faça sua pesquisa

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

SEM MUITO ESPAÇO

Muitos imaginam que o Espírito que se destacou na sociedade humana do século 20 com o nome Chico Xavier, tenha chegado pronto para o exercício, sobretudo, de sua tarefa no campo da mediunidade. Todavia, estudando sua trajetória, percebe-se que a partir do primeiro encontro com o Orientador Espiritual Emmanuel é que começa a se intensificar o trabalho de burilamento dirigido que o transformou numa referência do verdadeiro espírita definido por Allan Kardec, aquele que é reconhecido por sua transformação moral e pelo esforço que faz para dominar suas más inclinações. O roteiro da disciplina, disciplina, disciplina, foi incorporado por ele ao longo dos anos que se seguiram ao 1931 em que ouviu a orientação de Emmanuel. Reunimos algumas passagens para demonstrar como o Guia Espiritual era severo com seu discípulo: EXEMPLO 1- Em 1940, ficou  gravemente enfermo. O médico que lhe assistia fez o diagnóstico, prevendo  um ataque de uremia. Se a retenção perdurasse por mais 24  horas, teria o Chico um colapso e desencarnaria. Assim lhe dissera o médico, o colocando a par da realidade dolorosa. O facultativo saiu  e Chico notou  que, do Alto, Bezerra de Menezes, André Luiz e Emmanuel providenciavam­ lhe recursos, entremostrando­ lhe que era grave seu estado. Preparou­  se, então, para morrer bem. Pediu, em prece sentida, a Emmanuel, que o recebesse na Espiritualidade. Seu amoroso Guia, sentindo­-lhe a intenção, considerou: — Não posso, Chico, auxiliá-­lo no seu desencarne. Tenho muito que fazer. Mas se você sentir que a hora chegou, recorra aos amigos do  “Luiz Gonzaga”. Você não é melhor que os outros. EXEMPLO 2- O Chico recebera um convite reiterado para assistir a uma solenidade que um Centro  Espírita de determinado lugar, um pouco distante de Belo Horizonte, realizaria. A carta­ convite, assinada pelos diretores do Centro, contendo encômios à pessoa do médium, dizia que sua presença era indispensável... O Chico pensou  muito naquele adjetivo, sentiu  a preocupação dos irmãos distantes, ansiosos pela sua presença. Certamente iria realizar uma grande missão. E não relutou mais. Junto ao seu bondoso chefe, justificou sua ausência por dois dias, comprou passagem na Central do Brasil e partiu. No meio da viagem, quando já sonhava com a chegada, antes sentindo a alegria dos irmãos, Emmanuel lhe aparece e diz: —  Então, você se julga indispensável e, por isto, rompeu  todos os obstáculos e viaja assim como quem, por isto mesmo, vai realizar uma importante tarefa... Já refletiu, Chico, que o  serviço do ganha­ pão é indispensável a você? Pense bem... O Chico pensou... E, na próxima estação, desceu do trem e tomou outro de volta... EXEMPLO 3 - Numa singela sala residencial, em Pedro Leopoldo, a conversação ia animada. Muitos assuntos. Muitas referências. A palestra começara às cinco da tarde e o relógio anunciava onze da noite. Chico ia começar uma variação de tema, quando viu Emmanuel a chamá­-lo para o interior doméstico. O médium pediu licença e foi atender. — Você sabe que hoje temos a tarefa do livro em recepção e já estamos atrasados... —  falou o amigo espiritual. — É verdade — concordou o Chico —, entretanto, tenho visitas e estamos conversando. — Sem dúvida — considerou o Guia — compreendemos a oportunidade de uma a duas horas de entendimento fraterno para atender aos irmãos sem objetivo, porque, às vezes, através da banalidade, podemos algo fazer na sementeira de luz... Mas não entendo, seis horas a fio de conversação sem proveito. O médium nada respondeu. Indeciso, deixara correr os minutos, quando Emmanuel lhe disse: — Bem, eu não disponho de mais tempo. Você decide. Converse ou trabalhe. Chico não mais vacilou. Deixou a palestra que prosseguia, cada vez mais acesa na sala e confiou­ se à tarefa que o aguardava com a assistência generosa do Benfeitor Espiritual. EXEMPLO 4 -  Alguns companheiros conversavam furiosamente, em Pedro Leopoldo, sobre certo  político: a coisa devia ser assim... Devia ser de certo modo... O homem era a perversidade em pessoa... Prometera isso e fizera aquilo... Um dos irmãos dirigiu ­se ao médium e perguntou: — Que diz você, Chico? Temos alguma referência dos Amigos Espirituais sobre o caso? O interpelado pretendia responder, mas no justo momento, em que ia emitir a sua opinião, ouviu a voz de Emmanuel sussurrar ­lhe, segura, aos ouvidos: — Cale a sua boca. Você nada tem a ver com isso. O médium ruborizou­-se e o grupo, em torno, verificou  que o Chico não  conseguia responder, apesar do desejo de externar ­se. Alguém ponderou que ele deveria estar mal e rodearam­ no, em oração, dando ­lhe passes. A reunião dispersou ­se. Não foram poucos os que, estranhando o caso, afirmaram em surdina que o Chico parecia francamente um pobre obsidiado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário