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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

FALSOS PROFETAS - PROBLEMA SEMPRE ATUAL

A questão das profecias estapafúrdias e das revelações fantásticas atribuídas a Espíritos desencarnados através de médiuns com nomes associados ao Espiritismo já era assunto nas páginas da REVISTA ESPÍRITA. Atualmente, basta a mediunidade mais pronunciada se tornar conhecida pelo seu portador para que ele se julgue infalível e porta voz de entidades que julga “donas da verdade”. Chico Xavier contava ter sido orientado em 1931, pelo guia espiritual Emmanuel logo no primeiro encontro que tiveram, a jogar fora toda a produção desde quando o jovem psicografara quatro anos antes, sua primeira mensagem, pois, até ali tudo fizera parte apenas de seu treinamento. Para nos basearmos em informação confiável, no número de abril de 1860, Allan Kardec, desenvolve algumas considerações sobre carta recebida do amigo Sr Jobard, abordando a TEORIA DA FORMAÇÃO DA TERRA PELA INCRUSTAÇÃO DE VÁRIOS CORPOS PLANETÁRIOS. Dizendo-se não adepto da mesma apesar de ter sido dada em várias épocas por certos Espíritos e através de médiuns desconhecidos uns dos outros, salienta não passarem de hipóteses, até que dados mais positivos venham confirma-las ou desmenti-las. Destacando que sua posição geraria críticas do tipo não tendes confiança nos Espíritos e duvidais de suas afirmações” ou como inteligências desprendidas da matéria, não podem remover todas as dúvidas da Ciência e lançar a luz onde reina a obscuridade?, Allan Kardec pondera “ser esta uma questão séria, que se liga à própria base do Espiritismo, e que não poderíamos resolver no momento, sem repetir o que temos dito a respeito; acrescentaremos apenas algumas palavras, a fim de justificar nossas reservas. Para começar, responderemos que nos tornaríamos sábios muito facilmente se tratássemos apenas de interrogar os Espíritos para conhecer tudo quanto se ignora. Deus quer que adquiramos a Ciência pelo trabalho, e não encarregou os Espíritos de nô-la trazer preparada, favorecendo nossa preguiça. Em segundo lugar, a Humanidade, como os indivíduos, tem a sua infância, sua adolescência, sua juventude e sua idade viril. Encarregados por Deus de instruir os homens, devem pois, os Espíritos proporcionar-lhes ensinos para o desenvolvimento da inteligência; não dirão tudo a todos e, antes de semear, esperam que a Terra esteja pronta para receber a semente, a fim de fazê-la frutificar. Eis por que certas verdades que nos são ensinadas hoje não o foram aos nossos pais, que também interrogavam os Espíritos; eis por que, ainda, verdades para as quais não estamos maduros só serão ensinadas aos que vierem depois de nós. Nosso equívoco está em nos julgarmos chegados ao topo da escada, quando apenas nos achamos a meio caminho”. Observando que “os Espíritos podem instruir os homens tanto se comunicando diretamente – como provam todas as histórias sagradas ou profanas -, quanto encarnando-se entre eles, para o desempenho das missões de progresso”, salienta que “não basta ser Espírito para possuir a Ciência universal, pois assim a morte nos faria quase iguais a Deus. Aliás, o simples bom senso se recusa a admitir que o Espírito de um selvagem, de um ignorante ou de um malvado, desde que separado da matéria, esteja no nível do cientista ou do homem de Bem. Isto não seria racional. Há, pois, Espíritos adiantados, e outros mais ou menos atrasados, que devem superar ainda várias etapas, passar por numerosas peneiras antes de se despojarem de todas as imperfeições. Disso resulta que, no mundo dos Espíritos, são encontradas todas as variedades morais e intelectuais existentes entre os homens e outras mais. Ora, a experiência prova que os maus se comunicam tanto quanto os bons. Os que são francamente maus, são facilmente reconhecíveis; mas há também os meio sábios, falsos sábios presunçosos, sistemáticos e até hipócritas. Estes são os mais perigosos, porque afetam uma aparência séria, de ciência e de sabedoria, em favor da qual proclamam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as mais absurdas coisa. E para melhor enganar, não receiam enfeitar-se com os mais respeitáveis nomes. Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da ciência espírita. Para superá-la, faz-se necessária uma longa experiência, conhecer todas as sutilezas de que são capazes os Espíritos de baixa classe, ter muita prudência, ver as coisas com o mais imperturbável sangue frio, e guardar-se principalmente contra o entusiasmo que cega. (...).  Mas infeliz do médium que se julga infalível, que se ilude com as comunicações que recebe: o Espírito que o domina pode fasciná-lo a ponto de fazê-lo achar sublime aquilo que, por vezes, é apenas absurdo e salta aos olhos de todos, menos os seus”.


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

REENCARNAÇÃO - DUVIDAS QUE TALVEZ SEJAM SUAS

No século 20 poucos foram os avanços no sentido de se considerar a reencarnação como uma verdade a conduzir o Espírito que há por trás de cada corpo físico na direção da evolução espiritual. Pesquisas como as de Ian Stevenson, Hemendras Banerjee, Hernane Guimarães Andrade parecem ter-se perdido em livros pouco conhecidos, especialmente nos meios acadêmicos. O “estrago” feito por uma das poderosas escolas religiosas do lado Ocidental da Terra, vinculam o conceito de reencarnação às superstições, afastando inteligências que poderiam contribuir com o avanço das investigações sérias sobre o tema. As respostas racionais e substanciais continuam a ser oferecidas pelo Espiritismo, confundido erroneamente com o termo religião. Na sequencia, destacamos alguns tópicos destacados das Obras Básicas da proposta espírita que, certamente, aclaram  muitas dúvidas: 1 - OBJETIVO - Os Espíritos não pertencem eternamente à mesma ordem. Todos melhoram, passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esse melhoramento se verifica pela encarnação, que a uns é imposta como uma expiação e a outros como missão. A vida material é uma prova a que devem se submeter repetidas vezes até atingirem a perfeição absoluta; é uma espécie de peneira ou depurador de que eles saem mais ou menos purificados. (...) A encarnação ocorre sempre na espécie humana. Seria erro acreditar que o Espírito ou alma pudesse encarnar no corpo de animal. (LE) 2- ESTADO NA PRIMEIRA ENCARNAÇÃO - Criado simples e ignorante, o Espírito está em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual, como a criança que acaba de nascer. Se não fez o mal, também não fez o Bem. Nem é feliz, nem infeliz. Age sem consciência e sem responsabilidade. Desde que nada tem, nada pode perder, como não pode retrogradar. Sua responsabilidade só começa no momento em que se desenvolve seu livre-arbítrio. Seu estado primitivo não é, pois, um estado de inocência inteligente e raciocinada. Consequentemente, o mal que fizer mais tarde, infringindo as leis de Deus, abusando das faculdades que lhe foram dadas, não é um retorno do Bem ao mal, mas consequência do mau caminho por onde entrou. (RE, 6/1863)(...) A encarnação ocorre sempre na espécie humana. Seria erro acreditar que o Espírito ou alma pudesse encarnar no corpo de animal. (LE) 3- INTERVALO ENTRE ENCARNAÇÕES? - De algumas horas a alguns milhares de séculos, não havendo limite extremo assinalado para o estado de desencarnado, que pode prolongar-se por muito tempo, não sendo jamais perpétuo, possibilitando ao Espírito cedo ou tarde, oportunidade de recomeçar uma existência que sirva de purificação das anteriores. 4- NUMERO DE EXISTÊNCIAS CORPÓREAS - A cada nova existência o Espírito dá um passo na senda do progresso; quando se despojou de todas as impurezas, não precisa mais das provas da vida corpórea. (LE) 5 - O MESMO PARA TODOS OS ESPÍRITOS? - Não, aquele que avança rapidamente se poupa das provas. Não obstante, as encarnações sucessivas são sempre muito numerosas porque o progresso é quase infinito (LE,) 6- REENCARNAMOS ONDE QUEREMOS? O Espírito renasce frequentemente no mesmo meio em que viveu, e se encontra em relação com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhe tenha feito. (LE) Frequentemente, renasce na mesma família, ou pelo menos os membros de uma mesma família renascem juntos para nela constituírem uma nova, numa outra posição social, a fim de estreitarem os seus laços de afeição, ou repararem seus erros recíprocos. Pelas considerações de ordem mais geral, frequentemente, se renasce no mesmo meio, nação, raça, seja por simpatia, seja para continuar estudos que fizeram, se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos começados que as circunstâncias ou brevidade da vida não permitiram terminar. (OP) 7 - EM QUE MOMENTO SE OPERA O ESQUECIMENTO DO PASSADO? Desde que o Espírito é preso ao laço fluídico que o liga ao germe (embrião, feto), a perturbação apodera-se dele, crescendo à medida que o laço se aperta, e, nos últimos momentos, o Espírito perde toda a consciência de si mesmo, de sorte que ele nunca é testemunha consciente de seu nascimento. No momento em que a criança respira, o Espírito começa a recobrar suas faculdades, que se se desenvolveram à medida que se formam e consolidam os órgãos que devem servir para a sua manifestação.(G,) 8 - ISSO SERIA O ESQUECIMENTO DO PASSADO? Não. Ao mesmo tempo que o Espírito recobra a consciência de si mesmo, perde a lembrança de seu passado, sem perder as faculdades, qualidades e aptidões adquiridas anteriormente, aptidões que estavam, momentaneamente, estacionadas em seu estado latente e que, em retomando sua atividade, vão ajudá-lo a fazer mais e melhor que fazia precedentemente. Ele renasce como fizera na encarnação anterior; sendo seu renascimento agora um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. . (G,)


