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terça-feira, 20 de abril de 2021

A HIPÓTESE/CERTEZA DE HERMÍNIO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Lançado no ano de 1975, o livro VIDA DEPOIS DA VIDA (edibolso), apresenta o resultado de cinco anos de pesquisa conduzida pelo médico Raymond A. Moody Jr, a respeito do que se popularizou como EQM – Experiência de Quase Morte, ou seja, daquelas pessoas que por fatores diversos, foram trazidas de volta à vida por processos naturais ou induzidos. O trabalho prefaciado, antes de ser publicado, por outra médica especialista no assunto, Elizabeth Kubler-Ross, revela informações muito interessantes, como a do paciente moribundo continuar a ter informação consciente do seu ambiente depois de ter sido declarado clinicamente morto; um flutuar para fora de seus corpos físicos;  grande sensação de paz e totalidade; estarem cônscios do auxílio de outra pessoa em sua transição para outro plano de existência; a presença de pessoas amadas que tinham morrido antes, e, uma das mais instigantes é a chamada recapitulação extremamente rápida da própria vida, para alguns em ordem cronológica, enquanto para outros não. Segundo os relatos, instantânea, de uma vez, abrangendo todas as coisas só com um relance, vívida e real, cada imagem sendo percebida e reconhecida, apesar da rapidez. Surpreendentemente, Allan Kardec, nos depoimentos sobre percepções e sensações no instante da morte, selecionados para compor a segunda parte d’ O CÉU E O INFERNO, incluiu dois em que contam que “toda a minha vida se desenrolou diante de minha lembrança” (J. Sanson,) e, “senti um abalo e lembrei-me, de repente, meu nascimento, juventude, minha idade madura, toda a minha vida se retratou nitidamente em minha lembrança” (M. Jobard). Já no início do século 20, o incansável pesquisador Ernesto Bozzano, apresenta na obra A CRISE DA MORTE (feb), casos como o do juiz Peckam, “no momento da morte, revi, como num panorama, os acontecimentos de toda minha existência, todas as cenas, ações que praticara, passaram ante meu olhar”; do Dr. Horace Abraham Ackley, “logo que voltei a mim, todos os acontecimentos de minha vida desfilaram sob as vistas, como num panorama, visões vivas, muito reais, em dimensões naturais, como se meu passado se houvera tornado presente”, ou,  Jim Nolam, “um pouco antes da crise fatal, minha mente se tornara muito ativa; lembrei-me subitamente de todos os acontecimentos da minha vida; vi e ouvi tudo que fizera, dissera, pensara, todas as coisas a a que estivera associado”. Em outro dos seus extraordinários trabalhos, A MORTE E SEUS MISTÉRIOS (eco), Bozzano reúne relatos de pessoas que passando por traumatizantes situações de perigo de vida, também vivenciaram experiências da visão panorâmica. Um grupo de alpinistas e turistas que sofreram quedas das montanhas, vendo a morte de perto, relataram que além de um sentimento de beatitude; ausência do tato e da dor, com a visão e audição conservando acuidade normal; extrema rapidez do pensamento e imaginação; em inúmeros casos, reviram todo o curso de sua vida passada (“vislumbrei todos os fatos de minha vida terrena que se desenrolaram diante de meus olhos em imagens inumeráveis, com extraordinária rapidez e clareza”); Alphonse Bué, vitima de queda que o fez perder a consciência durante dois ou três segundos, conta que “desenrolaram-se, clara e lentamente, no seu Espírito, cenas, brinquedos infantis, vida escolar, curso na escola militar, a vida de soldado na guerra da Itália, etc.”. Bozzano agrupa ainda  casos de pessoas que passaram por asfixia por submersão (1- “vi, num vasto panorama, toda minha existência terrena, desde as recordações infantis até o momento em que nadei para o mar alto”; 2- “diante de minha visão, se sucedia, com a maior rapidez, todo o painel de minha vida, em projeção panorâmica”, 3- “no instante em que desapareci na água, se produziu em minha mente verdadeira revolução, graças à qual as menores particularidades de minha vida terrena se imprimiram em caracteres profundos em minha memória, de acordo com as épocas em que as vivi”). O riquíssimo documentário produzido através do médium Chico Xavier, através das cartas de entes queridos,inclui inúmeras demonstrações dessa recapitulação no instante imediato à morte. O erudito e respeitado Hermínio Correia de Miranda, na obra AS DUAS FACES DA VIDA (lachâtre, 2005), no capítulo Psiquismo Biológico, recordando hipótese formulada no extraordinário A MEMÓRIA E O TEMPO (edicel,1981), de que “ao finalizar-se a existência na carne, ou mesmo ante ameaça mais vigorosa e eminente de que ela está para terminar, dispara um dispositivo de transcrição dos arquivos biológicos para os perispirituais, do que resulta aquele belo e curioso espetáculo de replay da vida, para o qual estamos propondo o nome de recapitulação. Uma vez transcrita a gravação dos tapes espirituais, o corpo físico é liberado para a desintegração celular inevitável”. Quatro décadas depois dessa suposição, conclui: “As pesquisas posteriores(...), me asseguram de que não há, ainda razões para rejeitar a hipótese, havendo, ao contrário, suportes confiáveis para ela, não apenas em textos doutrinários básicos, como em informes trazidos por André Luiz, bem como, no convincente depoimento de um confrade experimentado como Romeu do Amaral Camargo”, acrescentando: “- Assim, o Espírito pode proceder a uma reavaliação das suas vivências, ao mesmo tempo em que se prepara para novas tarefas no Mundo Espiritual e para a eventual retomada da experiência física, em outra etapa reencarnatória”..

