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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Cristo - Visão Ampliada

Lacordaire, cujo nome completo é Jean Baptiste-Henri Dominique Lacordaire, é autor de mensagens de conteúdo significativo, incluídas por Allan Kardec em várias edições da REVISTA ESPÍRITA e três n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Considerado como um precursor do catolicismo moderno, foi Padre, jornalista, educador, deputado e acadêmico. Advogado aos 22 anos, ordenado Sacerdote aos 26, aos 28 passa a colaborar no jornal diário católico L’AVENIR, periódico que defende a liberdade religiosa e de ensino, defendendo também a separação da Igreja do Estado. Atraído pela Ordem Dominicana suprimida pela Revolução Francesa, Lacordaire assume, em 1830, o projeto de restabelecê-la na França, especialmente pela missão da mesma que era a de pregar e ensinar, bem como pelas regras de funcionamento, visto que todas as autoridades internas dos dominicanos se baseiam em estruturas democraticamente eleitas e com mandatos previamente limitados temporalmente. No mesmo ano, foi eleito, aos 29 de idade, para o parlamento francês, destacando-se pelos discursos inflamados em defesa da liberdade de expressão e de associação, provocando fortes reações entre os adversários. Escolhido para a Academia Francesa, apenas proferiu seu discurso de aceitação, desencarnando pouco depois, em 1861, aos 59 anos. Já no ano de 1862, ressurge em Paris, através da mediunidade, ofertando sua contribuição sobre temas importantes nas obras básicas do nascente Espiritismo. Uma delas curiosamente seria inserida na edição de fevereiro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, numa coletânea com que Kardec compôs a seção Instruções dos Espíritos. Com um conteúdo revelador, Lacordaire diz o seguinte: -“Eis uma pergunta que se repete por toda a parte: O Messias anunciado é a pessoa mesma do Cristo? Perto de Deus estão numerosos Espíritos chegados ao topo da escada dos Espíritos puros, entre eles seus enviados superiores, encarregados de missões especiais. Podeis chama-los Cristos: é a mesma escola; são as mesmas ideias modificadas conforme os tempos. Não fiqueis, pois, admirados de todas as comunicações que vos anunciam a vida de um Espirito poderoso sob o nome do Cristo; é o pensamento de Deus revelado numa certa época, e que é transmitido pelo grupo dos Espíritos Superiores que se aproximam de Deus e recebe as suas emanações para presidir ao futuro dos Mundos que gravitam no Espaço. O que morreu na cruz tinha uma missão a cumprir, e essa missão se renova hoje por outros Espíritos desse grupo divino, que vem, eu vo-lo repito, presidir aos destinos do vosso mundo. Se o Messias de que falam essas comunicações não é a personalidade de Jesus, é o mesmo pensamento. É aquele que Jesus anunciou, quando disse: -‘Eu vos enviarei o Espírito de Verdade, que deve restabelecer todas as coisas’, isto é, reconduzir os homens à sã interpretação de seus ensinamentos, porque previa que os homens se desviariam do caminho que lhes havia traçado. Aliás, era necessário completar o que então não lhes havia dito, porque não teria sido compreendido. Eis porque uma multidão de Espíritos de todas as ordens, sob a direção do Espírito de Verdade, vieram a todas as partes do mundo e a todos os povos, revelar as leis do Mundo Espiritual, cujo ensino Jesus havia adiado e lançar, pelo Espiritismo, os fundamentos da nova ordem social. Quando todas as suas bases estiverem postas, então virá o Messias que deve coroar o edifício e presidir à reorganização com o auxílio dos elementos que tiverem sido preparados. Mas não creiais que esse Messias esteja só; haverá muitos que abraçarão, pela posição que cada um ocupará no Mundo, as grandes partes da ordem social: a politica, a religião, a legislação, a fim de as fazer concordar com o mesmo objetivo. Além dos Messias principais, surgirão Espíritos de escol em todas as partes do detalhe e que, com lugares-tenentes animados da mesma fé e do mesmo desejo, agirão de comum acordo, sob o impulso do pensamento superior. Assim é que, pouco a pouco, estabelecer-se-á a harmonia do conjunto; mas é necessário, previamente, que se realizem certos acontecimentos”.






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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Triste, Vergonhoso, Surreal

Lançado em 1857, ampliado em 1860, O LIVRO DOS ESPÍRITOS, inclui na abordagem sobre a Lei da Liberdade, o tópico Escravidão, sistema que contava com crescente movimento desde o início do século 19 para sua extinção. Em quatro respostas, a Espiritualidade Superior  esclarece que “toda sujeição absoluta de um homem a outro é contrária à lei de Deus, sendo a escravidão um abuso de força que desaparecerá com o progresso, como, pouco a pouco, desaparecerão todos os abusos”. Disseram ainda que mesmo pertencente aos costumes do povo, “o mal é sempre o mal” e “nem todos os sofismas farão que uma ação má se torne boa. Salientam que a desigualdade natural das aptidões de certas raças dependentes das raças mais inteligentes, existe “para que essas elevem as inferiores e não as embruteça ainda mais na escravidão”, sendo “culpados também aqueles que tratam seus escravos com humanidade, pois atendem melhor seus interesses, como o fazem com seus bois, cavalos, a fim de tirar mais proveito, usando seres humanos como mercadorias, privando-os do direito de se pertencerem a si mesmos”. Comentário publicado em jornal paulista de grande circulação (25/0/14), chama a atenção para o livro UM CRIME TÃO MONSTRUOSO publicado pelo jornalista norte-americano Benjamin Skinner. Centrado em expor um problema social ignorado pela maioria das pessoas, a obra chega a assustar pelos números surpreendentes que revela. Objetiva revelar a escravização de seres humanos na atualidade. No Brasil, vez ou outra, é denunciada o uso desse tipo de mão de obra por grupos imigrantes latino-americanos ou asiáticos, especialmente em oficinas de costura ou propriedades rurais. Telenovela recentemente apresentada em horário nobre pela maior e mais influente rede de televisão do País, chamou a atenção para o aliciamento de mulheres para a prostituição, inclusive internacional. Há a prostituição infantil motivada pela fome no norte/nordeste, ignorada pelo sudeste/sul. Publicamente são ignorados dados estatísticos que permitam uma ideia mais precisa da dimensão do problema, mas Skinner diz que no Brasil, anualmente, perto de 5 mil escravos são resgatados pela ação das autoridades. Skinner, contudo, leva-nos a um cenário dantesco ao redor do mundo, mostrando a exploração braçal e brutal de milhares ou milhões de seres humanos trabalhando em plantações ou pedreiras ao som do chicote. E os números demonstram que a escravidão até o século 19 envolvia muito menos seres humanos que atualmente. A emissora alemã Deutsche Welle, a décima maior emissora do mundo, com transmissões em 30 idiomas, entrevistou Benjamin Skinner que  entre outras inacreditáveis informações diz que “escravos hoje são muito mais baratos do que em qualquer outro momento da história da Humanidade”. Considera que “a escravização de seres humanos, apesar dos mais de trezentos tratados internacionais e convenções exigindo o fim da escravidão e do comércio de escravos, ainda é um desafio do mundo moderno”. Estima haverem entre 12,3 e 27 milhões de pessoas nessa condição atualmente. Define como característica de escravo, “pessoas forçadas a prestar um serviço, mantidas ilegalmente e ameaçadas com violência, sem pagamento, em esquema de subsistência que não podem fugir de seu trabalho”. Falando do seu perfil, diz serem “oriundos de comunidades profundamente empobrecidas, socialmente isoladas, tendem a ser jovens, do sexo feminino, com acesso restrito a educação e saúde, enquanto outras vivem em áreas onde o domínio da lei é fraco e criminosos podem tirar vantagem de sua vulnerabilidade e isolamento para lucrar”. Informa que “são usados em todos os ramos da indústria, da agricultura e do setor de serviço, a maioria forçada a trabalhar para quitar uma dívida, em muitos casos herdada de um ancestral”. Buscando dados em quatro continentes, diz ter “recebido, em Porto Príncipe, no Haiti, a oferta de um menino de 12 anos por 50 dólares, tendo presenciado ofertas de 45 dólares na África do Sul. Salienta que com “1,1 bilhão de pessoas subsistindo com menos de um dólar por dia, a oferta de potenciais escravos é ilimitada”. Aponta “o sul da Ásia e a Índia em particular como a região onde existe a maior concentração deles Nos Estados Unidos, a maior parte vem do – ou através - do México, sendo usadas na execução de trabalhos manuais e domésticos”. Em outras regiões “crianças são obrigadas a lutar em guerras civis brutais, enquanto homens e mulheres, espoliados, são obrigados a produzir componentes de produtos de consumo que você talvez tenha em casa”. Concluindo lembramos comentário de Allan Kardec sobre a questão 803 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS: -“Todos os homens são submetidos às mesmas leis naturais, nascem com a mesma fragilidade, sujeitos às mesmas dores, o corpo do rico se destruindo como o do pobre”. Todos iguais diante de Deus.





segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Como Se Estivéssemos na Contra-Mão

Alguém comenta: -“A situação do planeta deve-se ao aumento acelerado da população!”. Em opinião expressa em publicação espiritualista resgatada e  preservada integralmente no livro SALA DE VISITAS DE CHICO XAVIER (eme), do pesquisador Eduardo Carvalho Monteiro, o Espírito Emmanuel através de Chico Xavier, afirmou que “grandes imensidades territoriais, na América, na África e na Ásia, nos desafiam a capacidade de trabalho”. Mais à frente acrescentaria que “aqui mesmo, no Brasil, numa Nação com a capacidade de asilar novecentos milhões de habitantes, em quatrocentos e alguns anos de evolução, mal estamos, os Espíritos reencarnados na Terra, mal estamos passando das faixas litorâneas”. O comentário expresso  seis décadas atrás, somente merece retoque no aspecto das faixas litorâneas. O problema da escassez de alimentos somente pode se justificar pelo predomínio do egoísmo e do orgulho observado no comportamento humano. Porque se analisarmos a relação custo/benefício da posse de grandes extensões de terra apenas para lazer eventual em pequeno espaço que abrange, por vezes, alguns equipamentos como quadras e piscina; do apartamento de cobertura que abriga duas ou três pessoas; do suntuoso imóvel de revolucionárias linhas arquitetônicas incrustado em área rural acessado vez ou outra; do carro de alto preço e grande potência de uso limitado pelas leis de trânsito; entre outros aspectos, concluiremos pela irracionalidade e insensatez desses “sonhos de consumo”. A questão da alimentação necessária para a manutenção do corpo humano merece reflexão. Em livro do Espírito André Luiz, através do médium Chico Xavier, encontramos que setenta porcento do que nutre a máquina física resulta da respiração, cabendo aos trinta porcento restantes a função de complementação sólida necessária pelos desgastes impostos pelas atividades desenvolvidas. Em outras palavras nosso apetite por dietas variadas satisfazem apenas nossos sentidos e não necessidades. A inteligência do homem desenvolveu tecnologias capazes de produzir alimentos em regiões desérticas, de extrair o sal da água do mar como mostram os grandes navios de cruzeiros marítimos. Analisando a questão do gozo dos bens da Terra nas questões 711 e 714ª d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a Espiritualidade explicou a Allan Kardec que o “direito do uso dos bens da Terra é a consequência da necessidade de viver, que esses atrativos servem para instigar o homem no cumprimento da sua missão e também para o provar na tentação, cujo objetivo é desenvolver a razão que deve preservá-lo dos excessos, advertindo que o homem que procura nos excessos de toda espécie um refinamento dos seus gozos, é uma pobre criatura que devemos lastimar e não invejar, porque está bem próximo da morte física e moral”, ao que Kardec comenta que “esse indivíduo coloca-se abaixo dos animais, pois estes sabem limitar-se à satisfação de suas necessidades e que tal criatura abdica da razão que Deus lhe deu para guia e quanto maiores forem seus excessos, maior é o império que concede à sua natureza animal sobre a espiritual, sendo as doenças, a decadência, e apropria morte, as consequências do abuso, constituindo uma punição da transgressão da Lei de Deus”. No mesmo capítulo lei de conservação, da obra citada, encontramos que a Terra é capaz de produzir o necessário a todos os seus habitantes, sendo útil apenas o necessário, jamais o supérfluo”, acrescentando que “se ela não supre a todas as necessidades é porque o homem emprega no supérfluo o que se destina ao necessário, não sendo a natureza a imprevidente, mas o homem que não sabe regular-se, devendo-se ao egoísmo dos homens que nem sempre fazem o que devem, a falta dos meios de subsistência que faltam a certos indivíduos, mesmo em meio da abundância que os cerca”. Pondera Kardec em observação adicional que “se a Civilização multiplica as necessidades também multiplica as fontes de trabalho e os meios de vida(...). A Natureza não poderia ser responsável pelos vícios da organização social e pelas consequências da ambição e do amor próprio”.


sábado, 22 de fevereiro de 2014

Sobre a Expiação e a Prova

Na edição de setembro de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec, na seção Questões e Problemas, procura esclarecer dúvidas enviadas por um leitor, a respeito da diferença entre expiação e provas. Ele e participantes do pequeno grupo de estudiosos da cidade de Moullins (FR), onde residia, divergiam sobre o sentido das duas palavras e se a manifestação das mesmas ocorria, a primeira, no Plano Espiritual e, a outra, no Plano Físico. Da explicação de Kardec, destacamos: -“Se considerarmos o homem sobre a Terra, vemos que ele aí suporta males de toda a sorte e, por vezes, cruéis. Esses males tem uma causa. Ora, a menos que se os atribua ao capricho do Criador, é-se forçado a admitir que a causa esteja em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser resultado de nossas virtudes. Então tem sua fonte nas nossas imperfeições. Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, honras e todos os prazeres materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do arrastamento; para o que cai na desgraça por sua conduta ou imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais e pode-se dizer que é punido por onde errou. Mas que dizer daquele que, após o nascimento, está a braços com as necessidades e as privações, que arrasta uma existência miserável e sem esperança de melhora, que sucumbe ao peso das enfermidades congênitas, sem ter ostensivamente nada feito para merecer tal sorte? Quer seja uma prova, quer uma expiação, a posição não é menos penosa e não seria mais justa do ponto de vista do nosso correspondente, porque se o homem não se lembra da falta, também não se lembra de haver escolhido a prova. Assim, há que buscar alhures a solução da questão. Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter a sua; se esta não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo a justiça de Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos procedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para o futuro. São expiações no sentido de que são consequência de uma falta e provas em relação ao proveito delas tirado. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Assim, se formos feridos e se não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira por que o suportamos é a prova(...). Quanto ao esquecimento das faltas (...), temos demonstrado que a lembrança precisa dessas faltas teria inconvenientes extremamente graves, por isso que nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo; trariam uma perturbação nas relações sociais e, por isto mesmo, travaria nosso livre arbítrio. Por outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto o supõem. Ele se dá na vida exterior de relação, no mesmo interesse da Humanidade; mas a vida espiritual não sofre solução de continuidade. Tanto na erraticidade, quanto nos momentos de emancipação, o Espírito se lembra perfeitamente e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz na voz da consciência, que o adverte do que deve, ou não deve fazer. Se não escuta, então a culpa é sua (...). Das tribulações que suporta, das expiações e provas deve concluir que foi culpado. Da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas, apoiando-se no princípio que a mais justa punição é a consequência da falta, pode deduzir seu passado moral. Suas tendências más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir de si. A vida atual é para ele um novo ponto de partida; aí chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois, estudar-se a si mesmo e ver o que lhe falta (...). Em resumo, se certas situações da vida humana tem, mais particularmente, o caráter das provas, incontestavelmente tem o do castigo, e todo castigo pode servir de prova. É erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta. Vemos diariamente na vida expiações voluntárias, sem falar dos monges que se maceram e se fustigam com a disciplina e o cilício. Assim, nada há de irracional em admitir que um Espírito na erraticidade escolha ou solicite uma existência terrena que o leve a reparar seus erros passados (...). As misérias daqui são, pois, expiação, por seu lado efetivo e material, e provas, por suas consequências morais. Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o melhoramento

