faça sua pesquisa

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

IMPORTÂNCIA DE PRESERVAR A HARMONIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Na edição de outubro de 1864, Allan Kardec resume a pedidos de correspondentes da REVISTA ESPÍRITA a visita feita às cidades belgas de Bruxelas e Antuérpia para conhecer grupos espíritas daquela cidade. No interessante texto uma análise importante a respeito da necessidade da homogeneidade de pensamentos e sentimentos nas instituições organizadas em nome do Espiritismo descreve, por assim dizer, os efeitos comuns, especialmente quando tais Centros começam a se tornar muito grandes. Escreve ele: -“No começo de uma doutrina, sobretudo tão importante quanto o Espiritismo, é impossível que todos os que se declaram seus partidários lhe compreendam o alcance, a gravidade e as consequências. Deve-se, pois, esperar desvios da rota em pessoas que só lhe veem a superfície, ambições pessoais, aquelas para quem o Espiritismo é mais um meio que uma sincera convicção, sem falar de gente que toma todas as máscaras para se insinuar, visando a servir os interesses dos adversários; porque, assim como o hábito não faz o monge, o nome de espírita não faz o verdadeiro espírita. Mais cedo ou mais tarde esses espíritas fracassados, cujo orgulho ficou vivaz, causam nos grupos atritos penosos e suscitam entraves, dos quais sempre se triunfa com perseverança e firmeza. São provações para a fé dos espíritas sinceros. A homogeneidade e a comunhão de pensamentos e sentimentos são, para os grupos espíritas, como para quaisquer outras reuniões, a condição essencial de estabilidade e de vitalidade. É para tal objetivo que devem tender todos os esforços, e compreende-se que é tanto mais fácil atingi-lo quanto menos numerosas as reuniões. Nas grandes reuniões é quase impossível evitar a intromissão de elementos heterogêneos que, mais cedo ou mais tarde, aí semeiam a cizânia. Nas pequenas reuniões, onde todos se conhecem e se estimam, onde se está como em família, o recolhimento é maior, a intrusão dos mal-intencionados mais difícil. A diversidade dos elementos de que se compõem as grandes reuniões torna-as, por isso mesmo, mais vulneráveis à surda intriga dos adversários. É preferível, pois, que haja numa cidade cem grupos de dez a vinte adeptos, dos quais nenhum se arroga a supremacia sobre os outros, a uma sociedade única, que reunisse todos os partidários. Esse fracionamento em nada prejudicará a unidade dos princípios, desde que a bandeira seja única e todos marchem para o mesmo objetivo”. Como que exemplificando seus argumentos, Allan Kardec comenta uma das visitas feitas: -“Não esquecemos uma das mais honrosas menções ao grupo espírita de Douai, que visitamos de passagem, e um particular testemunho de gratidão pela acolhida que ali nos dispensaram. É um grupo familiar, onde a doutrina espírita evangélica é praticada em toda a sua pureza. Ali reinam a mais perfeita harmonia, a benevolência recíproca, a caridade em pensamentos, palavras e ações; ali se respira uma atmosfera de fraternidade patriarcal, isenta de eflúvios malfazejos, onde os Espíritos bons devem comprazer-se tanto quanto os homens; por isso, as comunicações retratam a influência desse meio simpático. Deve-se à sua homogeneidade e aos escrupulosos cuidados nas admissões, jamais haver sido perturbado por dissensões e desavenças por que os outros sofreram; é que todos os que dele fazem parte são espíritas de coração e nenhum procura fazer prevalecer a sua personalidade. Os médiuns aí são relativamente muito numerosos; todos se consideram como simples instrumentos da Providência, isentos de orgulho, sem pretensões pessoais, e se submetem humildemente e sem melindres ao julgamento sobre as comunicações que recebem, prontos a destruí-las se forem consideradas más”.


Antonia Maria, da Rua José Rosário (Bairro Labienópolis) pede que falemos sobre o batismo de Jesus.

