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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

ANTROPOFAGIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


Vez ou outra circulam pela mídia impressa e eletrônica, noticias sobre a descoberta de crimes cometidos por serial-killers que além da violência imposta a suas vítimas, acabam devorando parte dos seus corpos por eles  fragmentados. Muitas possíveis explicações são cogitadas para gestos tão extremos. O Espiritismo tem sua visão própria sobre tais fatos e, na REVISTA ESPÍRITA de fevereiro de 1866, encontramos comentário de Allan Kardec sobre o que se poderia chamar de recrudescimento da prática nalgumas ilhas do Oceano Pacífico, mais especificamente pertencentes à Oceania. A informação, publicada no jornal Le Monde, dá conta que em um ano toda a tripulação de quatro navios foram devorados pelos antropófagos das Novas Híbridas (hoje, Arquipélago das Vanuatu), da baia de Jérvis ou da Nova Caledônia, obrigando o almirantado inglês expedir às cidades marítimas que fazem armamentos para a Oceania uma circular aconselhando aos capitães de navios mercantes a tomar todas as precauções necessárias para evitar que suas tripulações sejam vítimas desse horroroso costume. Como explicar o comportamento de seres humanos capazes de devorar seus semelhantes? Segundo Allan Kardec, o “Espiritismo lhe encontra a mais simples solução, e a mais racional, na LEI DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS, a que todos os seres estão submetidos, e, em virtude da qual progridem. Assim a alma dos antropófagos ainda estão próximas de sua origem, as faculdades intelectuais e orais são obtusas e pouco desenvolvidas e nelas, por isso mesmo, dominam os instintos animais. Allan Kardec observa, porém, que “essas almas não estão destinadas a ficar perpetuamente nesse estado inferior, que as privaria para sempre da felicidade das almas mais adiantadas. Crescem em raciocínio; esclarecem-se, depuram-se, melhoram, instruem-se em existências sucessivas. Revivem nas raças selvagens, enquanto não ultrapassarem os limites da selvageria. Chegadas a certo grau, deixam esse meio para encarnar-se numa raça um pouco mais adiantada; desta a uma outra e assim por diante, sobem em grau, em razão dos méritos que adquirem e das imperfeições de que se despojam, até atingirem o grau de perfeição de que é suscetível a criatura. Segundo ele, “a via do progresso a nenhuma está fechada; de tal sorte que a mais atrasada das almas pode pretender a suprema felicidade. Mas uma, em virtude do seu livre arbítrio, que é o apanágio da Humanidade, trabalham com ardor por sua depuração e sua instrução, em se despojar dos instintos materiais e dos cueiros da origem, porque a cada passo que dão para a perfeição veem mais claro, compreendem melhor e são mais felizes. Essas avançam mais prontamente, gozam mais cedo: eis a sua recompensa. Outras, sempre em virtude de seu livre arbítrio, demoram-se em caminho, como estudantes preguiçosos e de má vontade, ou como operários negligentes; chegam mais tarde, sofrem mais tempo; eis a punição ou, se se quiser, o seu inferno. Assim se confirma, pela pluralidade das existências progressivas, a admirável Lei da Unidade e de Justiça, que caracteriza todas as obras da Criação. Comparai esta Doutrina com outras, sobre o passado e o futuro das almas e vede qual a mais racional, mais conforme a Justiça Divina e que melhor explica as desigualdades sociais. Seguramente a antropofagia é um dos mais baixos degraus da escala humana na Terra, porque o selvagem que não mais come o seu semelhante já está em progresso. Mas de onde vem a recrudescência desse instinto bestial? É de notar, de saída, que é apenas local e que, em suma, o canibalismo desapareceu em grande parte da Terra. É inexplicável sem o conhecimento do Mundo Invisível e de suas relações com o Mundo Visível. Pelas mortes e nascimentos, alimentam-se um do outro, se derramam um no outro. Ora, os homens imperfeitos não podem fornecer no Mundo Invisível almas perfeitas e as almas perversas, encarnando-se, não podem fazer senão homens maus. Quando as catástrofes, os flagelos atingem de uma vez grande número de homens, há uma chegada em massa no mundo dos Espíritos. Devendo essas almas reviver, em virtude da lei da natureza, e para o seu adiantamento, as circunstâncias podem igualmente trazê-los em massa de volta para a Terra. O fenômeno de que se trata depende, pois, simplesmente da encarnação acidental, nos meios ínfimos, de um maior número de almas atrasadas, e não da malícia de Satã, nem da palavra de ordem dada ao povo da Oceania. Ajudando o desenvolvimento do senso moral dessas almas, durante a vida terrena, o que é missão dos homens civilizados, elas melhoram. E quando retomarem uma nova existência corpórea para progredir ainda, serão homens menos maus do que foram, mas esclarecidos, de instintos menos ferozes, porque o progresso realizado não se perde nunca. É assim que gradualmente se realiza o progresso da Humanidade.