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Dúvida Comum

Porque o Espiritismo, apesar de ter nascido na França, após a morte de Allan Kardec perdeu paulatinamente a força inicial até seu quase desaparecimento ganhando intensidade apenas no Brasil? A dúvida que é de muitos encontrou resposta entre os meses de junho e agosto de 1965, quando os médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira, atendendo convite de amigos radicados nos Estados Unidos da América do Norte e alguns países europeus, cumpriram roteiro de visitas por várias cidades dos dois continentes, visando não apenas conhecer o movimento espiritualista lá existente, mas, também apresentar alguns dos seus trabalhos traduzidos para o idioma inglês. O mais interessante é que um grupo dos Espíritos desencarnados que desenvolviam trabalhos junto a eles os acompanhou, a fim de estreitar relações com líderes espirituais lá atuantes no amplo movimento espiritualista que, nos bastidores da evolução trabalham direta e indiretamente pelo despertar dos que lá vivem. Os Benfeitores Espirituais Emmanuel, André Luiz, Hilário Silva, Kelvin Van Dine e Irmão X estavam com a dupla, registrando com conteúdos psicografados sua passagem por localidades como Nova Iorque (NI), Silver Spring (Maryland), Washington (D.C.)  neste lado da Atlântico, e, Londres (Inglaterra) e  Paris (França), material posteriormente reunido no livro – ENTRE IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS (feb,1965) -, com que se reverenciou o centenário da primeira entidade espírita do Brasil, o Grupo Familiar do Espiritismo, nascido em 17 de setembro de 1865, em Salvador (BA). Alguns Espíritos ligados ao movimento espiritualista local aproveitaram a presença dos médiuns brasileiros para transmitir interessantes mensagens como Ernest O´Brien e Anderson que as escreveram no idioma inglês inseridas no livro conforme o original, traduzidas para o português pelo erudito Hermínio Correia de Miranda. Outro detalhe curioso é que dos dois textos do prefácio, um é uma prece do Espírito André Luiz antes do embarque. Algumas entrevistas interessantes foram desenvolvidas pelo Irmão X e por André Luiz com personalidades locais. Uma delas já tema de postagem no início deste BLOG com a célebre atriz Marilyn Monroe que abordada pelo Irmão X, forneceu detalhes de sua intrigante desencarnação anos antes. Quando da passagem do grupo por Paris, no dia 20 de agosto de 1965, André Luiz teve a oportunidade de conversar com um dos destacados continuadores de Allan Kardec, o engenheiro e escritor Gabriel Delanne. O autor de A REENCARNAÇÃO, A EVOLUÇÃO ANÍMICA, A ALMA É IMORTAL (feb), filho de médiuns que serviram à Kardec na Sociedade Espírita de Paris, inteligência precoce para sua idade, respondeu a 20 questões formuladas pelo autor da série NOSSO LAR. Informando que, “apesar de residir agora além da Terra, prossegue dentro das possibilidades sua ação espírita de outro tempo”, considera que o “Espiritismo não alcançou o nível ideal”. Em se tratando do berço de Kardec, diz que “não podemos esquecer que a França nos últimos vinte lustros sofreu a carga de três grandes guerras que lhe impuseram sofrimentos e provas terríveis, o que, contudo, não atrasou a marcha do Espiritismo, visto que legiões de companheiros da obra de Allan Kardec reencarnaram, não só na França, mas igualmente em outros países, notadamente no Brasil, para a sustentação do edifício kardequiano”. Não vê como “lenta a expansão dos princípios espíritas no mundo, visto que, as atividades espíritas contam pouco mais de um século e um século é período demasiado curto em assuntos do Espírito”. Sobre se a Europa eventualmente retomará a direção do movimento espírita, avalia que “antes de tudo, devemos considerar que a Europa assemelha-se, atualmente, a vasto campo de guerra ideológica, que está muito longe de terminar”. Sobre se fenômenos de efeitos físicos não deveriam ser mais usados no processo de despertamento dos homens, diz que “essa modalidade serve à convicção, mas, não adianta ao serviço indispensável da renovação espiritual, estando certos os Espíritos Superiores na poda dos surtos e motivações que surgem”. Questionado sobre qual a direção mais indicada para pesquisa científica, respondeu que “devemos estimular os estudos em torno da matéria e da reencarnação, analisar o reino maravilhoso da mente e situar no exercício da mediunidade as obras de fraternidade, orientação, consolo e alívio às múltiplas enfermidades das criaturas terrestres, melhorando a individualidade por dentro”. Solicitado a apontar onde os percalços maiores para a expansão da Doutrina Espírita, afirmou que, em sua opinião, “procedem da atuação daqueles que reencarnam, prometendo servi-la, seja através da mediunidade direta ou indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das regiões inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a ridicularizá-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto dos quais encontramos as demonstrações improdutivas, as histórias fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de terror, sendo impossível negar que os milhões de Espíritos inferiores que cercam a Humanidade possuem seus médiuns”. “Educação é o único modo de vencer no labirinto gigantesco em que opera a influência das sombras, “explicando, tanto nos sistemas religiosos do Ocidente quanto do Oriente que a pessoa, em qualquer lugar e tempo somente possui o que ela fez de si própria”.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Se Todos Soubessem...

O material gerado de forma mais intensa através da mediunidade de Chico Xavier a partir de 1970 expondo a situação de centenas de crianças, jovens e adultos cujas vidas físicas foram interrompidas pelo fenômeno da morte, contem enorme quantidade de informações sobre a realidade com a qual nos defrontaremos mais hoje, mais amanhã. Familiares nos recebendo, resgate, hospitalização, tratamentos específicos, ligações mento-emocionais não apenas não cessadas como intensificadas repercutindo de ambos os lados, entre outros dados construíram conteúdos os mais diversos sobre a realidade peculiar a que foi ou permaneceu na retaguarda de nossa Dimensão. Seria, contudo, possível generalizar essas informações? O próprio Chico Xavier, numa conversa com amigos, disse que “oitenta porcento das criaturas que desencarnam, voltam-se para a retaguarda sem condições de ascenderem a Planos Elevados. Apenas vinte porcento gravitam para Esferas mais altas”. Em resposta inserida na obra O CONSOLADOR (feb, 1940), o Instrutor Espiritual Emmanuel já explicara que “a situação de surpresa ante os acontecimentos supremos e irremediáveis que determinam a morte física, proporcionam sensações muito desconfortáveis à alma desencarnada, condição útil e necessária para que o Espírito alije o fardo de suas impressões nocivas do mundo e penetre mais tranquilo na Vida Espiritual”.  Numa elucidativa mensagem incluída no livro FALANDO À TERRA (feb,1952), o autor-espiritual Abel Gomes esclareceu que somente alguns poucos Espíritos treinados no conhecimento superior conseguem evitar as deprimentes crises de medo que, em muitos casos, perduram por longo tempo”. Esclarecendo-nos mais, Emmanuel diz que a impressão da alma no momento da morte varia com os estados de consciência dos indivíduos (...). Geralmente, nas primeiras horas pós-morte, ainda se sente o Espírito ligado aos elementos cadavéricos. Laços fluidicos imperceptíveis ao poder visual, ainda se conservam unindo a alma recém liberta ao corpo exausto”. O Espírito André Luiz tratando do problema na obra MISSIONÁRIOS DA LUZ (FEB,1945), informa que “a morte física não é banho milagroso, que converta maus em bons e ignorantes em sábios de um instante para outro. Há desencarnados que se apegam aos ambientes domésticos, à maneira de hera às paredes. Outros, contudo, e em vultoso número, revoltam-se nos círculos da ignorância que lhes é própria e constituem as chamadas legiões das trevas, que afrontam o próprio Jesus, por intermédio de obsidiados diversos. Organizam-se diabolicamente, formam cooperativas criminosas e ai daqueles que se transformem em seus companheiros. Os que caem na senda evolutiva, pelo descaso das oportunidades divinas, são escravos sofredores desses transitórios, mas terríveis poderes das sombras, em cativeiro que pode caracterizar-se por longa duração” e, em OS MENSAGEIROS(feb,1944),que, “após a morte, é preciso desencarnar também os pensamentos. As criaturas que se agarram no Plano Espiritual às impressões físicas, criam densidade para seus veículos de manifestação”. Do acervo construído com as mensagens recebidas por Chico Xavier destacamos 3 exemplos para nossas reflexões: CASO 1 - Sergio Luiz Mandarino / Causa Morte: acidente de trânsito aos 21 anos / Impressões : Inércia ocasionada por anestésicos violentos ministrados nele logo após o acidente, despertando assombrado em meio ao velório e às lagrimas dos familiares, vendo ao seu lado o avô, morto 15 anos antes. Concluída a cerimônia fúnebre, foi transferido para hospital do Mundo Espiritual a fim de receber tratamento de que se fazia necessitado. Caso 2 - Luiz Alves, enfermeiro / Causa Morte : suicídio por tiro no coração aos 30 anos /  Impressões : Se reconheceu muito mais vivo que antes, continuando ligado à carcaça inerte, entregue a Escola de Medicina por não dispor de parentes ou amigos que lhe solicitassem os despojos. Chumbado ao corpo, passou a servir em demonstrações anatômicas, completamente anestesiado, ignorando dores físicas, não obstante cortado de mil modos.(..) Chorava, gritava, reclamava sem  ser ouvido.Com o tempo, desgastou-se-lhe a vestimenta de carne nas atividades de cobaia, transformando-se no esqueleto admirado por todos. Vinte e seis anos se passaram até que se libertasse e iniciasse o processo de recuperação. CASO 3 - Joaquim Dias, homem comum, vivia em companhia dos pais, esposa e um filho. / Causa Morte: Enfermidade associada à insanidade mental decorrente do alcoolismo iniciado décadas antes ao sorver alguns goles com que tentava afugentar pequeninos problemas da vida./ Impressões: Ignorando a própria morte, foi atraído, para a turba de delinquentes a que vibratóriamente se afeiçoara enquanto encarnado, sofrendo-lhes a pressão, assimilando-lhes os desvarios e, com eles, procurando novamente embebedar-se, mergulhando, tempo depois na insatisfação, afastando-se dos comparsas, passando a ser dominado por sede implacável que não conseguia saciar,pois, todas as possíveis formas de saná-la estavam associadas às miragens expiatórias que criara envolvendo os pais, a esposa, os filhos enquanto  com eles conviveu, permanecendo assim por décadas até que enfermeiros da Vida Espiritual, pelos talentos da prece, aplacaram-lhe a sede, ofertando-lhe água pura.


