre arbítrio, que é o apanágio da Humanidade, trabalham com ardor por sua depuração e sua instrução, em se despojar dos instintos materiais e dos cueiros da origem, porque a cada passo que dão para a perfeição veem mais claro, compreendem melhor e são mais felizes. Essas avançam mais prontamente, gozam mais cedo: eis a sua recompensa. Outras, sempre em virtude de seu livre arbítrio, demoram-se em caminho, como estudantes preguiçosos e de má vontade, ou como operários negligentes; chegam mais tarde, sofrem mais tempo; eis a punição ou, se se quiser, o seu inferno. Assim se confirma, pela pluralidade das existências progressivas, a admirável Lei da Unidade e de Justiça, que caracteriza todas as obras da Criação. Comparai esta Doutrina com outras, sobre o passado e o futuro das almas e vede qual a mais racional, mais conforme a Justiça Divina e que melhor explica as desigualdades sociais. Seguramente a antropofagia é um dos mais baixos degraus da escala humana na Terra, porque o selvagem que não mais come o seu semelhante já está em progresso. Mas de onde vem a recrudescência desse instinto bestial? É de notar, de saída, que é apenas local e que, em suma, o canibalismo desapareceu em grande parte da Terra. É inexplicável sem o conhecimento do Mundo Invisível e de suas relações com o Mundo Visível. Pelas mortes e nascimentos, alimentam-se um do outro, se derramam um no outro. Ora, os homens imperfeitos não podem fornecer no Mundo Invisível almas perfeitas e as almas perversas, encarnando-se, não podem fazer senão homens maus. Quando as catástrofes, os flagelos atingem de uma vez grande número de homens, há uma chegada em massa no mundo dos Espíritos. Devendo essas almas reviver, em virtude da lei da natureza, e para o seu adiantamento, as circunstâncias podem igualmente trazê-los em massa de volta para a Terra. O fenômeno de que se trata depende, pois, simplesmente da encarnação acidental, nos meios ínfimos, de um maior número de almas atrasadas, e não da malícia de Satã, nem da palavra de ordem dada ao povo da Oceania. Ajudando o desenvolvimento do senso moral dessas almas, durante a vida terrena, o que é missão dos homens civilizados, elas melhoram. E quando retomarem uma nova existência corpórea para progredir ainda, serão homens menos maus do que foram, mas esclarecidos, de instintos menos ferozes, porque o progresso realizado não se perde nunca. É assim que gradualmente se realiza o progresso da Humanidade.

Li uma reportagem falando de uma pesquisa com jovens numa universidade.  A preocupação era com o uso de drogas e álcool. A pesquisa estudou centenas de estudantes, tanto os que usavam drogas como os que não usavam e, ao final, concluiu que a maioria dos estudantes que não usavam droga nem álcool tiveram educação religiosa quando criança, participando com seus pais de atividades e liturgias. Gostaria que falassem sobre isso.  (Ronaldo)

  Parece que existem vários estudos nesse sentido, relacionando dependência de álcool e drogas em jovens com a forma como foram educados na infância.   Nesse sentido encontramos um estudo da doutora Michelle Porche da Universidade Chester, no Reino Unido.  Os pesquisadores concluíram que uma infância religiosa contribui para que o futuro jovem não tenha comportamentos de risco e acrescenta que “a religiosidade pode ser especialmente protetora durante o período de transição da adolescência à fase adulta”.

 A pesquisa não se refere apenas ao fato de o jovem crer em Deus ou aceitar sua religião, mas ao fato de ter uma participação direta na vida religiosa, como celebrações, cultos, missas, etc.  Esses pais, não só participavam ativamente da religião que professavam, mas levavam ou estimulavam seus filhos a participar. Aliás, é assim que funciona a educação. A melhor forma de ensinar é promover um ensino ativo, principalmente na idade infantil.

 No meio espírita, por exemplo, a grande preocupação dos pais deveria ser de encaminhar, desde cedo, a criança para atividades de evangelização. Mas não somente isso. Os pais devem ser os primeiros a dar exemplo de religiosidade, não apenas participando de reuniões, estudos e palestras, mas procurando um meio de prestar serviços nas atividades sociais do centro. É muito fácil entender a importância da caridade; o difícil, porém, é colocar a caridade em ação.

Para isso os centros espíritas, geralmente, promovem uma série de atividades além do estudo da doutrina. Serviços é que não faltam: desde o atendimento espiritual a pessoas necessidades de apoio, reconforto e orientação, até atividades sociais em favor de pessoas e famílias que passam por dificuldades financeiras. Esta fase de integração dos pais nas atividades do centro, porém, tem muito a ver com a educação que eles pretendem dar aos filhos.

 A caridade, no sentido amplo que o Espiritismo dá a essa palavra, não é apenas dar o pão material, mas sobretudo exercitar o amor no dia a dia, principalmente no seio da própria família. A criança, que ouve falar de amor, também precisa presenciar dentro de casa atitudes coerentes com o sentido amplo dessa palavra. Respeito, cooperação, tolerância e compreensão por parte dos adultos são atitudes que exercem influência nas crianças.

