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sábado, 25 de março de 2023

OS CONVULSIONÁRIOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Anualmente, por ocasião das celebrações da chamada Semana Santa, os meios de comunicação de massa, veiculam imagens de pessoas que em nome da religião impõem-se flagelações, muitas repetindo os sofrimentos vivenciados por Jesus, conforme as narrativas dos textos preservados no livro conhecido como Novo Testamento. Embora nas Filipinas e alguns países do sudeste asiático destaquem-se o maior e mais diversificado numero de imagens, a verdade é que os fatos se repetem em menor intensidade em outras partes do mundo. Entre os séculos 18 e 19, em algumas regiões da França, os fatos eram observados em algumas correntes remanescentes do movimento iniciado no século 17, pelo bispo holandês Cornélius Jansen. No número da REVISTA ESPÍRITA de maio de 1860, Allan Kardec publicou um artigo com o título Uma Convulsionária, em que explica que uma série de circunstâncias, permitiram contato com a filha de uma das principais convulsionárias da localidade Saint-Medárd, situada nas imediações da cidade de Bordeaux, o que possibilitou recolher sobre essa espécie de seita algumas informações específicas. Comenta Kardec não haver nada de exagero no que se relata sobre as torturas a que voluntariamente se submetiam os fanáticos, algumas das quais, denominadas “grandes socorros”, consistindo em sofrer a crucificação e todos os sofrimentos da denominada Paixão do Cristo. O Espírito da pessoa em referência, falecera em 1830, todavia, ainda conservava nas mãos os furos feitos pelos pregos que haviam sido utilizados para suspendê-la à cruz, e,ao lado, traços dos golpes de lança que haviam recebido. Enquanto encarnada, escondia cuidadosamente esses estigmas do fanatismo, sempre tendo evitado explica-los aos filhos. Conhecida na história das convulsionárias como Françoise, conversou com Kardec na presença de sua filha que desejava o encontro, tendo sido suprimidas das 23 perguntas do diálogo mantido, particularidades íntimas, por não interessarem a estranhos, embora se constituindo para aquela que a conheceu de perto, uma incontestável prova de identidade. Revelando “há muito desejar aquele contato por apreciar os trabalhos de Kardec, a despeito do que ele podia pensar de suas crenças”; confirmou que “acompanhava a filha ali presente”; informando que “era e não era feliz como Espírito, por sentir que poderia ter feito melhor”, ciente de que “Deus levava em conta sua ignorância”. Questionada se as torturas a que se submeteu a elevaram e, tornaram espiritualmente, mais feliz, explicou que “não lhe fizeram mal, mas não a avançaram como inteligência” e se aquilo lhe foi levado à conta de mérito, disse haver n' O LIVRO DOS ESPÍRITOS um item – parágrafo 726 -, que dá a resposta geral, “sendo ela apenas uma pobre fanática”. Sobre o objetivo das convulsionárias, disse ser “geralmente pessoal, tendo ocultado suas atividades dos filhos, porque compreendia, vagamente, não ser aquele o verdadeiro caminho”. Kardec destaca que nesse ponto, “o Espírito da mãe respondeu por antecipação ao pensamento da filha, que desejava perguntar por que, em vida, tinha evitado falar disso aos filhos”. A respeito da causa do estado de crise das convulsionárias, explicou ser “uma disposição natural e super-excitação fanática, jamais desejando que seus filhos fossem arrastados por essa rampa fatal, que hoje melhor reconhece como tal” e que os fenômenos produzidos entre as convulsionárias tinham muita analogia com certos fenômenos sonambúlicos como a penetração do pensamento, a visão à distância, a intuição de línguas desconhecidas, revelando que “muitos sacerdotes magnetizavam, sem o consentimento das pessoas”. Sobre a origem das marcas e cicatrizes que tinha nas mãos e outras partes do corpo, falou “serem pobre troféus de suas vitórias, que a ninguém serviram, por vezes, excitando paixões”. Em observação à essa resposta, Kardec comenta: -“Parece que nas práticas convulsionárias passavam-se coisas de grande imoralidade, que haviam revoltado o coração dessa senhora e, mais tarde, quando acalmada a febre fanática, a fizeram tomar aversão por tudo quanto recordava o passado. É sem dúvida uma das razões que a levaram a não falar do assunto a seus filhos”. Depois abordar outros ângulos do fenômenos envolvendo-a, pergunta Kardec se ela ficaria contrariada se ele publicasse a conversa na REVISTA, obtendo como resposta: - “Não. É necessário que mais seja divulgado”.

Esta pergunta foi formulada pela residente em Alvaro de Carvalho, Olívia Dedini: “O que vocês podem dizer de uma pessoa, que cometeu suicídio, e teve seu corpo cremado. Será que, por causa do suicídio, a cremação não foi ainda pior para esse Espírito? “


Bem, dona Olívia. Como se trata de um caso real, nós não temos condições de proferir qualquer julgamento do ato cometido por essa pessoa. Já falamos aqui sobre suicídio, e dissemos que cada caso tem suas próprias peculiaridades. Sempre há uma prevenção contra quem se suicida, mas nós não sabemos, não temos a mínima idéia, da luta interior da pessoa, dos problemas que estava sofrendo e mesmo das influências que a levaram a cometer esse ato. Não sabemos até que ponto o cometimento foi deliberado ou foi apenas uma contingência de uma enfermidade ou mesmo de uma obsessão.


O suicídio, de fato, é a mais repulsiva de todas as mortes, porque ele acaba deixando seqüelas também na família. É claro que terá conseqüências para o Espírito, mas essas conseqüências, segundo O LIVRO DOS ESPÍRITOS, não são iguais para todos os casos, pois dependem das causas que concorreram para o ato. Já a cremação é uma forma rápida de se dar fim ao cadáver, diferente do sepultamento, que é demorado. Emmanuel, no livro O CONSOLADOR, consultado a respeito, afirma que é recomendável um intervalo de, pelo menos, 72 horas ( ou três dias) para a cremação, que é a queima ou carbonização do cadáver. Nessa resposta, ele leva em conta o tempo que o Espírito demora para desencarnar.


Devemos entender, no entanto, que não é que o fogo queime ou destrua o perispírito, mas, sim, a impressão que o Espírito pode ter ao perceber o corpo consumido pelo fogo, se ele estiver consciente do que está se passando. A desencarnação, em geral, demora algumas horas, mas, eventualmente, pode se estender por alguns dias. Nesse aspecto, não sabemos avaliar cada caso em particular, mas se a ouvinte quiser ter uma idéia melhor das possibilidades, basta consultar o livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, de André Luiz, onde vai encontrar várias narrativas sobre desencarnação.


Por outro lado, seja qual for o gênero de morte, o processo de desencarnação depende muito do caráter do Espírito, de seu merecimento. Ninguém está totalmente desamparado no seu caminho. Há familiares, amigos e protetores que podem tomar providências para atenuar os possíveis problemas que advenham de uma morte violenta, como acelerar o processo de desencarnação e deixar o Espírito inconsciente do que está se passando. Contudo, como o Espírito nos proporciona tais esclarecimentos, Olívia, convém sempre nos precaver para evitar problemas mais difíceis do que os que já estamos passando. No mais, precisamos orar pelos amigos que partiram em circunstâncias mais difíceis.



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