                                                                                             

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Uma Entrevista Supreendente

Um dos países mais habitados do Planeta, a Índia conserva tradições milenares que denotam, especialmente em relação à condição da mulher, o quanto parte de seu povo precisa avançar no caminho do progresso espiritual. Episódios recentes envolvendo estupros coletivos estampados nos noticiários internacionais mostram que a inspiração, por exemplo, de grande parte do que se conhece hoje no aspecto religioso, da comunicação através da escrita, perdeu-se na esteira do tempo, desfigurado em milhares de seitas derivadas da chamada zoolatria, simbolizando as divindades de devoção a milhares de criaturas humanas. Aqueles Espíritos exilados do Sistema Capela alocados por Jesus naquela região da Terra, detentores de maiores conhecimentos sobre os aspectos filosófico/religiosos, como revelado pelo Espírito Emmanuel no livro A CAMINHO DA LUZ (feb,1938), devem tem cumprido suas tarefas, liberando-se para seguir seus programas evolutivos em outras das moradas da Imensidão do Cosmos. Além do casamento infantil, uma das tradições sustentada pela cultura hindu era o cerimonial do sacrifício da esposa viúva, amarrada e sacrificada viva na fogueira da pira onde o corpo de seu marido era cremado, pela “humilhação de seu pai viver enquanto seu marido morrera”. Conhecida como Sáti, apesar da proibição governamental, persiste pelas dezenas de relatos de ocorrências nas últimas décadas, exigindo um esforço contínuo por parte das autoridades para sua erradicação, bem como a variação do enterramento vivo, em regiões onde a prática excepcional do enterramento prevalece. A propósito, no item 232 d’ O LIVRO DOS MÉDIUNS, recolhemos a informação que “se tomarmos cada povo em particular, poderemos, pelo caráter dominante dos habitantes, pelas suas preocupações, seus sentimentos mais ou menos morais e humanitários, dizer de que ordem são os Espíritos que, de preferência, se reúnem no seio dele”. Nas pesquisas da Sociedade Espírita de Paris, o assunto foi pesquisado, como revelado na edição de dezembro de 1858 da REVISTA ESPÍRITA. Anota Kardec: -“Desejávamos interrogar uma dessas mulheres da Índia, sujeitas ao costume de queimar-se sobre o cadáver do marido. Não conhecendo nenhuma, tínhamos pedido a São Luiz nos enviasse uma em condições de responder às nossas perguntas de maneira satisfatória. Ele nos respondeu que de boa vontade o faria oportunamente. Na sessão de 2 de novembro de 1858, o Sr. Adrien, médium vidente, avistou uma, disposta a falar, e dela nos deu a seguinte descrição: Olhos negros e grandes, com a esclerótica amarela, rosto arredondado, faces salientes e gordas, pele açafroada e trigueira, cílios longos e supercílios arqueados e negros; nariz um pouco grande, ligeiramente achatado; boca grande e sensual, belos dentes largos e iguais; cabelos lisos, abundantes, negros e empastados de gordura. Corpo bem gordo, grande e atarracado. Roupagem de seda, deixando o peito meio descoberto. Pulseiras nos braços e nas pernas”. As onze perguntas que constituíram a entrevista feita por Kardec resultaram em informações interessantes para nossas reflexões. 1- Quanto a época em que viveu na Índia e teve seu corpo queimado com o do marido, sinalizou não se lembrar, dado fornecido pelo dirigentes espiritual dos trabalhos que disse ter sido cem anos antes. 2 – Chamara-se Fátima, tendo professado a religião maometana e, embora tendo nascido muçulmana, por ser mulher, teve de se conformar com o costume da região onde morava, submetendo-se à religião do marido que era seguidor de Brahma, considerando que as mulheres não se pertencem. 3 – Que tinha 20 anos quando morreu. 4 – Sobre se teria se sacrificado voluntariamente, disse que no fundo teria preferido não fazê-lo, pensamento comum entre as mulheres que precisavam seguir o costume. 5 – Que o sentimento que poderia ter ditado esta lei foi a superstição por imaginarem que queimando a esposa juntamente com o corpo do marido, agradavam à Divindade, crendo que resgatavam as faltas daquele que perderam, ajudando-o a viver feliz no outros mundo. 6 – Que nunca procurara rever seu marido. 7 -  Que poucas mulheres se sacrificavam de boa vontade - uma em mil -, embora no fundo não desejassem fazê-lo. 8 – Que no momento em que se extinguiu sua vida corporal experimentou perturbação, sentindo um escurecimento, não sabendo o que se passou depois, sendo que suas ideias se tornaram claras muito tempo depois; que ia a toda parte, embora não se vendo bem; que ainda não se sentia completamente esclarecida, necessitando passar por muitas encarnações para se elevar, más que não se queimaria mais por não ver a necessidade de alguém atirar-se às chamas a fim de levar-se, sobretudo por faltas que não cometeu” Terminando por pedir preces em seu favor para ter mais coragem a fim de suportar as provas a ela enviadas, ouve Kardec observar que as preces que lhe seriam oferecidas seriam cristãs e responde: -“Só há um Deus para todos os homens”. Concluindo a matéria, há o seguinte comentário: -“Em várias sessões seguidas, a mesma mulher foi vista entre os Espíritos que as assistiam. Disse que vinha para instruir-se. Parece que foi sensível ao interesse por ela demonstrado, porque nos acompanhou em várias outras reuniões e até na rua”.