 É por meio delas que a criança encontra apoio moral nos pais e, adquirindo segurança e  auto-domínio, aprendem a respeitá-los e amá-los de verdade. Com o passar dos anos, elas também se integram cada vez mais nas atividades do centro, participando inclusive da mocidade espírita, alimentam uma fé sólida e racional, e aprendem a se preservar dos perigos a que muitas vezes se veem expostas no meio social.


segunda-feira, 26 de abril de 2021

AS REVELAÇÔES DE HUMBERTO DE CAMPOS, O IRMÃO X; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Nas centenas de páginas psicografadas através do médium Chico Xavier – a maior parte enfeixadas em dezenas de livros -,, o escritor e jornalista Humberto de Campos, além de oferecer-nos ensinamentos de rara beleza literária/espiritual, repassou interessantes revelações evidenciando a realidade da reencarnação e sua interrelação com a Lei de Causa e Efeito.  No livro CRÔNICAS DE ALÉM TUMULO (feb,1937), no texto em que relata visita a Jerusalém, dialogando com o próprio Espírito conhecido com Judas Iscariotes, por ocasião da Semana Santa de 1935, descobre ter ele resgatado suas dívidas em relação à prisão, julgamento, condenação e morte de Jesus, em “uma fogueira inquisitorial no século XV, onde, imitando o Mestre, foi traído, vendido e usurpado”, na personalidade de Joana D’Arc, a grande missionária que mudou a Historia da França, salvando-a das negociatas políticas que a transformariam em parte do território inglês, preservando as matrizes genéticas que permitiriam a reencarnação séculos depois de grandes pensadores que originaram o movimento conhecido hoje como Iluminismo. No BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO (feb, 1938), revela, entre outras coisas, que José Bonifácio de Andrada e Silva retornaria, posteriormente, como Rui Barbosa e José de Anchieta como o português João Barbosa, notabilizado como Frei Fabiano de Cristo. No PONTOS E CONTOS (feb, 1950), apresenta o exemplo de “um renomado advogado apelidado nos círculos de convivência comum, de “grande cabeça”. Talento privilegiado, não vacilava na defesa do mal, diante do dinheiro, torturando decretos, ladeando artigos, forçando interpretações, acabando sempre em triunfo espetacular. Sentindo-se a suprema cabeça em seu círculo, com a última palavra nos assuntos legais, encontrou um dia a morte, despertando além dela, envolto em extensa rede de compromissos que lhe deformaram de tal forma a cabeça que não conseguia colocar-se na posição de equilíbrio normal, atormentado pelas vítimas ignorantes e sofredoras”. A forma encontrada para re-harmonizar seus órgãos da ideia atacados pela hipertrofia do amor próprio, foi interná-lo num corpo físico na Dimensão mais material, reencarnado nos tristes quadros da hidrocefalia. No CONTOS E APÓLOGOS (feb, 1957), mostra a origem de um fenômeno teratológico de um único corpo sustentando duas cabeças, ambas unidas por débitos nascidos em encarnação anterior em que uma impediu o renascimento da outra através da infeliz opção do aborto. Na mesma obra, a história “registrada na ante-véspera do Natal de 1956, em que  apagada mulher, ao tentar salvar dois filhos de inesperada inundação que lhe submergia o barraco que habitava em Passa Quatro (MG), acaba sendo tragada pelas águas do alagamento que se formara. A pobre infeliz de hoje, era a rica fazendeira que na ante-véspera do Natal de 1856, obrigara escrava de sua propriedade, se lançar nas águas transbordantes do Rio Paraiba, ao ouvir-lhe a confissão de que suas duas “crias”, eram também do filho da Sinhá que retornara de repousante estadia na Corte”. No CONTOS DESTA E DOUTRA VIDA ( feb, 1964), revela que  grande parte dos renascidos a partir de meados da década de 50, ostentando deformidades em braços, pernas, orelhas, mãos, lavraram tal sentença contra si mesmos, nas violentas ações usurpadoras nas áreas de confinamento reservadas para judeus, em países europeus, protegidos pela condição de soldados do exército nazista”. Por fim, no CARTAS E CRÔNICAS (feb, 1966), o esclarecimento sobre a origem da trágica morte coletiva de centenas de pessoas, crianças e adultos, na tarde de 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói (RJ), minutos antes do término do espetáculo de estreia do Grand Circo Americano: resultara das lamentáveis das ideias nascidas e implementadas por eles, no ano 177 DC na arena do  circo, na cidade de Lião, antiga Gália – hoje, França -, no sentido de entreterem de forma original autoridade ligada ao Imperador Marco Aurélio, vendo queimar em desespero, cristãos, adultos e crianças, aprisionados na madrugada anterior.



 Esta questão, de que vamos tratar agora, surgiu de uma discussão sobre as consequências de nossos atos. A dúvida é a seguinte:  “Quando praticamos um ato que prejudica alguém, nós vamos responder perante Deus. Mas, quando fazemos o mal sem querer, quando prejudicamos uma pessoa sem saber que estamos prejudicando, será que vamos responder também pelo nosso erro ou, nesse caso,  Deus nos perdoa porque não houve intenção?