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

DOR TRANSMUTADA EM ESPERANÇA

Amanhecia o dia 7 de novembro de 1981 em Goiânia quando o avião de pequeno porte levantou voo na direção de Alto Paraíso, região nordeste do Estado. Entre os três tripulantes, um, Ary Ribeiro Valadão Filho, supervisionava o Projeto Rio Formoso focado no desenvolvimento da região. No meio do caminho um acidente interromperia o plano de voo, causando a queda da aeronave, seguida de explosão e incêndio que determinaria daí a seis dias a morte do engenheiro de 30 anos. Removidos os sobreviventes para Hospital da capital, a evolução do quadro em que estavam prendeu a atenção da população do Estado, que acompanhava angustiada os boletins de notícias que atualizavam as informações médicas. Ary era filho do então Governador em exercício, o qual, juntamente com os demais familiares, viveu momentos aflitivos até o desfecho com a morte do jovem. Experimentando a dor indescritível dos que perdem um ente querido, sua mãe e duas irmãs, quatro meses após, misturavam-se à pequena multidão de sofredores que habitualmente acorriam às reuniões do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais, onde Chico Xavier, através da sua extraordinária mediunidade convertia-se numa espécie de correio do Além, trazendo cartas dos que partiram antes. A viagem foi compensada pela psicografia através do médium de uma das mais longas e emocionantes mensagens do extenso acervo resultante do trabalho de Chico Xavier. Iniciando sua comunicação, roga a bênção da mãe, agradece nominalmente às irmãs, afirma que “nada os separou, estando unidos na fé em Deus”, reconhecendo-se em dificuldade para escrever a carta, dizendo-se auxiliado pelo Tio Natalino, por “não ter experiência bastante para vestir a mão de uma pessoa qual se usasse uma luva”. Revive cenas do sinistro, dizendo que “momentos quais aqueles do sete de novembro passado são indescritíveis nas minudências. Sei que o Mauro deliberou aterrissar; naturalmente atendendo à experiência dele, não me ocorreu qualquer ponderação a um companheiro, cuja competência me habituei a respeitar. O resultado, porém, é que a estreiteza do campo não nos permitia manobras capazes de promover medidas mais amplas do que as que assumíamos dentro da máquina. O choque contra a árvore foi violento, em vista da velocidade compreensível. E o resto é o que sabem, talvez mais do que eu mesmo, porquanto, em procurando liberar os dois companheiros que encontravam dificuldades para se livrar dos impedimentos na hora, a explosão nos agrediu a todos”. Reportando-se aos acontecimentos posteriores diz que “os pensamentos do fim para o meu corpo ainda não me haviam aflorado à cabeça. No entanto, quando vi as condições dos companheiros, notadamente do Mauro, tive receio de que um espelho me pudesse contar o que ocorria. Rememorando seus derradeiros momentos conta: -“Libertei-me, pouco a pouco, daquela toxemia íntima que me afligia consideravelmente. Em preces, no silêncio, esperava até que senti que mãos suaves me acariciavam a cabeça e dormi... Um sono pesado, de cujas imagens de sonhos possíveis não me recordo. Apenas dormi. Acordei, porém, acabrunhado, como se estivesse sob a presença incômoda de muita gente, apesar do meu espírito de gratidão para quem estivesse ali a visitar-me. Unicamente, estranhei achar-me fora do quarto e, sim, em plena sala; achava-me na condição de uma pessoa semi-anestesiada sob a incapacidade de me controlar, quanto a movimentação e direção... Falar, não conseguia. No entanto, emitia pedidos mentais de socorro. Um desconhecido de rosto amigo me estendeu os braços e me convidou à retirada, afirmando-me que se achava incumbido de me conduzir a novo tratamento. Aceitei sem hesitação, o apoio que ele me estendia, porquanto, não me admitia com a possibilidade de caminhar; ainda assim, embora aceitando o amparo dele, segurando-lhe um dos ombros, senti-me aliviado, mais leve... Acreditei que me achava à frente de melhoras positivas. Guiado pelo amigo, encontrei um avião misto de Bonanza e helicóptero, com a feição de uma grande borboleta, onde um senhor e uma senhora, que admiti fossem meus novos enfermeiros, me aguardavam. Receberam-me com muito cuidado e carinho, recomendando que nada receasse. O desconhecido tomou a direção e saímos, na vertical, à maneira de um helicóptero, para mim desconhecido, e à medida que subíamos, respirava a longos haustos, o ar muito leve e puro de cima. Amanhecia. Reconheci que nos dirigíamos para Anicuns”.... Antes de terminar, diz aos pais: -“Tudo sucedeu como devia acontecer e estou melhorando cada vez mais para ser mais. A forma se altera. No entanto, continuamos, sempre nós mesmos”. 

sábado, 24 de janeiro de 2015

PREMONIÇÃO

A carta da senhora Angelina de Ogé, da cidade marítima de Marennes, região sudoeste da França, além de agradecer as preces formuladas em seu favor na Sociedade Espírita de Paris para seu restabelecimento das inexplicáveis e renitentes febres de que fora acometida por meses de forma intermitente, relatava fato curioso que vivenciara. Informada da visita do pai para passar alguns dias em sua casa, reservou e mobiliou um quartinho para ele, desejando que ninguém dormisse ali antes dele. Conta que desde o momento em que manifestou tal pensamento, teve a intuição de que quem se deitasse naquela cama morreria, ideia que passou a persegui-la incessantemente, oprimindo seu coração a ponto de não ousar mais ir àquele quarto. Contudo, na esperança de se desembaraçar dela, foi orar junto ao leito. Julgou ver ali um corpo, e, na intenção de se assegurar tratar-se de uma ilusão, levantou os lençóis, nada mais vendo. Refletindo tratarem-se esses pressentimentos de ilusões ou resultado de obsessões, no mesmo instante ouviu suspiros como de uma pessoa que morre, sentindo sua mão direita apertada fortemente por mão quente e úmida, saindo do quarto para não mais adentrá-lo. Durante seis meses foi atormentada por este triste aviso e, quando finalmente seu pai chegou, caiu doente, morrendo ao cabo de oito dias, emitindo os últimos suspiros da mesma forma que vira, segurando e apertando-lhe a mão direita, do mesmo modo antevisto. Tal perda, evidentemente, causou-lhe intensa dor, tanto maior quando recordava do aviso recebido ao qual não dera crédito. No número de janeiro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, encontramos um artigo escrito por Allan Kardec abordando o interessante fato. Logo no início destaca dois pontos: a importância de se orar pelos doentes, e, segundo, uma nova prova da assistência dos Espíritos pela inspiração. Destaca seja talvez “um dos gêneros mais comuns de mediunidade, e que vem confirmar o princípio que todo mundo é mais ou menos médium sem o suspeitar. Seguramente, se cada um se reportasse às diversas circunstâncias de sua vida, observasse com cuidado os efeitos percebidos em si ou de que foi testemunha, não haveria ninguém que não reconhecesse ter alguns efeitos de mediunidade inconsciente”. Considera, todavia, que “o fato mais saliente é o aviso da morte do pai da senhora de Ogé, e o pressentimento com que foi perseguida durante seis meses. Sem dúvida, quando ela foi orar nesse quarto e acreditou ver um corpo no leito, que constatou estar vazio, poder-se-ia, com alguma verossimilhança admitir o efeito da imaginação. O mesmo poderia ser atribuído a um efeito nervoso, provocado pela superexcitação de seu Espírito. Mas como explicar a coincidência de todos esses fatos com o que se passou quando da morte do pai? Dirá a incredulidade: puro efeito do acaso; diz o Espiritismo: fenômeno natural devido à ação dos fluidos cujas propriedades até hoje foram desconhecidas, submetidos à lei que rege as relações do Mundo Espiritual com o Mundo Corporal. Ligando as leis da natureza a maior parte dos fenômenos reputados sobrenaturais, o Espiritismo vem precisamente combater o fanatismo e o maravilhoso, que o acusam de querer fazer reviver; ele dá dos que são possíveis uma explicação racional, e demonstra a impossibilidade dos que seriam uma derrogação das Leis da Natureza. A causa de uma porção de fenômenos está no princípio espiritual, cuja existência vem provar. Mas como os que negam esse princípio podem admitir suas consequências? Aquele que nega a alma e a vida extracorporal não pode reconhecer seus efeitos. (...). Se o pai da senhora Ogé tivesse morrido sem o que ela o soubesse, na época em que sentiu os efeitos de que falamos, esses efeitos se explicariam da maneira mais simples. Desprendido do corpo, o Espírito teria vindo avisá-la de sua partida deste mundo, e atestar sua presença por uma manifestação sensível, com a ajuda de seu fluido perispiritual. Isto é muito frequente. Compreendemos perfeitamente que aqui o efeito é devido ao mesmo princípio fluídico, isto é, à ação do períspirito. Mas como a ação material do corpo, que ocorreu no momento da morte, pôde produzir-se identicamente seis meses antes dessa morte, quando nada de ostensivo, doença ou outra causa, podia fazê-la pressentir?”. Eis a explicação a respeito, dada na Sociedade de Paris: -“O Espírito do pai dessa senhora, em estado de desprendimento, tinha conhecimento antecipado de sua morte e da maneira por que ela se realizaria. Sua visão espiritual abarcando certo espaço de tempo, lhe mostrou a coisa como presente; embora no estado de vigília não conservasse qualquer lembrança. Foi ele mesmo que se manifestou à filha, seis meses antes, nas condições que deviam se produzir, a fim de que, mais tarde, ela soubesse que era ele e que, estando preparada para uma separação próxima, não ficasse surpresa com sua partida. Ela própria, em Espírito, tinha conhecimento disto, porque os dois Espíritos se comunicavam em seus momentos de liberdade. É o que lhe dava a intuição de que alguém devia morrer naquele quarto. Essa manifestação ocorreu igualmente com o fito de fornecer um ensinamento, tocante ao conhecimento do Mundo Invisível”.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