sábado, 15 de fevereiro de 2014

Nada de Novo

Os estudos desenvolvidos por Allan Kardec sobre a relação fluidos / pensamento / saúde disponibilizam um manancial de informações que vão sendo acessadas paulatinamente por pesquisadores interessados na Verdade que há por trás de todos os efeitos observados em nossa realidade objetiva. Tais resultados, contudo, com raríssimas exceções, foram e continuam sendo ignorados pela comunidade científica, como aconteceu com outras propostas dentro do campo do chamado VITALISMO como o magnetismo mesmeriano, a homeopatia, as essenciais florais, enfim, todas alternativas para restauração da saúde humana. A visão ou modelo MECANICISTA prevaleceu por mais de um século, cumprindo o importante papel de aprofundamento do conhecimento sobre o corpo humano em suas estruturas mais complexas. Os interesses econômicos da indústria farmacêutica neutralizam a maior parte dos esboços de reação. A busca, todavia, continua. Apesar disso, contribuições atuais, mesmo do meio acadêmico, são desconsideradas. Uma delas resulta das pesquisas de um biólogo americano chamado Bruce H. Lipton que no seu livro BIOLOGIA DA CRENÇA (butterfly), apresenta o resultado de suas experiências laboratoriais  confirmando que a mente e os pensamentos tem influência direta na atividade celular do corpo físico Relatando nos primeiros quatro capítulos, como e porque  avançou na direção de investigações mais profundas sobre o mecanismo celular, no 5, justifica suas conclusões, dedicando algumas páginas aos efeitos Placebo e Nocebo na obtenção de resultados ainda não bem compreendidos pela ciência sem a consideração da influência mental. Além de Kardec, entretanto, uma outra contribuição resgatava e introduzia na cultura ocidental conhecimentos milenares dominados pelo mundo oriental. Essa afirmativa pode ser comprovada através de um livro publicado pela primeira vez em 1906, nos Estados Unidos da América do Norte. Título: A CIÊNCIA DA CURA PSÍQUICA escrita pelo Yogui Ramacharaka. O mais fascinante da história é que esse nome na verdade é um pseudônimo adotado pelo americano William Walker Atkinson um advogado, comerciante editor e escritor nascido em Baltimore, Maryland em 1862 e desencarnado 69 anos depois em Los Angeles, na Califórnia. Depois de ter se curado de uma série de complicações derivadas da dedicação excessiva ao trabalho, através de praticas absorvidas no Movimento Novo Pensamento que eclodiu em seu País no final do século 19, enfatizando crenças metafísicas referentes aos efeitos do pensamento positivo, lei de atração, cura, força vital, que todas as doenças se originam da mente e que o pensamento certo tem um efeito regenerador. Atkinson, na década de 1890, se interessou pelo Hinduísmo e depois de 1900, dedicou um grande esforço para a difusão da Yoga e do Ocultismo no Ocidente, através de livros e periódicos. Nesse sentido, ocultou-se em seis pseudônimos, produzindo mais de 100 livros, muitos dos quais, referência até hoje. Você deve estar se perguntando o que tem a ver essa mini-biografia com o as considerações iniciais. Bem, “ocidentalizando” os milenares conhecimentos da sabedoria Hindu, Atkinson apurou que “o corpo físico é constituído de ‘pequenas vidas’ ou 'vidas celulares', tendo cada célula uma ação independente, além da ação da comunidade celular”. Essa pequenas “vidas” são realmente “mentes de um certo grau de desenvolvimento, que é suficiente para torna-las capazes de desempenhar a sua tarefa. Estes pedaços de mente, são subordinados ao controle da Mente Instintiva do indivíduo, e obedecem prontamente às ordens provenientes desta fonte, como igualmente às do intelecto. Estas mentes celulares manifestam uma notável adaptação às suas tarefas especiais”. Descobre que “cada uma destas células do corpo, por mais humilde que seja a sua função, possui um instintivo conhecimento do que é necessário para a vida do organismo, e para a sua vida própria. Elas tomam alimento, e reproduzem-se aumentando em volume, depois se bipartindo. Parecem ter memória, e também de outro modo manifestam ação mental”. Destaca que “estas células são ‘entes vivos’, dotados de ação mental”, “achando-se nos órgãos, tecidos, músculos, e em todas as partes do corpo, formando as chamadas comunidades de células, onde parece que suas mentes se combinam, não deixando, entretanto, de executar cada célula sua ação mental independente”. Essa visão, Atkinson ou Ramacharaka absorveu dos conhecimentos acessados no ancestral Hinduísmo que, até onde se sabe, não dispunha dos sofisticados equipamentos utilizados pelo biólogo Lipton no século 20 para observações e experimentos que o levaram às mesmas conclusões. O que pensar disso?

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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Remorso

Convivendo com o infortúnio de encarnados e desencarnados por muitas décadas, o médium Chico Xavier comentou que “tudo passa, mas o remorso faz com que o tempo pare dentro da gente. O relógio não espera ninguém, mas a consciência culpada se recusa a avançar”. O caso seguinte comprova esta afirmação. Começa com uma manifestação psicofônica havida ao final da reunião de 13 de maio de 1954, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Usando a mediunidade de Chico, comunicou-se um Espírito identificado apenas pelas iniciais J.P. que, curiosamente, ligava-se a uma das integrantes do grupo ali presente, a qual, meses antes da mensagem, revelava todos os sintomas de uma gravidez aparente e dolorosa, tendo sido tratada espontaneamente em várias reuniões sucessivas por um dos Benfeitores Espirituais que, carinhosamente, a libertou, através de passes magnéticos, das estranhas impressões de que se via possuída. Com grande surpresa para todos, soube-se que o Espírito J.P., era o candidato ao renascimento que não chegou a positivar-se. A história de J.P. talvez possa ser iniciada pela noite/madrugada de março de 1866, após o mesmo ter retornado de uma reunião de que participara na Câmara Municipal de Vassouras (MG), a convite de amigo pessoal para tratar de assunto que lhe era inteiramente desagradável: “a adoção de medidas compatíveis com a campanha abolicionista, então na culminância”. Admitindo que o negro havia nascido para o eito, não cogitando de concessões nem transações, apoiado  por outros que lhe partilhavam das opiniões, viu sua causa vencedora, em meio a acalorados debates. Retornando à sua propriedade, todavia, tomou conhecimento que a inspiração da providencia sugerida partira inicialmente de um dos servos de sua casa, Ricardo, a quem presumia dedicar sua melhor afeição. A ele se ligara desde pequeno por profunda simpatia por sua inteligência invulgar, propiciando-lhe condições de uma formação esmerada que o tornara hábil tradutor do francês. Afeiçoado ao rapaz, tornara-o companheiro, confidente, amigo, tudo, reconhecia hoje, por implacável egoísmo, por admirar-lhe as qualidades inatas, aproveitando-lhe o concurso, como quem se reconhece dono de uma animal raro, querendo-o como se não passasse de mera propriedade sua. Enraivecido, disposto a castiga-lo apesar do horário, determinou sua imediata prisão, contra a qual não houve nenhuma resistência e, após interrogatório encarado com calma, resignação e bondade, que só fez atiçar a ira do que se julgava seu senhor, ordenou que a prisão no tronco fosse transformada em suplício comandado através de gritos, para que sua gente por meio de violentas pancadas, dilacerassem o dorso nu de Ricardo que, apesar do jorro abundante de sangue, mergulhara em lacrimoso silêncio. À face daquela resistência tranquila, induziu o capataz a massacrar-lhe mãos e pés, recomendação imediatamente cumprida, após o que os grilhões foram dasatados. Recorda J.R., que “aquele homem, que parecia guardar no peito um coração diferente, ainda teve forças para arrastar-se, nas vascas da morte e, endereçando-me inesquecível olhar, inclinou-se à maneira de um cão agonizante e beijou-me os pés”... Acrescenta “não haver quem possa compreender o martírio de um Espírito que abandona a Terra, não posição em que deixei. Um pelourinho de brasas que me retivesse por mil anos sucessivos talvez me fizesse sofrer menos, pois desde aquele instante a existência se me tornou insuportável e odiosa”. Sem noção de tempo, em dado instante, na treva em que se debatia, a voz de Ricardo se fez ouvir aos seus pés: -Meu filho!..Meu filho!...Conta que “num prodígio de memória, em vago relâmpago na escuridão de minh’alma, recordei cenas que haviam ficado a distância, quadros que a carne da Terra havia conseguido transitoriamente apagar. Com emoção indizível, vi-me de novo nos braços de Ricardo, nele identificando meu próprio pai, meu próprio pai que algemara cruelmente ao poste de martírio e a cuja flagelação eu assistira, insensível, até ao fim... Não posso entender os sentimentos contraditórios que então me dominaram... Envergonhado, em vão tentei fugir de mim mesmo. Em desabalada carreira, desprendi-me dos braços carinhosos que me enlaçavam e busquei a sombra, qual o morcego que se compraz tão somente com a noite, a fim de chorar o remorso que meu pai, meu amigo, meu escravo e minha vítima não poderia compreender. No entanto, como se a Justiça, naquele momento, houvesse acabado de lavrar contra mim a merecida sentença condenatória, após tantos anos de inquietação, reconheci, assombrado, que meus pés e minhas mãos estavam retorcidos. Procurei levantar-me e não consegui. A Justiça vencera”. O testemunho de J.R. prossegue, narrando outras desventuras que experimentou a partir daquele dia, provocadas por cativos que lhe conheceram a truculência, até que, décadas depois, no calendário de nossa Dimensão, começasse a ser preparado para nova reencarnação a se efetivar em breve, possibilitando-lhe expiar o tenebroso e triste passado.




segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Certificando-se da Verdade

Buscando a confirmação da existência do Espírito como condutor do corpo físico – que, por sinal, lhe é revestimento -, como um operador à máquina sob seu comando, Allan Kardec cercou essa constatação de diferentes formas. Uma das experiências testadas na Sociedade Espírita de Paris, por várias vezes, foi a da manifestação mediúnica entre pessoas encarnadas ou, como preferem dizer alguns, vivas. Um dos principais objetivos era comprovar a existência de uma estrutura além do corpo físico, sendo que a  maioria dessas pesquisas ficaram registradas e relatadas nas páginas da REVISTA ESPÍRITA. Pioneiro nestas investigações, Kardec, todavia, não foi o único, como mostrado em 1924, pelo estudioso Ernesto Bozzano numa das suas riquíssimas compilações intitulada COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS ENTRE VIVOS (edicel), em que reúne e comenta, entre outras, as incursões de William Barret, Julian Ochorowicz, Oliver Lodge, William Stead, Gustav Geley, Frederic Mayers.  Quanto a Kardec, contou com a colaboração de sócios efetivos ou correspondentes da Sociedade, que se inscreviam para os  experimentos, às vezes residentes a grandes distâncias, sob controle de entidades espirituais que dirigiam os trabalhos mediúnicos daquele verdadeiro laboratório da realidade invisível, prospectada através do instrumento chamado médium. Uma dessas curiosas investigações deu-se na sessão de 3 de fevereiro de 1860 e encontra-se relatada no número de março da REVISTA. Envolveu um voluntário de nome Dr Vignal, médico, residente a mais de cem quilômetros ao sul de Paris, na comuna de Sully, próxima a Orleans. Confirmado com o dirigente espiritual dos trabalhos do grupo a inexistência de perigo para o Dr Vignal e se ele estava preparado, procedida e efetivada a evocação, mais de quatro dezenas de perguntas sobre variados aspectos de interesse para a pesquisa foram respondidas, oferecendo variados elementos para reflexão. Dentre estes, destacamos os seguintes: 1 - Informou estar vendo os presentes à reunião claramente, situando-se à direita e um pouco atrás do médium. 2 - Que não tivera consciência do espaço transposto de Sully até o local em que se encontrava nem vira o caminho percorrido. 3 - Que não experimentava cansaço4 – Que constatava sua individualidade por meio do períspirito ou corpo espiritual, réplica de sua estrutura física. 5 – Que este períspirito é uma espécie de corpo circunscrito e limitado. 6- Que não via seu corpo adormecido. 7 – Que  relação entre o corpo em Sully e o perispiritual presente se fazia através do cordão fluídico. 8 – Que se via como a gente se vê em sonho, que tinha consciência de que seu corpo de manifestação naquele momento é organizado de modo diferente e mais leve que o de Sully, não sentindo o peso, a força de atração que o prende à Terra quando desperto.. 9 – Que a luz não se lhe apresentava com o mesmo tom que no estado normal, sendo esse tom acrescido de uma luz não perceptível por nossos sentidos grosseiros, esclarecendo, contudo,  que a sensação produzida pelas cores sobre o nervo ótico não lhe era diferente: por exemplo, o vermelho era vermelho, e, assim por diante. Apenas alguns objetos, acrescenta, não vistos por ele na obscuridade em vigília, eram luminosos e perceptíveis para ele, não existindo obscuridade para o Espírito, que pode estabelecer uma diferença entre o que para o encarnado é claro e o que não é. 10 – Que o sentido da visão não era indefinida, nem limitada, ao objeto em que fixava sua atenção, não sabendo o que ela pode experimentar, como modificações, para um Espírito inteiramente desprendido, sendo para ele possível observar objetos materiais no seu interior, atravessados por sua vista, embora impossibilitado de ver por toda parte e ao longe. 11- Que não podia ver-se num espelho, por não ser material a menos que tornasse seu períspirito tangível produzindo o fenômeno conhecido como agênere. 12 – Que no estado em que se encontrava poderia fazer diagnósticos sobre doença e saúde com mais segurança. 13 – Que seu corpo não poderia morrer enquanto estava ali sem que ele suspeitasse, pois, seria instantaneamente para ele atraído antes que um hipotético golpe homicida lhe fosse desferido. 14 – Que se seu Espírito estivesse em casa passeando enquanto o corpo dormia, veria tudo que lá se passasse inclusive testemunhando uma eventual ação má de algum parente ou estranho, embora nem sempre livre para se opor, salientando que isso ocorre com mais frequência do que se pensa. Comentando essa resposta, Kardec diz que “a pessoa que dorme sabe perfeitamente o que se passa a seu redor, podendo guardar uma intuição muito forte do que vê, por vezes, inspirando preocupações”. A entrevista prossegue, revelando outros instigantes aspectos ignorados pelos que desconhecem o excelente material resultante das prospecções conduzidas pelo Codificador do Espiritismo.  

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Eles Já Sabiam

Resgatado de forma racional há um século e meio n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, o princípio da reencarnação tem encontrado, há mais de quatro décadas, no trabalho de inúmeros profissionais da saúde mental e comportamental sua confirmação, ajudando a entender processos profundamente perturbadores a pacientes submetidos às regressões de vidas passadas. No meio experimental espírita, os chamados trabalhos de desobsessão amenizam ou livram outras tantas pessoas de influências transtornantes, oriundas de vivencias mal resolvidas em vidas passadas. Objeto de proibição por decreto político/religioso nos primeiros séculos da institucionalização do movimento derivado do primitivo culto aos pensamentos e ensinamentos preservados por seguidores do líder Jesus, o correto  entendimento dos mecanismos e objetivos existentes sobre a reencarnação, representam a chave para a compreensão da maioria dos conflitos humanos, individuais e coletivos. Alguns dos conteúdos que confirmam que o próprio Jesus via com naturalidade a questão está claro no diálogo dele com o senado Nicodemos, concluindo o diálogo entre eles com a dizendo: -“Em verdade te digo: Ninguém pode alcançar o reino de Deus se não nascer de novo”. (João 3, 3). Evidenciado está que entre os que o acompanhavam a ideia da reencarnação era conhecida, pois, ao indagar dos discípulos quem o povo dizia ser ele, lhe responderam: -“Uns dizem João Batista, outros Elias, e outros ainda algum velho profeta ressuscitado”. (Mateus, 16; Marcos 8; Lucas 9). Mais à frente noutro diálogo afirma: -“É verdade que Elias deve retornar e restabelecer todas coisas; porém vos declaro que Elias já veio e não o reconheceram e o trataram como lhes aprouve (...). Então seus discípulos compreenderam que foi de João Batista que Jesus lhes falara”.    Registros históricos confirmam a existência de vários documentos propondo a reencarnação como resposta à dúvidas não explicadas de outra forma. Na civilização caldeia, mais antiga que a egípcia, os magos admitiam que a alma evoluia por uma ascensão contínua em direção à perfeição. Primeiro inconsciente, ela atravessava sucessivamente todos os reinos da natureza antes de chegar à Humanidade, onde aparece com faculdades intelectuais que adquiriu pouco a pouco no decorrer de suas existências passadas. Ela é destinada a ainda desenvolver-se e a experimentar milhares de degraus de inteligências mais elevadas”. Os hindus, no seu BHAGAVAD-GITA, escrito segundo se supõem no século X a.C, angustiado ante uma batalha em que deveria enfrentar  como inimigos parentes, o príncipe Arjuna é consolado por Krishna que lhe revela a doutrina das transmigrações dizendo: -“Esses corpos perecíveis são animados por uma alma eterna indestrutível. Aquele que crê possa ela ser morta ou matar engana-se. Aquele que penetrou o segredo de meus nascimento e de minha obra divina nã mais retorna a um novo nascimento ao deixar seu corpo, retorna a mim. Tive muitos nascimentos, assim como tu também, Arjuna, eu os recordo a todos, porém tu os ignoras”. Sobre as crenças encontradas entre os gauleses, o grande Imperador e conquistador Julio Cezar  no relatório Guerra das Gálias mandou escrever: -“Querem, sobretudo, persuadir de que as almas não morrem, mas passam, depois da morte, de uns para outros corpos”. No Talmude, livro sagrado entre os hebreu, encontra-se preservada a ideia de que “a alma de Abel passou para o corpo de Set e depois para o de Moises”, ao que o Zohar , um dos trabalhos mais importantes da Cabalá, no misticismo judaico, aduz: -“Todas as almas são submetidas às provas da transmigração. Os homens desconhecem a vontade do Alto com relação a eles. Ignoram por quantos sofrimentos e transformações misteriosas devem passar e quão numerosos são os Espíritos que, vindo a este mundo, não retornam ao palácio de seu divino rei. As almas devem, por fim, novamente imergir na substância de onde saíram; entretanto, antes desse momento, já devem ter desenvolvido até o mais alto grau todas as virtudes cujo germe nelas encontra-se latente; se esta condição não é realizada em uma única existência, devem as almas renascer até que tenham atingido o grau de desenvolvimento que torna possível sua absorção em Deus”. Segundo a Cabalá, “as encarnações, ocorrem com longos intervalos entre si; as almas esquecem inteiramente o passado e, longe de constituírem uma punição por suas faltas, os renascimentos são uma bênção que permite aos homens purificarem-se”. Finalizando, destacamos do TRATADO DOS MISTÉRIOS EGIPCIOS, também conhecido como JÂMBLICO, no capítulo 4, da seção IV: -“A Justiça de Deus não é absolutamente a justiça dos homens. O homem define a justiça a partir das relações existentes em sua vida atual e de seu estado presente; Deus a define relativamente a nossas existências sucessivas e à universalidade de nossas vidas. Assim as penas que nos afligem são frequentemente os castigos de um pecado cometido por nossa alma em vida anterior

