A resposta à questão 459 de O
LIVRO DOS ESPÍRITOS revela a integração entre o Mundo dos Espíritos
desencarnados e o nosso, ressaltando ser a influência dele sobre nossa
realidade maior do que imaginam as criaturas humanas. A confirmação poderia ser
encontrada em obras futuramente publicadas como A VIDA ALÉM DO VÉU do religioso inglês George Vale Owen ou do
acervo resultante do trabalho mediúnico de Chico Xavier. Além do CARTAS DE UMA MORTA de Maria João de
Deus, as obras de André Luiz são manancial impressionante de como somos objeto
da – às vezes – sutil ação de Benfeitores ou mal-intencionados Espíritos que se
valem de nossa vulnerabilidade mental, instabilidade emocional, enfim,
invigilância sobre o que pensamos. Na sequência reunimos alguns exemplos para
reflexões: Caso 1- NA VIA
PÚBLICA: “No longo percurso,
através de ruas movimentadas, surpreendia-me, sobremaneira, por se me depararem
quadros totalmente novos. Identificava, agora, a presença de muitos
desencarnados de ordem inferior, seguindo os passos de transeuntes vários, ou
colados a eles, em abraço singular. Muitos se dependuravam a veículos,
contemplavam-nos outros, das sacadas distantes. Alguns, em grupos, vagavam
pelas ruas, formando verdadeiras nuvens escuras que houvessem baixado
repentinamente ao solo. Assustei-me. Não havia notado tais ocorrências nas
excursões anteriores ao círculo carnal. (...) Não dissimulava, entretanto, minha surpresa. As sombras
sucediam-se umas às outras e posso assegurar que o número de entidades
inferiores, invisíveis ao homem comum, não era menor, nas ruas, ao de pessoas
encarnadas, em continuo vaivém (...). Tinha a impressão nítida de havermos
mergulhado num oceano de vibrações muito diferentes, onde respirávamos com
certa dificuldade”. (M; 34) CASO 2 NUMA
RESIDÊNCIA COMUM - A família, constituída da viúva, três filhos e um casal de
velhos, permanecia à mesa de refeições, no almoço muito simples. Entretanto, um
fato, até então inédito para mim, feriu-me a observação: seis entidades
envolvidas em círculos escuros acompanhavam-nos ao repasto, como se estivassem
tomando alimentos por absorção. (...) Os que desencarnam em condições
de excessivo apego aos que deixaram na Crosta, neles encontrando as mesmas
algemas, quase sempre se mantém ligados à casa, às situações domésticas e aos
fluidos vitais da família. Alimentam-se com a parentela e dormem nos mesmos
aposentos onde se desligaram do corpo físico. (...) Familiares diversos, que os
próprios encarnados retem com as suas pesadas vibrações de
apego doentio. As almas se reúnem obedecendo a circunstância de que cada
Espírito tem as companhias que prefere. A mesa familiar é sempre um receptáculo
de influenciação de natureza invisível. Os quadros de viciação mental, ignorância e sofrimento nos
lares sem equilíbrio religioso. São muito grandes. Onde não existe organização espiritual.
Não há defesas de paz de espírito. Isto é intuitivo para todos os que estimem o
reto pensamento.(ML,11) CASO 3 - NA
ENFERMARIA DE UM HOSPITAL - A enfermaria estava repleta de cenas deploráveis.
Entidades inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação da
mente, postavam-se em leitos diversos, infringindo-lhes padecimentos atrozes,
sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem como atormentando-os e
perseguindo-os. Seria inútil qualquer esforço extraordinário, pois os próprios
enfermos, em face da ausência de educação mental, se incumbiriam de chamar
novamente os verdugos, atraindo-os para suas mazelas orgânicas, competindo-nos
apenas irradiar boa vontade e praticar o Bem, tanto quanto fosse possível, sem,
contudo, violar as posições de cada um. (OVE; 18) CASO 4
- NUM RESTAURANTE
- Transpusemos a entrada. As emanações
do ambiente produziam em nós indefinível mal estar. Junto de fumantes e
bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam
expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda
aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e
alimento. Outras aspiravam o hálito de alcóolatras impenitentes. Informou o orientador. Muitos de nossos irmãos, que já se desvencilharam do vaso
carnal, se apegam com tamanho desvario às sensações da experiência física, que
se cosem àqueles nossos amigos terrestres temporariamente desequilibrados nos
desagradáveis costumes por que se
deixam influenciar”. (NDM, 138) CASO 5 – NUMA “BALADA” - No Salão principal do edifício, onde abundavam
extravagantes adornos, algumas dezenas de pares dançavam, tendo as mentes
absorvidas nas baixas vibrações que a atmosfera vigorosamente insuflava.
Indefinível e dilacerante impressão dominou-me o Ser. Não provinha da
estranheza que a indiferença dos cavalheiros e a leviandade das mulheres me
provocavam; o que me enchia de assombro era o quadro que eles não viam. A
multidão de entidades conturbadas e viciosas que aí se movia era enorme. Os dançarinos
não bailavam sós, mas, inconscientemente, correspondiam, no ritmo açodado da música
inferior, a ridículos gestos de companheiros irresponsáveis que lhes eram invisíveis.
Atitudes simiescas surdiam aqui e ali, e , de quando em quando, gritos
histéricos feriam o ar”. (NMM,14)
CASO 6 – NA SALA DE UM APARTAMENTO COMUM -
“Desencarnados infelizes, surgiram de repente, abordaram Claudio e agiram sem
cerimonia. Um deles lhe tateou um dos ombros e gritou insolente: -Beber, meu
caro, quero beber!. A voz escarnecedora, não foi percebida pelo encarnado,
atento a leitura. Contudo, se não trazia tímpanos físicos para qualificar a
petição, trazia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o apelante.
