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sábado, 16 de dezembro de 2023

MORRER E DESENCARNAR; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

No excelente livro OS MENSAGEIROS (feb), o autor espiritual André Luiz repassa-nos interessante observação segundo a qual “após a morte, é preciso desencarnar também os pensamentos. As criaturas que se agarram no Plano Espiritual às impressões físicas, criam densidade para seus veículos de manifestação”. Dentre as mensagens incluídas na obra INSTRUÇÕES PSÍCOFONICAS (feb), chama a atenção a de um Espírito que em sua derradeira reencarnação à época havia sido importante banqueiro. Para reflexões destacamos parte de seu depoimento:- Quantas vezes afirmei que o dinheiro era a solução da felicidade!.. Quanto tempo despendi, acreditando que a dominação financeira fosse o triunfo real na Terra!... No entanto, a morte me assaltou em plena vida, assim como o tiro do caçador surpreende o pássaro desprevenido no mato inculto... Como foi o meu desligamento do corpo físico e quantos dias dormi na sombra, por agora, nada sei dizer. Sei hoje apenas que acordei no espaço estreito do sepulcro, com o pavor de um homem que se visse repentinamente enjaulado. Sufocava-me a treva espessa. Horrível dispnéia agitava-me todo. Queria o ar puro... Respirar... respirar... E gritei por socorro. Meus brados, contudo, se perdiam sem eco. Ao cabo de alguns instantes, notei que duas mãos vigorosas me soergueram e vi-me, depois de estranha sensação, na paz do campo, sorvendo o ar fresco da noite. Que lugar era aquele? Uma casa sem teto? De repente, a cambalear, reconheci-me rodeado de grandes caixas fortes... Ao frouxo clarão da Lua, reparei que essas caixas fortes surgiam milagrosamente douradas... Tateei-as com dificuldade, percebi palavras em alto-relevo e verifiquei que eram túmulos... Espavorido, transpus apressado as grades daquela inesperada prisão. Vi-me, semilouco, na via pública. Devia ser noite alta. Na rua, quase ninguém... Um bonde retardado apareceu. Achava-me doente, inquieto e exausto, mas ainda encontrei forças para clamar: — Condutor!... condutor!... O homem, porém, não me ouviu. Caminhei mais depressa. Tomei o veículo em movimento e consegui a situação do pingente anônimo; todavia, com espanto, observei que o bonde era todo talhado em ouro... As pessoas que o lotavam vestiam-se de ouro puro. O motorneiro envergava uniforme metálico. Intrigado, sentia medo de mim mesmo. E, para distrair-me, tentei estabelecer uma conversação com vizinhos. Os circunstantes, porém, pareciam surdos. Ninguém me ouvia. Vencendo embaraços indefiníveis, alcancei minha residência. As portas, no entanto, jaziam cerradas. Esmurrei, chamei, supliquei... Mas tudo era silêncio e quietação. E quando fitei o frontispício do prédio, o ouro me cercava por todos os lados. Acomodei-me no chão de ouro e tentei conciliar, debalde, o sono, até que, manhãzinha, a porta semi-aberta permitiu-me a entrada franca. Tudo, porém, alterara-se em minha ausência. Ninguém me reconheceu. Fatigado, avancei para meu leito... Mas o velho móvel apresentava-se-me agora em ouro maciço. Senti sede e procurei a água simples, entretanto, o liquido que jorrava era ouro, ouro puro... Faminto, busquei nosso antigo depósito de pão. O pão, todavia, transformara-se. Era precioso bloco de ouro, de cuja existência, até então, não tinha qualquer conhecimento em nossa casa. Meditei... meditei... Apavorado, tornei à rua. Sentia agora mais sede, muita sede... Voltei-me para o corpo da igreja, como um filho expulso do próprio lar; contudo, não mais a vi. Apenas, estranha voz no alto gritou aos meus ouvidos, ensurdecedoramente: — Amigo, os filhos de Deus encontram nas casas de Deus aquilo que procuram... Procuravas o ouro... Ouro encontraste... Qual mendigo desamparado, fugi sem destino. Queria agora apenas água, água pura que me dessedentasse. Conhecia a cidade. Demandei uma caixa dágua que me era familiar no alto do bairro de Santo Antônio. A água, ali, corria em jorros. Podia debruçar-me... Podia beber como se eu fora um animal e, prostrado, não mais de joelhos, mas de rastros, imploraria a graça de Deus. Achei a água corrente, a água límpida visitada pela luz do sol e estirei-me no chão... Mas, no momento preciso em que meus lábios sequiosos tocaram o líquido puro, apenas o ouro, o ouro apareceu... Reconheci haver descido à condição de um alienado mental”....



No Espiritismo sempre ouvimos falar de Espíritos que vem nos prejudicar. Então eu pergunto: por que Deus permite isso? (Cassia Helena Rodrigues)

Temos o mau costume de atribuir a Deus o mal que nos acontece, Cássia, como se Deus pudesse ser a causa de nosso sofrimento. Aliás, nós humanos somos ágeis para apontar culpados, de tal modo que a culpa sempre é dos outros...ou de Deus. Por outro lado, nós nos eximimos de qualquer responsabilidade. Com certeza, não é uma boa maneira de encarar a vida. Jesus disse que Deus é amor. Ora, se Deus é amor, nada de mal que nos aconteça pode provir de Deus. E, se não vem de Deus, vem de onde? – você pergunta.

Nesse ponto entra o Espiritismo para dizer que o mal vem de nós mesmos. Quem são os Espíritos senão seres humanos desencarnados, pessoas que, até há algum tempo, estavam vivendo na Terra como nós? Nessa questão, precisamos considerar a chamada Lei de Atração: o bem atrai o bem, o mal atrai o mal. As abelhas são atraídas pelo perfume e pelo colorido da flor, enquanto que ratos e baratas são atraídos pelo odor fétido do lixo e do esgoto.

E nós, o que atraímos? Você deve conhecer aquele provérbio popular que diz: “Diga com quem andas e eu direi quem és.” Mas o contrário também é verdadeiro: “Diga quem és e eu te direi com quem andas”. Então, perguntamos: quem são as nossas companhias? Que tipo de vida levam nossos amigos? Veja, portanto, que tudo é uma questão de sintonia e que, portanto, aqueles que nos acompanham dependem de nós.

No Espiritismo não temos aquela visão simplória de que o obsedado é uma vítima inocente , enquanto o obsessor seria um algoz implacável. Não, não é tão simples assim. Há várias implicações que fazem com que um esteja ligado ao outro. Há um livro muito interessante que explica bem essas relações, e que você deve ler: trata-se da obra “A OBSESSÃO E SUAS MÁSCARAS”, da Dra. Marlene Nobre. Nossas companhias espirituais são aqueles que estão ligados a nós por fatos do presente e do passado, assim como nossos amigos encarnados.

Vamos dar um exemplo: se uma pessoa tem o péssimo hábito de reclamar da vida, se ela vivemos se queixando disso aquilo, deixando no caminho um rastro de descrença e derrotismo, certamente ela não pode ter ao seu lado Espíritos bons. À medida que ela vai se atolando no lamaçal da descrença e do derrotismo, criticando tudo e todos, seus laços com as péssimas companhias espirituais vão se fortalecendo, abrindo um caminho para a obsessão e para a doença. É a lei da vida. O que queremos mais? Temos o que buscamos.

Ao contrário, uma pessoa que se mostra alegre e disposta, que sabe enfrentar uma situação difícil com serenidade e coragem (ainda que sofrendo), só pode trazer para seu lado pessoas e Amigos Espirituais que queiram ajudá-la e fortalecê-la ainda mais. Com o você sabe, nem mesmo o mais pessimista se sente bem na companhia de outro pessimista. Queremos conosco aqueles que nos transmitem boas sensações, bons sentimentos, pois sua companhia sempre nos proporciona alegria e bem-estar.

Portanto, Cássia, não se trata de Deus permitir ou não a ação de obsessores sobre os encarnados, uma vez que a obsessão sempre começa no espírito de cada um, por seus sentimentos, atitudes e conduta. É um caminho que escolhemos, ainda que de forma involuntária ou inconsciente. De modo que, se estivermos mais atentos à maneira como vivemos e convivemos, se nos conhecermos melhor, com certeza, teremos melhores condições de corrigir certos vícios que nos amarram a processos obsessivos e doentios, tornando-nos pessoas mais saudáveis e felizes.

Aí vem a outra questão: e Deus ajuda a nos livrar de obsessores? Claro que sim; nem poderia ser diferente. Ele nos ajuda tanto por intermédio de nossos protetores – tanto os encarnados quanto os desencarnados. Protetor sempre é alguém com mais conhecimento, com mais juízo, com mais bom senso, que quer nos ajudar. Mas, convenhamos, Cássia: os bons nunca nos violentam. Quando não conseguem se aproximar, quando percebem que nós próprios recusamos ajuda, eles se afastam e, nessas ocasiões, acabamos sozinhos – ou melhor, acabamos nos compactuando com aqueles que nos prejudicam.

Então, você pergunta: e para que serve as sessões mediúnicas de desobsessão do centro espírita? Essas sessões, na verdade, não constituem um recurso exclusivo para curar a obsessão. Obsessão só se cura com a permissão do obsidiado – mais do que isso, com o seu convencimento e o seu esforço em melhorar-se. Por isso, não basta a sessão. Na sessão você fala com o desencarnado. Mas é preciso mais que isso. É preciso conversar muito com o encarnado, para que ele aprenda e tome uma decisão importante na vida: a de melhorar-se como pessoa. Assim como não se consegue a cura de uma doença apenas com remédio, da mesma forma não se obtém a cura da obsessão apenas com algumas sessões mediúnicas.

É por isso, Cássia, que é difícil curar ar. A pessoa atormentada, em primeiro lugar, precisa se curar interiormente, afastando a causa da atração. Mas se ela continua reincidindo nos mesmos erros que antes, se o seu pensamento vive num mundo comprometido com maus sentimentos – isto é, se apesar de tudo nada mudou - mais ou mais tarde volta a obsessão. Retirar o Espírito, como muita gente diz, sem que o obsidiado se esforce por melhorar a conduta, é como tomar o remédio e continuar abusando da saúde, ou como tomar um banho e se atolar na lama outra vez.

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