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Escrito, Desconhecido, Não Entendido

O educador oculto por traz do pseudônimo Allan Kardec construiu a base de uma proposta que encaminha uma aliança entre ciência e religião. Sóbria, equilibrada, esclarecedora. Intelectual de amplos recursos publicou livros sobre a temática confirmando a existência de uma realidade – espiritual -, determinante desta - material -, bem como, a interação entre ambas; a pluralidade dos mundos habitados; o sentido evolucionista da Criação, entre outros aspectos. O ultimo dos seus trabalhos, produzido enquanto encarnado, A GÊNESE, procura explicar de forma racional a origem de toda a realidade em meio à qual existimos. Publicado em 1868, termina com três capítulos explicando a lógica que há nas chamadas predições. Formula a TEORIA DA PRESCIÊNCIA (capítulo XVI), analisa as PREDIÇÕES DO EVANGELHO (capítulo XVII), finalizando com uma abordagem intitulada OS TEMPOS SÃO CHEGADOS (capítulo XVIII). Praticamente ignorado pela comunidade científica de sua época, seu esforço encontrou no Brasil, amplo campo de desenvolvimento. Segundo se acredita devido à reencarnação em massa de voluntários altamente comprometidos em vidas passadas, com desvirtuamentos nas tarefas de despertamento e iluminação de Espíritos das diferentes Dimensões visíveis e invisíveis. Como nada é por acaso, naturalmente isso atendia a planificação programada   nos bastidores de universos paralelos. E, como a natureza não dá saltos, a maioria dos fracassados, conservava atavicamente as influências das escolas religiosas a que estiveram ligados. Como consequência, a Doutrina codificada por Allan Kardec fixou-se muito mais no que se poderia chamar Espiritismo evangélico que nos seus aspectos científico/filosóficos. Quando a resposta à questão 1018 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, entre outros esclarecimentos, diz que “a transformação da Humanidade foi predita e chegais a esse momento”, está se referindo ao diálogo havido logo após Jesus e os discípulos terem saído do templo, conforme preservado no capítulo 24 do Evangelho de Mateus (“ouvireis falar de guerra e de rumores de guerra; tratai de não vos perturbardes, porquanto é preciso que essa coisas se deem; mas, ainda não será o fim, pois ver-se-á povo levantar-se contra povo e reino contra reino; e haverá pestes, fomes e tremores de terra em diversos lugares – todas essas coisas serão apenas o começo das dores”) e no capítulo 21 de Lucas(“Haverá sinais no Sol, na Lua e nas Estrelas, sobre a Terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas”). Os falsos profetas que se levantariam seduzindo muitas pessoas e a iniquidade abundante que esfriaria a caridade de muitos, prevista naquela conversa estão aí para quem quiser ver. Após dar sua visão sobre esses prognósticos, Kardec encerra seu último livro deixando aos leitores uma quantidade razoável de argumentos que demonstram que a Terra já vivenciava o final de mais um ciclo evolutivo, semelhante a outros transcorridos periodicamente no orbe terreno. Mas, o que poucos sabem é que praticamente a integra do capítulo 18, na verdade é “um conjunto de reflexões desenvolvidas a partir das instruções dadas pelos Espíritos sobre o mesmo assunto, num grande número de comunicações, a ele dirigidas e a outras pessoas”. Acrescido a elas, incluiu “o resumo de várias palestras que teve através de dois médiuns no processo chamado por ele de sonambulismo extático, e que, ao despertar, não conservavam nenhuma lembrança. Segundo escreveu no número de outubro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, coordenou metodicamente as ideias, a fim de lhes dar mais sequência, eliminando todos os detalhes e acessórios supérfluos. Explicou também que os pensamentos foram reproduzidos muito exatamente, e as palavras também textualmente, tanto quanto foi possível recolhê-las pela audição. A observação dos acontecimentos havidos, desde um século antes do surgimento do Espiritismo até os dias atuais, num aceleramento crescente, confirmam a veracidade dos prognósticos ali agrupados. Allan Kardec admirado pelo seu bom senso, não parece ter errado justamente naquela que se constituiu no fechamento do chamado Pentateuco espírita. Lamentavelmente, porém, desconhecida pelos próprios seguidores do Espiritismo.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Onde Está o CÉU?