FASCINANTE

Embora interpretasse tudo como fantasia por não acreditar em reencarnação, a Dra Edith Fiore reconhecia o valor da terapia aplicada em alguns de seus pacientes no sentido de auxiliá-los a reencontrar o próprio equilíbrio. Relata que, nos primeiros anos de experiência utilizando a hipnose nos atendimentos clínicos, percebeu que muitos deles “escorregavam” para outras personalidades enquanto se achavam mergulhados no transe a que eram induzidos. Pela experiência construída no exercício de sua atividade da Psicologia Clínica, presumiu se tratar de personalidades múltiplas, lidando com elas como se o fossem, embora lhe parecesse que alguns pacientes tivessem muitas, algumas se limitando a passar depressa. Com dificuldade de compreender o que acontecia com seus pacientes, especialmente enquadrá-los num sistema aceitável de coordenadas, buscou aprofundar-se em temas metafísicos, através de livros. Acessando inúmeros casos na literatura pesquisada, começou a comparar com os por ela tratados, imaginando se não estivera lidando com Espíritos. Diante de tais informações, principiou a prestar mais atenção nas descrições ouvidas dos pacientes sobre seus problemas e comportamentos, alguns se queixando de ter alguém dentro deles, induzindo-os a pensamentos e atitudes contraditórios, por vezes. Desenvolvendo uma metodologia diferenciada para identificar a personalidade manifestante durante o atendimento que fazia. Surpreendia-se com a melhora súbita de alguns casos, bem como, as reações emocionais durante as sessões, as quais variavam das lágrimas, ao medo opressivo ou alegria e alívio, dizendo muitos sentir que ‘alguma coisa saía, erguendo-se deles, enquanto outros observavam aqui agora está menos apertado’, ‘sinto-me meio vazio’, ‘um peso está sendo retirado’, etc. Esse trabalho que ela classificava como sendo com Espíritos possessores, levou-a a rever suas próprias crenças na vida depois da morte e à sobrevivência da consciência. Ao longo dos anos, evoluiu de uma descrença no “sobrenatural” para uma aceitação intelectual dos conceitos de reencarnação e de continuação da personalidade. Relutando em acreditar totalmente nisso, continuou a utilizá-la como ‘hipótese de trabalho’. Passou a encarar as entidades possessoras como os verdadeiros pacientes, os quais sofrem imensamente, talvez até sem o compreenderem. Conversando com os Espíritos, através de pacientes hipnotizados, a Dr Fiore obteve informações interessantes: 1- Alguns estavam tão convencidos, durante a própria existência, de que não havia nada depois da morte, que simplesmente se recusavam a ver os membros da família ou os guias espirituais que vinham busca-las na reentrada noutro Plano existencial, perambulando sem rumo num estado de confusão e ignorância que, não raro, durava anos. 2- Interrogados, costumavam negar que estivessem mortos, dizendo qualquer coisa parecida com “Quando você está morto, está morto! Agora estou aqui, de modo que estou tão morto como você!”. 3- Alguns se achavam num estado tão profundo de confusão ao morrer que simplesmente não perceberam que estavam mortos, especialmente os suicidas. 4- Era comum a confusão entre pessoas que experimentavam morte súbita e inesperada, alguns deixando-se ficar onde haviam morrido durante horas, meses e, em alguns casos, até anos. 5- Outros confessaram sentir-se tão envergonhados dos seus atos anteriores que não queriam ver os Espíritos dos entes queridos, especialmente os educados num ambiente muito religioso que os deixava aterrorizados com a perspectiva de ir para o inferno, resistiam desesperadamente aos auxiliares que se faziam presentes na ocasião de sua morte. 6- O apego obsessivo aos vivos era outra razão pela qual algumas entidades permaneciam presas à Terra. 7- Houveram casos de entidades obsessoras que mantinham-se hostis às criaturas que as haviam tratado dessa forma enquanto estiveram “vivas”, atormentando os pacientes a que se ligavam, com as mesmas ideias que alimentaram antes de morrer. 8- Casos foram registrados de pessoas possuídas por várias entidades. 9- Manifestaram-se Espíritos que tinham sido assassinados, demorando-se na ideia fixa de prejudicar deliberadamente seu ‘malfeitores’. 10- Um dos laços mais fortes que prendem os Espíritos ao Mundo Físico é a propensão para o álcool, para as drogas, para o sexo, para o fumo e até a comida, estando o dependente tão cego à própria partida, se preocupando apenas em satisfazer sua compulsão, que ignoravam parentes ou a Luz Brilhante que se manifestava para ajuda-los. No interessante relatório da Dra Fiore, afirma que os viciados espirituais costumavam aglomerar-se em torno dos viciados vivos e dos lugares por eles frequentados, tentando experimentar de novo o que fora outrora o tema dominante de sua vida. Como se vê, as constatações da Doutora em Psicologia norte americana, corroboram literalmente as informações observadas nas cartas recebidas mediunicamente por Chico Xavier ao longo da maior parte de sua última existência na nossa Dimensão, bem como aquelas apuradas por Allan Kardec e inseridas no livro O CÉU E O INFERNO, que por sinal, está completando cento e cinquenta anos de publicação.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER


O Espiritismo fundamentando-se no princípio da lógica tem revelado elementos extremamente interessantes sobre temas como a sobrevivência após a morte, as vidas sucessivas, o papel e a organização da família no processo evolutivo, a origem e cura das doenças, entre outros. O último aspecto citado racionaliza a questão da influência e interferência da mente e seu principal efeito que é o pensamento quanto aos seus aspectos causais. Destacaremos a seguir alguns deles para sua avaliação: 1- “Se dividirmos os males da vida em duas categorias, sendo UMA a dos males que o homem não pode evitar, e OUTRA a das atribulações que ele mesmo provoca, por sua incúria e seus excessos, veremos que esta última é muito mais numerosa que a primeira”. 2 - As doenças pertencem às provas e às vicissitudes da vida terrena. São inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda espécie, por sua vez, criam em nossos organismos condições nocivas, frequentemente transmissíveis pela hereditariedade”. 3 -“Doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, a imbecilidade, etc. (...), são efeitos que devem ter uma causa, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. A causa sendo sempre anterior ao efeito, e, desde que não se encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente”. 4 - “Se Deus não quisesse que pudéssemos curar ou aliviar os sofrimentos corporais, em certos casos, não teria colocado meios curativos à nossa disposição. 5 - Ao lado da medicação comum elaborada pela ciência, o magnetismo nos deu a conhecer o poder da ação fluídica, e, depois o Espiritismo veio revelar-nos outra força, através da mediunidade curadora e da influência da prece”. 6 - Da mente clareada pela razão, sede dos princípios superiores que governam a individualidade, partem as forças que asseguram o equilíbrio orgânico, por intermédio de raios ainda inabordáveis à perquirição humana, raios esses que vitalizam os centros perispiríticos, em cujos meandros se localizam as chamadas glândulas endócrinas, que, a seu turno, despedem recursos que nos garantem a estabilidade do campo celular. 7 - Nas criaturas encarnadas esses elementos se consubstanciam nos hormônios diversos que atuam sobre todos os órgãos do corpo físico, através do sangue. 8 - A criatura, durante a reencarnação, elege, automaticamente, para si mesma, grande parte das doenças que se lhe incorporam às preocupações. Rendemo-nos, habitualmente, às sugestões do mal, criando em nós não apenas condições favoráveis à instalação de determinadas moléstias no cosmo orgânico, mas também ligações fluídicas aptas a funcionarem como pontos de apoio para as influências perniciosas interessadas em vampirizar-nos a vida. 9 - Exteriorizando ideias conturbadas, assimilamos as ideias conturbadas que se agitam em torno de nosso passo, elementos esses que se nos ajustam ao desequilíbrio emotivo, agravando-nos as potencialidades alérgicas ou pesando nas estruturas nervosas que nos conduzem a dor. Mantidas tais conexões, surgem frequentemente os processos obsessivos que, muitas vezes, sem afetarem a razão, nos mantém no domínio de enfermidades – fantasmas que os esterilizam as forças e, pouco a pouco, nos corroem a existência. 10 - Há grande número de doenças, cuja origem é devida a fluidos perniciosos, dos quais é penetrado o organismo, contra o que a medicação comum é inoperante. 11 - O perispírito por sua natureza FLUÍDICA, essencialmente móvel e elástica, projeta raios pela vontade do Espírito, servindo à transmissão do pensamento. 12 - Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos FLUIDOS espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido.13 - A alma carreia consigo as faculdades de criar no próprio cosmo orgânico todas as espécies de anticorpos, imunizando-se contra as exigências da carne, faculdades essas que pode ampliar consideravelmente pela oração, pelas disciplinas retificadoras a que se afeiçoe, pela resistência mental ou pelo serviço ao próximo com que atrai preciosos recursos em seu favor. O Bem é o verdadeiro antídoto do mal. 14 - A maioria das moléstias, como todas as misérias humanas, são expiação do presente ou do passado, ou provações para o futuro; são dívidas contraídas, cujas consequências devem ser sofridas até que tenham sido resgatadas. Não pode ser curado aquele que deve suportar sua provação até o fim.