  Na lei humana existe uma figura semelhante. Se, por exemplo, um motorista atropela um pedestre com seu carro, tudo leva a crer que foi apenas um acidente. Supondo que o motorista estava com sua situação regular, que não estava embriagado, que o pedestre foi pego de surpresa e que, portanto, o motorista se atrapalhou e causou o acidente. Assim mesmo, ainda lhe cabe o que chamamos de responsabilidade civil.

O simples fato de ser proprietário e conduzir o veículo representa em si um risco de atropelar alguém ou de causar algum outro tipo de dano pelo qual vai ser responsabilizado. Como não praticou o ato voluntariamente, só poderá ser indiciado por culpa e não por dolo. Dolo é quando há intenção de cometer o ato, ou seja, quando há má intenção. Com certeza, será responsabilizado pelos danos.

A lei humana caminha paralelamente à lei divina, pois a lei humana vem se aperfeiçoando ao longo dos séculos para o fiel cumprimento da justiça. Na lei de causa e efeito – que é a  lei natural ou lei de Deus -  tudo (absolutamente tudo) é computado, até quando não houver intenção de prejudicar.  Mas este ato involuntário, evidentemente, por não ter sido intencional, não foi mau em si. O erro pode ter decorrido simplesmente da ignorância ou mesmo da distração do motorista – na lei penal, se diz da imprudência, da negligência ou da imperícia do agente. 

Vamos para um exemplo prático. Quero ajudar alguém, me esforço para isso, mas minha intervenção, ao invés de ajudar, prejudica a pessoa. Na lei natural as consequências já começam a se manifestar automaticamente. Primeiro, o desapontamento, a decepção comigo mesmo – uma dor moral seguida por um sentimento de culpa. Como não houve intenção de prejudicar – mas, ao contrário, o objetivo era ajudar -  eu não vou sofrer neste caso  a acusação direta de minha consciência, mas vou lastimar o erro que cometi.

Imprudência? Negligência? Possivelmente sim. Talvez eu tenha sido muito afoito. Na ânsia de ajudar, fui levado pela forte emoção, sem usar a razão para me assegurar da verdade. Talvez quisesse resolver o problema sozinho, sem pedir ajuda, sem ouvir a opinião de pessoas mais experientes. Talvez me faltasse competência para fazer o que deveria. De qualquer forma, essas questões poderão aflorar em minha consciência como uma resposta da lei de causa e efeito, cobrando-me – não a intenção, que foi boa – mas a prudência que não soube usar.

No estágio evolutivo em que nos encontramos, caros ouvintes, não é raro a pessoa errar por ignorância ou imprudência, ou até por negligência. No entanto, o importante numa situação como essa, em que qualquer um de nós pode se encontrar (porque não somos perfeitos), não é ficar lastimando o erro cometido ou se culpando por não ter agido corretamente. O importante é que essa decepção nos sirva de lição e, a partir de então, assumamos a responsabilidade, tentando corrigir o erro ou ser útil de outra maneira. Eis como funciona a lei de causa e efeito. 


