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quinta-feira, 31 de agosto de 2023

MAGNETISMO-TODA UMA CIÊNCIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Diante do crescente interesse e busca de informações sobre as práticas do magnetismo pelo fluido transmitido pelo Ser humano conforme praticado conforme as proposições do médico austríaco Franz Anton Mesmer, importante conhecermos a posição do Espiritismo. No número de setembro de 1865 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec responde a questionamento de leitor que solicitava alguns conselhos relativamente à prática da mediunidade curadora pela imposição das mãos. Entre outras coisas, afirma o Codificador: -“ A mediunidade curadora deveria ter a sua vez; embora parte integrante do Espiritismo, ela é, por si só, toda uma ciência, porque se liga ao magnetismo, e não só abarca todas as doenças propriamente ditas, mas todas as variedades, tão numerosas e tão complexas, das obsessões, que, por seu turno, também influem sobre o organismo. Não é, pois, em poucas palavras que se pode desenvolver um assunto tão vasto. (...) Resumimos alguns dos princípios fundamentais que a experiência consagrou. 1. – Os médiuns que obtêm indicações de remédios, da parte dos Espíritos, não são aquilo que chamamos médiuns curadores, pois não curam por si mesmos; são simples médiuns escreventes, que têm uma aptidão mais especial que outros para esse gênero de comunicações e que, por esta razão, podem ser chamados médiuns consultores, como outros são médiuns poetas ou desenhistas. A mediunidade curadora é exercida pela ação direta do médium sobre o doente, com o auxílio de uma espécie de magnetização de fato ou de pensamento. 2. – Quem diz médium diz intermediário. Há uma diferença entre o magnetizador propriamente dito e o médium curador: o primeiro magnetiza com seu fluido pessoal, e o segundo com o fluido dos Espíritos, ao qual serve de condutor. 3. – O fluido magnético tem, pois, duas fontes bem distintas: os Espíritos encarnados e os Espíritos desencarnados. Essa diferença de origem produz uma grande diferença na qualidade do fluido e nos seus efeitos. O fluido humano está sempre mais ou menos impregnado das impurezas físicas e morais do encarnado; o dos Espíritos bons é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas, que levam a uma cura mais rápida. Mas, passando através do encarnado, pode alterar-se, como acontece com a água límpida ao passar por um vaso impuro, e como sucede com todo remédio, se permanecer num vaso sujo, perdendo, em parte, suas propriedades benéficas. Daí, para todo verdadeiro médium curador, a necessidade absoluta de trabalhar a sua depuração, isto é, o seu melhoramento moral, segundo o princípio vulgar: 4. – O fluido espiritual será tanto mais depurado e benfazejo quanto mais o Espírito que o fornece for mais puro e mais desprendido da matéria. (...) É evidente que o fluido emanado de um corpo doente pode inocular princípios mórbidos no magnetizado. As qualidades morais do magnetizador, isto é, a pureza de intenção e de sentimento, o desejo ardente e desinteressado de aliviar o semelhante, aliados à saúde do corpo, dão ao fluido um poder reparador que pode, em certos indivíduos, aproximar-se das qualidades do fluido espiritual. Seria, pois, um erro considerar o magnetizador como simples máquina de transmissão fluídica. Nisto, como em todas as coisas, o produto está na razão do instrumento e do agente produtor. Por estes motivos, seria imprudência submeter-se à ação magnética do primeiro desconhecido. Abstração feita dos conhecimentos práticos indispensáveis, o fluido do magnetizador é como o leite de uma nutriz: salutar ou insalubre. 5. – Sendo o fluido humano menos ativo, exige uma magnetização continuada e um verdadeiro tratamento, por vezes muito longo. Gastando o seu próprio fluido, o magnetizador se esgota, pois dá de seu próprio elemento vital; é por isto que ele deve, de vez em quando, recuperar suas forças. O fluido espiritual, mais poderoso, em face de sua pureza, produz efeitos mais rápidos e, muitas vezes, quase instantâneos. 6. – O Espírito pode agir diretamente, sem intermediário, sobre um indivíduo, como foi constatado em muitas ocasiões, seja para o aliviar e o curar, se possível, seja para produzir o sono sonambúlico. Quando age por um intermediário, é o caso da mediunidade curadora.


Quando alguém está sofrendo muito com seus problemas, passando por uma situação muito difícil, é comum a gente ouvir dizer que se trata de uma prova que a pessoa mesma escolheu. Fica difícil entender como alguém pode escolher sofrer.

Temos aprendido que, de uma maneira geral, os problemas humanos se devem a dois tipos de experiência na Terra: as expiações e as provas.

Expiação é quando o Espírito não escolhe, porque se trata de uma consequência direta de erros que ele cometeu.

Prova é quando ele já está suficientemente maduro para escolher, porque sabe que a experiência, embora difícil, vai ajudá-lo a progredir mais depressa.

No entanto, para se afirmar que um determinado sofrimento decorre de prova ou de expiação, depende da forma como é encarado ou suportado.

Geralmente, as expiações nunca são bem recebidas. Elas parecem mais um castigo e quem sofre considera injusto seu sofrimento.

Quando o Espírito está em expiação, portanto, o que prepondera é um sentimento de injustiça e revolta.

Mas, nas provas é diferente. O Espírito, mais amadurecido, embora sofra, encara seu problema com certa serenidade; sofre, geme, mas enfrenta a dor com resignação.

Com base nesses fatores, muitas vezes é possível perceber se determinado sofrimento, que uma pessoa está passando, é uma prova ou uma expiação, ou seja, foi ou não foi por ela escolhido.

Geralmente, quando a pessoa está passando por um sofrimento prolongado e difícil, é comum dizer-se que se trata de uma prova.

No entanto, o que vai realmente dizer se é prova ou expiação é, na verdade, a maneira como ela encara ou suporta o sofrimento.

Mas, por que um Espírito escolheria uma prova? – você pergunta. Por que ele já tem consciência de que aquela experiência é necessária para o seu progresso espiritual.

Aliás, aqui mesmo entre nós, os encarnados, muitas vezes somos levados a nos submeter a sacrifícios, a passar por situações difíceis, sofridas, simplesmente porque sabemos que vamos obter uma grande conquista.

O sacrifício faz parte de nossa vida, pois sabemos que tudo, que é bom, é difícil, ao passo que uma experiência muito fácil, embora nos dê momentos de prazer, quase sempre não nos ajuda a progredir.

