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quinta-feira, 31 de março de 2022

FALANDO DE REENCARNAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A edição de março de 1862 da REVISTA ESPÍRITA reproduz uma comunicação transmitida por um Espirito não identificado através de um médium chamado Barão de Kock recebida na cidade de Haia, na Holanda em torno do tema REENCARNAÇÃO. Em nota complementar, Allan Kardec observa que não teve a honra de conhecer o médium, a publicando por concordar com todos os princípios do Espiritismo., não sendo produto de nenhuma influência pessoal. Pelo fato de ser bastante extensa selecionamos alguns argumentos importantes destacados pelo Espírito comunicante: A doutrina da reencarnação é uma verdade que não pode ser contestada; desde que o homem só quer pensar no amor, na sabedoria e na justiça de Deus, não pode admitir nenhuma outra doutrina. É verdade que nos livros sagrados só se encontram estas palavras: “Depois da morte, o homem será recompensado segundo suas obras”. Mas não se presta suficiente atenção a uma infinidade de citações, que vos dizem ser absolutamente inadmissível que o homem atual seja punido pelas faltas e pelos crimes dos que viveram antes de Cristo. (...) Se se quiser examinar a questão sem preconceito, refletir sobre a existência do homem nas diferentes condições da sociedade e coordenar essa existência com o amor, a sabedoria e a justiça de Deus, toda a dúvida concernente ao dogma da reencarnação deve logo desaparecer. Efetivamente, como conciliar esta justiça e esse amor com uma existência única, onde todos nascem em posições tão diferentes? Onde um é rico e poderoso, enquanto o outro é pobre e miserável? Em que um goza de saúde, ao passo que o outro é afligido de males de toda a sorte? Aqui se encontram a alegria e a vivacidade; mais longe, tristeza e dor; em uns a inteligência é mais desenvolvida; em outros, apenas se eleva acima dos brutos. Pode-se crer que um Deus todo amor tenha feito nascer criaturas condenadas por toda a vida ao idiotismo e à demência? Que tenha permitido que crianças na primavera da vida fossem arrebatadas à ternura dos pais? Ouso mesmo perguntar se se poderia atribuir a Deus o amor, a sabedoria e a justiça à vista desses povos mergulhados na ignorância e na barbárie, comparados às nações civilizadas, onde imperam as leis, a ordem, onde se cultivam as artes e as ciências? Não basta dizer: “Em sua sabedoria, Deus assim regulou todas as coisas.” Não; a sabedoria de Deus, que antes de tudo é amor, deve tornar-se clara para o entendimento humano. O dogma da reencarnação tudo esclarece. (...) A vida humana é a escola da perfeição espiritual e uma série de provas. É por isso que o Espírito deve conhecer todas as condições da sociedade e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina. O poder e a riqueza, assim a pobreza e a humildade, são provas; dores, idiotismo, demência, etc., são punições pelo mal cometido numa existência anterior. Do mesmo modo que pelo livre-arbítrio o indivíduo se encontra em condições de realizar as provas a que está submetido, também pode falir.




Uma jovem, durante um Congresso em Marília, nos fez a seguinte colocação: o mundo progrediu muito nos últimos anos, mas a vida hoje é muito agitada, perigosa. Eu pergunto: as pessoas não eram mais felizes antes, quando não havia tanto progresso, mas a vida era tranquila, sem tanto estresse e violência? Como é que dizem, no meio espírita, que o mundo está progredindo moralmente e que vai passar para um estágio de regeneração?


Este questionamento, prezada jovem, existe desde o tempo de Kardec. Aliás, é uma das questões de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a de número 784 . Leia essa questão. De fato, não podemos ignorar que vivemos uma grande agitação no mundo, talvez uma insegurança social, e devemos atribuí-la, sim, a pelo menos dois fatores: as rápidas mudanças que estão ocorrendo por conta dos novos conhecimentos e, também, ao nosso despreparo em acompanhá-las e saber encará-las.


As pessoas, que pregam que o mundo era melhor antes, na verdade, estão pregando a volta ao mundo primitivo, porque, em todas as épocas e não só agora, o homem comum sempre achou que o passado foi melhor que o presente. Ora, se formos considerar essa afirmativa em todas as épocas como verdade, de que o passado foi melhor, então, vamos remontar ao tempo do homem da caverna, milhões de anos antes – ou, pelo menos, ao tempo que antecedeu o surgimento das cidades, quando vivíamos em contato direto com a natureza, assim como os índios.


Em OBRAS PÓSTUMAS, Kardec comenta que, em geral, as pessoas acham que o passado foi melhor, porque o passado já passou, não é mais problema para elas: a verdade é que o problema está no presente, e elas têm medo de enfrentá-lo. Se não houvesse progresso, nós estaríamos vivendo nas selvas como os animais e, no entanto, sabemos que a vida do homem primitivo era cercada de perigos de todos os lados, desde as doenças, que não podiam combater, até ao ataque de animais e a violência e a crueldade que eram constantes.


Nos tempos primitivos morriam mais crianças do que sobreviviam e a duração média de vida não chegava a um quarto do que é hoje, por causa das péssimas condições de vida. Embora, o homem fosse bem menos inteligente do que hoje, a vida era incerta, a ponto de as pessoas não saberem se sobreviveriam a cada dia que iniciasse. É difícil conceber que, vivendo assim, elas podiam ser mais felizes. Temos de considerar, ainda, que o passado da humanidade, conforme os relatos históricos, foi tomado por disputas, guerras de conquista, escravização do homem, inexistência de leis ou de qualquer instrumento que pudesse proteger os mais fracos.


À medida que avançamos em conhecimento, também vamos avançando em moral, embora o avanço moral seja bem mais lento. Mas não dá para comparar o passado de ignorância e crueldade que já vivemos – como, por exemplo – o período da Idade Média – e os tempos atuais, onde já podemos entender que a injustiça e a violência, a corrupção e o preconceito, devem ser banidos da Terra. Além do mais, o conforto que a vida moderna nos proporciona não tem comparação do que era antes e, com certeza, tudo tende a melhorar.


As crises atuais, que não são poucas, são próprias de uma época de profundas mudanças, onde nos sentimos incomodados, porque nem esse preço queremos pagar. É como uma reforma na casa, estando a família dentro da casa. É claro que isso vai incomodar muito, mas, por mais que demore, dia chegará em a casa está pronta e, então, todos perceberão que o sofrimento compensou.