Abrindo o número de março de 1865 da REVISTA ESPÍRITA, seu editor Allan Kardec apresenta interessante matéria com a qual procura descaracterizar a fantasia sustentada durante séculos pelas principais religiões existentes na Terra. Entre os ponderados argumentos sobre a razão pela qual se alimentou  essa ilusão, não se acessando desde o princípio a compreensão da lógica exposta hoje pelo – então nascente - Espiritismo, diz: -“Pela mesma razão que não se ensina à criança o que se lhe ensina na idade madura. A revelação restrita era suficiente durante certo período da Humanidade; Deus as adequa proporcionalmente às condições evolutivas do Espírito. Os que hoje recebem uma revelação mais completa são os mesmos Espíritos que noutros tempos receberam apenas uma parcela, mas que depois cresceram em inteligência. Antes que a ciência lhes tivesse revelado as forças vivas da natureza, a constituição dos astros, o verdadeiro papel e a formação da Terra, teriam compreendido a imensidade do espaço, a pluralidade dos mundos? Teriam podido identificar-se com a vida espiritual? Conceber, depois da morte, uma vida feliz ou infeliz, a não ser num lugar circunscrito e sob uma forma material? Não: compreendendo mais pelos sentidos do que pelo pensamento, o Universo era demasiadamente vasto para seu cérebro; era preciso reduzi-lo a menores proporções, para o por em seu ponto de vista, livre de o ampliar mais tarde. Uma revelação parcial tinha sua utilidade, então; era sábia; hoje é insuficiente. O erro é daqueles que, não levando em conta o progresso das ideias, creem poder governar homens maduros com os andadores da infância”. Associado à ideia de felicidade, o chamado CÉU apregoava-se ser destinado a acolher os “bem-aventurados”.  Entende Kardec que o erro das diversas doutrinas concernente à morada dos “eleitos”, devia-se a um duplo erro: 1- que a Terra era o Centro do Universo e, 2 que a região dos astros era limitada. “Foi – diz ele -, para além desse limite imaginário que todas colocaram a morada feliz e a morada do Todo Poderoso (...). Com a inexorável lógica dos fatos e da observação, a Ciência levou seu facho até as profundezas do espaço e mostrou a ingenuidade de todas essas teorias. A Terra já não é o pivô da Universo, mas um dos menores astros rodando na Imensidade; o próprio Sol não passa do centro de um turbilhão planetário; estrelas são inumeráveis sóis, em torno dos quais circulam mundos incontáveis, separados por distâncias apenas acessíveis ao pensamento(...). Nesse conjunto, regido por Leis eternas, nas quais se revelam a sabedoria e a Onipotência do Criador, a Terra não aparece senão como um ponto imperceptível e um dos menos favorecidos para a habitabilidade. Desde então se pergunta por que Deus a teria feito como única sede da vida e para aí teria relegado suas criaturas prediletas. Ao contrário, indica que a vida está por toda parte, que a Humanidade é infinita como o Universo. Revelando-nos a ciência, mundos semelhantes à Terra, Deus não os podia ter criado sem objetivo. Deveria tê-los povoado por seres capazes de os governar. As ideias do homem estão na razão do que sabe. Como todas as descobertas importantes, a da constituição dos mundos lhe deve ter dado um outro curso. Sob o império desses novos conhecimentos, suas crenças devem ter-se modificado. O Céu foi deslocado; a região das estrelas, não tendo limites, não mais lhe pode servir. Onde está ele? Ante tal questão todas as religiões ficam mudas. Num texto irretocável em que vai construindo um raciocínio que brilha pela seu conteúdo, indaga, a certa altura: -“Nesta imensidade sem limites, onde, pois, está o CÉU?, para ele mesmo responder: -“Por toda parte; nenhum muro o limita; os mundo felizes são as últimas estações que a ele conduzem, as virtudes lhes abrindo caminho e os vícios lhes barrando o acesso”. Enfatiza a importância da visão evolucionista revelada pelo Espiritismo; as duas faces da vida – a material e a espiritual – funcionando como instrumento de progresso do princípio inteligente individualizado; a felicidade dependendo das qualidades próprias dos indivíduos e não do estado material do meio em que se acham, estando por toda parte onde haja Espíritos capazes de ser felizes, não havendo nenhum lugar circunscrito no Universo; não sendo a felicidade pessoal, mas, traço de união resultante da similitude de ideias, gostos, sentimentos, formando grupos ou famílias homogêneas, no seio das quais cada individualidade irradia suas próprias qualidades e se penetra dos eflúvios serenos e benéficos, que emanam do conjunto, cujos membros, tanto se dispersam para se darem às suas missões, tanto se reúnem num ponto qualquer do Espaço para comunicar o resultado de seus trabalhos, ou se reúnem em torno de um Espírito de ordem mais elevada, para receber conselhos e instruções”

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Úteis À Evolução e À Instrução

“Se queimas o dedo, isso é apenas a consequência de tua imprudência e da condição da matéria. Somente as grandes dores, os acontecimentos importantes e capazes de influir na tua evolução estão previstos”, responderam a Allan Kardec na questão 859-a - Há fatos que devem ocorrer forçosamente e que a vontade dos Espíritos não pode evitar?-, os Instrutores Espirituais que ajudaram a construir O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a base do Espiritismo. Fatos registrados na vida de muitas histórias de vida confirmam essa informação. Na obra O DESCONHECIDO E OS PROBLEMAS PSÍQUICOS (feb), o autor Camille Flammarion  preserva o de um Juiz e Político de nome Bérard que, obrigado por necessidade a pernoitar numa estalagem de segunda categoria em viagem que empreendia entre montanhas selváticas, presenciou, em sonho, todos os detalhes de um assassinato que havia de ser cometido, três anos mais tarde, no quarto que ocupava, e de que foi vítima o advogado Victor Arnaud. E, graças à lembrança desse sonho é que o Sr. Bérard ajudou a descobrir os assassinos. Esclarecendo dúvidas sobre o processo pelo qual somos avisados de certos acontecimentos, geralmente importantes e graves, a se realizarem conosco, e que muitas vezes se cumprem como os vimos em sonhos ou em visões, o Orientador Espiritual Charles, explicou à médium Yvonne Pereira, existirem vários processos pelos quais a pessoa poderá ser informada de um ou outro acontecimento futuro da sua vida, todos, porém condicionados a certo mérito ou desenvolvimento psíquico do que recebe o aviso. Diz que um amigo espiritual, um parente, alguém para isso designado, tentam preparar os envolvidos, para o evento, geralmente grave e doloroso, normalmente em linguagem figurada, seja através de sonhos ou intuitivamente. Pode ocorrer também que o próprio indivíduo recorde acontecimentos delineados no Plano Espiritual entre os preparativos para a reencarnação, objetivando sua reabilitação perante as Leis Divinas. A própria Dona Yvonne conta no seu excelente RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE (feb, 1966), algumas passagens de sua existência tão marcada por duras provas. Uma delas quando ela contava 39 anos, passando a sonhar ao longo de seis meses de forma frequente, com uma cerimônia de concorrido enterro, com todas as características de realidade, tendo à frente um homem carregando uma linda coroa de flores naturais. Via-se acompanhando o féretro logo após o esquife mortuário, banhada em lágrimas e sentindo o coração angustiado, ignorando a identidade do morto. Médium de desdobramento, contemplava as mesmas cenas, sistematicamente. Certa noite, viu os acompanhantes pararem, apoiando o caixão sobre uma banqueta. Reconheceu o local da cena: certa rua da cidade de Barra do Piraí (RJ), onde residia sua mãe. Aproximando-se, por irresistível automatismo, ao levantarem a tampa do caixão, reconheceu sua mãe. Meses depois, em setembro sua genitora adoeceu gravemente, vindo a desencarnar no dia 18 do mês seguinte, repetindo-se conforme antevira inúmeras vezes as cenas visualizadas de forma minuciosa. Relata também a experiência da amiga Rosa Amélia S.G.,  que residindo no interior fluminense, às vésperas do casamento, sonhara que, ao abrir a caixa entregue pelo correio, contendo o vestido de noiva que encomendara  a conhecida casa de modas da cidade do Rio de Janeiro (RJ), cercada por ansiosos e curiosos familiares, encontra um traje completo de viúva, inclusive com o véu negro em uso à época. Emitindo um grito de horror, acordou chorando convulsivamente. Absorvida pelos preparativos, esqueceu o pesadelo, recebendo a encomenda certa na semana da cerimônia. Dois meses após o casamento, o marido em viagem ao Rio de Janeiro, contraiu uma infecção tífica, morrendo dias após regressar à sua casa, em estado grave. Somente na missa do sétimo dia, Dona Rosa Amélia, ao se reconhecer trajada exatamente como o sonho profetizara, se lembraria do mesmo. Por fim, o caso da senhora N.C, que residente em famosa cidade mineira, fora ao Rio de Janeiro a fim de se submeter a melindrosa cirurgia, deixando para traz a família, inclusive o filho mais moço, então com 15 anos. Três dias após a operação, sem que soubesse os 120 alunos do colégio interno em que o jovem estudava, aproveitando uma bela manhã de domingo, excursionaram à represa de água que abastecia a cidade. Temerariamente, acompanhados pelos professores, ao tentarem em massa atravessar frágil ponte de madeira, esta não resistiu ao peso, ruindo, atirando às águas numerosos alunos, dentre os quais o filho da enferma, que com mais quatro colegas morreu afogado. Temerosos de informarem à enferma, silenciaram sobre a ocorrência, esperando seu restabelecimento. Cinco dias após o desastre, contudo, ainda no quarto do hospital, a convalescente, na penumbra viu formar como que uma cerração, tendo a impressão que ela se elevava do leito de um grande rio, vendo o filho elevar-se do fundo das águas, dizendo, após ter sido reconhecido: -“Mamãe, venho participar à senhora que no domingo, pela manhã, morri afogado na represa de...”.  Revelada a estranha experiência aos familiares, tiveram de confirmar o acontecimento, suportado, ao que parece, pela pobre mãe com resignação.