domingo, 18 de janeiro de 2015

O DIFÍCIL CAMINHO DA EVOLUÇÃO HUMANA

Riqueza, inteligência, beleza e autoridade segundo se deduz de casos mostrados pelo Espírito André Luiz através do médium Chico Xavier no livro MISSIONÁRIOS DA LUZ (1945, feb) são experiências em meio às quais dificilmente se consegue manter o equilíbrio. Exemplo da veracidade dessa afirmação pode ser encontrado no número de outubro de 1859 da REVISTA ESPÍRITA. Na seção Palestras Familiares de Além Túmulo, Allan Kardec reproduz, primeiro, a entrevista desenvolvida na reunião de 2 de setembro daquele ano, na Sociedade Espírita de Paris com o Espírito de um morador de Lyon, conhecido pela alcunha de Père Crépin, cuja morte fora noticiada por jornais locais. Considerado milionário era conhecido também pela avareza incomum. Nos últimos tempos de sua vida, passou a morar com um casal de nome Favre, que, além de abriga-lo, assumira a obrigação de alimentá-lo mediante ínfima importância, deduzida de aluguel com que lhes remunerava. Possuía nove casas, morando anteriormente numa delas, numa espécie de nicho que mandara construir debaixo da escada. No momento de anunciar o aluguel a locatários, arrancava os cartazes das ruas, os utilizando para suas contas. A determinação municipal que prescrevia a caiação periódica das casas lhe acarretava tremendo desespero; causando desentendimentos pelo seu intento de obter uma exceção, o que se mostrou inútil. Gritava estar arruinado, dizendo que se resignaria se tivesse uma única casa, acrescentando ter nove. Nas 21 perguntas a ele dirigidas, ao confirmar sua presença, exasperado, questionava se a intenção da evocação seria apropriarem-se de seu dinheiro que, por sinal, não via; dizia-se com saudades da vida terrena por não mais poder tocar, contar e guardar seu dinheiro; que quando vivo nunca pensara que não levaria nada deste mundo, tendo como ideia fixa o acúmulo de riquezas, não cogitando que se separaria delas; que o motivava era a volúpia de tocar suas posses, sentindo imenso prazer em fazê-lo, não tendo outra paixão na Terra; compreendendo agora que era um miserável, embora sentindo prazer em ver seu ouro, embora não podendo apalpá-lo, o que representava uma punição no vida em que se via; que não experimentara nenhum sentimento de piedade pelos infelizes que sofriam na miséria; que sabia ter sido um pastor, muito infeliz no corpo, mas feliz de coração em existência anterior à que terminara; que o primeiro pensamento ao saber-se no Mundo dos Espíritos, foi o de procurar suas riquezas, sobretudo o ouro, sentindo-se muito infeliz, coração dilacerado e, ao mesmo tempo remorso, parecendo-lhe que quanto mais o tempo passar, mais sofrerá por sua avareza terrestre; que reconhecia ter sido inútil a vida terminada para seus semelhantes; que não tivera amigos na Terra que, por sinal não pedira, merecendo o apoio apenas do seu Anjo da Guarda na realidade em que se vê; que sua mãe o recebera na reentrada no Mundo Espiritual; que construíra sua fortuna um pouco legalmente, mas explorara muito e roubara um pouco dos seus semelhantes. Na reunião da semana seguinte, nove de setembro, Allan Kardec consulta o dirigente espiritual dos trabalhos da Sociedade Espírita de Paris, a respeito das informações obtidas, apurando o seguinte: 1- Sobre o perfil de Père Crépin e a revelação de ter sido pastor em vida pregressa, ouve que “ele era ignorante, inexperiente; pediu a riqueza; ela lhe foi concedida, mas como punição a seu pedido; o que dificilmente repetiria”. 2- Focando a característica da avareza, Allan Kardec indaga: -“Há pessoas que não são avarentas senão para com os outros. Qual é o mais culpável: aquele que acumula pelo prazer de acumular e se priva até do necessário ou aquele que, de nada se privando, é avaro quando se trata do menor sacrifício para o próximo?, obtendo como resposta: -“É evidente que o ultimo é mais culpado, porque é profundamente egoísta. O primeiro, é lógico”. Finalmente, uma questão que, certamente, muitos se fazem: - “Nas provas que deve sofrer para chegar à perfeição, deve o Espírito passar por todos os gêneros de tentação, e poder-se-ia dizer que para Père Crépin a vez da avareza chegou por meio das riquezas que estavam à sua disposição e que ele sucumbiu?”. –“Isto não é regra geral, mas é exato no seu caso particular. Sabeis que há muitos que desde o começo tomam um caminho que os liberta das provas”. A regra geral, contudo, conduz as individualidades sob o controle do determinismo até que o amadurecimento permita ao Ser interferir no planejamento de futuras existências. Enquadram-se na situação exposta por Allan Kardec num dos números da REVISTA ESPÍRITA: -“Não é, pois, nem após a primeira, nem após a segunda encarnação que a alma tem consciência bastante nítida de si mesma, para ser responsável por seus atos; talvez só após a centésima ou milésima”.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