Na verdade, estamos desafiando os últimos vestígios de violência do passado e, enfrentar o mal, é estar preparado para lidar com ele frente a frente, exigindo que cada um de nós seja um soldado do bem, que esteja semeando amor por onde passe. Só a prática do bem, a expressão do amor por excelência, através de ações individuais e coletivas, conforme ensinou Jesus, nos guindará a uma condição espiritual cada vez melhor. E isso já está acontecendo.






quarta-feira, 30 de março de 2022

PRODÍGIOS DA MEDIUNIDADE DE CHICO XAVIER ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 As quatro e meia da madrugada do dia 14 de maio de 1972, na altura do quilômetro 22,5 da Via Anchieta, um grave acidente envolveu vários veículos. Entre estes, estava o volks dirigido pelo jovem Charles Wandenberg Fernandes Cerboncini, então com 22 anos, acompanhado por uma desconhecida amiga que se evadiu do local da colisão na qual o rapaz desencarnaria. Estudante de medicina, Charles era um jovem dinâmico, dedicado, formado em música pelo conservatório Santa Cecília e, naquela madrugada, dirigia-se à Santos, a fim de encontrar-se com os familiares que lá estavam para comemorar o dia das mães, visto que permanecera no sábado na capital para estudar para uma prova. Componente com a irmã de uma família até então de vida normal, impôs com sua morte uma profunda transformação visto que a dor e a revolta passavam a ocupar o pensamento de todos. Especialmente porque Charles desencarnou devido a uma hemorragia, pois que não sofrera nenhuma fratura. Seu corpo estava perfeito, somente havia dois cortes nas suas faces e esses cortes não foram devidamente suturados, e esvaiu-se em sangue por mais de cinco horas em que ficou como que abandonado até que a família o localizasse. Sua mãe, Da. Esmeralda, que era obstetra, com tanto conhecimento entre médicos, vira seu amado filho morrer por falta de assistência e, então, revoltou-se e abandonou tudo, ficando como que desarvorada, à cata de consolações, à procura dos por quês, querendo explicações. Um ano se arrastara e, em maio de 1973, soube que o Chico Xavier estaria autografando livros na Casa Transitória Fabiano de Cristo, em São Paulo, pediu ao marido que a levasse até ele. O casal chegou lá pelas 9 horas e recebeu o cartão n.º 4.366; pelos seus cálculos, estaria perto do Chico dali a umas 20 horas. Não poderia esperar e ela necessitava falar-lhe. Soube, então, que Chico estava numa reunião particular, com várias personalidades (deputados, vereadores), pois tratavam da concessão do título de “Cidadão Paulistano” ao médium, e ela conseguiu, por fim, adentrar ao recinto, com muita dificuldade, segurando entre as mãos e com a capa apertada e virada para o seu colo, o livro que o marido lhe comprara na entrada. Assim que ela se alojou, muito mal, entre aqueles que estavam por detrás de Chico, um rapaz lhe disse: -“Dona, agora não é hora, o Chico só vai autografar livros depois das 14h”. Ela respondeu-lhe: -Mas não me interessa autógrafo, pois eu já tenho o livro, eu queria era cumprimentar o Chico”. Nisso, entre toda aquela barulheira, apertos e empurrões, Chico ouviu o que ela disse e voltando-se, sem a mirar, tocando-lhe nos ombros, por entre outros ombros, lhe diz: -Filha, você tem o livro? Então leia a página 107...” (ele nem tinha visto o título livro e nem sabia qual livro era...), e incontinenti os presentes os distanciaram pelo acúmulo de gente e ela saiu da sala. No carro com o marido, abriu o livro naquela indicada página e, ambos com os olhos marejados, leram o seguinte: À FRENTE DA MORTE - Não olvides que, além da morte, continua vivendo e lutando o Espírito amado que partiu.. Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança. Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração. Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe os sonhos. Tua tristeza inerte é sombra a escurecer-lhe a nova senda. Por mais que a separação te lacere a alma sensível, levanta-te e segue para frente, honrando-lhe a confiança, como a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou. Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a dilatação do labirinto em que nos arroja a invigilância, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação do rumo certo. Recorda que a lei de renovação atinge a todos e ajuda quem te antecedeu na grande viagem, como o valor de tua renúncia e com a fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo. (...) Repara em torno dos próprios passos. A cada noite no mundo segue-se o esplendor do alvorecer.




Helena Lourenço de Araújo Gonçalves, professora Leninha, nos passou um questionamento sobre a relação entre Espiritismo e Budismo, quando alguém lhe disse que a Doutrina Espírita tem por base as formulações feitas pelo Budismo.Ela quer saber o que pensamos a respeito.


Na verdade, Leninha, podemos dizer que a Doutrina Espírita é uma síntese de todas as grandes religiões do mundo, tanto as religiões do ocidente quanto às do Oriente. Por isso, você pode encontrar no Espiritismo elementos significativos de todas elas. Do mesmo modo que Jesus, no seu tempo, sintetizou os princípios que estavam na base das várias crenças e filosofias da antiguidade, o Espiritismo, no século XIX, também realizou um trabalho de síntese, a partir das comunicações espirituais estudadas por Allan Kardec. A verdade, segundo a Doutrina Espírita, pode estar em qualquer lugar ou em todo lugar ao mesmo tempo; ninguém é dono dela - e a questão é saber filtrá-la e trazê-la ao crivo da razão


Com certeza, as lições de Siddartha Gautama – o Buda - que nasceu na Índia do século 6 antes de Cristo ( e não no Japão ou na China, como muita gente pensa), foram tão importantes e significativas para a humanidade, que se propagaram através dos séculos e até hoje são lembradas com muito respeito e admiração, embora as religiões que se formaram posteriormente em torno de seus ensinos também tivessem tomado vários rumos e desfigurado em boa parte a sua originalidade. O mesmo aconteceu com Jesus, que também foi um mestre do povo, e que nasceu na Palestina alguns séculos depois de Buda. Perdemos, com o tempo, a originalidade e a simplicidade dos ensinamentos de Jesus, como ele próprio previu.


Outros grandes mestres da humanidade, que também ensinaram o amor e a prática do bem, o respeito humano e a fraternidade universal, surgiram em várias partes do mundo, em vários momentos da história, todos tendo em comum os mesmos princípios espirituais, embora vivessem em povos e culturas diferentes, e em lugares bens distantes uns dos outros. Não é possível que esses fatos se deram ao acaso ou de forma aleatória. A Doutrina Espírita considera que os grandes ensinamentos foram planejados na Espiritualidade, ao longo dos milênios, desde a formação da Terra, sob a coordenação de Jesus que, para nós continua sendo o modelo e guia da humanidade. Leia o livro “O CONSOLADOR” de Emmanuel.