domingo, 25 de abril de 2021

TEMA POLÊMICO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A consulta foi objeto de matéria na REVISTA ESPÍRITA, edição de maio de 1858. Um assinante da mesma expôs duvida originada na comunicação espiritual do Espírito de sua esposa com que manteve harmônico relacionamento ao longo de vários anos, com o qual tivera seis filhos. Aproximando-se de grupo praticante das comunicações interdimensionais, descobrira que sua querida esposa encontrava-se feliz no Plano Espiritual, trabalhando pela felicidade dos que deixara em nossa Dimensão. Ocorre que num dos contatos estabelecidos, ouvira da esposa que a bondade e a honestidade que os caracterizava tinha sido a responsável pela convivência equilibrada, visto nem sempre terem o mesmo ponto de vista nas diversas circunstâncias da vida em comum, não sendo, todavia, metades eternas, união rara na Terra, embora pudessem ser encontradas. Indagada sobre se via sua metade eterna, respondeu que sim, estando encarnado como um pobre diabo na Ásia, devendo se reunir novamente na Terra mesmo, só daí a 175 anos, segundo o calendário terreno. Sugeriu então ouvisse duas entidades de nome Abelardo e Heloísa sobre a questão que afirmaram estar ligados desde Eras remotas, amando-se profundamente, embora conservando sua individualidade, unindo-se pela Lei da Afinidade, sem conotações sexuais, visto que na essência essa característica não existe. Em seus esclarecimentos informaram ainda que não existem almas criadas duplas; ser impossível duas almas reunir-se na Eternidade formando um todo; que ambos desde sua origem eram duas almas perfeitamente distintas, embora sempre unidas; que as criaturas humanas acham-se nas mesmas condições conforme sejam mais ou menos perfeitos; sobre as almas serem destinadas a um dia se unirem a uma outra, que cada Espírito tem a tendência para procurar um outro Espírito que lhe seja semelhante, fenômeno denominado simpatia. O desejo do missivista por maiores esclarecimentos sobre a Teoria das Metades Eternas foi submetido por Allan Kardec ao dirigente espiritual das reuniões da Sociedade Espírita de Paris, através de sete perguntas, respondidas da seguinte forma: 1- Inexiste a figura da metade predestinada desde sua origem a se unir fatalmente. Não existe uma união particular, mas em graus diferentes, segundo a posição que ocupam, isto é, segundo a perfeição adquirida: quanto mais perfeitos, mais unidos. Da discórdia brotam todos os males humanos; da concórdia, a felicidade completa. 2- A expressão metade é inexata. Se um Espírito fosse metade de outro e dele separado, seria incompleto. 3- Todos os Espíritos que chegaram à perfeição, estão unidos entre si. Nas Esferas Inferiores, quando um Espírito se eleva não é mais simpático àqueles que deixou. 4- A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de suas inclinações e de seus instintos. Se um devesse completar o outro, perderia sua individualidade. 5- A identidade necessária à simpatia perfeita não consiste na similitude de pensamentos e de sentimentos nem na uniformidade de conhecimentos adquiridos, mas na igualdade do grau de elevação. 6- Os Espíritos que hoje não são simpáticos poderão sê-lo mais tarde. Todos, o serão. Assim, o Espírito que hoje se acha em tal Esfera inferior alcançará, pelo aperfeiçoamento, a Esfera onde reside o outro. Seu encontro dar-se-á mais prontamente se o Espírito mais elevado, suportando mal as provas a que se submeteu, demorou-se no mesmo estado. 7- Dois Espíritos simpáticos poderão deixar de o ser, se um deles for preguiçoso. Comentando o apurado, Allan Kardec acrescenta: -“A Teoria das Metades Eternas é uma figura referente à união de dois Espíritos simpáticos; é uma expressão usada mesmo na linguagem comum, tratando-se dos esposos, e que não se deve tomar ao pé da letra. Os Espíritos que dela se serviram certamente não pertencem a mais alta ordem: a Esfera de seus conhecimentos é necessariamente limitada e eles exprimiram o pensamento em termos de que teriam se servido na vida corpórea. É, pois, necessário rejeitar esta ideia de que dois Espíritos, criados um para o outro, um dia deverão unir-se na Eternidade, depois de terem estado separados durante um lapso de tempo mais ou menos longo”. O resultado obtido com a consulta, está incluído da edição definitiva d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, das questões 291 a 303a, publicado em 1860. Como se vê, a tese das chamadas “almas gêmeas”, encontra objeção não só nos argumentos apresentados pelos Espíritos Abelardo e Heloísa, como nos de São Luiz, sensata e sobriamente comentados por Allan Kardec. A sustentação de tal teoria naturalmente resulta da falta de um estudo mais aprofundado e meditado do conteúdo do Espiritismo sobre a questão evolutiva do Ser.



 Telma Scarpinello conta que, há cerca de um mês, levou com ela  seu neto de 3 anos para visitarem uma tia viúva, bem idosa que está com Alzheimer. Foram juntos com a prima, filha dessa tia e que mora no Rio de Janeiro. A visita gerou um momento surpreendente, quando, no quarto da tia, o garoto apontou para uma poltrona ao lado da cama dizendo “Olha o vovô” e se dirigiu até ela como se fosse abraçar uma pessoa. Como a poltrona estava vazia, uma olhou para a outra, assustadas, e disseram que não havia ninguém na poltrona, mas o menino insistia “É o vovô.” O fato poderia passar desapercebido, não fosse o fato de que o vovô a que se referia podia ser o tio da Telma, que faleceu há cerca de 30 anos e que era muito apegado à esposa, agora doente. A Telma pergunta se o garoto realmente teve essa visão.

 É bem provável que sim, Telma. A criança de 3 anos ainda está em processo de reencarnação. Isso quer dizer que ela pode vislumbrar de alguma forma o mundo espiritual. Ela pode ter percepções além dos sentidos que um adulto geralmente não teme e não compreende. Acontece que, para ela, tudo é natural. Os adultos se assustam com uma situação como essa, porque trazem um conceito terrível da morte e custam para se convencer de que a vida continua. Para a criança não existe essa barreira do material e do espiritual, porque tudo lhe parece natural.

 Nessa idade, ela pode perceber Espíritos por via extra sensorial e não fazer diferença entre encarnados e desencarnados. Algumas crianças se referem a “amigos” que ninguém mais vê, mas elas sim e até brincam com eles. Há pessoas que lembram episódios da infância de contato com amigos invisíveis e que, inexplicavelmente, foram desaparecendo com o tempo. A percepção além dos sentidos, portanto, numa idade em que o individuo ainda não desenvolveu o pensamento crítico, é bem mais fácil acontecer.

 O problema é que não temos instrumentos para verificar o que realmente acontece. Os chamados fenômenos psíquicos ainda são desconhecidos da ciência. No caso que você relata, vários fatores concorreram para que aquele episódio ocorresse.  Primeiro, a idade da criança, que ainda não pode compreender o mundo adulto. Segundo, o fato de estarem na casa do avô falecido. Terceiro, o fato da criança não ter conhecido esse avô em vida. Quarto, a visita da filha que mora em outra cidade. E, assim, poderíamos enumerar outros.