DISPONÍVEL

O esforço resultou em trabalhos respeitáveis, porém, hoje praticamente esquecidos ou desconhecidos. Na verdade, no chamado mundo acadêmico não tiveram nenhuma repercussão e, com a morte de seus idealistas, os criteriosos resultados, vão se perdendo. Falamos dos trabalhos em torno do tema reencarnação desenvolvidos pelo psiquiatra canadense Ian Stevenson, pelo engenheiro Hernani Guimaraes Andrade ou pelo professor Hemendra Banerjee. Detiveram-se nos casos de lembranças de vidas passadas, espontaneamente reveladas por crianças, respectivamente, em várias partes da Terra, no Brasil e na Índia. As incríveis associações feitas pelo psiquiatra Inácio Ferreira sobre os transtornos comportamentais e mentais revelados pelos seus pacientes e reencarnações anteriores, teriam desaparecido definitivamente, não fosse a inclusão de seus revolucionários livros NOVOS RUMOS À MEDICINA e A PSIQUITRIA EM FACE DA REENCARNAÇÃO no catálogo de uma editora paulista na década de 80, do século vinte. As instigantes incursões de profissionais da saúde, sobretudo norte americanos na chamada Terapia de Vidas Passadas não produziu resultados de conhecimento geral, fazendo, por exemplo, associações confirmatórias sobre o encadeamento entre diferentes existências capazes de interessar e despertar as criaturas humanas para o sentido evolucionista da passagem pelo corpo físico. Embora apresentando uma visão lógica e substancial do tema esquecido pela Humanidade do lado Ocidental do Planeta por doze séculos e, portanto, ignorado pelas gerações nascidas neste período, a visão do Espiritismo é desconsiderada pela esmagadora maioria dos que se interessam por descobrir um sentido racional para nossa existência. Mas ousadamente, as respostas ofertadas pela Doutrina Espírita, continuam sendo as mais completas. Representam a chave para entender-se a maioria dos ‘mistérios’ da nossa sociedade. A questão das almas com características femininas/masculinas habitando corpos inversos, é esclarecida nas questões 200 a 202 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, onde se lê que “os Espíritos encarnam-se homens ou mulheres, porque o Espírito não tem sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, oferece-lhes provas e deveres especiais, e novas ocasiões de adquirir experiências. Aquele que fosse sempre homem, só saberia o que sabem os homens, podendo as inversões também serem determinadas como uma punição ou missão”. O fenômeno da concepção é explicado por Allan Kardec no  item 18, do capítulo 11, do livro A GÊNESE da seguinte forma: -“Quando o Espírito deve se encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico (...),liga-o ao germe para o qual se sente atraído, por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o germe( embrião, feto) se desenvolve, o laço se aperta; sob a influência do princípio material do germe, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, com o corpo que se forma. Quando o germe está inteiramente desenvolvido, a união é completa, e, então, ele nasce para a vida exterior”. E, através do médium Chico Xavier, em 1945, o Espírito André Luiz repassa outras informações, aprofundando o assunto: -“A ligação inicial é no corpo perispiritual do filho com o da mãe. Do ponto de vista físico, através dos condutos naturais, correm os elementos sexuais masculinos, em busca do óvulo, em velocidade de três milímetros, aproximadamente, por minuto. Aos milhares, seguem, em massa para a frente, em impulso instintivo. O futuro óvulo materno, preside ao trabalho prévio de determinação do sexo do corpo a organizar-se. A célula feminina, sofrida a dilaceração da cutícula, enrijece-se cerrando os poros tenuíssimos, recebe o esperado visitante, impedindo a intromissão de qualquer outro dos competidores, que haviam perdido a primeira posição na grande prova”. A questão da hereditariedade amplia-se com a informação de que “em matéria de filhos, no Plano Físico, a lei das afinidades quase pode ser considerada por fator determinante da chamada hereditariedade psicológica. (...) A vida dos companheiros encarnados se conjuga com a vida dos companheiros desencarnados que lhes são afins. O alcoolismo, por exemplo, é um hábito que muito raramente se observa numa pessoa que se embriaga a sós. Geralmente, a criatura se alcooliza em companhia de irmãos desencarnados que, embora desenfaixados da experiência física, ainda não se desvencilharam dessa prática. Quando isso ocorre, é justo considerar que por muito se esforcem os Instrutores Espirituais, encarregados de cooperarem na execução de certo Plano de reencarnações para determinado grupo familiar, nem sempre conseguem evitar a intromissão de um ou mais de um dos alcóolatras desencarnados, porquanto se ajustam eles de tal modo às forças genésicas de um dos parceiros do compromisso sexual que acabam na condição de filhos deles, revelando, mais tarde, as mesmas tendências compulsivas”.  Há muito mais, disponível para o buscador da Verdade libertadora preconizada por Jesus aos seus seguidores.




quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE E AS CRIANÇAS

Detentor do crédito de ter pela primeira vez publicado um livro – VIDA DEPOIS DA VIDA (1975) tratando das chamadas EQMs – Experiências de quase morte, Raymond A. Moody Jr, tornou-se referência no tema. Doutor em Filosofia, Psicologia e Psiquiatria, Moody Jr fez incursões também pela regressão a vidas passadas, se submetendo à experiência que revelou ele próprio ter tido nove reencarnações anteriores. Para quem não leu o livro que se tornou um campeão de vendagem, a obra baseia-se no depoimento de 150 pessoas que passaram pela chamada morte clínica.  O estudo apurou existir um padrão entre os que retornaram da experiência de quase morte, baseado nas seguintes percepções: 1- Ouvir um zumbido nos ouvidos; 2- Um sentimento de profunda paz e ausência de dor; 3- Ter uma experiência fora do corpo; 4 - Sentir-se viajar dentro de um túnel; 5- Sentir-se subir pelos céus; 6- Ver pessoas, especialmente familiares falecidos; 7- Encontrar seres espirituais, por vezes identificados como sendo Deus; 8 – Ver uma revisão da própria vida; 9 – Sentir enorme relutância em voltar à vida. Cerca de treze anos depois, em 1988, o Dr. Moody publicou nova obra somente traduzida para o português em 2004 em tradução que ganhou o título A LUZ QUE VEM DO ALÉM, (butterfly, 2004). Chama a atenção a bibliografia construída sobre doze obras ou artigos de outros autores incluídos em revistas especializadas e dirigidas para o meio científico tratando das EQMs. Outro detalhe interessante é o que diz respeito às tais experiências vividas por crianças de várias idades, relatando os mesmos sintomas que adultos de variadas culturas. Narra que o primeiro caso que chegou ao seu conhecimento é o de um garoto de 9 anos que examinava após uma parada cardíaca devido a uma doença na glândula supra renal. Espontânea e timidamente, induzido a relatar a experiência, contou que em sua incrível vivência, sentiu-se flutuar para fora de seu corpo físico, olhando para baixo no exato instante em que o médico comprimia seu peito para reavivar seu coração, o que o fez em vão tentar que o médico parasse de esmurra-lo. Sentiu-se mover-se rapidamente para cima, vendo a Terra desaparecer atrás dele, passar por um túnel escuro, no fim do qual o aguardava um grupo de anjos, brilhando, parecendo todos amarem-no muito, num lugar cheio de luz, um lugar celestial, circundado por uma cerca, que, segundo os anjos, fosse ultrapassada por ele, não seria capaz de retornar à vida, até que um deles disse que ele teria de voltar e reentrar no corpo, o que, por fim, teve de obedecer”. Moody Jr, considera que crianças abaixo de 7 anos tendem a pensar na morte como temporária, pois para eles a morte é algo de onde se retorna. Dos 7 aos 10 anos, é um conceito mágico, substituído nos anos seguintes pelo conhecimento de que a morte envolve decomposição orgânica. Noutro caso observado, uma menina de nove anos morta durante uma cirurgia de apendicite, viu-se flutuando fora do corpo, observando tudo como se estivesse no teto do Centro Cirúrgico de onde podia ver tudo, ouviu dizerem que seu coração havia parado. Vendo seu corpo, a princípio não sabia que era o dela, e, ao reconhecê-lo, saiu para o corredor, vendo sua mãe chorando, perguntando sem ser ouvida a ela a razão das lágrimas, ficando, portanto, sem obter resposta. Assustada, viu aproximar-se uma senhora bonita que a auxiliou, por sabê-la confusa em suas emoções. A conduziu a um túnel de luz que ia até o céu, contemplando lá lindas flores. Sentia-se com Deus e Jesus que lhe disseram ser necessário retornar para ficar com sua mãe porque ela estava muito triste. Disseram também que tinha de terminar sua vida, o que a fez voltar e acordar, observando, agora, que o túnel pelo qual passava muito rápido, era longo e escuro, tendo uma luz muito brilhante no final, o que a alegrou bastante”. Considerando os relatos por ele compilados e pesquisas conduzidas por outros especialistas com crianças que passaram pelas EQMs, Moody Jr concluiu que “o fato de envolver crianças fornecem maior evidência da vida após a morte do que as ocorridas com pessoas mais velhas que tiveram mais tempo de ser influenciadas pelas experiências de suas vidas e uma infinidade de crenças religiosas”. Crê também que, “em nível clínico, o aspecto mais importante é o vislumbre que tem do ‘além-vida’, e como isto as afeta pelo resto de suas vidas, mostrando-se mais felizes e esperançosas do que outras pessoas ao seu redor”. 