O Espiritismo, que surgiu pouco mais de 160 anos atrás é uma doutrina moderna, que tira das várias correntes religiosas e filosóficas – como também da própria ciência – os seus princípios básicos e fundamentais. Os estudiosos da doutrina, desde Kardec, dizem que as diversas religiões formam as paredes de um grande edifício, mas que o Espiritismo é a chave através da qual se pode abrir e penetrar nesse edifício, que representa o ideal mais elevado da humanidade. Daí porque o espírita, de um modo geral, é aquela pessoa que atingiu tal maturidade espiritual, que é capaz de entender porque precisamos seguir religiões diferentes e porque, em todas elas, podemos encontrar o necessário apoio para o desenvolvimento espiritual do ser humano.



terça-feira, 29 de março de 2022

COMO OS FLUIDOS PERISPIRITUAIS ATINGEM UMA PESSOA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Avançando além dos conhecimentos a respeito do Fluido Vital como sintetizado na nota à questão 70 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec desenvolveu inúmeras observações sobre a novidade resultante dos esclarecimentos dos Espíritos ouvidos por ele. Na sequencia, uma demonstração disso destacada da matéria com que abre o número de janeiro de 1863 da REVISTA ESPÍRITA. Escreve ele: - O perispírito representa importante papel em todos os fenômenos da vida; é a fonte de uma porção de afecções, cuja causa é em vão buscada pelo escalpelo na alteração dos órgãos, e contra as quais é impotente a terapêutica. Por sua expansão explicam-se, ainda, as reações de indivíduo a indivíduo, as atrações e as repulsões instintivas, a ação magnética, etc. Espírito livre, isto é, desencarnado, substitui o corpo material; é o agente sensitivo, o órgão por meio do qual ele age. Pela natureza fluídica e expansiva do perispírito, o Espírito alcança o indivíduo sobre o qual quer atuar, rodeia-o, envolve-o, penetra-o e o magnetiza. Vivendo em meio ao mundo invisível, o homem está incessantemente submetido a essas influências, assim como às da atmosfera que respira, traduzindo-se aquelas por efeitos morais e fisiológicos dos quais não se dá conta e que, muitas vezes, atribui a causas inteiramente contrárias. Essa influência difere, naturalmente, segundo as qualidades, boas ou más, do Espírito. Se ele for bom e benevolente a influência, ou, se quisermos, a impressão, é agradável e salutar; é como as carícias de uma terna mãe, que abraça o filho. Se for mau e perverso, será dura, penosa, aflitiva e por vezes perniciosa; não abraça: constrange. Vivemos num oceano fluídico, expostos incessantemente a correntes contrárias, que atraímos ou repelimos, e às quais nos abandonamos, conforme nossas qualidades pessoais, mas em cujo meio o homem sempre conserva o seu livre-arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o caminho. Como se vê, isto é inteiramente independente da faculdade mediúnica, tal como é concebida vulgarmente. Estando a ação do mundo invisível na ordem das coisas naturais, ela se exerce sobre o homem, abstração feita de qualquer conhecimento espírita. Estamos a elas submetidos, como o estamos à influência da eletricidade atmosférica, mesmo não sabendo a Física, como ficamos doentes, sem conhecer a Medicina. Ora, assim como a Física nos ensina a causa de certos fenômenos e a Medicina a de certas doenças, o estudo da ciência espírita nos ensina a causa dos fenômenos devidos às influências ocultas do mundo invisível e nos explica o que, sem isto, nos parecerá inexplicável. A mediunidade é o meio direto de observação. O médium – que nos permitam a comparação – é o instrumento de laboratório pelo qual a ação do Mundo Invisível se traduz de maneira patente. E, pela facilidade que nos oferece de repetir as experiências, permite-nos estudar o modo e os diversos matizes desta ação. Destes estudos e destas observações nasceu a ciência espírita.



Esta questão foi formulada pela Miraide Pacheco Albero, da Casa Espírita Allan Kardec. Ela disse que tem lido nas obras espíritas casos de encarnações planejadas pelos Espíritos, como é o caso do personagem Segismundo, do livro “Missionários da Luz” de André Luiz. Ela quer saber como se dão as chamadas “reencarnações compulsórias”.


Esta questão é muito interessante e oportuna e, portanto, merece reflexão. Nesse mesmo livro, MISSIONÁRIOS DA LUZ, o instrutor Alexandre esclarece André Luiz, dizendo: “ Assim como desencarnam diariamente milhares de pessoas sem a menor noção do ato que experimentam. Somente as almas educadas têm compreensão real da verdadeira situação que se lhes apresenta em frente da morte do corpo”.


E Alexandre completa, dizendo: “A maioria dos que retornam à existencia corporal ... é magnetizada pelos benfeitores espirituais, que lhes organizam novas tarefas redentoras, e quantos recebem tal auxílio são conduzidos ao templo maternal como crianças adormecidas”. Observe, bem!.. Aqui, Alexandre está se referindo aos Espíritos que não participam do planejamento de sua reencarnação. Na verdade, eles não estão bastante amadurecidos ou não têm condições para isso, razão pela qual são os benfeitores que planejam a encarnação para eles.


Entendemos, assim, que quando a reencarnação não pode ser planejada pelo próprio reencarnante, porque lhe falta condições para tal, ela geralmente é dirigida por Espíritos Maiores, que atuam especificamente nas chamadas “câmaras reencarnatórias”. Tais Espíritos são preparados para uma nova experiência, que lhe permita desenvolver-se em algum aspecto de sua evolução. Naturalmente, são Espíritos de um nível de esclarecimento muito baixo e que, como crianças guiadas por pais ou professores, precisam de orientação quanto ao caminho que devem seguir.


As reencarnações compulsórias variam ao infinito, pois depende da condição espiritual de cada um. Nelas podemos apontar as encarnações de emergência que, como o próprio nome está dizendo, devem acontecer por causa de uma necessidade imperiosa. Muitas vezes, diferentemente das encarnações planejadas, não há tempo suficiente para estabelecer metas com antecedência, pois os Espíritos Benfeitores trabalham também com probabilidades, como são os casos em que a encarnação surge de uma gravidez indesejável, que ocorreu em virtude de um encontro casual.


No livro, EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, ao abordar casos de Espíritos de baixa condição moral, devido ao magnetismo hostil da mente, André Luiz afirma que eles são submetidos quase que inteiramente às leis da hereditariedade, mesmo porque não há tempo para qualquer ação antecipada da Espiritualidade nesse sentido, assim como acontece com a semente que cai da árvore em solo fértil e germina incontinenti. Esse aspecto é importante, porque o Espírito fica dependendo mais do direcionamento do código genético dos pais do que propriamente de si mesmo. 





