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quarta-feira, 1 de abril de 2015

UM FATO POUCO CONHECIDO SOBRE CHICO XAVIER

Foi em 1946, contando apenas 27 anos, que o formando em Direito pela Universidade de Minas Gerais, Rafael Américo Ranieri conheceu Chico Xavier. Radicado em Belo Horizonte, havia perdido pouco tempo antes sua primeira filhinha Helena, convertera-se para o Espiritismo, iniciara o desenvolvimento de sua mediunidade, quando cedendo ao convite da amiga Efigênia França, também médium em desenvolvimento, viajou com ela e o amigo Leonel a Pedro Leopoldo -  distância àquela época cumprida em duas horas de automóvel pela estrada de terra que levantava muita poeira-, a fim de se avistarem com o médium que conhecia apenas de nome e pelos jornais pela publicação das primeiras e polêmicas mensagens do escritor Humberto de Campos. Lembrava que, na casa simples, cor de rosa desbotado, chão de tijolo, apenas três bancos para os assistentes, outro rústico para o médium à frente de mesa tosca para os trabalhos, além dos abraços e cumprimentos da apresentação, ouviu, nas despedidas, Chico segurando com as duas mãos as suas, que “haveriam de se encontrar de novo”, pois, as atenções durante a visita se concentraram na também jovem Efigênia. Pretensioso, envaidecido pelos resultados obtidos através da própria mediunidade, certo dia, Ranieri sentiu-se impulsionado a escrever uma carta ao já inesquecível amigo, mostrou-a a alguém de confiança e muito próximo, Jair Soares, que lhe disse “estar louco, que Chico era um médium poderoso, que convivia com a Espiritualidade Superior permanentemente e que não necessitava que o consolasse', o que o levou a rasgar as folhas de papel”. O impulso se repetiu, nova carta que também não enviou, pois, ao mostra-la à família, esbarrou na mesma reação. A ideia fixa, fê-lo escrever uma terceira vez, envelopar e enviar as palavras confortadoras a quem só vira naquele final de tarde, início de noite memorável. Dias depois, um telefonema à casa do sua mãe, combinava nova ligação às cinco horas da tarde do dia seguinte e, nela a surpreendente ouviu de Chico as seguintes palavras: -“Alô, Ranieri? Aqui é o Chico. Recebi sua carta. Depois de amanhã, à noite, passarei em Belo Horizonte, pelo trem das 9:15 horas, e gostaria de falar com você na Estação”. Acompanhado do descrente companheiro de tantas jornadas Jair Soares, coração aos saltos ante a aproximação da composição que anunciava ao longe através de seu apito sua chegada, viram descer o homem meio obeso, face morena, olho defeituoso e um grande e fraternal sorriso. Abraço longo e carinhoso como de velhos amigos, o convite para comer uma broa de fubá em sua casa, magnetizados, ouviram Chico dizer: -“Olha, recebi sua carta. Deus lhe pague! Foi um grande conforto. Encheu-me a alma. Pouca gente acredita, como você, que eu sofra. Todos pensam que vivo voando no mundo da felicidade. Não sabem que também sofro. Sua carta trouxe-me confortadoras expressões de amizade e entendimento”. Contou que quando do seu recebimento, recebera de sua irmã um ultimato para que fosse embora de sua casa. A surpresa e o choque da inesperada intimação foram grandes, maior, todavia, quando da indagação se levaria o piano que o médium havia ganho de dois irmãos admiradores do Paraná que teriam ouvido que Chico no final de sua vida, mediunicamente, receberia os grandes compositores do Além. O marido da referida irmã, estava estudando nele. O piano ficou, a convivência de Ranieri  e com Chico tornou-se mais frequente até 1948, quando a mudança de Ranieri para o Rio de Janeiro, transformou os encontros em eventuais. Numa das conversas na casa de Chico com amigos dos bons tempos, descrita no capítulo 78 do livro RECORDAÇÕES DE CHICO XAVIER (1974; lake), uma surpreendente revelação. Da boca de Chico jorravam impressionantes ensinamentos. Falavam sobre Lívia e Emmanuel, e também de Clóvis Tavares, grande trabalhador da Causa do Espiritismo na cidade de Campos, Rio de Janeiro. Espontaneamente o médium disse ter sido o Clóvis, o padre Flanegan, que aparece no livro RENÚNCIA (1944;feb), acrescentando que por “mil anos reencarnara ligado à Igreja, sendo a atual a primeira existência fora dela”. Em meio aos assuntos abordados, ante a opinião de Ranieri, sobre a necessidade de uma possível passagem gradativa na passagem do Espírito reencarnado sucessivas vezes na condição masculina para a feminina e vice-versa, como explicado nas questões 200 a 202 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITO, Chico diz: -“Acho que é uma grande aventura. Eu, por exemplo, é a primeira reencarnação de homem que tenho. A Espiritualidade Superior, quando fui reencarnar, estava preocupada com isso, achava que eu poderia fracassar. Há uma linha de reencarnação, acredito, da qual é muito difícil escapar. O Espírito precisa se preparar para isso”.

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