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quarta-feira, 29 de março de 2023

A RESPOSTA AO PRINCIPE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Os regimes Monárquicos ainda prevaleciam, sobretudo na Europa, e, um ano após ter iniciado a publicação da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec abre o número de janeiro de 1859, reproduzindo a íntegra de uma carta dirigida a um Príncipe que lhe escrevera solicitando alguns esclarecimentos sobre informações veiculadas pelo Espiritismo apresentado ao publico meses antes, através d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Precedendo as respostas as 5 perguntas recebidas, Kardec alinha alguns pontos considerados por ele como fundamentais para esclarecer algumas outras dúvidas: 1- Fora do mundo corpóreo visível, existem seres invisíveis, que constituem o Mundo dos Espíritos. 2- Os Espíritos não são seres à parte, mas as próprias almas dos que viveram na Terra, ou em outras esferas, e que se despojaram de seus invólucros materiais. 3- Os Espíritos apresentam todos os graus de desenvolvimento intelectual e moral. Consequentemente, há-os bons e maus, esclarecidos e ignorantes, levianos e mentirosos, velhacos e hipócritas, que procuram enganar e induzir ao mal, assim como os há em tudo muito superiores, que não procuram senão fazer o Bem. Esta distinção é ponto capital. 4- Os Espíritos rodeiam-nos incessantemente. Malgrado nosso, dirigem os nossos pensamentos e as nossas ações, assim influindo sobre os acontecimentos e sobre os destinos da Humanidade. 5- Os Espíritos por vezes denotam sua presença por meio de efeitos materiais. Esses efeitos, nada tem de sobrenatural: só nos parecem tal porque repousam sobre bases fora das leis conhecidas da matéria. Uma vez conhecidas essas bases, os efeitos entram na categoria dos fenômenos naturais. É que Espíritos podem agir sobre os corpos inertes e movê-los sem o concurso dos nossos agentes externos. Negar a existência de agentes desconhecidos, pelo simples fato de que não os compreendemos, seria traçar limites ao poder de Deus e crer que a Natureza nos tenha dito sua ultima palavra. 6- Todo efeito tem uma causa; ninguém o contesta. É, pois, ilógico negar a causa pelo simples fato de que é desconhecida. 7- Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente. Quando vemos as peças do aparelho telegráfico produzirem sinais que correspondem ao pensamento, não concluímos que elas sejam inteligentes, mas são movidas por uma inteligência. Dá-se o mesmo com os fenômenos espíritas. Se a inteligência que os produz não for a nossa, evidentemente independe de nós. 8- Nos fenômenos das ciências naturais agimos sobre a matéria inerte e a manejamos à nossa vontade. Nos fenômenos espíritas agimos sobre inteligências que dispõem do livre arbítrio e não se submetem à nossa vontade. Há, pois, entre os fenômenos comuns e os fenômenos espirituais uma diferença radical quanto ao princípio. Eis porque a ciência vulgar é incompetente para os julgar. 9- O Espírito encarnado tem dois envoltórios: um material, que é o corpo, outro semi-material e indestrutível, que é o períspirito. Deixando o primeiro, conserva o segundo, que constitui uma espécie de segundo corpo, mas de propriedades essencialmente diferentes. Em estado normal é-nos invisível, mas pode tornar-se momentaneamente visível e mesmo tangível: tala causa do fenômeno das aparições. 10- Os Espíritos não são, pois, seres abstratos, indefinidos, mas seres reais e limitados, com existência própria, que pensam e agem em virtude de seu livre arbítrio. Estão por toda parte, em volta de nós. Povoam os espaços e se transportam com a rapidez do pensamento. 11- Os homens podem entrar em relação com os Espíritos e receber comunicações diretas pela escrita, pela palavra ou por outros meios. Estando ao nosso lado, ou podendo vir ao nosso apelo, é possível, por certos meios, estabelecer comunicações frequentes com os Espíritos, assim como um cego pode fazê-lo com as pessoas que ele não vê. 12- Certas pessoas são mais dotadas que outras de uma aptidão especial para transmitir comunicações dos Espíritos: são os médiuns. O papel do médium é o de um interprete; é um instrumento de que se serve o Espírito; esse instrumento pode ser mais ou menos perfeito, donde as comunicações mais ou menos fáceis. 13- As comunicações tanto podem provir de Espíritos inferiores quanto de superiores. 14- Todos nós temos um Espírito familiar, que se liga a nós desde o nascimento, que nos guia, aconselha e protege. 15- Além do Espírito familiar há outros que atraímos graças à sua simpatia por nossas qualidades e defeitos ou em virtude de antigas afeições terrenas.