 

segunda-feira, 28 de março de 2022

PRESTEMOS ATENÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

No Mundo Espiritual muita gente vai se surpreender. Lá não seremos identificados pela importância, ou melhor, pela suposta importância no mundo”, comentou Chico Xavier com um grupo de amigos. Cada um terá sua porta de acesso à verdadeira vida, bem como uma realidade muito pessoal a enfrentar. Nossas ideias, revelam os estudos propiciados pelo Espiritismo, especialmente as inferiores, com o tempo, se cristalizam em nossa alma, impondo-nos aflitiva fixação mental, decorrente de nossas criações íntimas. Em muitos casos, seu despertar se faz através dos chamados trabalhos de desobsessão realizados em nossa Dimensão. É o caso do Espírito cujo depoimento reproduziremos a seguir. Oculto, por razões óbvias, apenas pela inicial F. de seu nome, ocupou a mediunidade psicofônica de Chico ao final da reunião de 24 de junho de 1954, retornava, oferecendo um alerta para todos nós. Entre outras coisas, diz ele: -“Com aprovação de vossos orientadores, venho trazer-vos meu reconhecimento e algo de minha amarga experiência, como aviso de um náufrago aos viajantes do mundo. Quantas vezes afirmei que o dinheiro era a solução da felicidade!.. Quanto tempo despendi, acreditando que a dominação financeira fosse o triunfo real na Terra!... No entanto, a morte me assaltou empelna vida, assim como o tiro do caçador surpreende o ássaro desprevenido no malto inculto...Como foi o meu desligamento do corpo físico e quantos dias dormi na sombra, por agora, nada sei dizer. Sei hoje apenas que acordei no espaço estreito do sepulcro, com o pavor de um homem que se visse repentinamente enjaulado. Sufocava-me a treva espessa. Horrível dispneia agitava-me todo. Queria o ar puro...Respirar...respirar...E gritei por socorro. Meus brados, contudo, se perdiam sem eco. Ao cabo de alguns instantes, notei que duas mãos vigorosas me soergueram e vi-me, depois de estranha sensação, na paz do campo, sorvendo o ar fresco da noite. Que lugar era aquele? Uma casa sem teto? De repente, a cambalear, reconheci-me rodeado de grandes caixas fortes... Ao frouxo clarão da Lua, reparei que essa caixas fortes surgiam milagrosamente douradas...Tateei-as com dificuldade, percebi palavras em alto relevo e verifiquei que eram túmulos...Espavorido, transpus apressado as grades daquela inesperada prisão. Vi-me, semilouco, na via pública. Devia ser noite alta. Na rua, quase ninguém...Um bonde retardado apareceu. Achava-me doente, inquieto e exausto, mas ainda encontrei forças para clamar: -Condutor!...Condutor!...O homem, porém, não me ouviu. Caminhei mais depressa. Tomei o veículo em movimento e consegui a situação do pingente anônimo; todavia, com espanto, observei que o bonde era todo talhado em ouro...As pessoas que o lotavam vestiam-se de ouro puro.O motorneiro envergava uniforme metálico. Intrigado, sentia medo de mim mesmo. E, para distrair-me, tentei estabelecer uma conversação com vizinhos. Os circunstantes, porém, pareciam surdos. Ninguém me ouvia. Vencendo embaraços indefiníveis, alcancei minha residência. As portas, no entanto, jaziam cerradas. Esmurrei, chamei, supliquei... Mas tudo era silêncio e quietação. E quando fitei o frontispício do prédio, o ouro me cercava por todos os lados. Acomodei-me no chão de ouro e tentei conciliar, debalde, o sono, até que, manhãzinha, a porta semiaberta permitiu-me a entrada franca. Tudo, porém, alterara-se em minha ausência. Ninguém me reconheceu. Fatigado, avancei para meu leito.... Mas o velho móvel se me apresentava agora em ouro maciço. Senti sede e procurei a água simples, entretanto, o líquido que jorrava era ouro, ouro puro... Faminto, busquei nosso antigo depósito de pão. O pão, todavia, transformara-se. Era precioso bloco de ouro, de cuja existência, até então, não tinha qualquer conhecimento em nossa casa. Meditei... Meditei...Todos os meus afeiçoados como que como que conspiravam contra mim... Não passava de intruso em minha própria moradia. Dia terrível aquele em que reassumia ou tentava reassumir meu contato com os seres amados que, naturalmente, me deviam assistência e carinho”. F prossegue em seu testemunho confirmando que nosso “desejo-central”, aprisiona-nos nos efeitos do que causamos em nossas próprias encarnações.

Por que é que a gente, depois de ter os filhos criados e vários netos, começa a se desgostar da vida? Será que é porque estamos chegando perto da morte? (anônima)


Muito cuidado, cara ouvinte! Muito cuidado! O Espiritismo nos ensina que a vida é uma jornada muito preciosa para desistirmos antes do fim. Ela nos é dada como oportunidade de crescimento, para que vivamos o máximo possível aqui na Terra – e com entusiasmo, naturalmente. Não devemos entregar os pontos antes da hora. Quando não tomamos esse cuidado, podemos antecipar a morte, partindo antes do tempo, e nos decepcionando muito do lado de lá.


Não acredite que seu tempo está vencido. Não está. Ninguém completa sua jornada até que o último minuto do relógio da vida se esgote. E um minuto a mais na vida de qualquer pessoa pode fazer uma grande diferença na sua evolução espiritual. O que acontece, infelizmente, é que as pessoas vão se convencendo de que já fizeram o que tinham de fazer, já aprenderam o que tinham de aprender e, portanto, a vida para elas não teria mais sentido. É errado pensar assim.


Esse é um erro que a própria sociedade precisa corrigir. As pessoas estão vivendo mais tempo hoje. Nunca o ser humano viveu tanto e, por isso, cada vez mais está se espalhando uma mentalidade de que a velhice é bem mais interessante do que se imaginava. O idoso sempre esteve relegado até no seio de sua própria família. Primeiro, porque ele mesmo ia se isolando no seu cantinho, perdendo o interesse pelas coisas e pelos fatos. Em segundo lugar, porque os mais jovens achavam isso natural, passando a considerar que, realmente, não era interessante ficar velho.


Mas essa mentalidade, aos poucos, está sendo superada. Cada idade tem suas vantagens e desvantagens; cada idade tem seus próprios interesses. Hoje, mais do que nunca, as pessoas mais idosas precisam buscar seus interesses na vida, não se deixando levar pelo desânimo por se julgarem inúteis. Nada disso. A velhice deve ser vista como o coroamento de uma longa jornada; o idoso precisa ser respeitado pela experiência de vida e pelo conhecimento que adquiriu e que, hoje, pode passar para os mais jovens.


A notável poetisa goiana, Cora Coralina, que viveu quase um século, só se tornou famosa aos 70 anos, quando escreveu seu primeiro livro. Ela mesma disse que, se o escrevesse esse livro antes dessa idade, com certeza, não sairia tão bom, pois não há nada que possa substituir os anos de vida na experiência de uma pessoa. Aos 70 anos, portanto, nasceu-lhe um novo impulso de vida. Ela se agarrou a ele e, em pouco tempo, passou a integrar o quadro dos poetas mais destacados do Brasil, deixando para todos nós profundas lições de vida.