domingo, 11 de janeiro de 2015

SEM MUDANÇAS BRUSCAS

O materialista ou o religioso convicto muda sua forma de pensar após a morte, vendo-se diante da continuidade da vida? Milhares de depoimentos de Espíritos que se serviram de médiuns para atestar sua sobrevivência provam que não. O tema, a propósito, foi abordado na reunião de 27 de março de 1863 da Sociedade Espírita de Paris, sendo incluída na seção Questões e Problemas do número de maio daquele ano da REVISTA ESPÍRITA. Motivou a abordagem, comentário de um participante sobre frase enunciada em reunião anterior que afirmava: -“Vossa prece comoveu muitos Espíritos levianos e incrédulos”. Diante disso indaga: -“Como podem os Espíritos ser incrédulos? O meio em que se acham não é a negação da incredulidade?”. Allan Kardec propôs aos Espíritos que quisessem comunicar-se tratar da questão, se julgassem conveniente, o que resultou em três manifestações. A primeira assinada por um Espírito de nome Viennois, dizendo, entre outras coisas, o seguinte: -“ No mundo em que habitais, acreditava-se geralmente que a morte vem de repente modificar as opiniões dos que partem e que a venda da incredulidade é violentamente arrancada aos que na Terra negavam Deus. Aí está o erro, porque para esses a punição começa justamente ficando na incerteza relativamente ao Senhor de todas as coisas e conservando a mesma dúvida da Terra. Não, crede-me. A vista obscurecida da inteligência humana não percebe a luz instantaneamente. (...). A passagem da Vida Terrena à Espiritual oferece, é certo, um período de confusão e de turbação para a maioria dos que desencarnam. (...).  É fácil vos dardes conta dessa diferença examinando os hábitos dos viajantes que vão atravessar o Oceano. Para alguns a viagem é um prazer; para maior número um sofrimento vulgar, que durará até o desembarque. Então! É, por assim dizer, a viagem da Terra ao Mundo dos Espíritos. Alguns se desprendem rapidamente, sem sofrimento e sem perturbação, ao passo que outros são submetidos ao mal da travessia etérea. (...). Os incrédulos e os materialistas absolutos conservam sua opinião Além Túmulo, até o momento em que a razão ou a graça tiver despertado em seu coração o pensamento verdadeiro, ali escondido”. Baseando-se na resposta, Allan Kardec propõe uma reflexão sobre: -“Compreende-se a incredulidade em certos Espíritos. Mas não se compreenderia o materialismo, pois seu estado é um protesto contra o reino absoluto da matéria e o nada após a morte”. Pronuncia-se o Espírito Erasto pelo mesmo médium, Sr D’Ambel: -“Só uma palavra: todos os corpos sólidos ou fluídicos pertencem à substância material – isto está bem demonstrado. Ora, os que em vida só admitiam um princípio na natureza – a matéria – muitas vezes não percebem ainda após a morte, senão esse princípio único, absoluto. Se refletísseis sobre os pensamentos que os dominaram a vida, acharíeis que estavam certos, ainda hoje, sob o inteiro domínio dos mesmos pensamentos. Outrora se consideravam como corpos sólidos; hoje se olham como corpos fluídicos, eis tudo. Notai bem que eles se apercebem sob uma forma claramente circunscrita, embora vaporosa, mas idêntica à que tinham na Terra, em estado sólido ou humano. De tal sorte que não veem em seu novo estado senão uma transformação de seu Ser naquele em que não tinham pensado. Mas ficam convencidos que é um encaminhamento para o fim a que chegarão, quando estiverem suficientemente desprendidos, para se dissolverem no grande Todo Universal. Nada mais teimoso do que um sábio. E eles persistem a pensar que, nem por ser demorado, esse fim é menos inevitável. Uma das condições de sua cegueira moral é de os encerrar mais violentamente nos laços da materialidade e, consequentemente, de os impedir se afastem das regiões terrestres ou similares à Terra. E, assim, como a grande maioria dos desencarnados, aprisionados na carne, não podem perceber as formas vaporosas dos Espíritos que os cercam, também a opacidade do envoltório dos materialistas lhes veda a contemplação das entidades espirituais” (...). A terceira mensagem foi escrita pelo Espírito Lamennais, através do médium Sr Didier e, sobre seu conteúdo Allan Kardec observa: -“Desde que vemos Espíritos que, mesmo muito depois da morte, ainda se julgam vivos, vagam ou creem vagar nas ocupações terrenas; é que tem completa ilusão quanto à sua posição e não se dão conta do estado espiritual. Desde que não se julgam mortos, não seria de admirar que tivessem conservado a ideia do nada após a morte, que para eles ainda não veio”.

sábado, 10 de janeiro de 2015

NEM PENSAR



A questão da morte é vista de forma dramática pela nossa cultura. Embora inevitável na caminhada desta vida não só pela fragilidade de corpo físico que usamos como também pelo inevitável envelhecimento provocado pelo seu desgaste natural, as pessoas preferem ignorar que a encontrarão em algum ponto de sua caminhada existencial. Um caso, porem, mostra-se como o mais difícil de todos. É o que envolve a perda de um filho de forma inesperada em função de um acidente ou previsível pela gravidade de uma doença manifestada. E, em meio a esses episódios, a dor de uma mãe chama mais a atenção. Das mães que honram esse título é claro. Chico Xavier que, em função da mediunidade, conviveu com milhares de casos dizia não existirem palavras que pudessem definir tal dor. Dizia ser superlativa. Ideias e pensamentos os mais absurdos levam-nas a gestos extremos. Seja por não suportarem tal sentimento, seja pela ilusão de, talvez, se reencontram noutra vida com o ente cuja convivência lhe interrompida. Embora seja grave delito perante as Leis Cósmicas, neste caso é considerado com atenuantes. Na verdade, conforme nos revela a Doutrina Espírita, nada é por acaso, e a perda de um ente querido, geralmente, faz parte do programa que estamos cumprindo na passagem pela face mais material da vida. Muitas vezes, solicitamos ou concordamos com tal experiência para ajudar aquele que tem frustrada sua passagem por nossa Dimensão, pelas profundas ligações que com eles mantemos desde Eras remotas. Ou, como explicado pelo Instrutor Druso a Hilário e André Luiz na obra AÇÃO E REAÇÃO (1957; feb), contribuímos para suas quedas em vida passada e pedimos para nos redimir das culpas que criamos, vivendo a difícil experiência da separação em meio a sonhos e projetos aqui acalentados. Ninguém foge de si mesmo e, mais dia, menos dia, nos sentiremos necessitados do enfrentamento dos efeitos causados por nossas atitudes insensatas. Entre a farta documentação geradas através do médium Chico Xavier – todos, casos reais -, encontramos exemplos de como a deserção via suicídio acarreta consequências, também dolorosas para quem dele se vale para fugir do aprendizado e da remissão. Um deles resulta da carta escrita pela jovem Valéria Cosentino, desencarnada em acidente automobilístico, aos 23 anos, após abalroamento que levou o carro que dirigia a chocar-se com a Ponte da Cidade Jardim, Marginal Pinheiros. Santista, católica, formada em Odontologia, cursava Pós-Graduação na Universidade de São Paulo, razão porque permanecia na capital paulista de quarta a sexta-feira. Prevenida desde 15 dias antes através de significativos sonhos que sugeriam uma grande viagem, com sua morte impôs aos pais e irmão, momentos de desespero e inconformação. Sua mãe, contudo não resistiu e cedeu ao suicídio. Formação universitária, professora de inglês, dias após a transferência da filha para a Vida Espiritual, fez uso de um tiro no crâneo para aplacar o sofrimento em que se viu mergulhada. Pouco mais de um ano após o acidente que mudou sua vida, o pai e marido, encontrava-se na reunião pública do Grupo Espírita da Prece, onde Chico Xavier, entre outras, psicografou esclarecedora e confortadora de Valéria, oferecendo notícias de sua situação. Médico Legista e Cirurgião, encontrou em suas palavras alento para seguir em frente com a própria vida.  Valéria, expondo suas impressões sobre os acontecimentos, relatando o sucedido após a morte do seu corpo físico, sua angustiante recuperação ao tomar conhecimento do sucedido, conta da aflição quando da primeira visita ao lar que deixara, em se referindo à mãe diz: -“Lutei, mas lutei muito para arredar das ideias da Mãezinha o propósito do suicídio, mas não consegui. Aquela alma forte e sensível fora ferida nas próprias entranhas, e por muito nos dedicássemos a ela, no sentido de alterar-lhe as disposições, incapaz de arrebata-la ao terrível intento, via-a arrasar o próprio corpo, imaginando que isso lhe abriria as portas da visão para o encontro comigo, quando o gesto dela, desertando da provação, nos agravava o espanto de todos. (...). A Mãezinha demorou-se para retornar a si mesma. Agora, já me reconhece, mas trouxe muito desequilíbrio no corpo espiritual, que lhe tomará tempo para desaparecer. Pai, querido, a Mãezinha tem sofrido muito nos remanescentes do suicídio a que se entregou, e agora confessa-me temer por sua sanidade mental e pela sanidade do Paulo, e me solicitou pedir-lhes calma e resignação. (...). Pai, ela e eu pedimos aos dois, com os nossos corações entrelaçados no mesmo temor para que não alimentem qualquer desejo de encontrar a morte prematura, que vem a ser uma calamidade na vida daqueles que a perpetram”.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