Mas há um outro ponto: eu, você, todos nós, invariavelmente, passamos tanto por provas como e expiações numa mesma existência. E os mais esclarecidos, por entenderem melhor o sentido da vida, sabem transformar suas expiações em provas.




quarta-feira, 30 de agosto de 2023

OPINIÕES POUCO CONHECIDAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

No final dos anos 80, o Espírito Luiz Sergio (Carvalho), escreveria CONSCIÊNCIA, o primeiro dos livros em que revelava sua integração a um grupo dedicado a tarefas de auxílio a dependentes químicos. Estudante de Engenharia, desencarnado aos 24 anos, em acidente de carro, na madrugada de 12 de fevereiro de 1973, imediações da cidade de Cravinhos (SP), quando regressava com amigos a Brasília onde residia, procedentes de São Paulo, onde tinha estado com três amigos para assistir a primeira corrida de Formula UM que se realizaria na capital paulista, passou a se comunicar mediunicamente apenas quatro meses após sua morte. Servindo-se, desde então de vários médiuns, construiu um acervo de mais de duas dezenas de obras, extremamente interessantes e importantes, especialmente para jovens que se iniciam no conhecimento das realidades espirituais a que nos ligamos. Liderado pelo Espírito Enoque, vivencia experiências ricas de ensinamentos e esclarecimentos sobre temas atualíssimos. Dois anos depois da obra citada, ressurgiria em DRIBLANDO A DOR, também registrando situações vividas entre vitimados pelo consumo de drogas, que a equipe de Espíritos de jovens desencarnados tentava auxiliar nos Dois Planos da vida. Deste excelente trabalho, destacamos alguns comentários que auxiliam uma análise mais precisa do avassalador problema enfrentado pela sociedade humana: SOBRE A ORIGEM DO PROBLEMA1º- O dependente de drogas é um doente psíquico, tem em seu inconsciente um trauma. Quem consome droga deseja driblar a dor. 2º- O jovem quando busca o tóxico, o faz por alguma causa. Se buscarmos a origem, encontraremos primeiramente a fraqueza familiar, ou seja, pais inseguros; lar desequilibrado, filhos negligenciados ou superprotegidos; dinheiro fácil; excesso de liberdade. SOBRE O TRATAMENTOPREVENTIVO - 1º- O tratamento se inicia no lar; é nele que o jovem aprende a viver em sociedade. Um Lar sem disciplina leva o jovem a afundar-se no ócio e nos vícios. Os pais devem desenvolver no jovem o senso de responsabilidade com relação à própria vida. 2º- Desde tenra idade oferecer ao filho educação firme e disciplinada, dando-lhe exemplos de ética, longe das mentiras e fraquezas. 3º- Ao presentear a criança ensiná-lo a amar seus brinquedos e não destruí-los, sentindo que os pais desembolsaram certa quantia para adquirir os brinquedos, mostrando-lhe que os brinquedos também gostam de carinho. 4º- Lembrar que com oito, dez ou doze anos a criança já está colocando para fora as suas neuroses. 5º- Procurar ajuda psicológica se notarem que há algo de errado no comportamento dos filhos, se mente demais, se é ápero com os irmãos, se agride a propriedade alheia, se é péssimo aluno, se destrói o que é seu ou dos outros, se apresenta mudanças de humor.6º- Respeitar o mundo da criança, lembrando que ela não é um brinquedo. 7º- Ser coerente entre o que diz para a criança e o que faz. CORRETIVO 1º- O que se deve fazer é levar a pessoa a interessar-se por si mesma, a se gostar, mostrar-lhe o quanto a sociedade perde por tê-la tão distante, agonizante mesmo. 2º- Fazer o dependente compreender o valor da vida. 3º- Entender que o jovem procura agredir a família ou se autodestruir. 4º- Entender que ele é por demais orgulhoso, tímido ou complexado. 5º- Lembrar que não importa sua idade, mas que ele se julgue útil e amado por todos. 6º- Que se os pais derem ao filho a certeza de um amor equilibrado, ele voltará atrás e abandonará o vício. 7º- Que se os pais continuarem apenas desejando que ele seja um homem de bem, sem a família ter um procedimento elevado, ele continuará a agredir. 8º- Que ao descobrir que o filho é viciado, tudo deve ser feito para mudar o ambiente familiar, o pai voltando a ser o herói da época infantil, a mãe o ninho de amor que o aconchega nas horas de tormenta. Apesar das duas décadas que nos separam da publicação do livro, seu conteúdo permanece extremamente atual não somente na avaliação do grave problema, mas também na elaboração de programas e estratégias tentando enfrentar e solucionar o mesmo.



É verdade que as pessoas que têm epilepsia são vítimas de um obsessor desencarnado?

Não é prudente afirmar isso para todos os casos, embora exista na literatura espírita casos de epilepsia causados por obsessão.

Na maior parte das vezes, no entanto, ao lado da epilepsia pode haver alguma influência espiritual negativa.

No livro NO MUNDO MAIOR, recebido pelo médium Chico Xavier, encontramos o caso do Pedro que sofre de um processo obsessivo complexo, apresentando um caso classificado pela psiquiatria como epilepsia.

O Pedro de hoje foi médico na vida passada, mais precisamente no século XIX, e abusava da missão de curar; ou seja, não era um profissional responsável.

Além disso, ele provocou a falência econômica do próprio irmão, seduziu sua esposa e casou com ela, assim que o irmão veio a falecer.

Diante disso, o irmão desencarnado de Pedro passou a persegui-lo espiritualmente, até que os três já desencarnados com o passar dos anos, passaram por um processo angustioso de regeneração.

Numa próxima encarnação a mulher de seu irmão, com quem Pedro forjara o casamento na vida anterior, recebeu Pedro como filho.

Mas Pedro nasceu com o cérebro comprometido, apresentando um quadro típico de epilepsia e, ainda assim, ele continuou sendo atormentado pelo irmão, que ainda estava desencarnado.

Como podemos perceber, há casos em que a epilepsia está associada a um processo de obsessão espiritual.

Diante disso, o recomendável diante de um quadro epiléptico é que o paciente seja levado ao médico primeiramente, até porque nada sabemos sobre a gênese da doença.

Nesse caso, ao lado do tratamento clínico, recomenda-se a terapia espiritual, que pode ser feita a partir da orientação de um centro espírita idôneo e com a devida cautela.

Na terapia espiritual, tanto quanto na terapia médico-psiquiátrica, é importante que toda a família participe para dar o devido respaldo ao paciente.

Ao que tudo indica, um quadro dessa natureza, quase sempre tem antecedentes espirituais – como no caso do Pedro - e, portanto, a ação da terapia espírita não será apenas sobre o encarnado, mas também sobre o desencarnado.