Portanto, viva a vida em plenitude. Não se preocupe com a morte. Para o Espírito o que interessa é a vida, que deve ser vivida com desprendimento, com alegria, fazendo com que cada minuto, por difícil que seja, se constitua numa importante momento de boa convivência. Conviver é a nossa maior necessidade; isolamento é contra a natureza humana. Busque pessoas, faça algo com elas, faça algo por elas, mas sinta-se útil e livre, para amar e ser amada. É o que Deus quer de nós, cara ouvinte.




domingo, 27 de março de 2022

COMO É POSSÍVEL PREVER O FUTURO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Abrindo o número de maio de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec na habitual linha de racionalidade com que sempre trata os assuntos sobre os quais fala, analisa a questão da previsibilidade do futuro. Formula a Teoria da Presciência. Na sua abordagem, entre outras coisas, explica: -“Como o homem tem de concorrer para o progresso geral, como certos acontecimentos devem resultar da sua cooperação, pode acontecer que, em casos especiais, ele pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes preparar o encaminhamento e de estar pronto a agir, em chegando a ocasião. Por isso é que Deus, às vezes, permite se levante uma ponta do véu; mas, sempre com fim útil, nunca para satisfação da vã curiosidade. Tal missão pode, pois, ser conferida, não a todos os Espíritos, porquanto muitos há que do futuro não conhecem mais do que os homens, porém a alguns Espíritos bastante adiantados para desempenhá-la. Ora, é de notar-se que as revelações dessa espécie são sempre feitas espontaneamente e jamais, ou, pelo menos, muito raramente, em resposta a uma pergunta direta. Pode também semelhante missão ser confiada a certos homens, desta maneira: Aquele a quem é dado o encargo de revelar uma coisa oculta recebe, à sua revelia e por inspiração dos Espíritos que a conhecem, a revelação dela e a transmite maquinalmente, sem se aperceber do que faz. É sabido, ao demais, que, assim durante o sono, como em estado de vigília, nos êxtases da dupla vista, a alma se desprende e adquire, em grau mais ou menos alto, as faculdades do Espírito livre. Se for um Espírito adiantado, se, sobretudo, houver recebido, como os profetas, uma missão especial para esse efeito, gozará, nos momentos de emancipação da alma, da faculdade de abarcar, por si mesmo, um período mais ou menos extenso, e verá, como presente, os sucessos desse período. Pode então revelá-los no mesmo instante, ou conservar lembrança deles ao despertar. Se os sucessos hajam de permanecer secretos, ele os esquecerá, ou apenas guardará uma vaga intuição do que lhe foi revelado, bastante para o guiar instintivamente. É assim que em certas ocasiões essa faculdade se desenvolve providencialmente, na iminência de perigos, nas grandes calamidades, nas revoluções, e é assim também que a maioria das seitas perseguidas adquire numerosos videntes. É ainda por isso que se veem os grandes capitães avançar resolutamente contra o inimigo, certos da vitória; que homens de gênio, por exemplo, Cristóvão Colombo, caminham para uma meta, anunciando previamente, por assim dizer, o instante em que a alcançarão. É que eles viram essa meta, que, para seus Espíritos, deixou de ser o desconhecido. Todos os fenômenos cuja causa era ignorada foram tidos à conta de maravilhosos. Uma vez conhecida a lei segundo a qual eles se realizam, eles entraram na ordem das coisas naturais. Nada, pois, tem de sobrenatural o dom da predição, mais do que uma imensidade de outros fenômenos. Ele se funda nas propriedades da alma e na lei das relações do Mundo Visível com o Mundo Invisível, que o Espiritismo veio dar a conhecer.



Vocês acham que uma pessoa, que morreu num determinado dia, pode - naquele mesmo dia - se comunicar por um de seus parentes para se despedir e dizer algumas coisas que ela quer que eles façam. Como posso acreditar que isso é verdade?


Não é impossível tal tipo de comunicação, cara ouvinte; porém, raras vezes isso acontece. Há pessoas, tão ansiosas diante da morte e tão preocupadas com os familiares e com os problemas que deixaram, que permanecem ali no ambiente da casa, entre os parentes, querendo dar o seu recado. Algumas conseguem seu intento, outras não. Isso depende de certas condições de comunicação mediúnica, principalmente de sintonia entre o comunicante e a pessoa que serve de intermediário na comunicação, o médium.


Não é um momento apropriado, é claro, mas algumas vezes pode ser o momento que o Espírito encontra essa oportunidade, até mesmo porque pode ocorrer que a desencarnação ainda esteja em curso. Mas o que pode funcionar, em circunstâncias como essas, é uma expansão da mente, que vence as dificuldades naturais do desligamento para transmitir a mensagem. Já ouvimos outros casos a respeito, inclusive de famílias que nada tinham a ver com o Espiritismo.


Entretanto, não podemos assegurar a autenticidade da comunicação. Só os familiares e parentes, que conheciam bem o desencarnado e que conhecem os demais membros da família, é que podem atestar sobre isso. Além do mais, num momento de transe, como é o desencarne de um ente querido, é difícil as pessoas estarem emocionalmente equilibradas para fazerem uma avaliação segura sobre o caso, a não ser quando a comunicação revela algo tão íntimo do desencarnante (um segredo, por exemplo) que seria absurdo vir de outra pessoa que não fosse ele mesmo.


Além do mais, para avaliar melhor a situação, devemos considerar também outros fatores, como o próprio ambiente da família, suas crenças principalmente. Num ambiente espírita é mais fácil ocorrer uma situação como essa, porque a família já está emocionalmente preparada. Num ambiente não-espírita, onde não se ventila essa possibilidade, a espontaneidade de uma comunicação, que se dá de uma forma inesperada e surpreendente, até pode ser considerada como um indicio de que se tratou de um fenômeno mediúnico autêntico.