 Nós, adultos, pelo menos aqueles que nunca tiveram uma experiência dessa natureza, estranhamos a situação e até ficamos um tanto inseguros diante do inusitado, porque temos muita dificuldade de lidar com a morte. No entanto, os Espíritos familiares, muito mais aqueles que foram devotados à família, geralmente nos visitam em nossas casas. No entanto, não sendo médiuns, não podemos vê-los, mas isso não quer dizer que não estejam lá.

 No caso de seu neto, Telma, não convém alardear o fato, para não impressioná-lo negativamente e não torná-lo centro de muita atenção por esse motivo. O que para ele é natural deve continuar a ser natural. Geralmente nós, adultos, através de nossas posturas e comentários preconceituosos, acabamos inculcando na criança medo e insegurança. Casos assim devem ser tratados com naturalidade, sem muitos questionamentos á criança.

sábado, 24 de abril de 2021

A VOLTA DE FREDERIC CHOPIN; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Declarou que, salvo resoluções posteriores, pretende reencarnar no Brasil, país que futuramente muito auxiliará o triunfo moral das criaturas necessitadas de progresso, mas que tal acontecimento só se verificará do ano 2000 em diante, quando descerá à Terra brilhante falange com o compromisso de levantar, moralizar e sublimar as Artes. Não podia precisar a época exata. Só sabia que será depois do ano 2000, e que a dita falange será como que capitaneada por Vitor Hugo, Espírito experiente e orientador, a quem se acha ligado por afinidades espirituais seculares, capaz de executar missões dessa natureza”. A curiosa revelação foi feita à respeitada médium Yvonne do Amaral Pereira, no final dos anos 50 pelo próprio Espírito do celebre compositor que com ela mantinha contato desde 1931, quando o viu pela primeira vez, na noite de 31 de junho, acompanhando seu Espírito guia Charles. Chopin, como registrado pela história, era polonês e morreu aos 39 anos, vítima da tuberculose em face da fragilidade de sua saúde. Por sinal, no número da REVISTA ESPÍRITA de maio de 1859, dez anos após sua morte, respondeu a doze perguntas formuladas por Kardec em reunião da SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS, quando acompanhava o Espírito Mozart que ditara recentemente o fragmento de uma sonata através de um médium chamado Bryon-Dorgeval, que, por sua vez, havia submetido o trecho a vários artistas - sem declinar sua autoria -, os quais reconheceram na peça o estilo de Mozart. Entre as questões respondidas por Chopin, explica sua melancolia no Plano Espiritual como sendo consequência da não realização da prova pela qual renascera no início do Século 19, reconhecendo que com sua inteligência poderia ter avançado mais do que avançou. Curioso notar que nas oportunidades que pode estar espontaneamente diante dele transcorrido mais de um século, a médium dona Yvonne, o via “pouco expansivo e, geralmente, entristecido, embora afetuoso e discreto”. “-Uma única vez vimo-lo sorrir”, conta ela no capítulo três do livro DEVASSANDO O INVISÍVEL (feb), de sua autoria. Através de Charles, dona Yvonne soube que Frederic Chopin “seria a reencarnação do poeta romano Ovídio ( Públio Ovídio Naso, poeta latino, fácil e brilhante, amigo de Vergílio e de Horácio, por volta de 43 A.C.) e do pintor italiano Rafael Sânzio ( pintor, escultor e arquiteto italiano, 1483-1520, cuja genialidade reunia todas as qualidades: perfeição do desenho, vivacidade dos movimentos, harmonia das linhas, delicadeza do colorido, tendo deixado grande número de obras primas o que lhe valeu o reconhecimento como o poeta da Pintura, assim como Ovídio foi considerado o músico da Poesia e Chopin, o poeta da Musica). Por depoimento do próprio Espírito de Chopin, à época de um dos encontros havidos, ele, na Espiritualidade, se ocupava de um curso de Medicina Psíquica, o que a impedia de visitar a Terra com mais frequência. Sobre se, na próxima existência, não voltaria como artista, animado, perguntou “porque não poderia aliar as duas qualidades, se os artistas, muitas vezes, não passam de médiuns?”. O fato de não ter profanado as Artes nem cometido quaisquer deslizes nesse setor, “não o impediriam”, acrescentado que, “no momento, o que o preocupava mais era o desejo de servir aos pequeninos e sofredores, aos quais nunca protegera, já que em suas passadas existências, apenas servira aos grandes da Terra e, na nova encarnação, “não desejava nem mesmo auferir proventos monetários, pessoais, da Música”. Quanto à confiabilidade das informações de Dona Yvonne, lembramos que o também médium Chico Xavier a considerava uma das mais autênticas servidoras da causa da iluminação humana com base no Espiritismo. 


  “ Costumo fazer minhas orações todos os dias, mas sinto que elas não têm muito efeito em minha vida. Será que não sei orar? Ultimamente até fico um tanto confusa quando oro e chego a trocar palavras. Gostaria que falassem sobre isso.”

 Não existe um jeito de orar melhor do que aquele que Jesus ensinou, cara ouvinte. Deveríamos nos ater ao ensinamento do mestre. Infelizmente, a nossa cultura religiosa de muitos séculos  ainda está nos prendendo a formalidades, a orações longas e repetitivas o que, na verdade, contraria aquele ensinamento. Orar é muito mais simples do que geralmente as pessoas imaginam. Nós ainda estamos presos ao ritualismo das religiões antigas – das celebrações e dos sacrifícios -  ao invés de buscar a simplicidade ensinada por Jesus.