NEM TUDO

- “Todas as tribulações da vida foram previstas e escolhidas por nós? – constitui-se numa dúvida comum àqueles que começam a raciocinar com base nas informações oferecidas pela visão do Espiritismo sobre A LEI DE CAUSA E EFEITO, resumida no Código Penal da Vida Futura apresentado no capítulo 7 do livro O CÉU E O INFERNO - a Justiça Divina segundo o Espiritismo. Nas revelações feitas a Allan Kardec e constantes n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, as Entidade Superiores disseram que “só os grandes acontecimentos, que influem no destino, estão previstos, nascendo os detalhes das circunstâncias e da força das coisas”. Família de origem,  família organizada, formação, encaminhamento profissional, doenças, limitações físicas, intelectuais ou mentais, certamente estão entre elas. As circunstâncias da vida nos encaminham sempre ao meio em que possamos sofrer as provas que nos reabilitem perante nossa própria consciência, a qual reflete não apenas as Leis de Deus nela inscritas como também nossa condição evolutiva. Para lutar contra o instinto do bandido que, eventualmente, habite em nós, é preciso que nos encontremos entre gente dessa espécie. Para uns, impõem-se uma vida de misérias e provações para tentar suportá-la com coragem; outros devem experimentar as tentações da fortuna e do poder, bem mais perigosas, pelo abuso e o mau emprego que se lhes pode dar e pelas paixões que desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que terão de sustentar no contato com o vício. Sobre aqueles que, em meio às dificuldades da vida, afirmam que, se pudessem escolher a sua existência, teriam pedido a dos príncipes ou milionários, Allan Kardec diz “serem como os míopes que não veem o que tocam, ou como as crianças gulosas, que respondem, quando perguntamos que profissão preferem: confeiteiros ou pasteleiros”. Explicando-se melhor, ele diz: -“Da mesma maneira, o viajante, no fundo de um vale nevoento, não vê a extensão nem os pontos extremos da sua rota; mas, chegando ao cume da montanha, seu olhar abrange o caminho percorrido e o que falta a percorrer, vê o final de sua viagem, os obstáculos que ainda tem de vencer, e pode então escolher com mais segurança os meios de o atingir. O Espírito encarnado é como o viajante no fundo do vale; desembaraçado dos liames terrestres, é como o que atingiu o cume. Para o viajante, o fim é o repouso após a fadiga; para o Espírito é a felicidade suprema, após as tribulações e as provas”. Acrescenta que temos um exemplo disso na vida corpórea. Não buscamos muitas vezes, através dos anos, a carreira que livremente acabamos por escolher, porque a achamos a mais apropriada aos nossos objetivos? Se fracassamos numa, procuramos outra. Cada carreira que abraçamos é uma fase, um período da vida. Não empregamos cada dia em escolher o que faremos no outro? Ora, o que são as diferentes existências corpóreas para o Espírito, senão fases, períodos, dias da sua vida espíritual que, como sabemos, é a vida normal, não sendo a vida corpórea mais do que transitória, passageira?”. Em meio às informações oferecidas pela Espiritualidade, uma que talvez nos ajude a entender tanta violência gratuita na sociedade humana é a de que Espíritos procedentes de povos mais atrasados como os canibais, ou procedentes de um mundo inferior à Terra, podem nascer entre os povos dito civilizados. Por terem hábitos e instintos que se chocam com os daqueles em meio aos quais ressurgem, os faz dar o triste espetáculo da ferocidade em meio da civilização. Retornando, eventualmente, para o meio dos canibais, não estarão retrocedendo, mas retomando seu lugar, e talvez com mais proveito.  Da mesma forma, um homem pertencente a uma raça civilizada pode, por expiação, reencarnar-se numa raça selvagem, dependendo do gênero da expiação de que se faz necessitado. Um senhor que tenha sido duro para os seus escravos poderá tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infringiu a outros. Aquele que mandou numa época, pode, em outra existência, obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. É uma expiação, se ele abusou do poder, e Deus pode determina-la. Pode ainda ocorrer de um bom Espírito, escolher uma vida de influência entre esses povos, para os fazer avançar, o que seria uma missão. Pelas explicações dos Espíritos responsáveis pela Codificação da Doutrina Espírita, a questão da escolha funciona da seguinte forma: - “A Providência Divina supre a inexperiência daqueles que se encontram no início do processo evolutivo, simples e ignorante, traçando-lhe o caminho que deve seguir, como fazemos com uma criança desde o berço. Mas deixa-lhe pouco a pouco a liberdade de escolher, à medida que seu livre-arbítrio se desenvolve”.


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

UMA PERGUNTA PROCEDENTE E ATUAL

-“Porque os Espíritos dos grandes gênios, que brilharam na Terra, não produzem obras-primas por via mediúnica, como fizeram em vida, desde que sua inteligência nada perdeu?”. O questionamento foi apresentado na seção Perguntas e Problemas do número de fevereiro de 1865 da REVISTA ESPÍRITA. A resposta incluiu ponderações de Allan Kardec, de dois Espíritos que se manifestaram em reuniões da Sociedade Espírita de Paris e um comentário adicional do próprio Editor. Argumenta ser difícil a real identidade dos Espíritos a não ser para os contemporâneos, cujo caráter e hábitos são conhecidos, não deixando quaisquer dúvidas sobre a autoria de seus escritos por uma porção de particularidades, nos fatos e na linguagem. Considera que “antes de tudo, há que ver a utilidade das coisas. Para que serviria isto. Dirão que para convencer os incrédulos. Mas que se os vê resistindo a mais palpável evidência, uma obra prima não lhes provaria melhor a existência dos Espíritos, porque a atribuiriam, como todas as produções mediúnicas à superexcitação cerebral”. Afirma que “um Espírito familiar, um pai, uma mãe, um filho, um amigo, que vem revelar circunstâncias desconhecidas do médium, dizer essas palavras que vão ao coração, prova muito mais que uma obra prima, que poderia sair do próprio cérebro. Um pai, cujo filho que chora, vem atestar sua presença e sua afeição, não fica mais convencido do que se Homero viesse fazer uma nova Ilíada, ou RACINE uma nova FREDA? Porque, então, lhes pedir prodígios de força, que espantariam mais do que convenceriam, quando eles se revelam por milhares de fatos íntimos ao alcance do todo? Os Espíritos buscam convencer as massas, e não este ou aquele indivíduo, porque a opinião das massas faz lei, enquanto que os indivíduos são unidades perdidas na multidão. Eis porque dão pouco valor aos obstinados que os querem levar à força. Sabem muito bem que mais cedo ou mais tarde terão de curvar-se ante a força da opinião. Os Espíritos não se submetem aos caprichos de ninguém; para convencer empregam os meios que querem, conforme os indivíduos e as circunstâncias. Tanto pior para os que não se contentam com isto; sua vez chegará”. Na primeira das mensagens mediúnicas citadas, o Espírito Erasto na reunião de 6 de janeiro de 1865, através do médium Sr D’Ambel, destaca haverem médiuns que, “por suas aquisições anteriores, na existência que hoje percorrem, tornaram-se aptos por sua capacidade intelectual a se tornar instrumentos para Espíritos mais desenvolvidos, o que nada tem a ver com a questão moral”. Revela existir “mais de uma obra-prima da literatura e das artes produto de uma mediunidade inconsciente”. Frisa, no entanto, que “na maior parte das circunstâncias, os Espíritos que se comunicam, os grandes Espíritos, bem entendido, estão longe de ter sob a mão os elementos suficientes para a emissão de seu pensamento na forma, com a fórmula que eles lhe teriam dado em vida”. Na outra comunicação recebida na reunião de 20 de janeiro, através da médium Srta M.C., assinada por um Espírito Protetor, ele destaca que “os Espíritos devem agir sobre os instrumentos que estejam ao nível de sua ressonância fluídica. Que pode um bom músico com um instrumento ruím? Nada. (...) Em é necessário similitude, nos fluidos espirituais, como nos fluidos materiais. (...). Não encomendais roupa ao chapeleiro, nem perucas a um alfaiate”. Alerta, entretanto, que “os Espíritos levianos são em grande número, e aproveitam as vossas faculdades com tanto mais facilidade quanto muitos, envaidecidos pelas assinaturas notáveis, pouco se importam em se informarem se sobre a fonte verdadeira, confrontando o que obtém com o que deveriam ter obtido”. Na observação com que complementa a matéria, Allan Kardec enfatiza que embora a segunda comunicação repouse num princípio verdadeiro que resolve perfeitamente “a questão, do ponto de vista científico, não poderia ser tomado num sentido muito absoluto. À primeira vista, o princípio parece contradizer os fatos tão numerosos de médiuns que tratam dos assuntos fora dos seus conhecimentos e pareceria implicar, para os Espíritos Superiores, a possibilidade de só se comunicarem com médiuns à sua altura. Ora, isto só se deve entender quando se trata de trabalhos especiais e de uma importância muito alta. Compreende-se que se Galileu quiser tratar de uma questão científica, se um grande poeta quiser ditar uma obra poética, tenham necessidade de um instrumento que responda ao seu pensamento, mas isto não quer dizer, para outras coisas, uma simples questão de moral, por exemplo, um bom conselho a dar, não poderá fazê-lo por um médium eu nem seja cientista, nem poeta. Quando um médium trata com facilidade e superioridade assuntos que “são estranhos, é um indício de que o seu Espirito possui um desenvolvimento inato e faculdades latentes, fora da educação que recebeu”.