sábado, 26 de março de 2022

PODER, POLITICA E AS LEIS ESPIRITUAIS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Uma dos aspectos que estudos do Espiritismo revelam é que a generalização não cabe no estudo dos casos envolvendo os Espíritos em evolução. Cada caso é um caso. O que é certo é que ninguém foge de si mesmo visto que a Lei da Consciência inscrita em nós mesmos impõem ao infrator os efeitos das ações praticadas pelo Ser em prejuízo do próximo e de si mesmo. Sua aplicação é tanto mais intensa quanto maior o conhecimento já alcançado no processo evolutivo. Para regular através da reencarnação tal mecanismo, funciona a Lei de Causa e Efeito que tem 32 dos seus princípios enunciados no capítulo CODIGO PENAL DA VIDA FUTURA do livro O CÉU E O INFERNO. O incrível manancial de informações que representa a série NOSSO LAR, revela alguns casos interessantes de personagens que vivenciaram a arriscada prova do poder, especialmente através da política. Na obra OS MENSAGEIROS (feb,1944), capítulo 12, encontramos o exemplo de “Belarmino Ferreira, renascido para cooperar com o ensino e a orientação na área de despertamento espiritual, o que lhe permitiria reabilitar-se de antigos equívocos do passado, após assumir tarefas com que se comprometera ainda no Plano Espiritual, deixou-se arrastar pela presunção e vaidade, e, após entregar-se ao negativismo completo, transferiu-se para o movimento, não da política que eleva, mas da politicalha inferior, que impede o progresso comum e estabelece a confusão nos Espíritos encarnados, desviou-se dos seus objetivos fundamentais, escravizando-se ao dinheiro que lhe transformou os sentimentos”. No capítulo quatro do OBREIROS DA VIDA ETERNA (feb, 1946), tomamos conhecimento da história de Luciana que no Plano Espiritual, buscara desenvolver as faculdades de que era portadora, a fim de socorrer, noutro tempo, o Espírito de seu pai, desencarnado numa guerra civil. Tivera ele preponderância no movimento de insurreição pública e permanecia nas esferas inferiores, alucinado pelas paixões políticas. Depois de paciente auxílio, reajustara emoções, obtendo possibilidades de reencarnar em grande cidade brasileira, para onde ela mesma, Luciana, seguiria também logo pudesse o genitor do pretérito organizar novo lar, restabelecendo-se a aliança de carinho e de amor, segundo o projeto por ambos estabelecido. No livro NO MUNDO MAIOR (1947,feb), capítulo 7, o Espírito André Luiz reconstitui vivência que certamente encontra ressonância em muitas histórias observadas em nossa Dimensão: -“ Em rápidos minutos achávamo-nos em pequena câmara, onde magro doentinho repousava, choramingando. Cercavam-no duas entidades tão infelizes quanto ele mesmo, pelo estranho aspecto que apresentavam. O menino enfermo inspirava piedade.– É paralítico de nascença, primogênito de um casal aparentemente feliz, e conta oito anos na existência nova – informou Calderaro, indicando-o –; não fala, não anda, não chega a sentar-se, vê muito mal, quase nada ouve dá esfera humana; psiquicamente, porém, tem a vida de um sentenciado sensível, a cumprir severa pena, lavrada, em verdade, por ele próprio. Há quase dois séculos, decretou a morte de muitos compatriotas numa insurreição civil. Valeu-se da desordem político-administrativa para vingar-se de desafetos pessoais, semeando ódio e ruínas. Viveu nas regiões inferiores, apartado da carne, inomináveis suplícios. Inúmeras vítimas já lhe perdoaram os crimes; muitas, contudo, seguiram-no, obstinadas, anos afora... No capítulo primeiro do LIBERTAÇÃO (feb) ponderações importantes: “-Grandes políticos e veneráveis condutores nunca se ausentaram do mundo. Passam pela multidão, sacudindo-a ou arregimentando-a. É forçoso reconhecer, porém, que a organização humana, por si só, não atende às exigências do ser imperecível. (...) Permanecemos diante de um mundo civilizado na superfície, que reclama não só a presença daqueles que ensinam o Bem, mas principalmente daqueles que o praticam. Sobre os mananciais da cultura, nos vales da Terra, é imprescindível que desçam as torrentes da compaixão do Céu, através dos montes do amor e da renúncia. Cristo não brilha apenas pelo ensino sublimado”.


Os espíritas dizem que fora da caridade não há salvação. Isso quer dizer que aquele que ajuda os pobres e faz caridade já está salvo, mesmo que não reconheça Jesus como seu senhor e salvador? ( João)


O espírita não procura entender os textos evangélicos ao pé da letra, mas com base na filosofia de vida que Jesus divulgou. A base de seus ensinamentos – ou seja, a sua filosofia de vida - é o que ele deixou bem claro no Sermão da Montanha, quando se dirigiu ao povo, no mais longo e belo discurso que fez, cujas máximas ficaram para a História. Assim, falar de Jesus, é falar de amor, de fraternidade: é por esses valores que ele é reconhecido. Portanto, é toda sua filosofia, todo seu ideal: é o que ele chamou de “vontade do Pai”.


Toda vez que Jesus fala em “vontade do Pai”, ele está se referindo à caridade. Mas a caridade a que ele se refere, não se restringe ao ato de ajudar o próximo no sentido exclusivamente material. Isso ainda é muito pouco: é talvez o início da caridade, seu primeiro degrau. Aí é que as pessoas, geralmente, se enganam. Quando elas ouvem falar de caridade, pensam logo na esmola, no prato de comida, na roupa, no agasalho, no socorro imediato a alguém. É claro que esse tipo de caridade é importante; caso contrário, Jesus não contaria a parábola do bom samaritano. Mas essa é apenas o primeiro passo da caridade.


Quando Kardec perguntou aos Mentores Espirituais qual o sentido da palavra “caridade”, segundo os ensinamentos de Jesus, eles responderam, de forma clara e taxativa: “benevolência para com todos”, “indulgência para com as imperfeições alheias” e “perdão das ofensas”. Vamos repetir esses três degraus da caridade. Preste atenção! Primeiro: “benevolência para com todos”; segundo: “indulgência ou compreensão para com as imperfeições do próximo” e, por último, “perdão das ofensas”.


Veja, portanto, que não é nada fácil escalar esses valores: benevolência, indulgência e perdão. Benevolência é praticar o bem, é auxiliar, ajudar, dar apoio, presença, encorajamento. A benevolência tem seu aspecto material, quando a ajuda se restringe a coisas materiais ( como dinheiro, alimento ou qualquer outra coisa útil); mas ela também seu aspecto espiritual, quando se dá presença, atenção, apoio, reconforto, solidariedade, orientação. Mas a benevolência, no sentido amplo, é ser bom para o próximo. Assim, podemos ser benevolente para qualquer pessoa: pobre, rico, familiar, conhecido, desconhecido.


A indulgência é compreensão. Compreender o outro, que errou, que não foi capaz, que fraquejou diante de uma situação, que cometeu um deslize qualquer. Indulgência é ser discreto com os erros alheios, sem comentar, sem divulgar, colocando-se no seu lugar, a fim de não querer para o ele o que não quer para si mesmo. Isso é indulgência. Quando diz “não julgueis para que não sejais julgados”, Jesus está falando da indulgência.


E, por fim, o perdão – este, sim!... - a mais elevada expressão da caridade. Compreender o ofensor, não desejar-lhe mal, não quer se vingar, é uma atitude divina. Foi o que Jesus ensinou quando mandou perdoar até o inimigo e quando ele mesmo, ante os agressores, pediu que Deus os perdoasse, porque não sabiam o que estavam fazendo. Para alcançarmos o perdão , precisamos de uma alta dose de espiritualidade. Não é fácil, mas é uma virtude que precisamos conquistar ao longo da vida. 

