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segunda-feira, 7 de março de 2022

EXITO ILUSÓRIO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Há pessoas, na Terra, que não se acautelam contra os desvarios da inteligência e fazem da astúcia e da vaidade o clima em que respiram. Insistem na inércia do coração, abominam o sentimento elevado que interpretam por pieguismo e transformam a cabeça num laboratório de perversão dos valores da vida. Não cuidam senão dos próprios interesses, não amam senão a si mesmos. Não percebem, contudo, que se ressecam interiormente e nem imaginam os resultados cruéis da cerebração para o mal. Frequentemente, na luta mundana, avultam na condição de dominadores poderosos, com vastíssimo potencial de influência sobre amigos e adversários, conhecidos e desconhecidos”. O comentário faz parte do livro ENTRE A TERRA E O CÉU (1953; feb), do Espírito André Luiz através de Chico Xavier. Um exemplo disso – bastante oportuno, por sinal, - encontramos em obra anterior LIBERTAÇÃO (1949, feb), em que André Luiz relata experiência curiosa acompanhando o Instrutor Gúbio ao lar de um personagem como muitos em evidência atualmente. Conta ele: -“Logo após, em companhia de nosso devotado orientador, passamos ao apartamento privado do juiz. O magistrado se mantinha de corpo repousado sobre o colchão macio, mostrando, contudo, a mente inquieta, flagelada. Permitiu Gúbio que eu lhe tocasse a fronte, auscultando-lhe os pensamentos mais profundos. Naquela hora avançada da noite, o encanecido cavalheiro meditava: “Onde estariam centralizados os supremos interesses da vida? Onde a ambicionada paz espiritual que não conquistara em mais de meio século de experiência ativa na Terra? Porque arquivava no coração os mesmos sonhos e necessidades do homem de quinze anos, quando ultrapassara já os sessenta? Crescera, estudara, casara-se. Todas as lutas, no fundo, não lhe haviam modificado a personalidade. Conquistara os títulos que assinalam no mundo os sacerdotes do direito e, por centenas de vezes, envergara a toga para julgar processos difíceis. Proferira sentenças inúmeras e tivera nas mãos, sob o próprio desígnio, a destinação de muitos lares e de coletividades inteiras. Recebera homenagens de pobres e ricos, grandes e pequenos, no transcurso da viagem pelo encapelado mar da experiência terrestre em face da posição que desfrutava no ataviado barco do tribunal. Respondera a milhares de consultas em casos de harmonia social, mas, na vida íntima, singular deserto lhe povoava a alma toda. Sentia sede de fraternidade com os homens; todavia, a posse do ouro e a eminência na atividade pública impunham-lhe grandes obstáculos para ler a verdade na máscara dos semelhantes. Experimentava intraduzível fome de Deus. No entanto, os dogmas das religiões sectárias e as discórdias entre elas, afastavam- lhe o espírito de qualquer acordo com a fé atuante no mundo. Por outro lado, a ciência comum, negativista e impenitente, ressecara- lhe o coração. Toda a existência se resumiria a simples fenômenos mecânicos dentro da natureza? Adotada essa hipótese, toda a vida humana seria tão importante como a bolha d’água a desfazer-se ao vento. Sentia-se dilacerado, oprimido, exausto. Ele que esclarecera a muitos, quanto às mais elevadas normas de conduta pessoal, como elucidaria, agora, a si mesmo? Defrontado pelos primeiros sintomas da velhice do corpo de carne, reagia, magoado, contra a extinção gradual das energias orgânicas. Porque as rugas do rosto, o alvejar dos cabelos, o enfraquecimento da visão e o empobrecimento do celeiro vital, se a mocidade lhe vibrava na mente ansiosa por renovação? Seria a morte simplesmente a noite sem alvorada? Que misterioso poder dispunha, assim, da vida humana, conduzindo-a a objetivos inesperados e ocultos?”. O futuro contudo é igual para todos. E, como observado por um Benfeitor,“todos caem sob o guante da morte com grande alívio dos contemporâneos e passam a receber-lhes as vibrações de repulsa. Semelhantes criaturas naturalmente são vítimas de si mesmas e sofrem os mais complicados desequilíbrios mentais”.



Gostaria de saber o que vocês pensam, como espíritas, sobre a seguinte situação: uma pessoa é acometida de um câncer e o médico diz que ela precisa de quimioterapia ou de radioterapia por longo tempo. Ela sabe que vai sofrer muito com esse tratamento. Se ela se negar a fazer esse tratamento, porque sabe que não vai adiantar, que ela vai morrer dessa doença, será que isso é considerado suicídio?

(Neusa Marciano)


Em primeiro lugar, Neusa, sabemos que é muito difícil para qualquer um de nós enfrentar semelhante situação, da qual, evidentemente, ninguém está livre. Quando uma pessoa se vê diante de um diagnóstico dessa natureza, a primeira reação é de não querer acreditar, a segunda de desespero ou revolta e só depois, quando a situação se asserena, é que ela vai pensar na possibilidade da cura. Daí porque os médicos precisam ter muita cautela, até mesmo para fazer uma revelação desse tipo ao paciente, porque nenhum de nós está preparado para receber a notícia de forma abrupta e fria. Por essa razão, muitas pessoas têm medo de se submeter a um exame, quando desconfia de uma enfermidade comprometedora, como o câncer ou a AIDS.


Eis porque precisamos cultivar uma crença sólida em Deus, convictos de que a vida é passageira e, mais cedo ou mais tarde, teremos de deixá-la – algumas vezes, bem mais cedo que podemos supor. Nem por isso, devemos nos entregar. A vida é para ser vivida: mais do que isso – a vida é para ser bem vivida. E o que é saber viver, senão poder conviver bem com a sua própria consciência, sabendo que está fazendo o melhor possível para cumprir a sua parte nesta existência. A Doutrina Espírita nos ensina que devemos viver bem até o último momento da vida. Há algumas narrativas de Espíritos que mostram que o último momento pode ser decisivo para uma encarnação.


Logo, devemos buscar os recursos da medicina que, na verdade, são os meios pelos quais Deus nos ajuda a caminhar neste mundo. Embora nem sempre agradáveis, são os meios de que podemos dispor. É claro que um médico pode se enganar a respeito da enfermidade – pelo menos, no que diz respeito à sua evolução e, até mesmo, ao tratamento mais adequado. Por isso, o bom senso nos pede, em casos tais, consultar mais de um médico, ouvir outra opinião e, se necessário, outras opiniões a respeito. Mas não devemos desistir. Além dos recursos da medicina, procurar o tratamento espiritual, que vê além da doença física, cuidando também do espírito.


Jamais devemos agir por simples impulso, desiludidos da vida. Há pessoas, que podem rejeitar um tratamento porque, no fundo, pretendem morrer mais depressa; estão revoltadas contra Deus, contra tudo e contra todos. Não deveria ser assim. O que vai nos ajudar, numa situação dessa natureza, em primeiro lugar, é uma boa condição espiritual, ou seja, a certeza de que nada acontece por acaso, não há injustiça na Lei de Deus e, além do mais, o fato de termos um diagnóstico médico positivo nem sempre quer dizer que vamos sucumbir à doença ou mesmo ao tratamento. Daí porque devemos buscar o que de melhor a medicina e a Espiritualidade nos podem oferecer e fazermos a parte que nos compete, para que, no futuro, aqui ou noutra vida, não venhamos a sofrer o duro impacto da consciência culpada.


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