Um anônimo nos colocou o seguinte questionamento. “Com relação às sessões feitas nos centros espíritas, não é muita pretensão achar que, evocando os mortos, vamos resolver os problemas de milhões de pessoas que morrem diariamente em todo o mundo? Todos esses espíritos vão se comunicar nos centros para receber ajuda? “


Na verdade, essa não é a pretensão dos espíritas, tampouco da doutrina. As sessões espíritas, realmente, podem ajudar o atendimento a desencarnados, mas só ajudar. A ação maior, o verdadeiro atendimento, é feito pelos Benfeitores Espirituais, que buscam recursos em todos os lugares (e não só nos centros espíritas) para promoverem a assistência aos desencarnados necessitados. Eles se valem de todas as situações em que pessoas de boa vontade (de qualquer religião) se reúnem para um fim nobre. Se dependessem só dos espíritas, o que teria acontecido para os desencarnados, antes do surgimento do Espiritismo?


É claro, portanto, que os Espíritos, que se ocupam em ações de assistência, trabalham com recursos do pensamento dos encarnados em geral, e não só dos espíritas. Chico Xavier, em mais de uma ocasião, se manifestou sobre as atividades dos Espíritos, enquanto ele, ainda criança, participava das missas na igreja de Pedro Leopoldo. Ele via os Espíritos Benfeitores, ali presentes, ajudando as pessoas, e, com certeza, não só os encarnados, aproveitando as energias produzidas pelas preces sinceras na hora da comunhão. Isso mostra como que a Espiritualidade elevada trabalha, porque, para os Espíritos Superiores, não importa a crença de cada um, mas, sim, o potencial de amor e de bondade com que possa servir à causa do bem.


Nas obras de André Luiz vemos inúmeros casos de socorro aos desencarnados, realizados através de orações de seus familiares em suas próprias casas. Muitas vezes, até mesmo Espíritos estranhos à família se socorrem de preces isoladas de pessoas de boa vontade. Num desses casos, enquanto uma mulher orava em favor da mãe, que estava desencarnando, vários Espíritos vieram se valer do conteúdo mental superior de sua prece para se beneficiarem.


Nós, ainda, somos muitos ciosos com relação à religião que professamos. Queremos, por vezes, estar com toda a verdade, achando que os outros, por pensarem diferente de nós, nada significam. Engano nosso! Na verdade, todos somos filhos de Deus, todos participamos da construção de um mundo melhor e todos sempre temos algo a oferecer ao trabalho em benefício de um mundo melhor. Os espíritas sabem que a humanidade não é constituída apenas dos encarnados; os desencarnados, que são em maior número, também fazem parte da humanidade. E, assim, como entre nós, existem ações de atendimento, de socorro, de educação em favor da população, também no plano espiritual existe muito trabalho nesse sentido.


Todas as vezes que pessoas de boa-fé e de boa vontade se reúnem em torno de um ideal superior – como acontece com os eventos de todas as religiões – sempre haverá Espíritos ligados a esses movimentos, que saberão aproveitar os recursos mentais, produzidos pela mente dos fiéis, para ajudar os desencarnados. Aliás, nem poderia ser diferente: os desencarnados também pertencem a religiões diferentes e eles, certamente, são ajudados mais pelas comunidades religiosas com que se afinam, através das orações e cultos.


No meio espírita, como temos consciência disso, procuramos direcionar nossas atividades também para os desencarnados em geral, pois acreditamos, que tendo consciência disso, temos também maior responsabilidade no desempenho desse encargo. Aliás, os trabalhos mediúnicos são necessários nesse sentido, mas constituem também numa atividade de difícil realização, quando queremos dar-lhe um sentido realmente elevado.



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