 

sexta-feira, 25 de março de 2022

ALLAN KARDEC E O CRITERIO PARA IDENTIFICAR BONS ESPÍRITOS E MÉDIUNS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Observa-se nesses tempos de comunicação rápida e fácil, grande quantidade de mensagens ditas espirituais tratando de posicionamentos diante das turbulências sociais típicas de uma fase de transição, aliás, como previstas no capítulo 18 do livro A GÊNESE, de Allan Kardec. Muitos se empolgam com seus conteúdos geralmente óbvios para os que estudam as crises da Humanidade da Terra sob o ponto de vista do Espiritismo. Fatos desse tipo, não eram incomuns ao tempo do surgimento da Doutrina Espírita. No número de julho de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, Kardec analisa um caso, apresentando orientações sobre critérios que ele julga validos e dos quais extraímos algumas orientações sobre os ‘falsos profetas’ e os médiuns que os servem. Diz o Mestre: -“O que ainda é próprio desses Espíritos orgulhosos é a espécie de fascinação que exercem sobre seus médiuns, por meio da qual algumas vezes os fazem compartilhar dos mesmos sentimentos. Dizemos de propósito seus médiuns, porque deles se apoderam e neles querem ter instrumentos que agem de olhos fechados. De maneira alguma se acomodariam a um médium perscrutador ou que visse bem claro. Não se dá também o mesmo entre os homens? Quando o encontram, temendo que lhes escape, lhe inspiram o afastamento de quem quer que o possa esclarecer. Isolam-no de certo modo, a fim de poderem agir com inteira liberdade, ou só o aproximam daqueles de quem nada têm a temer. E, para melhor lhes captar a confiança, se fazem de bons apóstolos, usurpando os nomes de Espíritos venerados, cuja linguagem procuram imitar. Mas, por mais que façam, jamais a ignorância poderá simular o verdadeiro saber, nem uma natureza má a verdadeira virtude. O orgulho sempre se mostrará sob o manto de uma falsa humildade; e porque temem ser desmascarados, evitam a discussão e afastam seus médiuns. Entre os numerosos escritos publicados sobre o Espiritismo, sem dúvida alguns poderiam ensejar uma crítica fundada; mas não os pomos todos na mesma linha; indicamos um meio de os apreciar e cada um fará como entender. (...) A base de nossa apreciação: esta base será a lógica, da qual cada um poderá fazer seu próprio uso, pois não alimentamos a tola pretensão de lhe ter o privilégio. A lógica, com efeito, é o grande critério de toda comunicação espírita, como o é de todos os trabalhos humanos. Sabemos perfeitamente que aquele que raciocina de maneira errada julga ser lógico. Ele o é à sua maneira, mas apenas para si e não para os outros. Quando uma lógica é rigorosa como dois e dois são quatro, e as consequências são deduzidas de axiomas evidentes, o bom-senso geral cedo ou tarde faz justiça a todos esses sofismas. Acreditamos que as proposições seguintes têm este caráter: 1- Os Espíritos bons não podem ensinar e inspirar senão o bem; 2- Os Espíritos esclarecidos e verdadeiramente superiores não podem ensinar coisas absurdas; 3- A superioridade de um escrito qualquer está na justeza e na profundidade das ideias, e não na forma material e na redundância do estilo.


A Bíblia não fala em evolução. Deus criou o homem e a mulher e também criou também as plantas e os animais. De onde veio a idéia da evolução?


Da observação atenta da natureza e de seus fenômenos por homens muito inteligentes e questionadores. A constatação de que tudo na natureza está em constante processo de mudança já vem da antiguidade. Um dos nomes mais conhecidos é o de Heráclito, um pensador grego, cerca de 5 séculos antes de Cristo, que formulou a Teoria do Vir a Ser. Ele deu tamanha importância às mudanças, que revolucionou a idéia do ser, então objeto da filosofia. E disse que “nada é, tudo está para ser”, ou seja, tudo está mudando na natureza. Desse modo, disse Heráclito, uma pessoa não toma dois banhos no mesmo rio, pois, na segunda vez, o rio já não é o mesmo, e nem ela.


Heráclito, naquela época, realmente não podia sequer desconfiar que suas idéias revolucionariam os conhecimentos humanos muitos séculos depois, tanto na filosofia, quanto na ciência. Mas, a concepção bíblica de que tudo sempre foi assim e continuará sendo pertence à infância da humanidade. Entretanto, só recentemente, no século XIX, há pouco mais de 160 anos, é que a idéia das mudanças se firmou na ciência, principalmente depois que os naturalistas ingleses, Charles Darwin e Alfred Wallace, empreenderam viagem por várias partes do mundo e puderam constatar “in loco” que as espécies vivas ( tanto os vegetais, quanto os animais e até mesmo o homem) são diferentes em diferentes regiões, e quanto mais isolados uns dos outros, mais diferentes tendem a ser.


Somam-se a isso as descobertas dos fósseis em escavações que se fizeram em várias regiões do planeta, quando foram encontrados restos de animais e vegetais tão antigos que só poderiam ter existido há milhões de anos atrás, quando o clima da Terra era totalmente diferente. Eles tinham tamanhos e formas bem diferentes dos seres vivos existentes, despertando a curiosidade científica para o desenvolvimento da Paleontologia, um campo de pesquisa que busca explicações para a existência desses seres estranhos. Os antigos, que escreveram a Bíblia e outros livros sagrados das diversas religiões, não poderiam ter esse conhecimento em sua época, de modo que eles explicavam a vida e o mundo de uma forma muito simples, mas sem nenhuma comprovação.


A evidência mais veemente da evolução acha-se diante de nossos olhos, ao observarmos que na natureza nada nasce pronto. Quando sabemos, por exemplo, que o ser humano tem início numa simples célula, criada a partir da conjunção de um elemento masculino com um elemento feminino e que, a partir de então, se desenvolve, primeiro dentro e depois fora do ventre materno; quando acompanhamos uma vida desde o nascimento até o indivíduo se tornar adulto, alcançando o auge de sua evolução na Terra, percebemos que, de transformação em transformação, é assim que a natureza se comporta.


A Teoria da Evolução, na verdade, veio preencher um grande vácuo na ciência; isto é, dar explicações racionais e científicas para fatos que antes não se podia explicar. A partir de então, tanto a Biologia quanto a Medicina se desenvolveram bem depressa – principalmente a Medicina, que é uma aplicação prática da Biologia – percebendo que todo processo biológico – como é o caso das doenças e das curas – obedece à lei de evolução. Desde então, foram possíveis novas descobertas no campo terapêutico e da prevenção de enfermidades, imprimindo à Medicina um grande progresso.


Contudo, o Espiritismo,que também nasceu nos meados do século XIX, já veio alicerçado na Lei de Evolução, conforme podemos ler em O LIVRO DOS ESPÍRITOS e nas demais obras de Allan Kardec. Não apenas sobre a lei de evolução biológica, sobre a qual a Doutrina Espírita não tem nenhuma dúvida, mas principalmente sobre a evolução espiritual, que mostra que a evolução é muito mais complexa do que os cientistas materialistas imaginam. Ela não se dá apenas no plano dos fenômenos físicos, mas também no plano do Espírito. E isso acontece, graças aos fenômenos da encarnação, da desencarnação e da reencarnação.