  Esta pergunta, que vamos responder agora, veio de uma conversa com uma senhora na barraca do Lar Meimei, durante a Festa da Cerejeira: “Quando, em lugar de ajudar um pobre diretamente, indo à casa dele, ajudamos alguém a fazer essa caridade (Por exemplo, quando a gente contribui com uma instituição, como o Lar Meimei ou como outra qualquer da cidade para que ela faça isso por nós), podemos dizer que praticamos uma caridade indireta? Qual o mérito desse tipo de caridade? Não seria melhor a gente mesma ir ao encontro do pobre, como está escrito no EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO?

 Ninguém deu tanto valor à caridade quanto Jesus. Não devemos entender por caridade somente o simples ato de dar, mas toda atitude ou todo comportamento diante do próximo pode ser caridade, desde que seja motivado por uma boa intenção.  Boa intenção é agir em função do bem-estar do próximo. Assim, o benefício, que queremos prestar – ou seja, o ato de caridade – pode ser dirigido a qualquer pessoa, desde um ente querido a um desconhecido. Jesus se referia ao próximo, quando queria dizer aquele com quem nos relacionamos, ou seja, aquele que está mais perto.
 Do mesmo modo, a nossa ajuda pode ser direta ou indireta – isso não é o mais importante. O mais importante é que ela se realize com a intenção pura de servir ou de fazer o outro feliz. Logo, não é só o dar, mas é como dar, que finalidade última se quer atingir. “Quando deres esmola,  disse Jesus, não alardeeis diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem vistos e recompensados pelos homens. Eu vos digo que eles já receberam sua recompensa”.
“Vós, porém, quando deres esmola – prosseguiu ele -  não saiba a vossa mão esquerda o que faz a direita”. Estas palavras de Jesus devem ser entendidas no seu sentido mais profundo, pois o caracteriza o verdadeiro ato de bondade é o fato de não se esperar nada em troca. Esmola aqui é qualquer ajuda para resolver um problema imediato, o que muitas vezes é indispensável. Uma pequena ajuda naquele momento era muito importante, pois os cidadãos judeus eram pobres e grande o número de pedintes mendigavam pelas ruas. No entanto, Jesus falava ao povo e queria que o povo, apesar da pobreza em que vivia, soubesse solidarizar-se com os que tinham necessidades ainda maiores.
   No mundo antigo, como no tempo de Jesus, a pessoa desamparada só podia ser socorrido por alguém que se condoesse dela, pois naquele tempo não existia nenhum serviço social que se dedicasse a assistir os pobres. Muitos morriam abandonados sem qualquer socorro. Hoje, porém, a situação é outra.  O próprio Estado, cada vez mais, vem criando mecanismos para atender à população pobre, principalmente nos países mais adiantados, além de existirem instituições apropriadas para diversos tipos de atendimento.
 Evidentemente, o fato de existirem serviços especializados – que atendem crianças, idosos, enfermos – cada um de nós também pode acrescentar seus próprios serviços. No entanto, um serviço social – como o da prefeitura ou o do Lar Meimei, por exemplo – reúne condições para distribuir recursos com mais segurança e critério, podendo estender seu atendimento a outros tipos de serviço, como orientação, esclarecimentos e encaminhamentos.
Desse modo, o cidadão do século XXI pode contribuir de várias formas com uma entidade que se dedica à atendimento social ( hospitais, creches, asilos, etc.) desde a doação material à doação em serviços. É claro que a contribuição em serviço é mais meritória, porque a pessoa está dando algo de si – o seu tempo, a sua habilidade, a sua capacidade de trabalho – além de pôr o coração naquilo que faz. A maioria das pessoas, que precisam de ajuda, são mais carentes de atenção e de afeto do que de bens materiais.
 Assim, toda participação consciente do individuo – seja de forma direta ao que precisa, seja de forma indireta (através de uma instituição) – ou mesmo atuando como voluntário em algum tipo de serviço – é válido, chame-se isso de caridade ou não. O nome não importa. O que importa é o benefício que cada um pode dar, a sua participação ( não apenas em relação ao necessitado), mas, sobretudo, em relação à sociedade, onde sempre terá chance de ser útil e de atuar em favor do bem de todos.
















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