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sábado, 16 de agosto de 2025

LUCIDEZ NO ESTADO DE COMA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -(....) Você teve quatro enfartes ? “- Dois. Tive foram quatro operações, com hemorragias inacreditáveis. Uma de úlcera. Outra de aneurisma abdominal...” – Ficou em estado de coma?.. “- Fiquei em coma perto de quinze dias. Uma experiência terrível. Lembro que eram pessoas que já haviam morrido. Parentes mortos, estou vendo, eles se assentam no canto do quarto, e ficam me olhando...Ouvi o Lacerda fazendo discurso. Ouvi-o falando. Ele estava morto. Muita gente que morrera apareceu no quarto. Era um quarto de um sofrimento incrível. Eu sofri barbaramente.” – E quando voltou a si, que sensação? “Espanto, surpresa, clarividência. Eu enxergava mais que normalmente. Porque eu estava do outro lado. Eu estava muito mais pra lá do que pra cá...” Este é um fragmento de   entrevista feita pelo jornalista e cronista Lourenço Diaféria para a seção que assinava no suplemento Folhetim do jornal Folha de São Paulo, edição de 5 de agosto de 1979. O entrevistado, ninguém menos que o grande escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, alguns meses antes de morrer. Sua transcrição objetiva demonstrar, no período em que esteve em coma, sua lucidez diante dos fatos que o cercavam onde se encontrava hospitalizado. A propósito, o resultado de pesquisas levadas a efeito e tornadas públicas nos Estados Unidos da América do Norte a partir dos anos 70 pelos médicos Raymond Moody Junior e Elizabeth Kubler Ross, no campo de investigações que se tornaria conhecido como EQM (Experiências de Quase Morte) com pessoas que, por determinantes diferentes - inclusive comas prolongados -, relatam, em muitos casos, terem atravessado tais transes lúcidas, embora inconscientes fisicamente. Se considerarmos que o estado de coma, sob determinado aspecto, corresponde a certa imobilização do corpo determinada pela manifestação de desarranjos ou avarias havidas em componentes ou sistemas integrantes da máquina física, ocorre-nos uma dúvida: se o Espírito jamais está inativo (questão 401, O LIVRO DOS ESPÍRITOS), durante os processos comatosos, onde se encontra o corpo espiritual? Na obra EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (feb), André Luiz através do médium Chico Xavier, disse  que “ seu aprisionamento ou a parcial liberação do arcabouço físico, depende da situação mental do enfermo”. Posteriormente, o orientador espiritual Emmanuel, no livro PLANTÃO DE RESPOSTAS (ceu), perguntado sobre o que se passa com os espíritos encarnados cujos corpos ficam meses, até mesmo anos, no estado vegetativo do coma, respondeu que “seu estado será de acordo com sua situação mental, havendo casos em que o Espírito permanece como aprisionado ao corpo, dele não se afastando até que permita receber auxílio dos Benfeitores Espirituais”. Esses, avalia, “são pessoas, em geral, muito apegadas à vida material e que não se conformam com a situação”“Em outros casos’, diz ele, ‘os Espíritos, apesar de manterem uma ligação com o corpo físico, por intermédio do períspirito, dispõem de uma relativa liberdade”. Salienta que “em muitas ocasiões, pessoas saídas do coma descrevem as paisagens e os contatos com seres que já os precederam na passagem para a Vida Espiritual. É comum que após essas experiências elas passem a ver a vida com novos olhos, reavaliando seus valores íntimos”. Corresponde à informação contida no depoimento de Nelson Rodrigues. Concluindo sua resposta, Emmanuel afirma: “- Em qualquer das circunstâncias, o Plano Espiritual sempre estende seus esforços na tentativa de auxílio. Daí a importância da prece, do equilíbrio, da palavra amiga e fraterna, da transmissão de paz, das conversações edificantes para que haja maiores condições ao trabalho do Bem que se direciona, nessas horas, tanto ao enfermo como aos encarnados, familiares e médicos”.