Uma coisa, porém, é certa, dentro dos postulados da doutrina: jamais se deve ignorar ou abandonar o tratamento médico, pois, mesmo tendo origem espiritual, geralmente, o cérebro do paciente já está comprometido e precisa dos devidos cuidados.


terça-feira, 29 de agosto de 2023

O CORPO É UM INVÓLUCRO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Madrugada de 24 de agosto de 1572, Paris, França. Os sinos de uma das catedrais da cidade anunciam o início de um dos mais tristes episódios escritos pela intolerância religiosa: a matança de seguidores do protestantismo, chamados pejorativamente de huguenotes. Autorizados pelo Rei Carlos IX, influenciado e pressionado por sua mãe Catarina de Médicis, cerca de dois mil na capital francesa, a princípio, e, nos próximos dias estimados setenta mil por todo País. Noite de 25 de maio de 1860, recinto da Sociedade Espírita de Paris. Allan Kardec lê para os participantes da reunião realizada naquele dia, a carta de um assinante da REVISTA ESPÍRITA registrando “curioso relato a ele feito por um amigo a quem perguntara em carta, a opinião sobre a presença ou não, junto a nós, das almas que amamos, e, sua convicção de que nossas almas mudam de envoltório muito rapidamente após a morte. Oficial da Marinha francesa, navegava a trabalho em algum lugar do mundo, quando respondeu a missiva recebida, afirmando não ter lido nada a respeito o que faria quando de seu retorno, revela, contudo, que desde quando tinha sete anos, começou a experimentar a convicção de ter sido assassinado durante os massacres da Noite de São Bartolomeu, embora não tivesse lido qualquer coisa a respeito. Guardava na memória detalhes desta cena sangrenta que jamais desapareceram. Desde a infância, via-se como um rapaz de vinte anos, rico, participando em um duelo, no qual foi morto. Sobre as ligações entre os que se amam, relatou uma experiência na qual encontrando a quilômetros de Lima, Peru, após vinte e cinco dias de viagem, despertou em lágrimas, com verdadeira dor no coração, sentindo-se possuído por profunda tristeza, fato registrado em seu diário. Àquela hora, saberia depois, seu irmão tinha sido atingido por um ataque de apoplexia, que comprometeu gravemente sua vida. Confrontando, posteriormente, dia e hora, tudo exato”. A exemplo de outros experimentos envolvendo pessoas vivas - ou encarnadas -, Allan Kardec cogitou de evocá-lo, sendo prevenindo da impossibilidade à vista de seu trabalho, considerando não estar, talvez, num momento propício, desperto em função de suas atividades se realizarem em variados fuso-horários. Sugeriram chamassem seu anjo da guarda, o qual diria se poderiam evocar seu protegido. Assim foi feito e nas doze perguntas feitas, apurou-se: 1- Realmente a evocação de seu protegido era inviável no momento, por vivenciar uma inquietude moral que o impedia de repousar fisicamente; 2 – Estava em terra; 3- Suas tormentosas lembranças eram verdadeiras, uma intuição real; 4- Realmente era um caso raro, presente nas suas visões, um pouco pelo gênero de morte que o impressionou fortemente naquela vida; 5- Não tivera outras existências depois daquela; 6- Morreu com uns trinta anos, era ligado à casa de Coligny, chamara-se Gaston Vincent, fora um simples soldado, morrera no cruzamento de Bucy; 7- Ainda não recebera cartas posteriores do amigo que levantara o problema; 8- Continuava atualmente seu anjo da guarda, função exercida naquela vida também. Em nota complementar, Allan Kardec observa: - “Céticos, antes gozadores que sérios, poderiam dizer que o anjo da guarda o guardou mal e perguntar por que não desviou a mão que o feriu. Posto que tal pergunta mereça apenas uma resposta, talvez algumas palavras a respeito fossem úteis. Para começar diremos que, se o morrer pertence à natureza humana, nenhum anjo da guarda tem o poder de opor-se ao curso das leis da Natureza. Do contrário, razão não haveria para que não impedissem a morte natural, tanto quanto a acidental. Em segundo lugar, estando o momento e o gênero de morte no destino de cada um, é preciso que se cumpra o destino. Diremos, por fim, que os Espíritos não encaram a morte como nós: a verdadeira vida é a do Espírito, da qual as várias existências corpóreas não passam de episódios. O corpo é um invólucro que o Espírito reveste momentaneamente e deixa como uma roupa usada ou “rasgada”. Pouco importa, pois, que se morra um pouco mais cedo ou tarde, de uma ou de outra maneira, pois que, em definitivo, sempre é preciso chegar à morte, que longe de prejudicar o Espírito, pode ser-lhe útil, conforme a maneira porque se realiza. É o prisioneiro que deixa a prisão temporária pela liberdade eterna. Pode ser que o fim trágico de Gaston Vincent lhe tenha sido útil, como Espírito, o que o seu anjo da guarda compreende melhor que ele, porque um só vê o presente, ao passo que o outro vê o futuro. Espíritos retirados deste mundo por uma morte prematura, na flor da idade, por vezes, nos responderam que era um favor de Deus, que assim os havia preservado dos males aos quais, sem isto, estariam expostos”.


A Bíblia, que dizem ser a palavra de Deus, fala da criação dos animais e do homem, como se tudo tivesse acontecido há poucos séculos com o mesmo homem e com os mesmos animais que existem atualmente. Mas a ciência já comprovou que o mundo tem bilhões de anos, que existiram no mundo animais gigantescos como os dinossauros e que o homem já pertenceu a uma espécie primitiva, que vivia nas cavernas e lutava com os animais para sobreviver. O contato com essas informações científicas foi a primeira razão porque desacreditei da religião.

Evidentemente a Bíblia não fala e nem poderia falar em dinossauros, porque a existência desses animais só foi descoberta nos últimos séculos, após reiteradas pesquisas.

Quando os textos bíblicos foram escritos, séculos antes de Cristo, ainda não havia ciência e os autores desses textos, embora se diziam inspirados por Deus, nada sabiam sobre esses animais e muitas coisas mais que a ciência descobriu depois.

Precisamos compreender, caro ouvinte, que a verdade não é uma dádiva que cai pronta e acabada do céu, embalada em papel de presente. A verdade é uma conquista árdua da humanidade.

Logo, os autores da Bíblia não podiam saber de muita coisa que ainda estava para acontecer, assim como nós, hoje, não sabemos de tudo, pois a ciência sempre terá coisas novas para desvendar.

Os antigos, como os profetas, acreditavam que a humanidade começou com apenas com um casal de pessoas, Adão e Eva. Não podiam acreditar mais que isso.

Adão e Eva, segundo os relatos do Gênese, eram pessoas como nós, ou seja, com a inteligência e a capacidade dos seres humanos de nosso tempo.

No entanto, os cientistas descobriram que, antes dos seres humanos atuais, bem antes – centenas de milhares de anos atrás – tivemos o homem primitivo, fato que a Bíblia também não menciona.

Muita gente acha que as descobertas da ciência são um atentado contra Deus, mas o Espiritismo entende justamente o contrário.

Allan Kardec, num de seus últimos escritos, disse: “As descobertas da ciência glorifica a Deus”.

De fato. O conhecimento de nossos antepassados, há milhares de anos atrás, era muito incipiente. Eles estavam na infância da humanidade.

Por isso, a concepção de Adão e Eva, como outras que se encontram na Bíblia, é o que eles podiam compreender naqueles tempos.

Hoje, passados mais de 3.500 anos de Moisés, o ser humano é outro, o mundo é outro e a ciência vem mudando o panorama da Terra.

É o que nos leva a refletir sobre a evolução humana, sabendo que Deus nos criou imperfeitos, mas nos deu a liberdade de agir e conquistar por nós mesmos a própria perfeição.

A concepção de Deus, segundo a doutrina espírita, é maravilhosa, pois não vamos sua obra como se fosse alguma coisa estática, mas sim o resultado de inúmeras transformações que nos levam todos à perfeição.


segunda-feira, 28 de agosto de 2023

ABRAHAM LINCOLN E O SEU MATADOR; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Poucos dias após a posse no início de 1865, para um segundo mandato, Abraham Lincoln, eleito para ser o decimo sexto presidente norte-americano, morreu aos 56 anos, atingido por um tiro na cabeça desferido por um inimigo politico, enquanto assistia a uma peça de teatro. Unificador dos Estados do Norte e do Sul, libertador dos escravos, Lincoln, nascido no Kentucky, de origem humilde, depois de abandonar as rudes tarefas na fazenda do pai aos 21 anos, fixou-se em New Salem, ali vivendo por cinco anos, trabalhando como empregado de fábrica, caixeiro de armazém, agente de correios, até mudar-se para Springfield, onde passou a trabalhar como advogado entrando definitivamente para a politica, que o conduziu ao primeiro mandato de Presidente em 1861. Antevira em sonho premonitório vivido dias antes, seu próprio assassinato. Lincoln e a esposa participaram também de várias sessões com a médium Nettie Colburn Maynard, conforme relatos publicados por ela em 1891, mais tarde recuperados e traduzidos para o português pelo erudito Wallace Leal Rodrigues e publicados sob o título SESSÕES ESPÍRITAS NA CASA BRANCA (clarim). A morte do grande estadista repercutiu no mundo todo, gravando seu nome na História como um exemplo de politico íntegro e honesto. Dois anos depois, Allan Kardec na edição de março de 1867, publicava uma matéria extraída do BANNER OF LIGHT, de Boston, EUA, que, por sua vez, veiculou a análise de uma comunicação de Abraham Lincoln, por um médium chamado Ravenswood. Pelo que se confirma no seu conteúdo, títulos ou posições ocupados na nossa Dimensão, não fazem nenhuma diferença na transição dela para o Plano Espiritual em consequência da morte física. Vamos ao texto: “-Quando Lincoln voltou de seu atordoamento e despertou no Mundo dos Espíritos, ficou surpreendido e perturbado, porque não tinha a menor ideia de que estivesse morto. O tiro que o feriu suspendeu instantaneamente toda sensação e não compreendeu o que lhe havia acontecido. Esta confusão e essa perturbação, contudo, não duraram muito. Ele era bastante espiritualista para compreender o que é a morte e, como muitos outros, não ficou admirado da nova existência para a qual foi transportado. Viu-se cercado por muitas pessoas que sabia de há muito tempo mortas e logo soube a causa de sua morte. Foi recebido cordialmente por muita gente por quem tinha simpatia. Compreendeu sua afeição por ele e, num olhar, pôde abarcar o mundo feliz no qual tinha entrado. No mesmo instante experimentou um sentimento de angústia pela dor que devia experimentar sua família, e uma grande ansiedade a propósito das consequências que sua morte poderia ter para o País. Seus pensamentos o trouxeram violentamente à Terra. Tendo sabido que William Booth estava mortalmente ferido, veio a ele e curvou-se sobre o seu leito de morte. Nesse momento Lincoln tinha recuperado a perfeita consciência e a tranquilidade de Espírito, e esperou com calma o despertar de Both para a Vida Espiritual. Booth não ficou espantado ao despertar, porque esperava sua morte. O primeiro Espírito que encontrou foi Lincoln; olhou-o com muita afoiteza, como se se glorificasse do ato que havia praticado. O sentimento de Lincoln a seu respeito, entretanto, não alimentava nenhuma ideia de vingança, muito ao contrário; mostrava-se suave e bom e sem a menor animosidade. Booth não pode suportar este estado de coisas, e o deixou cheio de emoção. O ato que cometeu teve vários motivos; primeiro, sua falta de raciocínio, que lho fazia considerar como meritório e, depois, seu amor desregrado aos elogios que o tinham persuadido que seria cumulado deles e olhado como mártir. Depois de ter vagado, sentiu-se de novo atraído para Lincoln. Às vezes, enchia-se de arrependimento, outras seu orgulho o impedia de emendar-se. Entretanto compreendia quanto seu orgulho era vão, sabendo, sobretudo, que não pode ocultar como em vida, nenhum dos sentimentos que o agitam, e que seus pensamentos de orgulho, vergonha ou remorso são conhecidos pelos que o rodeiam. Sempre em presença de sua vítima e não recebendo dela senão sinais de bondade, eis o seu estado atual e sua punição”. Comentando essas informações Kardec comenta: “-A situação destes dois Espíritos é, em todos os pontos, conforme aquela que diariamente vemos exemplos nos relatos de além-túmulo. É perfeitamente racional e está em relação com o caráter dos dois indivíduos”.








Uma pessoa, que sempre cultivou a vida religiosa e tem certeza de que alcançará o céu, ela sofrerá uma decepção após a morte, quando perceber que a vida espiritual não é nada daquilo que ela pensava?

No livro NOSSO LAR, André Luiz conta a história de uma senhora muito rica que chegara às Câmaras de Retificação após passar pelo umbral.

Agora, ela se sentia aliviada pois achava que, enfim, chegara ao céu que a religião lhe prometera, depois de um estágio significativo no umbral.

Ela ainda estava muito confusa, não entendia bem o que lhe acontecera, segundo a crença que cultivara na Terra.

Por isso, achava que acabara de sair do inferno, embora, de acordo com sua religião, não soubesse dizer por que.

Como dissemos, tratava-se de uma senhora de grandes posses – aliás, uma fazendeira do tempo do Império, que muito contribuíra com a igreja, mas que tratara muito mal seus escravos.

Mas não se sentia culpada pelo que fez, pois acreditava que todos os seus pecados tinham sido perdoados por meio da comunhão e, mais do que isso, ela deixara dinheiro para celebrar uma missa pela sua alma.

Evidentemente ela reunia alguns méritos pessoais e, por isso, foi resgatada de regiões de sofrimento para, agora, iniciar uma fase de esclarecimento, onde poderia se inteirar das verdadeiras leis da vida.

Na verdade, a condição com que partimos desta vida significa muito em vista do que nos pode acontecer depois.

O mérito maior de uma pessoa não está na religião que ela professa, mas no bem que ela fez e no mal que ela soube evitar.

O problema, portanto, é de consciência moral, mas muitos, que partem deste mundo, ainda não estão suficientemente esclarecidos do que seja a verdadeira religião.

