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sábado, 4 de março de 2023

SOBRE A TRANSIÇÃO PLANETÁRIA ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Numa reunião havida em Paris, em abril de 1866, dois médiuns em transe de sonambulismo extático, repassaram Instruções dos Espíritos Sobre a Regeneração da Humanidade. Tal conteúdo foi reproduzido em forma de resumo, por Allan Kardec na edição de outubro daquele ano da REVISTA ESPÍRITA, como complemento de a matéria precedente, por ele elaborada a partir de um grande número de comunicações, dadas a ele e a outras pessoas. Pela sua atualidade, destacamos alguns trechos para reflexões: -“Os acontecimentos se precipitam com rapidez. Assim não dizemos mais como outrora: “Os tempos estão próximos”; agora dizemos: “Os tempos estão chegados”. Por estas palavras não entendeis um novo dilúvio, nem um cataclismo, nem um desabamento geral. Convulsões parciais do Globo ocorreram em todas as épocas e ainda se produzem, pois se devem à sua constituição, mas são sinais dos tempos. Entretanto, tudo quanto está predito no Evangelho deve realizar-se neste momento, como reconhecereis mais tarde. Mas não tomeis os sinais anunciados senão como figuras, cujo espírito, e não a letra, devem ser apreendidas. Todas as Escrituras encerram grandes verdades sob o véu da alegoria e é porque os comentadores se apegaram à letra que se confundiram. Faltou-lhes a chave para lhes compreender o verdadeiro sentido. Esta chave está nas descobertas da ciências e nas leis do mundo invisível, que o Espiritismo vem revelar. De agora em diante, com o auxílio desses novos conhecimentos, o que era obscuro torna-se claro e inteligível. Tudo segue a ordem natural das coisas e as leis imutáveis de Deus não será perturbadas. Assim, não vereis milagres, nem prodígios, nem nada de sobrenatural, no sentido vulgar ligado a estas palavras(..). Não sentis como um vento que sopra na Terra e agita os Espíritos. O mundo está à espera e como que tomado por um vago pressentimento à aproximação da tempestade. Não acrediteis, entretanto, no fim do mundo material; a Terra progrediu desde a sua transformação; deve progredir ainda e não ser destruída. Mas a Humanidade chegou a um de seus períodos de transformação e a Terra vai elevar-se na hierarquia dos mundos. Não é, pois, o fim do mundo material que se prepara, mas o fim do mundo moral; é o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do egoísmo, do orgulho, do fanatismo que se esboroa. Cada dia leva alguns restos. Tudo acabará para ele com a geração que se vai e a geração nova erguerá o novo edificio que as gerações seguintes consolidarão e completarão. De mundo de expiação, a Terra está chamada a tornar-se um dia um mundo feliz, e sua habitação será uma recompensa, em vez de uma punição. O reinado do Bem aí deve suceder o do mal (...). A época atual é de transição. Confundem-se os elementos das duas gerações. Postos em ponto intermediário, assistis à partida de uma e à chegada da outra, e cada um já se assinala no mundo pelos caracteres que lhes são próprios. As duas gerações que sucedem uma à outra tem ideias e pontos de vista opostos. Pela natureza das disposições gerais, mas, sobretudo, das disposições intuitivas e inatas, é fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo. Devendo a nova geração fundar uma era de progresso moral, distingue-se por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do Bem e das crenças espiritualistas, o que é sinal indubitável de um certo grau de adiantamento anterior. Não será composta exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas daqueles que, já tendo progredido, estão predispostos a assimilar todas as ideias progressistas, e, aptos a secundar os movimentos regenerador. Ao contrário, o que distingue os Espíritos atrasados é, para começar, a revolta contra Deus pela negação da Providência e de todo poder superior à Humanidade; depois, a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternais do egoísmo, do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim a predominância do apego a tudo o que é material. São esses os vícios de que a Terra deve ser expurgada pelo afastamento dos que recusam emendar-se, porque são incompatíveis com o Reino da Fraternidade e porque os homens de Bem sofrerão sempre com seu contato. A Terra deles ficará livre, e, os homens marcharão sem entraves para o futuro melhor, que lhes está reservado aqui em baixo, como prêmio aos esforços e à perseverança, esperando que uma depuração ainda mais completa lhes abra a entrada dos Mundos Superiores”.


Se uma pessoa comete um crime, mas porque é ignorante e não sabe o que faz, ela deve ser punida assim mesmo? (J. C.S.)


Esta é uma questão delicada. A própria legislação humana trata esses casos com muito critério. Mas, devemos lembrar de Jesus, quando afirmou “a quem muito foi dado muito será exigido”. Nestes termos, é claro que a culpabilidade vai depender do grau de consciência e lucidez de quem pratica o crime. Utilizamos aí do Princípio da Proporcionalidade, que diz: quanto mais esclarecida a pessoa, maior sua culpa. E o oposto também é verdadeiro: quanto menos esclarecida ela for, menor será a sua culpa.


Na Lei de Deus, na verdade, não existe punição e nem recompensa, no sentido geralmente que damos a essas palavras. Nós é que interpretamos o sofrimento como punição e o prazer como recompensa. O que existe, de fato, é a Lei de Causa e Efeito. Kardec, n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, dá o seguinte exemplo: a pessoa come demais, além da conta, e sente-se mal em seguida. Podemos interpretar que o fato de ela se sentir mal foi uma punição porque comeu muito. Mas, na verdade, é apenas o efeito de não ter obedecido o limite. Assim, em tudo.


Desse modo, não é difícil compreender que qualquer ato falho vai trazer uma conseqüência desagradável, e que o acerto vai ter um efeito agradável. Se uma criança enfia o dedo na tomada elétrica, com certeza, vai tomar um choque, independente se ela sabe ou não o que é choque. Logo, à prática do ato seguiu-se a conseqüência. Nesse caso, se a criança agiu por ignorância, vai tomar o choque do mesmo jeito. É assim que funciona a lei da natureza. Neste caso, a razão do choque é para que ela aprenda a não fazer o que fez.


Entretanto, em se tratando de atos humanos, cometidos por pessoas que têm consciência do que fazem, o efeito do erro ainda é pior. Aquele que pratica o ato por ignorância – ou seja, porque não sabia o que estava fazendo – sofre apenas a conseqüência do ato, como a criança. Mas aquele, que sabia o que estava fazendo, além da conseqüência do ato, vai sofrer também os efeitos morais dele decorrente, o arrependimento e o sentimento de culpa, o remorso. Para os Espíritos, os sofrimentos mais profundos e duradouros são os sofrimentos morais, como é o caso da culpa.


Logo, aqui vale o que Jesus ensinou: a quem muito foi dado, muito será pedido. Ou seja, a intensidade da dor e proporcional à consciência que o infrator tinha sobre o que fez. Logo, as conseqüências de um erro sempre existem, mas elas tanto maiores quanto maior for o grau de consciência moral da pessoa que o cometeu. Desse modo, o erro de um adulto é mais grave que o de uma criança, com certeza, e as conseqüências que sofrer virão em razão de seus conhecimentos.


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