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sexta-feira, 29 de abril de 2016

ALLAN KARDEC E LÉON DENIS: UMA LIGAÇÃO ANTIGA

Nos oitenta e um anos vividos em sua existência como Léon Denis (1846/1927), nos últimos 20 esse Espírito esteve praticamente cego, embora muito produtivo graças à retaguarda oferecida por Claire Baumard, que sucedeu sua irmã gêmea Gabrielle na tarefa de secretariar o grande continuador de Allan Kardec no desenvolvimento do aspecto filosófico do Espiritismo. Dénis recordava que “tinha 18 anos quando, por volta de 1864, passando um dia pela principal rua da cidade, vi, no mostruário de uma livraria, O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Avidamente o comprei, às ocultas de minha mãe, muito cuidadosa quanto aos assuntos de minhas leituras”. Sobre sua relação com a pessoa do Mestre, contou: “Eu encontrei várias vezes Allan Kardec sobre o plano terrestre. A primeira vez foi em Tours, quando ele veio, ao curso de uma viagem de conferências. Tínhamos alugado uma sala para o receber, mas a polícia imperial, desconfiada, interditou-nos o seu uso. Foi preciso que nos reuníssemos no jardim de um amigo, à luz das estrelas. Éramos bem trezentas pessoas de pé, apertadas, pisando as platibandas, mas felizes por ver e ouvir o mestre, assentado em meio a nós, ante uma mesinha e que nos falava do fenômeno das obsessões. No dia seguinte, quando fui levar-lhe os meus cumprimentos, encontrei-o nesse mesmo jardim, trepado num escabelo, colhendo cerejas para a Sra. Allan Kardec. Esta cena bucólica cheia de encanto contrastava com a gravidade dos personagens. Mais tarde encontrei-o em Bonneval, Eure-et-Loire, onde fora participar de um meeting espírita que reunia todos os adeptos da região. Finalmente em Paris, ao curso de minhas viagens, pude trocar ideias com ele sobre a causa que nos era tão cara”. Na retaguarda de seu trabalho encontrava-se o Espírito do grande discípulo de Jan Huss, o reformador tcheco que, na verdade, foi a identidade do Espírito do Codificador do Espiritismo em vida anterior na Terra. Ao seu lado quase que até o fim de sua jornada como demonstrado na passagem em que convidado para presidir ao Congresso Internacional Espírita de Paris, em 1925. Sentindo-se extenuado, enfermo, dificultado pela quase ausência da visão, procura contornar “O mestre levou a questão à consideração de seus guias em uma reunião íntima e estes o encorajaram a participar do Congresso; entretanto, ele objetou mais uma vez, recordando “o fardo de suas enfermidades”. Flammarion o substituiria com vantagem. Léon Denis apenas pronunciara estas palavras quando foi interrompido pelo médium que, em tom firme e nítido lhe responde: – Flammarion não estará lá! Como? Flammarion vai se abster? “Não, ele não estará lá!”. Nenhuma palavra a mais. O Congresso teria lugar de 6 a 13 de setembro de 1925, Camille Flammarion, desencarnaria a 4 de junho, portanto quatro meses antes. Comentando isso, sua secretária Mlle. Baumard não faz outros comentários, porém em seu prefácio à biografia de Kardec, escrita por Henri Sausse, Denis torna claro que o espírito ao qual confiara suas dúvidas nessa noite fora o do próprio Kardec. No revelador livro LÉON DENIS NA INTIMIDADE (clarim, 1982), que biografa parte da vida do grande escritor de Tours,  Claire Baumard - repetimos, sua secretária nas ultimas décadas de sua vida terrena -, o tradutor e prefaciador Wallace Leal Rodrigues, estabelece interessante paralelo sobre os personagens aqui citados Denis, Kardec, Jerônimo de Praga. Segundo ele, a lógica das tarefas desempenhadas por todos, indica que Denis ao tempo em que Kardec foi Jan Huss, o precursor da Reforma influenciado por Jerônimo de Praga que, por sua vez, concluiu sua formação na Inglaterra, inflamando-se nos ideais protestantes a partir das ideias desenvolvidas por John Wycliffe. Deduz  com grande possibilidade de acerto que este renasceria  onze anos antes do lançamento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS para evoluir nas definições da Filosofia Espírita.

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