Trata-se de um episódio citado por Mateus, Marcos e Lucas, em que Jesus teria se submetido ao ritual de João, que batizava no Rio Jordão. O batismo consistia na imersão da cabeça na água e era uma forma ritualística de representar a limpeza da alma e o início de nova vida. Era a isso que se propunha João – que, por sinal, era parente de Jesus – diante do quadro de corrupção da sociedade, contra o qual se revoltava. João, naturalmente, se inspirou na prática de outros povos, que utilizavam cerimoniais de conversão, onde a pessoa assumia um compromisso com novo estilo de vida.

Quando Jesus se aproximou e pediu para ser batizado, João – que o conhecia – a princípio recusou, dizendo que não era digno sequer de amarrar- suas sandálias. É claro que o batismo, como João pretendia, não se aplicava a Jesus, mas sim às pessoas que haviam se desviado do bom caminho e tinham a pretensão de se regenerar. Mas Jesus insistiu, afirmando que era necessário que assim fosse para que se cumprisse a lei. Conta-se que naquele momento apareceu uma pomba branca e radiante, e ouviu-se uma voz que afirmava que Jesus era o filho dileto e que por ele se manifestava. Atribuiu-se essa voz a Deus ou ao Espírito Santo.

João já havia falado aos seus discípulos sobre Jesus e até previu que Jesus o procuraria para ser batizado. Mas adiantou que ele, João Batista, batizava com água, enquanto Jesus o faria com o fogo. Não há dúvida de que se trata de uma linguagem simbólica, pois o fogo, para aquele povo, significava expiação, sofrimento. Com certeza, Jesus, muito sutilmente, queria dizer que se regenerar pelo batismo da água é uma coisa, mas que a verdadeira regeneração acontece com o batismo do fogo – ou seja, com o o esforço, a luta e o sacrifício de cada um, na busca de sua regeneração moral.

Infelizmente, ainda hoje, há quem se satisfaça apenas e tão somente com o batismo da água, achando que com isso já conquistaram o Reino dos Céus e obtiveram a própria salvação. Sabemos, no entanto, que o batismo de Jesus é diferente do de João, pois o de Jesus implica na regeneração moral de cada um de nós, e isso só vamos conseguir melhorando nossa conduta, uns diante dos outros, para seguirmos as instruções a que Jesus se referiu quando pronunciou o sermão da montanha.

O fato de Jesus ter-se deixado batizar mostra que ele aderiu aos elevados propósitos de João Batista, embora – é claro – não concordasse com os métodos que João utilizava para alcançar seu intento. João, ao contrário de Jesus, era um homem rude e impetuoso, falava e agia com autoritarismo, tanto assim que acabou se indispondo com Herodes e, por último, teve a cabeça decepada a mando da filha do rei, interrompendo assim sua missão.

Enquanto João se apoio na prática iniciática do batismo para chamar a atenção sobre sua doutrina, Jesus dispensava toda e qualquer espécie de cerimonial de caráter místico; preferia que as pessoas despertassem seu bom senso e seus sentimentos pelo uso da razão, tanto assim que nunca utilizou o batismo, nem jejum, nem a consagração do sábado, nem qualquer outro ritual para converter ninguém. No entanto, Jesus reconheceu o trabalho de João e, ao mesmo tempo, anunciou, conforme lemos em Mateus, cap. 11, versículos 12 a 15:

Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é adquirido pela força e são os violentos que o arrebatam. Todos os profetas e a lei profetizaram até João”. E para esclarecer quem era, de fato, João Batista, Jesus complementou: “E se vós quereis compreender, ele mesmo (referindo-se a João) é o Elias que há de vir ( ou seja, cuja vinda fora profetizada). E para dar ênfase ao que acabara de revelar, acrescentou: “Os que têm ouvido para ouvir ouçam.”

O fato de se deixar batizar por João mostrou seu elevado gesto de solidariedade àquele que vinha abrir o caminho para a divulgação da BOA nova. Tanto assim que Jesus trouxe para o seu grupo alguns dos discípulos de João. E foi o próprio Jesus que afirmou que João era o profeta Elias, que vivera 9 séculos antes e cuja volta estava prevista. Com isso, Jesus deixou claro que João era a reencarnação de Elias, que voltara para dar andamento à sua missão. Desse modo, o trabalho de João fazia parte da missão de Jesus; dai o entrelaçamento entre eles.




Nenhum comentário:

Postar um comentário