O que a gente tem notado nos últimos anos é o aumento de casos de ansiedade e depressão, até mesmo em crianças. Eu pergunto: em que o Espiritismo pode nos ajudar para evitar ou combater esses problemas?

 Consultando médicos e psicólogos, já temos várias indicações sobre algum caminho a seguir num momento crítico este. Cientistas e profissionais da saúde costumam apontar como causas desses problemas, ansiedade e depressão, o próprio estilo de vida que as pessoas e as famílias vem vivendo ultimamente. E o novo estilo de vida decorre do avanço tecnológico, das grandes e profundas mudanças sociais com reflexo direto no emocional das pessoas, crianças e adultos..

 Concordamos com este argumento, na medida em que, comparando – por exemplo, o século XIX com o século XXI – vamos perceber que houve um vertiginoso aceleramento no ritmo de vida:  comparado com o homem deste século. O homem do século XIX vivia quase na contemplação, tinha menos alternativas a escolher, mais tempo para si mesmo e para os seus, menos realizações, menos metas a atingir, dada à limitação do conhecimento, da ciência e da tecnologia da época e principalmente dos meios de comunicação, que é o ponto forte deste século.

 Estudos realizados, desde a primeira metade do século passado, no campo da psicanálise e mesmo da antropologia – particularmente o desenvolvido pela psicanalista Karen Horney, na sua obra  A PERSONALIDADE NEURÓTICA DE NOSSO TEMPO  de 1937 – mostram o quanto o homem moderno, distanciando-se cada vez do seu meio natural, no anseio de  adequar-se às novas exigências sociais –  desenvolveu certas distonias ou comprometimentos emocionais, desenvolvendo-se acentuadamente seu comportamento neurótico.

-Tudo isso podemos reconhecer, mesmo analisando o ser humano do ponto de vista espírita, mas acrescentaríamos o aspecto fundamental e mais importante de sua vida, que é o aspecto espiritual que a ciência desconhece, até porque as inovações trazidas pela ciência, acabou por fortalecer o materialismo, a busca desenfreada do dinheiro e do poder e das vantagens imediatas, enfraquecendo no homem a consciência de que, mais que um ser humano, ele é um Espírito imortal.

  O recrudescimento do materialismo, principalmente, na segunda metade do século XX, com a supremacia da ciência, que nos cercou de notáveis contribuições tecnológicas, trazendo cada vez mais conforto material, fez com que nos voltássemos mais às comodidades e facilidades da vida. Os bens materiais passaram a exercer poderoso fascínio sobre nós.  Quando nossos anseios não vão além do imediatismo, quando nos apressamos em tirar o maior proveito do momento presente, até mesmo explorando e prejudicando o próximo, na ânsia do gozo egoísta, passamos a ser cada vez mais pressionados pelo medo da morte.

 Morrer, para o materialista, além de extremamente frustrante por não poder alcançar todas as metas pretendidas, é perder  tudo que conseguiu, inclusive a si mesmo. Essa terrível expectativa de que a  morte é o fim, acaba por deixa-lo impotente diante da vida, se ele não tem convicção da imortalidade e ainda traz no íntimo sérias dúvidas a respeito de Deus.

 A ansiedade generalizada e a depressão surgem em decorrência dessas expectativas negativas, do medo do fracasso, da doença e da morte. Eis porque o Espiritismo se apoia na ideia da imortalidade, na continuidade da vida e na reencarnação, demonstrando que a paz e a serenidade só podem ser alcançadas aqui na Terra através da fé em Deus e do cultivo do bom sentimento e, principalmente, da vivência do amor, como recomendou Jesus.


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