Falar com Deus pode ser um ato de qualquer momento e em qualquer circunstância. Deus é a presença constante em nossa vida – de todos nós, de cada um de nós. É claro que, no fundo, o que vale na prece é a intenção, mas mesmo com boa intenção, se quisermos,  poderemos melhorar a qualidade de nossos contatos com Deus. Veja que Jesus, diante de seu povo angustiado e infeliz, poderia simplesmente recomendar, dentro de sua religiosidade, que frequentassem mais as sinagogas, que fossem mais vezes ao templo, que contribuíssem mais com o dízimo ou se submetessem mais fezes ao sacrifício do jejum.

 No entanto, o que disse ele ao povo? Quando orares, não sejas como os hipócritas, que apreciam orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem admirados pelos outros. Com toda a certeza vos afirmo que eles já receberam o seu galardão.  Tu, porém, quando orares, vai para teu quarto e, após ter fechado a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará plenamente.  E, quando orardes, não useis de vãs repetições, como fazem os pagãos; pois eles imaginam que devido ao seu muito falar serão ouvidos. …”

 E, então, Jesus ensina uma prece simples, curta, rica de sentido e de sentimento: o Pai Nosso, que você sabe e que todos nós sabemos. Para Jesus prece é isso. Todavia, não é a prece em si que vale e nem quantas vezes a repetimos, mas o sentimento que nela colocamos.  Para que o nosso sentimento possa se expressar com toda intensidade, a prece não pode ser longa, porque numa prece muito longa nos cansamos e perdemos a concentração, porque nosso pensamento passeia. O poder da oração, portanto, não está nas palavras em si, mas no sentimento que expressamos e que, na maioria das vezes, as palavras não conseguem traduzir.

Logo, o poder da oração não está nem mesmo no local ou no momento em que a fazemos. Jesus usou a figura do quarto justamente para deixar claro que a oração - sendo uma conversa secreta com Deus, e Deus estando em toda parte -  ela deve ser feita de Espírito para Espírito – ou seja, no silêncio de nosso coração, na intimidade da alma, porque ela é pessoal e intransferível. O quarto, como nosso aposento mais íntimo, representa o lugar secreto de nossa alma. Contudo, cara ouvinte, se imaginamos Deus longe de nós, diminuímos nossa capacidade de chegar até Ele, mas se O imaginamos em nosso coração, o contato com o Pai já foi feito, aqui e agora.

 A única condição, que Jesus coloca para a prece, é a do coração sincero e desejoso de melhorar. Se a prece é a busca de Deus, precisamos ter consciência de que só vamos encontrar Deus em nosso coração, se estivermos decididos a vencer os nossos maus sentimentos. Por isso que ele, afirma a necessidade da busca da reconciliação com o adversário, antes mesmo da oferta, porque sem o perdão ou sem o desejo da reconciliação a oferta não tem valor.

 Assim, uma boa recomendação para quem quer orar bem, é rever a oração do Pai Nosso, refletir sobre cada frase, sobre  cada palavra dessa prece, e verificar, acima de tudo, se realmente estamos procurando seguir os passos de Jesus, perdoando nossos ofensores, assim como queremos que Deus nos perdoe as faltas e nos livre do mal. Quando a prece é bem feita, ainda que seja uma prece de apenas um minuto, ela nos deixa uma elevada sensação de leveza e bem estar.

  Desse modo, cara ouvinte, a oração deve ter um significado claro para a mente e para o coração. Não pode ser apenas uma obrigação, não pode ser apenas uma vã repetição de palavras e nem precisa de um lugar especial ou de qualquer ritual. A oração é um ato espiritual. Ela precisa apenas e tão somente de um coração sincero, decidido a melhorar-se a partir de então. Cada prece, em nossa vida, deve ser única, pois em cada uma delas devemos colocar toda a nossa força interior, buscando perdoar nossos ofensores  e confiando na justiça de Deus.