 

quinta-feira, 24 de março de 2022

PENSANDO SOBRE O MUNDO ESPIRITUAL ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Allan Kardec ponderou queÉ preciso poder encarar a morte sob o seu verdadeiro ponto de vista, quer dizer, penetrar, pelo pensamento, no Mundo Espiritual, e dele fazer uma ideia tão exata quanto possível, o que denota, no Espírito encarnado, um certo desenvolvimento e uma certa aptidão para se desligar da matéria. Entre os que não estão suficientemente avançados, a vida material domina, ainda sobre a Vida Espiritual”, ponto de vista que coincide com alguns pensadores do Hinduísmo da Antiguidade que afirmavam ser “a verdadeira natureza dos denominados Planos Espirituais é incompreensível para a mente de uma pessoa ainda pouco espiritualizada”. O final do século 20 acendeu uma luz no ramo da Ciência denominado Física Quântica a partir da confirmação matemática da existência dos Universos Paralelos, surpreendendo os seguidores das evoluções nessa área com a afirmação de que “segundo as Teorias das Supercordas, mesmo que as dimensões ocultas do espaço sejam imperceptíveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”, registrada pelo físico Marcelo Gleiser, em seu livro CRIAÇÃO IMPERFEITA (2010,record), onde diz ainda que “num modelo cosmológico em que o multiverso supostamente existe, nosso Universo seria apenas um dentre um número talvez infinito de Universos”. O Espiritismo na sua obra inicial O LIVRO DOS ESPÍRITOS, em sua questão 85 revela que na ordem das coisas, o Mundo Espiritual é o principal pois preexiste e sobrevive a tudoe o médium Chico Xavier dentro da simplicidade que lhe era característica explica no livro IMAGENS NO ALÉM (ide) que “se cortarmos uma cebola ao meio teremos uma ideia de como se estrutura o Mundo Espiritual”. Se buscarmos aprofundar o assunto hoje, procurando responder porque não vemos o Mundo Espiritual, os conhecimentos disponíveis nos levam a compreender que o olho humano possui variadas limitações que associadas à sub utilização do cérebro o impedem de enxergar imagens fora da Terceira Dimensão, bem como, cores além do espectro de vibrações do infravermelho e do ultravioleta, necessitando da analogia para entender a realidade que o cerca. A incapacidade de abstrair ainda nos isola da realidade apenas compreendida pela analogia. Outra dúvida que incomoda aqueles que - desprovidos de preconceitos - querem saber: - Jesus falou sobre esse Mundo Espiritual? E a resposta pode ser: - Não objetivamente como, por sinal, na maioria dos textos que preservaram – segundo se supõem – seu pensamento. Fala sobre as “muitas moradas na Casa do Pai” sem explicar-se sobre isso, referindo-se no ultimo entendimento tido com seus seguidores que iria preparar-lhes o lugar sem dizer exatamente o que significava isto. A Escola religiosa organizada em torno de seus ensinamentos, fortemente influenciada pelas práticas pagãs, incorporou, a princípio, os conceitos de Céu e Inferno nas suas cogitações sobre a vida e a morte acrescendo a elas o do Purgatório somente no ano 593 (Século VI) da Era Cristã. Contudo, entre o séculos 13 e 14, um exilado florentino chamado Dante Aleghieri, ao que parece, vivenciou uma série de experiências extra-sensoriais através de “sonhos”, atormentado pela morte de uma jovem chamada Beatriz, a qual passou a procurar nos Planos Extrafísicos tal como definidos pela escola religiosa que seguia. Nasceu assim uma obra, inicialmente intitulada COMÉDIA, posteriormente, denominada DIVINA COMÉDIA, em que descreve sua peregrinação guiado pelo poeta pagão Virgílio pelas estruturas invisíveis desde o Inferno caracterizado pela tristeza até o Paraiso onde impera a alegria. Cada um dos Planos é subdividido em nove subplanos, abrigando Espíritos prisioneiros dos efeitos de suas ações durante sua passagem pelo corpo físico ou Mundo Material. A obra, até pela divergência entre o autor e o clero, foi meramente classificada como o marco inicial da literatura italiana.


O Espiritismo tem algum meio de fazer a pessoa largar da bebida? ( M.A. C.V.)


Não existe nenhum meio mágico de fazer com que um alcoólico compulsivo deixe de beber. Isso depende – vamos dizer assim – 90% dele mesmo; primeiro, se ele reconhecer que é um dependente do álcool e, em segundo lugar, se estiver disposto a se livrar do vício. Mesmo assim, na maioria dos casos, ela vai depender de uma assistência médica, até porque seu organismo já se acomodou ao álcool e vai precisar de um acompanhamento. Além disso, o tratamento espiritual só se completa realmente, quando envolve a família.


O que o Espiritismo pode fazer é ajudá-lo a rever seus valores de vida a partir de uma nova visão de Deus, do homem e do mundo. Passando a ver o mundo sob a ótica espírita, contando com o apoio da família, ele começa a conhecer-se a si mesmo, além do que poderá se armar de uma defesa natural contra Espíritos viciados no álcool que, certamente, o acompanham. Entretanto, é bom que se diga – e já dissemos isso aqui inúmeras vezes – não são os Espíritos obsessores que levam a pessoa à bebida, mas é ela mesma que, entregando-se compulsivamente ao álcool atrai Espíritos que, como ela, são dependentes do álcool e buscam satisfazer-se em contato com os que bebem.


No livro SEXO E DESTINO, autoria de André Luiz – psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira – encontramos o caso de Cláudio Nogueira, um homem que se dava ao prazer da bebida. André Luiz, em certo momento, narra um desses episódios, contando como dois Espíritos, que montavam guarda na porta de sua casa – para nenhum outro Espírito entrar – compartilhavam dos momentos em que Cláudio se deliciava com as golfadas de uísque. O mais curioso nessa história é que esses dois Espíritos não eram inimigos, mas amigos de Cláudio, amigos de bebida, a quem ele atraía devido à prática a que costumava se entregar.


A assistência que o Espiritismo nos dá, nesse e em outros casos, é espiritual, mas está assentada primeiramente sobre a vontade de querer se libertar dessa dependência. Quando recebemos alguém no centro com esse problema, costumamos encaminhar a pessoa também o AA - Alcoólicos Anônimos, que é uma organização dedicada a dar apoio e ajudar pessoas a se livrarem do alcoolismo. Contudo, consideramos que o tratamento espiritual deve continuar paralelamente a qualquer outro tipo de tratamento que se presta ao paciente. O tratamento espiritual – além das orientações – incluem os passes, a água fluídica, o evangelho no lar e as reuniões mediúnicas de desobsessão.