Fomos abordados por uma mãe, um tanto nervosa, que nos relatou o seguinte: o filho mais velho, depois que entrou para a faculdade veio com uma conversa de que não acredita mais em Deus e não quer saber mais de religião. Ela diz que, desde criança, sempre deu aos filhos uma educação religiosa, e não sabe como ele pode se esquecer disso. Está inconformada e pede orientação.

 

Prezada senhora. Não temos nem o direito de dizer que a senhora não deve se preocupar com essa nova postura de seu filho. Toda mãe se preocupa com os filhos e sempre quer o melhor para eles. Mas podemos aconselhá-la a não sofrer muito por isso. Todos nós, mães e pais, gostaríamos que nossos filhos seguissem o nosso caminho – pelo menos, em matéria de fé – quando temos convicção de que esse é o melhor caminho. Mas isso nem sempre é possível.

 

Se a senhora fez o máximo que podia, se se preocupou em proporcionar a ele condições para que tivesse uma religião – e, agora, ele vem lhe dizer que não quer nada disso – a senhora deve se conformar com a opção dele e, ao mesmo tempo, ficar em paz com a sua consciência, por ter cumprido bem o com seu papel de mãe. O tempo da educação do lar já passou. Agora, que ele é um adulto, ele pode optar, e vem a educação da vida. A vida, como a senhora sabe, costuma nos ensinar muita coisa e de forma muito mais exigente que a própria família.

 

Não sabemos se seu filho está apenas num período de rebeldia ou de deslumbramento com uma idéia nova. Não sabemos quais os conflitos de valores que vem enfrentando. Sabemos, no entanto, que os meios acadêmicos (a senhora diz que ele cursa uma faculdade) costumam semear ateísmo nos jovens, procurando mostrar que a ciência pode explicar tudo e a religião não explica nada. É claro que não existem só professores ateus na universidade, mas os ateus (geralmente pessoas muito inteligentes)  costumam exercer certo fascínio sobre os jovens. Mas isso não quer dizer que sejam pessoas más. Pelo contrário, podem ser pessoas de caráter.

 

Contudo, prezada mãe, o que mais vale na vida é a educação do lar, é a influência do ambiente afetivo da família. Até porque é na infância que os pais mais alcançam a alma dos filhos. Nem tanto a educação de uma determinada religião – porque ninguém está obrigado a manter a mesma crença durante toda a vida – mas os princípios morais, que são comuns a todas elas. Estes sim – os princípios morais -  é que precisam ser levados em conta! É com eles que a senhora mais deve se preocupar, até porque o fato de a pessoa se dizer ateu ou religiosa não faz muita diferença, se a sua conduta na sociedade pauta pelos princípios do respeito, da dignidade e da retidão.

 

Portanto, não sofra muito por isso, nem tampouco fique insistindo ou brigando com seu filho, porque ele não pensa mais como antes. A crença de uma pessoa só pertence a ela própria. Os pais, como dissemos, deram o que podem dar, mas nem tudo que dão é o tudo o que os filhos querem, quando se tornam adultos. Eles são Espíritos livres, que vieram nesta encarnação para exercitar com responsabilidade a liberdade que a vida lhes dá. Se eles fizerem isso com dignidade, mesmo que não sigam a sua opção religiosa, já terão cumprido bem sua missão, já terá valido todo o sacrifício por eles.

 

Ademais, esse surto de ateísmo pode ser até passageiro. Ninguém sabe. E se for, tanto melhor para a senhora, que quer que seu filho siga um caminho religioso. Contudo, se não for, respeite-o em seus valores e faça de tudo para mostrar que a senhora continua inabalável em sua convicção e que o mais importante na crença de cada um não é apenas o rótulo, para ser exibido aos outros, mas a conduta, o respeito, a tolerância e, sobretudo, o amor – que está acima de todas as nossas diferenças.

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