Por isso, dependendo da pessoa e de como procedeu na Terra, ela pode sofrer decepções no mundo espiritual ou pode evitar esse tipo de sofrimento, se soube cultivar o bem e agir como verdadeira cristã.



domingo, 27 de agosto de 2023

OS PRIMEIROS PASSOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

No número de janeiro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec responde a uma pergunta cuja resposta certamente é procurada por muitos. A indagação propõe a seguinte situação: “-Duas almas, criadas simples e ignorantes, nem conhecem o bem, nem o mal, ao virem à Terra. Se, numa primeira existência, uma seguir a via do bem e a outra, a do mal, como, de certo modo, é o casos que as conduz, nem merecem expiação nem recompensa. Essa primeira encarnação não deve ter servido senão para dar a cada uma delas a consciência de sua existência, consciência que antes não tinham. Para ser lógico, seria preciso admitir que as expiações e as recompensas não começariam a ser inflingidas ou concedidas senão a partir da segunda encarnação, quando os Espíritos já soubessem distinguir entre o Bem e o mal, experiência que lhes faltaria quando de sua criação, mas que adquiriam por meio da primeira encarnação. Tal opinião tem fundamento?”. Como consta n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, “o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco, após o que sofre uma transformação e se torna Espírito, começando para ele o período de Humanidade. Essa primeira fase – embora existam exceções -, é geralmente cumprida numa série de existências que precedem o período chamado Humanidade, não sendo a Terra o ponto de partida da primeira encarnação humana, iniciada em mundos ainda mais inferiores”. .Dizem ainda que “como na natureza nada se faz de maneira brusca, durante algumas gerações o Espírito pode conservar um reflexo mais ou menos pronunciado do estado primitivo, traços que desaparecem com o desenvolvimento do livre arbítrio. Os primeiros progressos se realizam lentamente, porque não são ainda secundados pela vontade, mas seguem uma progressão mais rápida à medida que o Espírito adquire consciência mais perfeita de si mesmo. Esclarecendo a dúvida levantada. Kardec escreveu: “- Ignoramos absolutamente em que condições se dão as primeiras encarnações do Espírito(...). Apenas sabemos que são criadas simples e ignorantes, tendo todas, assim, o mesmo ponto de partida, o que é conforme à justiça; o que sabemos ainda é que o livre arbítrio só se desenvolve pouco a pouco, após numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem após a primeira, nem após a segunda encarnação que a alma tem consciência bastante nítida de si mesma, para ser responsável por seus atos; talvez só após a centésima ou milésima. Dá-se o mesmo com a criança, que não goza da plenitude de suas faculdades nem um, nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos. E, ainda, quando a alma goza do livre-arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento da inteligência. Assim, por exemplo, um selvagem que come os seus semelhantes é menos castigado que o homem civilizado, que comete uma simples injustiça. Sem dúvida os nossos selvagens estão muito atrasados em relação a nós e, contudo, já estão bem longe de seu ponto de partida. Durante longos períodos a alma encarnada é submetida a influência exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes ou, melhor dito, se equilibram com a inteligência; mais trade, e sempre gradativamente, a inteligência domina os instintos. Só então é que começa a séria responsabilidade. Se houvesse acaso ou fatalidade, toda responsabilidade seria injusta. Como dissemos, o Espírito fica num estado inconsciente durante numerosas encarnações; a luz da inteligência só se faz pouco a pouco e a responsabilidade real só começa quando o Espírito age livremente e com conhecimento de causa. O segundo erro é o de admitir que as primeiras encarnações ocorram na Terra. Julgue-se agora o número de existências necessárias a esses selvagens para transporem todos os degraus que os separam da mais adiantada Civilização. Todos esses degraus intermediários se acham na Terra sem interrupção, e podem ser seguidos observando as nuanças que distinguem os vários povos; só o começo e o fim aí não se encontram.



Quando a pessoa não pratica nenhuma religião e nem se mostra preocupada com isso, mas é uma pessoa de bem, para onde ela vai depois da morte?

Do nosso ponto de vista, e levando em conta o que a doutrina espírita nos ensina, acreditamos que a questão não é ter ou não ter religião, acreditar nisso ou naquilo.

O mais importante e o fundamental em nossa vida é a maneira como vivemos no dia a dia e, principalmente, a maneira como convivemos com as pessoas que nos cercam.

De que vale ter uma religião, seja ela qual for, se não nos interessamos em praticar o bem, dando a nossa parcela de contribuição à humanidade?

De que serviria professar uma religião, se nossos atos são de desconsideração e desrespeito para com o próximo?

Que religião seria essa que não é capaz de nos modificar como pessoa humana e fazer com que nos tornemos melhores, mais próximos de Deus?

Logo, a questão não está propriamente na religião, como dissemos, mas na pessoa que se diz ou se quer passar por religiosa.

Mais do que uma religião, Deus quer de nós uma conduta compatível com o respeito e a dignidade humana, que saibamos respeitar o semelhante e, tanto quanto possível, amá-lo.

Para ensinar valores morais elevados, Jesus contou a parábola do fariseu e do publicano que foram ao templo rezar.

O fariseu simbolizava o homem religioso e o publicano, aquele que só se preocupava com as coisas imediatas da vida e nem de Deus se lembrava.

Diante do altar, lado a lado, o fariseu via o publicano como uma pessoa de má conduta, que só se preocupava com dinheiro e não pagava nem o dízimo à igreja.

Mas o publicano, vendo ali o fariseu, o mais religioso dos religiosos daquele povo, sentia-se envergonhado diante de Deus e pedia perdão pelos seus erros.

Jesus disse que foi o publicano (homem do mundo) e não o fariseu ( o religioso) que saiu dali justificado, porque era sincero e não se preocupava em criticar ninguém.

Consideramos que a religião é importante para nos ajudar a nos conhecer a nós mesmos e, a partir da humildade, desenvolver outras virtudes cristãs.

Mas nem todas as pessoas, que se dizem desta ou daquela religião, estão realmente preocupadas com isso.

O máximo que elas conseguem dar de si é uma dedicação a práticas religiosas comuns, como frequência à igreja e participação nos cultos e celebrações.

Do outro lado, podemos encontrar pessoas não-religiosas, mas que têm uma boa conduta, que são sensíveis ao sofrimento alheio e não hesitam em ajudar quem precisa.

É evidente que, no conceito de Jesus, são estas pessoas que fazem a vontade do Pai, sem precisar nem mesmo de religião.

No mundo espiritual elas serão benvindas pelo bem que fizeram e pelo mal que conseguiram evitar, porque é aí que está o verdadeiro mérito de quem ama a si mesmo e ao próximo.


 

sábado, 26 de agosto de 2023

O PROBLEMA DA CREMAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 “O Espírito André Luiz considera que, excetuando-se determinados casos de mortes em acidentes e outros casos excepcionais, em que a criatura necessita daquela provação, ou seja, o sofrimento intenso no momento da morte, esta de um modo geral não traz dor alguma porque a demasiada concentração do dióxido de carbono no organismo determina anestesia do sistema nervoso central. Explica que o fenômeno da concentração do gás carbônico alteia o teor da anestesia do sistema nervoso central provocando um fenômeno que eles chamam de acidose. Com a acidose vem a insensibilidade e a criatura não tem estes fenômenos de sofrimento que imaginamos”. Embora a resposta tenha sido dada pelo médium Chico Xavier em esclarecedora entrevista quando da realização da pioneira cirurgia de transplante de coração realizada em 1968, no Brasil, certamente pode servir para avaliarmos a questão da cremação introduzida no lado Ocidental da Terra, através da Europa, no início do século 20, visto que na milenar e Oriental Índia faz parte das tradições do Bramanismo, atual Hinduísmo. Consultado em 1935 sobre o assunto, o Espírito Emmanuel, esclareceu, contudo, que a mesma “nunca deverá ser levada a efeito antes do prazo de 50 horas após o desenlace”, considerando que “a cremação imediata ao chamado instante da morte é, portanto, nociva e desumana”. Compreende-se porque através da explicação de Allan Kardec sobre experiência da morte: -“Por ocasião da morte corpórea, o Espírito, entra em perturbação, e, perde a consciência de si mesmo, de sorte que jamais testemunha o último suspiro do seu corpo. Pouco a pouco a perturbação se dissipa e o Espírito se recobra, como um homem que desperta de profundo sono. Sua primeira sensação é a de estar livre do fardo carnal; segue-se o espanto, ao reparar no novo meio em que se encontra. Acha-se na situação de um a quem se cloroformiza para uma amputação e que, ainda adormecido, é levado para outro lugar. Ao acordar, ele se sente livre do membro que o fazia sofrer; muitas vezes, procura-o, surpreendido de não mais o possuir. Do mesmo modo, o Espírito, no primeiro momento, procura o corpo que tinha; descobre-o a seu lado; reconhece que é o seu e espanta-se de estar dele separado e só gradativamente se apercebe da sua nova situação. Neste fenômeno, apenas se operou uma mudança de situação material. Quanto ao moral, o Espírito é exatamente o que era algumas horas antes; por nenhuma modificação sensível passou; suas faculdades, suas ideias, seus gostos, seus pendores, seu caráter são os mesmos e as transformações que possa experimentar só gradativamente se operarão, pela influência do que o cerca. Em resumo, unicamente para o corpo houve morte; para o Espírito, apenas sono houve”. A reação diante do fato, porém, depende de cada um. O Espírito Irmão X, através do próprio Chico Xavier pondera: -“Morrer não é libertar-se facilmente. Para quem varou a existência na Terra, entre abstinências e sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da felicidade ansiosamente saboreada pelo Espírito, mas para o comum dos mortais, afeitos aos “comes e bebes” de cada dia, para os senhores da posse física, para os campeões de conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano, na mocidade ou na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas. Demanda tempo, esforço, auxílio e boa vontade”. No mesmo texto, indaga: -“Não seria justo conferir pelo menos três dias de preparação e refazimento ao peregrino das sombras para a desistência voluntária dos enigmas que o afligem na retaguarda?”. O extraordinário acervo constituído de mensagens-depoimento psicografadas pelo famoso médium demonstra a utilidade dessa precaução, prevista, por sinal, na legislação brasileira. De qualquer forma, oportuno considerarmos o comentário do Espírito Emmanuel: -“Mesmo que a separação entre o Espírito e o corpo não se tenha completado, a Espiritualidade dispõe de recursos para impedir impressões penosas e sofrimentos...”.





Quando morre algum famoso ou quando acontece alguma calamidade, é comum publicarem mensagens de Espíritos que foram pessoas importantes nesta vida, até mesmo fazendo profecias...

Não devemos dar tanta importância a essas mensagens só porque dizem provir de nomes famosos.

O Espiritismo recomenda cautela diante dessas mensagens de impacto, pois o importe em qualquer mensagem não é o nome do autor, seja ele quem for, mas o seu conteúdo, se diz algo que se aproveite.

Quando uma mensagem é oportuna, quando nos leva à reflexão e ajuda a nos posicionar diante de um fato, ela é sempre bem-vinda, venha de onde vier, não importa o autor.

Ela não precisa vir necessariamente de um nome conhecido e muito menos de uma figura de destaque.

Os Espíritos instrutores alertaram Kardec sobre isso e pediram que, antes de aceitar ou não uma comunicação, precisamos passa-la sob o crivo da razão e do bom senso.

Quem pode reconhecer a procedência de uma mensagem, atribuída a determinado Espírito, é a sua família, que o conhecia de perto e que, agora, poderá reconhece-lo.

Contudo, nomes de famosos tendem a inspirar desconfiança até que a mensagem possa ser realmente reconhecida.

Erasto, Espírito orientador de Kardec em matéria de comunicação mediúnica, chega a afirmar n’O LIVRO DOS MEDIUNS, que “é preferível rejeitar nove verdades a aceitar uma mentira”.

Além disso, o simples fato de a pessoa desencarnar não lhe dá nenhuma condição de grandeza ou sabedoria. As pessoas continuam sendo o que foram em vida.

Devemos desconfiar de profecias – diz Kardec – notadamente aquelas que citam datas ou prazos para os fatos acontecerem.

Os Espíritos esclarecidos não costumam revelar ao homem aquilo que o homem pode descobrir por si mesmo. Eles também não adiantam fatos que possam causar medo ou pânico na população.

Eles apenas estimulam o bem e a verdade, e não antecipam resultados, do que se conclui que aas previsões geralmente não provêm de Espíritos bem intencionados.

O bom senso da pessoa comum quase sempre é capaz de fazer previsões com muito mais precisão e melhor qualidade.

Portanto, não devemos nos empolgar com supostas comunicações espirituais, mas podemos examiná-las com critério para saber o que querem dizer e de onde realmente provêm.


quinta-feira, 24 de agosto de 2023

FATALIDADE - O QUE DIZ O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Estarão os acontecimentos mais marcantes de nossa vida realmente marcados para acontecer? Quase um ano após o lançamento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, no número de março de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui a matéria A FATALIDADE E OS PRESENTIMENTOS, nascida da dúvida levantada por um correspondente sobre experiência pessoal na qual escapara de morrer mais de uma vez testemunhando, entretanto, desfecho trágico para quatro das pessoas – entre os quais dois religiosos -, que com ele viajavam, enquanto ele e outros três sobreviveram. Revelando ter escapado seis ou sete vezes da morte propôs algumas questões, respondidas por São Luiz, um dos orientadores do trabalho da Codificação Espírita: 1- Quando um perigo iminente ameaça alguém, é um Espírito que dirige o perigo, e quando dele escapa, é outro Espírito que o afasta? – Quando um Espírito se encarna, escolhe uma prova; elegendo-a, estabelece-se uma espécie de destino que não pode mais evitar, uma vez que a ele está submetido; falo das provas físicas. Conservando seu livre-arbítrio sobre o bem e o mal, o Espírito é sempre senhor de suportar ou de repelir a prova; vendo-o fraquejar, um Espírito bom pode vir em seu auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar sua vontade. 2. Quando um homem está na iminência de perecer por acidente, parece-me que o livre-arbítrio nada vale. Pergunto, pois, se é um Espírito mau que provoca esse acidente; se, de alguma sorte, é o seu agente; e, caso se livre do perigo, se um Espírito bom veio em seu auxílio? – Os Espíritos bons e maus não podem sugerir senão pensamentos bons ou maus, conforme sua natureza. O acidente está assinalado no destino do homem. Quando tua vida é posta em perigo, é uma advertência que tu mesmo desejaste, a fim de te desviares do mal e de te tornares melhor. 3. A fatalidade que parece presidir aos destinos materiais de nossa vida também é resultante do nosso livre-arbítrio? – Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. (...). 4. Compreendemos perfeitamente essa doutrina, mas isso não nos explica se certos Espíritos exercem uma ação direta sobre a causa material do acidente (...)? – Quando um homem passa sobre uma ponte que deve cair, não é um Espírito que o leva a passar ali, é o instinto de seu destino que o conduz a ela. 5. Quem fez a ponte desmoronar? – As circunstâncias naturais. A matéria tem em si as causas da destruição. No presente caso, tendo o Espírito necessidade de recorrer a um elemento estranho à sua natureza para movimentar forças materiais, recorrerá de preferência à intuição espiritual. (...) O Espírito, digamos, insinuará ao homem que passe por essa ponte, em vez de passar por outro local. 6. Tomemos um outro caso, em que a destruição da matéria não seja a causa do acidente. Um homem mal-intencionado atira em mim, a bala passa de raspão, mas não me atinge. Poderá ter sucedido que um Espírito bondoso haja desviado o projétil? – Não..Podem os Espíritos advertir-nos diretamente de um perigo? Eis um fato que parece confirmá-lo: Uma mulher saiu de casa e seguia pelo bulevar. Uma voz íntima lhe diz: Vai embora; retorna para tua casa. Ela hesita. A mesma voz faz-se ouvir várias vezes; então ela volta; mas, pensando melhor, diz a si mesma: O que vou fazer em minha casa? Acabo de sair de lá; sem dúvida é efeito da minha imaginação. Então, continua o seu caminho. Alguns passos mais adiante, uma viga que tiravam de uma casa atinge-lhe a cabeça e a derruba, inconsciente. Que voz era aquela? 



Li num livro—diz a Telma - que nosso Espírito protetor nos ajuda, mas nem sempre ele consegue porque não damos condições para isso. Eles sabem que nascemos na Terra para aprender e, sempre que podem, facilitam nosso caminho. Dizem que eles procuram atender às nossas necessidades e não aos nossos desejos. É que nem sempre sabemos o que é bom para nós, não é mesmo?

No livro NO MUNDO MAIOR, André Luiz relata um episódio da vida de Julieta, uma jovem de elevados predicados morais que morava com sua mãe.

Cândida, a mãe de Julieta, era costureira de raro talento e as duas viviam dos recursos que conseguiam vendendo seus serviços

Um dia, porém, Cândida ficou muito doente e Julieta teve que procurar um emprego, porque além de não conseguir trabalhar sozinha, a costura não seria suficiente para as despesas com tratamento da mãe

Nessa época Julieta conheceu Paulino, com quem passou a namorar e esse rapaz, querendo ajudá-la, acabou levando-a para trabalhar numa boate não muito recomendável.

Por contingência da situação e com muito sacrifício, Julieta foi levada a aceitar o serviço .

Contudo, ela fazia de tudo que sua mãe não soubesse onde ganhava o dinheiro que estava custeando seu tratamento,

Mesmo assim dona Cândida, a mãe, pressentiu que havia algo errado com a filha e, a partir de então, passou a orar insistentemente para que seus protetores espirituais a ajudassem,

De fato, havia méritos na vida da mãe e da filha. Por isso mesmo, os protetores espirituais encontraram condições para articular um encontro com Cândida, Julieta e Paulino, enquanto eles estivessem dormindo.

Desse encontro participou Cipriana, um Espírito de elevados dotes morais e muita habilidade de comunicação, que acabou convencendo Paulino a casar-se com Julieta.

Paulino que, até então, se mostrava reticente com a ideia de casamento, de repente despertou para o profundo sentimento que tinha por Julieta e decidiu desposá-la.

Como podemos perceber por este caso, narrado por André Luiz, há sempre alguma participação dos protetores espirituais em nossa vida.

Contudo, a natureza dessa participação depende muito de nossas condições morais.

Não é difícil entender esta questão, se consideramos que as possibilidades de recebermos ajuda, mesmo de pessoas encarnadas, dependem muito de nossa condição moral.

Assim, ninguém está muito disposto a ajudar quem não quer ser ajudado, ou a ajudar a pessoa que não sabe aproveitar o auxílio que recebe.

Não quer ser ajudado aquele que não se ajuda, aquele que desperdiça o interesse e o esforço dos que querem servi-la.

Além disso, como a ouvinte colocou na sua questão, os bons Espíritos procuram nos ajudar naquilo que realmente necessitamos e nunca além de nossas reais necessidades.


quarta-feira, 23 de agosto de 2023

ILUSÃO DAS APARÊNCIAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 As chamadas reuniões de tratamento da obsessão poderão se constituir em fonte inesgotável de confirmação dos Princípios da Reencarnação, bem como dos mecanismos do instrumento que os regula que é a Lei de Causa e Efeito. O caso do Espírito Joaquim tratado no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo (MG), enquadra-se na situação. Segundo o dirigente encarnado dos trabalhos ali realizados em favor da desobsessão, a entidade manifestou-se numa das reuniões através do médium Chico Xavier, revoltada e infeliz. Dizia-se molestado por fortes jatos de água fria, alegando estar sendo dissecado vivo numa aula de anatomia numa Faculdade de Medicina. Afirmava sentir pavoroso sofrimento, repetindo, a cada passo, entre lágrimas: -“Como é possível aplicar semelhante procedimento a um homem vivo? Não há justiça na Terra?”. Meses depois, retornaria, segundo ele, para trazer ao grupo notícias suas. Na comunicação preservada em um gravador disponibilizado por admirador daquelas tarefas e depois transcrita, Joaquim conta o seguinte: -“Minha derradeira máscara física era a de um pobre homem, que tombou na via pública, num insulto cataléptico. Tão pobre que ninguém lhe reclamou o suposto cadáver. Conduzido à laje úmida, não consegui falar e nem var, contudo, não obstante a inércia, meus sentidos da audição e do olfato, tanto quanto a noção de mim mesmo, estavam vigilante. Impossível para mim descrever-nos o que significa o pavor de um morto-vivo. Depois de muitas horas de expectação e agonia moral, carregaram-me seminu para a câmara fria. Suportei o ar gelado, gritando intimamente sem que a minha boca hirta obedecesse. Não posso enumerar as horas de aflição que me pareceram intermináveis. Após algum tempo, fui transportado para certo recinto, em que grande turma de jovens me cercou, em animada conversação que primava pela indiferença à minha dor. Inutilmente procurei reagir. Achava-me cego, mudo, paralítico... Assinalava, porém, as frases irreverentes em torno e conseguia ajuizar, quanto à posição dos grupos a se dispersarem junto de mim... Mais alguns minutos de espera ansiosa e senti que lâmina afiada me rasgava o abdômen. Protestei com mais força, no imo de minha alma, no entanto, minha língua jazia imóvel. Tolerando padecimentos inenarráveis, observei que me abriam o tórax e me arrebatavam o coração para estudo. Em seguida, um hoque no crânio para a trepanação fez-me perder a noção de mim mesmo e desprendi-me, enfim, daquele fardo de carne viva e inerte, fugindo horrorizado qual se fora um cão hidrófobo, sem rumo... Não tenho palavras para expressar a perturbação a que me reduzira. E, até agora, não sou capaz de imaginar, com exatidão, as horas que despendi na correria martirizante. Trazido, porém, à vossa casa, suave calor me requentou o corpo frio. Escutei vossas advertências e orações. E braços piedosos de enfermeiros abnegados conduziram-me de maca a um hospital que funciona como santa retaguarda, além do campo em que sustentais abençoada luta. Banhado em águas balsâmicas, aliviaram-se-me as dores. Transcorridos alguns dias, implorei o favor de vir ao vosso núcleo de prece, solicitando-vos cooperação para que todos os cadáveres, constrangidos aos tormentos da autopsia, recebessem, por misericórdia, o socorro de injeções anestésicas (...). Em resposta, porém, à minha alegação, um de vossos amigos, que considero agora também por meus amigos e benfeitores -, numa simples operação magnética, mergulhou-me no conhecimento da realidade e vi-me, em tempo recuado, envergando o chapéu de um mandarim principal. O rubi simbólico investia-me na posse de larga autoridade. Revi-me, numa noite de festa, determinando que um de meus companheiros, por mero capricho de meu orgulho, fosse lançado em plena nudez num pátio gelado. Ao amanhecer, recomendei lhe furtassem os olhos. Mandei algemá-lo qual se fora um potro selvagem, embora clamasse compaixão. Impassível, ordenei fosse ele esfolado vivo. Depois, quando o infeliz se debatia nas vascas da morte, decidi fosse o seu crânio aberto, antes de entregue aos abutres, em pleno campo. Exigi, ainda, lhe abrissem o abdômen e o tórax. Reclamei-lhe o coração numa bandeja de prata. O toque magnético impusera-me o conhecimento de minha dívida”.


Os espíritas dizem que Deus não castiga, que sofremos porque erramos no passado. Mas, o sofrimento só existe porque Deus permite. Então, eu vejo isso como um castigo pelo erro cometido.

Se você jogar uma partida de xadrez e for derrotado pelo adversário, não poderá dizer que foi Deus que o castigou e que protegeu seu adversário.

A derrota veio por sua causa: ou você não ainda não aprendeu a jogar bem o xadrez ou você cometeu um erro grosseiro que favoreceu seu adversário.

Assim funciona a lei da vida, como um jogo que tem suas regras e que devem ser obedecidas.

Não dá para jogar sem aplicar as regras do jogo. A vida também tem suas leis, que nos cobram a todo instante, convidando-nos a seguir um bom caminho.

Se você descumprir alguma lei, sofrerá as consequências de seu ato. Não poderá culpar ninguém.

Acontece que as Leis de Deus são perfeitas. Por isso elas não se modificam, apenas se aplicam. As leis de Deus são auto aplicáveis.

Para entendermos as leis de Deus basta observar como a natureza funciona.

Se você jogar uma pedra para o alto e não sair de baixo, certamente sofrerá uma pedrada na cabeça. Foi Deus? Não, foi apenas o funcionamento da lei da gravidade.

Mas, se você tomar cuidado, poderá não sofrer a pedrada. Foi Deus que o livrou da pedrada? Não, foi você mesmo, porque soube aplicar suas leis.

Quando Jesus falou sobre o Pai bom e misericordioso, ele não se referia a um deus que faz tudo por nós, mas a um deus que estabeleceu uma ordem no universo, que deve ser cumprida.

Cumprir a lei significa avançar no caminho da perfeição até se tornar um Espírito Puro.

A bondade e a misericórdia vêm do fato de que Deus nos dá tantas oportunidades quanto necessárias para reabilitarmos de nossas quedas.

É desse modo que devemos entender que ninguém está perdido, pois, mais cedo ou mais tarde, terá chance de se recuperar. Eis o porquê da Lei da Reencarnação.

Deus não seria bom e nem misericordioso se deixasse que algum de seus filhos de perdessem para sempre.

Nenhum pai humano faz isso, quanto mais Deus – que é perfeito e Pai de todos nós.

As leis que Ele criou sempre será em nosso benefício, ainda mesmo que demoremos para cumpri-las. Em compensação, o mérito será nosso.

Cumprir essas leis, segundo Jesus, é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.


terça-feira, 22 de agosto de 2023

O ESPIRITISMO É OU NÃO UMA RELIGIÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Má fé, ignorância, intolerância são alguns dos aspectos relacionados à resposta ouvidas das pessoas comuns sobre a pergunta: -“O Espiritismo é ou não uma religião? No número de dezembro de 1868, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec oferece elementos para reflexões a respeito. Argumenta ele: -“O verdadeiro objetivo das assembleias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças; consecutivamente, esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé. (...). Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza. Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou. Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral. As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa; pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que, por isto, sejam tomadas por assembleias religiosas. Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém senão da falta de uma palavra para cada ideia. Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se deve confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para com todos ou, em outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, pois sabemos que os mortos sempre fazem parte da Humanidade. A caridade é a alma do Espiritismo; ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes, razão por que se pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade. Mas a caridade é ainda uma dessas palavras de sentido múltiplo, cujo inteiro alcance deve ser bem compreendido; e se os Espíritos não cessam de pregá-la e defini-la, é que, provavelmente, reconhecem que isto ainda é necessário. O campo da caridade é muito vasto; compreende duas grandes divisões que, em falta de termos especiais, podem designar-se pelas expressões Caridade beneficente e caridade benevolente. Compreende-se facilmente a primeira, que é naturalmente proporcional aos recursos materiais de que se dispõe; mas a segunda está ao alcance de todos, do mais pobre como do mais rico. Se a beneficência é forçosamente limitada, nada além da vontade poderia estabelecer limites à benevolência.


Dois irmãos brigam por causa de herança. Um acha que merece mais, porque foi ele que cuidou do pai até os últimos dias e quer que o irmão o recompense com uma cota maior. O segundo, porém, manteve-se intransigente quanto aos seus direitos perante a lei e se recusa a atender o irmão. Essa desavença durou muitos anos a ponto de eles não se conversarem mais. Pergunto: quem realmente está com a razão? Como o espírito do pai assiste à briga dos filhos? Será que, depois desta vida, eles saberão dizer quem realmente esteve com a razão?

A doutrina ético-moral do Espiritismo segue os ensinamentos de Jesus, e os ensinamentos de Jesus, na sua essência, ainda não são contemplados pelas leis humanas.

Desse modo, se seguimos as leis humanas, algumas vezes podemos transgredir a lei divina, pois a lei divina tem por meta o amor.

O único caminho que pode superar a lei humana é o da conciliação entre as partes, quando levamos em conta o sentimento das pessoas.

Fora disso, o que nos resta é seguir a lei, ainda que ela seja rígida e implacável e, aparentemente, possa fazer injustiça.

No caso em questão, não temos como julgar as verdadeiras intenções e os verdadeiros méritos de cada um dos filhos, pois não temos acesso ao sentimento das pessoas.

Para quem conhecesse o caso de perto, porém, o caminho indicado para se aproximar mais da justiça é o do entendimento, da conciliação, que a própria lei humana prevê.