sexta-feira, 23 de abril de 2021

A TERRA E DEUS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A ideia dos anjos rebeldes, anjos decaídos, paraíso perdido, se acha em quase todas as religiões e na tradição de quase todos os povos. As gerações atuais tomam conhecimento da existência dessa tese através do cinema que em ficções produzidas nas últimas décadas a expõem fazendo supor algo atual ou apenas fantasia de escritores, produtores, diretores e roteiristas. O Espiritismo, através de Allan Kardec apresenta sua visão em ensaio incluído na edição de janeiro de 1862 da REVISTA ESPÍRITA. Segundo o texto, pelo fato de ser considerado por tantas escolas filosófico-religiosas, “deve assentar-se numa verdade”. Acrescenta que “para compreender o verdadeiro sentido que deve ser ligado à qualificação de anjos rebeldes, não é necessário supor uma luta real entre Deus e os anjos ou Espíritos, de vez que o vocábulo anjo aqui é tomado numa acepção geral. Admitindo-se que os homens sejam Espíritos encarnados, que são os materialistas e os ateus senão anjos ou Espíritos em revolta contra a Divindade, pois que negam a sua existência e nem reconhecem seu poder nem suas leis? Não é por orgulho que pretendem que tudo aquilo de que são capazes vem deles próprios e não de Deus? Não são muito culpados os que se servem da inteligência, de que se vangloriam, para arrastar seus semelhantes para o precipício da incredulidade? Até certo ponto não praticam um ato de revolta aqueles que, sem negar a Divindade, desconhecem os verdadeiros atributos de sua essência? Os que se cobrem com a máscara da piedade para o cometimento de ações más? Aqueles cuja fé no futuro não os desliga dos bens deste mundo? Os que em nome de um Deus de paz violentam a primeira de suas leis: a lei da caridade? Os que semeiam a perturbação e o ódio pela calúnia e pela maledicência? Enfim aquele cuja vida voluntariamente inútil, se escoa na inatividade, sem proveito para si próprio nem para os seus semelhantes? A todos serão pedidas contas, não só do mal que tiverem feito, mas do Bem que tiverem deixado de fazer. Ora, todos esses Espíritos que empregaram tão mal suas encarnações, uma vez excluídos da Terra e enviados a mundos inferiores, entre populações ainda na infância da barbárie, que serão senão anjos decaídos, remetidos à expiação? Não será para eles a Terra que deixam um paraíso perdido, em comparação com o meio ingrato onde ficarão relegados durante milhares de séculos, até o dia em que tiverem merecido a libertação”?. Demonstrando a lógica de seu argumento, Allan Kardec escreve: -“Remontando à origem da raça atual na pessoa de Adão, encontraremos todos os caracteres de uma geração de Espíritos expulsos de outro mundo e exilados, por causas semelhantes na Terra já povoada, mas por homens primitivos, mergulhados na ignorância e na barbárie e que aqueles tinham por missão fazê-los progredir, trazendo para o seu meio as luzes de uma inteligência já desenvolvida. Não é, realmente, o papel até aqui representado pela raça adâmica? Relegando-a para esta Terra de trabalho e de sofrimento, não teria Deus razão para dizer: ‘tu comerás o teu pão do suor do teu rosto’? Se ela mereceu tal castigo por causas semelhantes às que vemos hoje, não será justo dizer que se perdeu pelo orgulho? Na sua mansuetude não lhe poderia iluminar o caminho a seguir para alcançar a felicidade dos eleitos? Este Salvador foi enviado na pessoa do Cristo, que ensinou a lei do amor e da caridade, como verdadeira âncora de salvação. Aqui se apresenta uma consideração importante. A missão do Cristo é facilmente compreendida admitindo-se que são os próprios Espíritos que viveram antes e depois de sua vinda, e que, assim, puderam aproveitar-se de seu ensino, ou do mérito de seu sacrifício; mas já é mais difícil de compreender, sem a reencarnação, a utilidade desse mesmo sacrifício para os Espíritos criados posteriormente à sua vinda e que, assim, Deus os teria criado manchados por faltas daqueles com os quais não tinham qualquer relação. Esta raça de Espíritos parece ter completado o seu tempo na Terra. De um modo geral, uns aproveitaram o tempo e progrediram, com o que mereceram recompensa; outros, por sua obstinação em fechar os olhos à luz, esgotaram a mansuetude do Criador  mereceram castigo. Assim, será a palavra do Cristo: ‘Os bons ficarão à minha direita e os maus à minha esquerda. Kardec conjectura ainda: -“Os que escreveram a história da antropologia terrestre apegaram-se, sobretudo, aos caracteres físicos; o elemento espiritual foi quase sempre negligenciado e o é em regra pelos escritores que nada admitem fora da matéria. Quando este for levado em conta no estudo das ciências, lançará uma nova luz sobre uma porção de problemas ainda obscuros, porque o elemento espiritual é uma das forças vivas da natureza, que desempenha um papel preponderante nos fenômenos físicos, tanto quanto nos fenômenos morais”.


        Conta Emmanuel, em seu livro RECADOS DO ALÉM,  que “um homem sisudo entrou numa sala onde várias pessoas conversavam cordialmente. O recém-chegado sentou-se sem dizer palavra. Destacou-se para logo uma estranha ocorrência. Os circunstantes calaram-se e, em seguida, saíram da sala, um por um.

O dono da casa veio ao encontro do último dos retirantes e perguntou:

- Que terá acontecido, se o meu novo hóspede nada chegou a dizer?

O interpelado, no entanto, respondeu, hesitante:

- Não consigo explicar, mas tenho a impressão de que o silêncio dele faz barulho demais.”

        Há uma crença popular de que pessoas alegres e aparentemente felizes são mais saudáveis, ao passo que pessoas muito fechadas e  mal  humoradas ficam mais propensas a uma série de doenças, inclusive a crises cardíacas e derrames.

        Esta crença, de fato, tem fundamento.  Uma pesquisa realizada recentemente por pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, descobriu que o humor positivo pode, inclusive, ajudar pacientes a se recuperarem de doenças graves. A serotonina, que é “hormônio do bem-estar”, tem a capacidade de controlar inflamação sistêmica severa – como a que ocorre durante a infecção generalizada, conhecida como sepse – e também de prevenir a hipotermia e a queda da pressão arterial.

É a primeira vez que esse neurotransmissor é descrito na literatura científica como um possível mediador da interação neuroimunológica, sendo capaz de amenizar inflamação não só no sistema nervoso central, como em todo o organismo. A administração da serotonina no sistema nervoso central de animais de laboratório apresenta efeitos anti-inflamatórios e faz diminuir os níveis de moléculas sinalizadoras do sistema imunológico no plasma sanguíneo e no baço.

Humor, todo mundo sabe, é o estado de espírito da pessoa. Cada um tem sua própria maneira de expressar seu humor, mas o importante é o que a pessoa está sentindo com ela mesma. Uma pessoa alegre e feliz, por sua vez, contagia o ambiente, levando alegria e felicidade às que estão ao seu lado; o contrário também é verdadeiro, uma pessoa carrancuda transmite aos desconforto aos circunstantes.

Meimei tem uma linda mensagem, que enviou através de Chico Xavier, intitulada “Alegria”, em que ela, com muita propriedade, mostra o lado bom da vida, que todos nós podemos apreciar a todo momento para estarmos bem conosco mesmos.

 Os instrutores espirituais, por sua vez, costumam nos recomendar o cultivo do bom humor onde estivermos, até porque o bom humor é uma proteção natural ao nosso bem estar, principalmente à nossa saúde.

Pense nisso.

A evolução

Não se tinha conhecimento  de que a serotonina poderia inibir a inflamação sistêmica. Concluímos isso em dois estudos, um publicado em 2017, sobre inflamação sistêmica leve – como a que ocorre durante uma gripe ou infecção urinária – e agora este, sobre a inflamação sistêmica severa, que nos surpreendeu ainda mais por termos observado um efeito tão positivo em um quadro muito mais grave, que corresponde à sepse,” disse o professor Luiz Guilherme Branco, um dos responsáveis pela pesquisa.

Como

Durante a sepse, observa-se uma resposta inflamatória desregulada do organismo na presença de um agente infeccioso, ou seja, o sistema de defesa passa a combater o patógeno de forma exagerada.

O quadro inclui aumento ou redução da temperatura corporal, queda da pressão arterial e consequente redução da irrigação sanguínea, o que leva à disfunção de vários órgãos.

Nesses casos, a falência dos órgãos é agravada pela queda acentuada e repentina da pressão arterial, o estágio mais grave da doença, conhecido como choque séptico.

A gravidade da sepse também está nas estatísticas: é a doença que mais mata em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Brasil.

Os testes

Na comparação entre os animais com serotonina e o grupo de controle, que recebeu apenas as toxinas indutoras da inflamação, os cientistas observaram que o neurotransmissor apresentou efeitos anti-inflamatórios tanto no sistema nervoso central quanto no periférico e foi capaz de reduzir a febre causada pela inflamação sistêmica leve.

Os efeitos positivos da serotonina se mantiveram mesmo quando a equipe aumentou a dose da toxina em 15 vezes, o que deu aos animais um quadro de inflamação sistêmica severa semelhante ao da sepse.

Nesse experimento, além de reduzir os níveis de citocinas pró-inflamatórias, o neurotransmissor foi capaz de prevenir a hipotermia e a hipotensão causadas pela inflamação sistêmica severa.

“Acreditamos que o efeito da serotonina se dá pela ativação de um reflexo anti-inflamatório que ocorre durante a inflamação sistêmica. Esse reflexo consiste na noção de que a atividade neuronal modula a imunidade, atuando por meio de conexões neurais do cérebro para outros órgãos, sobretudo o baço, reduzindo a produção de citocinas inflamatórias,” disse a pesquisadora Clarissa Mota, responsável por estes experimentos.

Mais estudos

De acordo com a pesquisadora, os próximos estudos vão investigar, de modo mais aprofundado, os mecanismos relacionados às regiões cerebrais que produzem serotonina, ou que comprometam a inflamação sistêmica.

“A descoberta de que a serotonina também atua na modulação da inflamação abre caminho para estudos referentes ao desenvolvimento de novas terapias contra a sepse e outras desordens inflamatórias. Estamos juntando as peças de um quebra-cabeça para o melhor entendimento da fisiopatologia da inflamação e das funções terapêuticas da serotonina. Há décadas, os sistemas eram estudados em separado. Hoje, sabemos que o organismo é como uma rede conectada, com todos os sistemas trabalhando em conjunto,” disse Clarissa.

Dessa forma, a serotonina, um produto do metabolismo do triptofano, atua nessa rede conectada, desempenhando uma série de funções dentro do cérebro e de outros órgãos.

Por ser um neurotransmissor, a serotonina opera como um mensageiro nas sinapses – a conexão entre os neurônios -, modulando a comunicação.

A atuação vai desde a regulação de comportamentos fisiológicos, como função do sono, respiração e humor, até a coagulação de plaquetas, função gastrointestinal e a modulação do sistema imunológico, como foi comprovado pelos pesquisadores da USP de Ribeirão Preto.