O assessor inconveniente repetiu a solicitação, algumas vezes, na atitude do
hipnotizador que insufla o próprio desejo, reasseverando uma ordem. O resultado
não se fez demorar. Vimos o paciente desviar-se do artigo, abrigando sem saber
porque a sugestão, convicto de que se inclinava para um trago de uísque somente
para si, ganhando forma a sede de aguardente que se lhe articulou na ideia. (...). A entidade
sagaz lhe percebendo a adesão, colou-se
a ele. De começo a carícia leve; depois da carícia agasalhada, o abraço
envolvente; e depois do abraço de profundidade, a associação recíproca.
Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica. (...). Claudio
homem absorvia o desencarnado, à maneira de sapato que se ajusta ao pé. Fundiram-se os dois, como se morassem
eventualmente num só corpo. Altura idêntica. Volume igual, Movimentos
sincrônicos. Identificação positiva. (SD, 26)
- No filme “Nosso Lar” e nos livros de André Luiz, recebidos pelo
médium Chico Xavier, a vida dos Espíritos, no plano espiritual, é bem parecida
com a nossa. Os Espíritos também têm corpos, andam e trabalham. Mas, quando eles
estão junto de nós (e dizem que sempre há Espíritos ao nosso lado), nós não
esbarramos neles, não sentimos sua presença e nem conseguimos vê-los, mas eles
podem nos ver? Gostaria de saber como é que isso funciona ? (José Mário)
André
Luiz, em vários momentos, afirma de sua dificuldade em transmitir para nós suas
impressões do plano espiritual. Por isso, ele o faz sempre em termos de
comparação com a nossa realidade material, a fim de que possamos fazer uma
idéia – a mais aproximada possível do que ele descreve - num esforço de
imaginação. A grande dificuldade para compreender o que ele diz, está na
diferença significativa entre as duas dimensões da vida: a dimensão dos
encarnados e a dimensão dos desencarnados ( ou, se quiserem, o mundo físico e o
mundo espiritual).
Primeiramente,
temos a considerar que os Espíritos estão numa dimensão ou num plano superior
ao que nos encontramos. Por essa razão, a condição de percepção deles está
acima da nossa: eles podem nos ver, mas nós não podemos vê-los. Vamos fazer uma
comparação, tentando explicar o que queremos dizer. Quando você vê uma cena de
sua família numa fotografia, por exemplo, você vê ali pessoas ( que você
reconhece), móveis, casa, árvores, paisagem, etc. No entanto, tudo na foto está
num plano único: isso quer dizer que,
embora a cena pareça real, ela está apenas impressa na superfície plana
do papel fotográfico.
O
mesmo acontece quando você vê a cena de uma novela na tela de seu televisor. Os
personagens e todo o cenário, onde eles se encontram, dão impressão de uma
situação real, onde você tem, inclusive, a noção de profundidade – ou seja, você
percebe o que está mais próximo ou mais distante do ponto em que você se
encontra. Mas, na verdade, esta profundidade que você vê na tela, é apenas ilusória. Ela não existe, pois as
figuras todas estão num mesmo plano, que é a tela da TV. Dizemos que a cena da novela se
encontra na segunda dimensão. Aliás, usando óculos para um sistema 3D (terceira
dimensão), dá para notar com tal nitidez a profundidade, que temos a impressão
que a gente se encontra no meio da cena. Mas é apenas ilusão ótica.
Além da segunda dimensão, que está no plano, temos
a terceira dimensão, que é esta onde nos encontramos com o nosso corpo sólido,
que ocupa um lugar no espaço. Dizemos terceira dimensão, porque todos os corpos
do mundo físico podem ser medidos em três dimensões: comprimento, largura e
altura, que constituem o volume dos corpos. Na foto ou no filme, na realidade,
só existem duas dimensões: não existe esta terceira. Desse modo, nosso corpo
não pode entrar na segunda dimensão ( no plano), mas pode observar o que se
passa nesse plano. Nem, tampouco, o
personagem da tela pode nos alcançar. Por isso, se fosse possível alguém estar
naquela dimensão ( ou seja, na dimensão da tela da TV), esse alguém não nos
perceberia fora, porque estamos além de sua dimensão.
É
mais ou menos isso que acontece conosco em relação aos desencarnados. Só que os
Espíritos estariam numa quarta dimensão, numa dimensão a mais que a nossa, que
é a terceira. Por isso, não podemos percebê-los, mas eles podem nos ver, da
mesma maneira que nós (na terceira) podemos ver a segunda e os da segunda não
podem perceber os da terceira. Na verdade, pelo fato de estarmos na terceira
dimensão, a quarta não existe para nós.
Entretanto,
embora encarnados, nós também somos Espíritos, e a única via que temos de
entrar na quarta dimensão é pelo pensamento, pois o pensamento é produto do
Espírito. É por isso que podemos receber influência dos Espíritos, tanto quanto
podemos influenciá-los pelo pensamento. Mas não há contato físico entre esses
dois planos, a não ser em caso excepcionais, quando entra a figura do médium,
que estabelece essa ponte, entre um plano e outro, entre uma e outra dimensão.
A mediunidade, portanto, é a única via de contato, que conhecemos, entre os
planos físico e espiritual.
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