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segunda-feira, 18 de março de 2024

UMA VOZ INTIMA ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Alcançada a fase em que a responsabilidade de viver é atingida pelo Espírito em seu processo evolutivo, a consciência pessoal passa a comandar o mecanismo da Lei de Ação e Reação no próprio indivíduo. Encarnado ou desencarnado, o Ser passa a experimentar com mais frequência sensação de arrependimento e remorso, buscando sua reabilitação perante si mesmo, por saber que a dor e o sofrimento experimentados são culpa sua. Chico Xavier, por sinal, afirmou que o remorso é uma das mais difíceias experiências vividas pelo Ser humano. Como se o relógio parasse dentro a gente. Allan Kardec no número de agosto de 1867, da REVISTA ESPÍRITA, reproduz e comenta interessante mensagem assinada Um Espírito ampliando nossa compreensão sobre o tema. Diz ele: -“Não é somente no Mundo Invisível que a visão da vítima vem atormentar o assassino para o forçar ao arrependimento; lá onde a justiça dos homens não começou a expiação, a Justiça Divina faz começar, à revelia de todos, o mais lento e o mais terrível dos suplícios, o mais temível castigo. Há certas pessoas que dizem que a punição infligida ao criminoso no Mundo dos Espíritos, e que consiste na visão contínua de seu crime, não pode ser muito eficaz, e que em nenhum caso não é esta punição que, por si só, determina o arrependimento. Dizem que um naturalmente perverso, como é um criminoso, não pode senão amargurar-se cada vez mais por essa visão, e assim se tornando pior. Os que assim falam não fazem ideia do que pode tornar-se um tal castigo; não sabem quanto é cruel esse espetáculo contínuo de uma ação que jamais se queria haver cometido. Certamente vemos alguns criminosos empedernidos, mas muitas vezes é só por orgulho e por quererem parecer mais fortes que a mão que os castiga; é para fazer crer que não se deixam abater pela visão de imagens vãs; mas essa falsa coragem não tem longa duração, pois logo os vemos fraquejar em presença desse suplício, que deve muito de seus efeitos à sua lentidão e persistência. Não há orgulho que possa resistir a esta ação, semelhante à da gota d’água sobre a rocha; por mais dura que possa ser a pedra, é inevitavelmente atacada, desagregada, reduzida a pó. É assim que o orgulho, que faz com que esses infelizes se obstinem contra seu soberano senhor, mais cedo ou mais tarde é abatido, e que o arrependimento, enfim, pode ter acesso à sua alma. Como sabem que a origem de seus sofrimentos está em sua falta, pedem para repará-la, a fim de trazer um abrandamento a seus males. Pondera Allan Kardec: --“Sem ir buscar aplicações do remorso nos grandes criminosos, que são exceções na sociedade, nós as encontramos nas mais corriqueiras circunstâncias da vida. É esse sentimento que leva todo indivíduo a afastar-se daqueles contra os quais sente que tem censuras a se fazer; em presença deles sente-se mal; se a falta não for conhecida, ele teme ser adivinhado; parece-lhe que um olhar pode penetrar o fundo de sua consciência; vê em toda palavra, em todo gesto uma alusão à sua pessoa, razão por que, desde que se sente desmascarado, retira-se. O ingrato também foge de seu benfeitor, já que sua visão é uma censura incessante, da qual em vão procura desembaraçar-se, pois uma voz íntima lhe grita no fundo da consciência que ele é culpado. Se o remorso já é um suplício na Terra, quão maior não será esse suplício no Mundo dos Espíritos, onde não é possível subtrair-se à vista daqueles a quem se ofendeu! Felizes os que, tendo reparado já nesta vida, poderão sem receio enfrentar todos os olhares no mundo onde nada é oculto. O remorso é uma consequência do desenvolvimento do senso moral; não existe onde o senso moral ainda se acha em estado latente. É por isto que os povos selvagens e bárbaros cometem sem remorsos as piores ações. Aquele, pois, que se pretendesse inacessível ao remorso, assimilar-se-ia ao bruto. À medida que o homem progride, o senso moral torna-se mais apurado; ofusca-se ao menor desvio do reto caminho. Daí o remorso, que é o primeiro passo para o retorno ao Bem”.


A Mara Adriana Pinolato, pergunta: “Até que ponto a fé pode resolver nossos problemas? A fé pode causar um milagre, por exemplo, uma cura ou outro fato extraordinário? “

Depende do que você entende por milagre. Se você entender que milagre é um fato que contraria as leis da natureza, dizemos que não. O Espiritismo nos ensina que nada acontece fora das leis naturais, que são as leis perfeitas e imutáveis de Deus. Mas, se por milagre você entende um fato extraordinário, incomum, até espantoso, aí podemos dizer que a fé pode causá-lo, sim. Entretanto, se se tratar da cura espiritual de uma doença, por exemplo, além da fé, temos de considerar o merecimento da pessoa que se curou.

A fé, na verdade, é a maior força do homem. É uma força espiritual, que nasce da certeza de que ele vai atingir determinado resultado. Allan Kardec explica isso n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, no capítulo intitulado “A fé remove montanhas”. A fé ou a disposição para crer é inata no ser humano. Neste sentido geral, todo mundo tem fé, até mesmo aqueles que afirmam não acreditar em Deus. Se essa afirmação for realmente sincera, isso significa que eles acreditam que Deus não existe, o que não deixa de ser um tipo de fé.

Os cientistas todos têm fé. Foi a fé que levou o homem, em todas as épocas da humanidade, a buscar solução para seus problemas e a procurar explicação para os fenômenos da natureza. Foi a fé que levou Cristóvão Colombo a descobrir a América, que encorajou a Marconi a inventar o aparelho de rádio, que fez Einstein acreditar na Teoria da Relatividade, Darwin na evolução e assim por diante. Todo o progresso humano, ao longo da história, foi devido a homens que acreditaram em suas metas e em seus sonhos, e isso é, seguramente, um tipo de fé.

No âmbito religioso, a fé em Deus vem sustentando a humanidade na luta pela sobrevivência e por uma vida melhor. Sem a certeza de que a vida tem um sentido, que todos nós (seres humanos) fomos criados para o destino espiritual superior, não teríamos força para encarar nossos problemas, para lutar por ideal e para trabalhar em favor da humanidade. Todas as religiões proclamam o valor da fé. No entanto, não podemos esquecer que, como diz Tiago, em sua epístola, a fé sem obra é morta.

Assim, diante de Deus, não podemos permanecer como meros expectadores, esperando que Deus resolva todos os nossos problemas, que venha nos livrar dos perigos que criamos para nós mesmos, que venha nos salvar das doenças e dificuldades de nosso caminho de forma mágica ou milagrosa. No fundo, somos os construtores de nosso próprio destino, mas para que tenhamos uma vida mais tranquila e segura, devemos nos valer da fé. Não para obter privilégios ou favores especiais de Deus, mas para podermos fazer o bem, aprendendo a amar o próximo e a nós mesmos, na construção da própria felicidade.