domingo, 4 de janeiro de 2015

REFLETINDO SOBRE UM TEMA POLÊMICO

Somos o que pensamos. Nossas crenças refletem nosso estágio evolutivo, reformulando-se à medida que avançamos no caminho do progresso espiritual. A ideia sobre as Almas Gêmeas ou Metades Eternas vem dos tempos de Platão. Segundo a teoria, o Ser humano era uma forma inteira, completa, quando os deuses resolveram condená-lo o dividindo em dois e fazendo que passasse a vida procurando sua outra metade. Com o passar do tempo, o termo Alma Gêmea ou Metade Eterna passou a ser designado como o conceito de que em algum lugar há uma Alma Gêmea da nossa, destinada a permanecer a nosso lado. Tal visão ao longo do século 20 serviu de argumento para que muitas pessoas fugissem a compromissos materializados em nossa Dimensão, obedecendo a projetos e programas traçados antes de reencarnarem visando o resgate de compromissos remotamente assumidos, alegando o reencontro com sua “alma gêmea”, agravando os próprios débitos. Curioso é que o aparecimento da tal “alma gêmea” se dá sempre em momentos de crise de convivência, derivada da falta de amor pelo próximo personificado na condição de esposa(o) e filhos. A visão oferecida pelo Espiritismo, contudo, racionaliza o conceito. Explicando que o Espírito é a individualização do Princípio Inteligente do Universo que construiu um “banco de dados” impressionante chamado memória - também denominado inconsciente -, transitando da fase mineral para a vegetal, desta para a animalidade irracional, por fim, na condição do animal racional, a caminho da Espiritualização, demonstra que a Lei da Afinidade é que determinará a empatia e identificação de fluidos de simpatia no relacionamento entre os seres na fase humana. Até esse ponto, inúmeras experiências nos mecanismos da reencarnação serão necessárias para que, como disseram os Espíritos a Allan Kardec na questão 301 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, “o resultado da perfeita concordância de suas tendências, de seus instintos que chamamos simpatia os atraia uns aos outros”, sem que devam se completar, pois, nesse caso, “perderiam sua individualidade”. Esclarecem também que a afinidade necessária para a simpatia perfeita na semelhança dos pensamentos e sentimentos ou na uniformidade dos conhecimentos adquiridos está associada à “igualdade dos graus de elevação”. Acrescentam que “não existe união particular e fatal entre duas almas. A união existe entre os Espíritos, mas em graus diferentes, segundo a ordem que ocupam, a perfeição que adquirem: quanto mais perfeitos, mais unidos”. Dizem também que “todos os Espíritos que já atingiram a perfeição são unidos entre si”. O romantismo que empolga muitas criaturas humanas deriva provavelmente da formatação morfológica masculina e feminina tão dominante e valorizada nos agrupamentos sociais típicos do Planeta Terra, ainda na fase de Expiação e Provas. Nisso também a Doutrina Espírita é original, ao dizer que essa condição é invertida na longa caminhada evolutiva, a fim de que o Ser tenha vivências na condição oposta, apesar da repulsa de muitos a essa revelação.  Ignoram que as funções sexuais, masculina e feminina, objetivam apenas a preservação da espécie, transformadas no fim do século 20 em poderoso instrumento do marketing adotado pela sociedade de consumo, ditando comportamentos, exaltando e estimulando a ânsia do prazer proporcionado pela pratica sexual. No século 20, através do médium Chico Xavier, o Espírito Emmanuel, se serviu nas questões 323 a  330 do livro O CONSOLADOR (1939,feb) da expressão Alma Gêmea, gerando interpretação aparentemente contraditória à  exposta por Allan Kardec, no que foi questionado pelos editores, como preservado na nota complementar apresentada no final do livro.  Esclarecendo sua posição, diz que prováveis confusões derivadas da leitura das suas respostas, seriam devidas a “perturbações do método de ‘filtragem mediúnica’, onde seu pensamento foi prejudicado”, solicitando, porém, fosse conservada no texto sua exposição à tese das almas gêmeas, por ser ela mais complexa do que parece ao primeiro exame, sugerindo mais vasta meditação às tendências do século 20, salientando que com a expressão ‘almas gêmeas’, não desejava dizer ‘metades eternas’. Anos depois, o Espírito André Luiz registraria em diálogo reproduzido em NOSSO LAR, em que a anfitriã Dona Laura comenta que “na fase evolutiva do Planeta Terra, existem na esfera carnal raríssimas uniões de almas gêmeas (atraídas pelos laços de afinidade e simpatia), reduzidos matrimônios de almas irmãs ou afins, e esmagadora porcentagem de ligações de resgate, sendo o maior número de casais humanos constituído de verdadeiros forçados sob algemas”. Segundo ela, “na maioria, os casais terrestres passam as horas sagradas do dia vivendo a indiferença e o egoísmo feroz. (...). Dissimulam em sociedade e, na vida íntima, um faz viagens mentais de longa distância, quando o outro comenta o serviço que lhe seja peculiar. Se a mulher fala nos filhinhos, o marido excursiona através dos negócios; se o companheiro examina qualquer dificuldade do trabalho, que lhe diz respeito, a mente da esposa volta ao gabinete do modista”.





sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

TEMA POLÊMICO



A consulta foi objeto de matéria na REVISTA ESPÍRITA, edição de maio de 1858. Um assinante da mesma expôs duvida originada na comunicação mediunica do Espírito de sua esposa com que manteve harmônico relacionamento ao longo de vários anos, com o qual tivera seis filhos. Aproximando-se de grupo praticante das comunicações interdimensionais, descobrira que ela encontrava-se feliz no Plano Espiritual, trabalhando pela felicidade dos que deixara em nossa Dimensão. Ocorre que num dos contatos estabelecidos, ouvira da esposa que a bondade e a honestidade que os caracterizava tinha sido a responsável pela convivência equilibrada, visto nem sempre terem o mesmo ponto de vista nas diversas circunstâncias da vida em comum, não sendo, todavia, metades eternas, união rara na Terra, embora pudessem ser encontradas. Indagada sobre se via sua metade eterna, respondeu que sim, estando encarnado como um pobre diabo na Ásia, devendo se reunir novamente a ela na Terra mesmo, só daí a 175 anos, segundo nosso calendário. Sugeriu então ouvisse duas entidades de nome Abelardo e Heloísa sobre a questão, os quais afirmaram estar ligados desde Eras remotas, amando-se profundamente, embora conservando sua individualidade, unindo-se pela Lei da Afinidade, sem conotações sexuais, visto que na essência essa característica não existe. Em seus esclarecimentos informaram ainda que não existem almas criadas duplas; ser impossível duas almas reunir-se na Eternidade formando um todo; que ambos desde sua origem eram duas almas perfeitamente distintas, embora sempre unidas; que as criaturas humanas acham-se nas mesmas condições conforme sejam mais ou menos perfeitos; sobre as almas serem destinadas a um dia se unirem a uma outra, que cada Espírito tem a tendência para procurar um outro Espírito que lhe seja semelhante, fenômeno denominado simpatia. O desejo do missivista por maiores esclarecimentos sobre a Teoria das Metades Eternas foi submetido por Allan Kardec ao dirigente espiritual das reuniões da Sociedade Espírita de Paris, através de sete perguntas, respondidas da seguinte forma: 1- Inexiste a figura da metade predestinada desde sua origem a se unir fatalmente. Não existe uma união particular, mas em graus diferentes, segundo a posição que ocupam, isto é, segundo a perfeição adquirida: quanto mais perfeitos, mais unidos. Da discórdia brotam todos os males humanos; da concórdia, a felicidade completa. 2- A expressão metade é inexata. Se um Espírito fosse metade de outro e dele separado, seria incompleto. 3- Todos os Espíritos que chegaram à perfeição, estão unidos entre si. Nas Esferas Inferiores, quando um Espírito se eleva não é mais simpático àqueles que deixou. 4- A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de suas inclinações e de seus instintos. Se um devesse completar o outro, perderia sua individualidade. 5- A identidade necessária à simpatia perfeita não consiste na similitude de pensamentos e de sentimentos nem na uniformidade de conhecimentos adquiridos, mas na igualdade do grau de elevação. 6- Os Espíritos que hoje não são simpáticos poderão sê-lo mais tarde. Todos, o serão. Assim, o Espírito que hoje se acha em tal Esfera inferior alcançará, pelo aperfeiçoamento, a Esfera onde reside o outro. Seu encontro dar-se-á mais prontamente se o Espírito mais elevado, suportando mal as provas a que se submeteu, demorou-se no mesmo estado. 7- Dois Espíritos simpáticos poderão deixar de o ser, se um deles for preguiçoso. Comentando o apurado, Allan Kardec acrescenta: -“A Teoria das Metades Eternas é uma figura referente à união de dois Espíritos simpáticos; é uma expressão usada mesmo na linguagem comum, tratando-se dos esposos, e que não se deve tomar ao pé da letra. Os Espíritos que dela se serviram certamente não pertencem a mais alta ordem: a Esfera de seus conhecimentos é necessariamente limitada e eles exprimiram o pensamento em termos de que teriam se servido na vida corpórea. É, pois, necessário rejeitar esta ideia de que dois Espíritos, criados um para o outro, um dia deverão unir-se na Eternidade, depois de terem estado separados durante um lapso de tempo mais ou menos longo”. O resultado obtido com a consulta, está incluído da edição definitiva d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, das questões 291 a 303a, publicado em 1860. Como se vê, a tese das chamadas “almas gêmeas”, encontra objeção não só nos argumentos apresentados pelos Espíritos Abelardo e Heloísa, como nos de São Luiz, sensata e sobriamente comentados por Allan Kardec. A sustentação de tal teoria naturalmente resulta da falta de um estudo mais aprofundado e meditado do conteúdo do Espiritismo sobre a questão evolutiva do Ser.