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terça-feira, 2 de março de 2021

SEXO ALÉM DA MORTE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 “...seu filho anda partido em dois, tamanho é o meu anseio de realizar-me na condição de homem(...). Muitos rapazes se desligam facilmente desses anseios. Tenho visto centenas que me participam estarem transfigurados pela religião e outros adotam exercícios de ioga com o objetivo de cortarem essas raízes da mocidade com o mundo(...).Meu tio Ivo fala em amor entre jovens apenas usufruindo o magnetismo das mãos dadas, e até já experimentei, mas a pequena não apresentava energias que atraíssem para longos diálogos sobre as maravilhas da vida por aqui. Fiz força e ela também; no entanto, nos separamos espontaneamente, porque não nos alimentávamos espiritualmente um ao outro. Creio que meu caso é uma provação que apenas vencerei com o apoio do tempo(...). Dizem por aqui que os pares certos trocam emoções criativas e maravilhosas no simples toque de mãos; no entanto, estou esperando o milagre”. O desabafo foi feito por Ivo Barros Correia Menezes à mãe, em carta psicografada por Chico Xavier, seis anos após seu desencarne aos 18 de idade, quando o veículo em que se encontrava com amigos foi colhido por ônibus cujo motorista ultrapassou o sinal vermelho. Embora o sexo além da morte não tenha sido objeto de mais aprofundados estudos por Allan Kardec, os Espíritos que auxiliaram no cumprimento do programa desenvolvido através do médium de Pedro Leopoldo, deixaram importantes subsídios para nossas reflexões. André Luiz, por exemplo, acompanhando a benfeitora Narcisa num atendimento num dos pavilhões em que começava a servir na colônia descrita em NOSSO LAR (feb), atraído por gritaria próxima, foi contido por ela, no instintivo movimento de aproximação, ouvindo dela: “- Não prossiga, localizam-se ali os desequilibrados do sexo. O quadro seria extremamente doloroso para seus olhos”. MISSIONÁRIOS DA LUZ (feb), expõem situação verificada com  Marcondes que “no desdobramento natural do sono físico deveria estar em palestra proferida durante a madrugada pelo Instrutor Alexandre, em instituição localizada na Crosta e que é localizado em seu quarto de dormir, parcialmente desligado do corpo que descansava com bonita aparência, sob as colchas rendadas (...), revelando posição de relaxamento, característica dos viciados do ópio, tendo a seu lado, três entidades femininas” - definidas por André como da pior espécie de quantas já tinha visto nas regiões das sombras -, em atitude menos edificante, atraídas, segundo disseram pelos pensamentos curtidos pelo encarnado no dia anterior”.  O caso de Odila apresentado no ENTRE A TERRA E O CÉU (feb), mostra a situação de mulher desencarnada, evidenciando no corpo espiritual, o centro genésico plenamente descontrolado, não querendo senão o marido, em vista do apego enlouquecedor aos vínculos do sexo, que a paixão nada faz senão desvirtuar”. Segundo análise do Instrutor Clarêncio, embora “possua admiráveis qualidades morais, jazem eclipsadas. Desencarnou em largo vigor de seu idealismo, sem uma fé religiosa capaz de reeducar lhe os impulsos, justificando-se desse modo a superexcitação em que se encontra”. Calderaro, o Benfeitor apresentado em NO MUNDO MAIOR (feb), explica que “a sede do sexo não se acha no corpo grosseiro, mas na alma, em sua sublime organização”.  Na mesma obra, acompanhando tarefa socorrista efetuada em recinto reservado de um clube de dança, André observa: “-Algumas dezenas de pares encarnados dançavam, tendo as mentes absorvidas nas baixas vibrações que a atmosfera vigorosamente insuflava. Indefinível e dilacerante impressão dominou-me o Ser. Não provinha da estranheza que a indiferença dos cavalheiros e a leviandade das mulheres me provocaram; o que me enchia de assombro era o quadro que eles não vinham. A multidão de entidades conturbadas e viciosas que aí se movia era enorme. Os dançarinos não bailavam sós, mas, inconscientemente, correspondiam, no ritmo açodado da música inferior, a ridículos gestos dos companheiros irresponsáveis que lhes eram invisíveis”. Comentando a cena, o Orientador diz: “- Observamos, neste recinto, homens e mulheres dotados de alto raciocínio, mas assumindo atitudes de que muitos símios talvez se pejassem(...). Muitos deles são profundamente infelizes, precisando de nossa ajuda e compaixão. Procuram sufocar no vinho ou nos prazeres certas noções de responsabilidade que não logram esquecer”.  Finalizando, porém, destacamos um que de certo modo surpreende por sua peculiaridade. Provém do E A VIDA CONTINUA (feb), envolvendo Ernesto Fantini que, vários meses após ter desencarnado, ansioso, retorna ao lar que fora dele defrontando-se com um quadro que jamais poderia imaginar. Conta: “-Elisa – a esposa -, descansava... O corpo magro, o rosto mais profusamente vincado de rugas e os cabelos mais grisalhos. No entanto, junto dela, estirava-se um homem desencarnado”. Tratava-se de colega de infância, cuja amizade conservara adulto e que, embora também casado, pressentia nutrir atração anormal por sua esposa, a qual, a compartilhava. Anos antes, acreditava ter eliminado o rival numa caçada – na verdade atingido por tiro fatal desferido por outro – e, desligado compulsoriamente do corpo, passou a viver a partir de então  na casa e na cama com a pretendida  que o percebia pela ignorada mediunidade, ao longo do anos que se seguiram até aquele momento de reencontro”.


Maria Nassif pergunta se, diante dos princípios espíritas, podemos dizer que a frase “os inocentes pagam pelos pecadores” é correta.

 Não, não é correta, Marta.  Essa afirmativa só é válida para quem acredita numa vida única sobre a Terra ou para quem é materialista, pois não acredita no espírito. Do ponto de vista espírita, nossa visão do que seja a vida é muito mais ampla, pois ela abrange uma jornada de muitas encarnações e, por isso, sempre vemos justiça na lei de Deus.

 Se olharmos, porém, esta vida como única ou se não acreditarmos na imortalidade da alma, vamos perceber muitas situações em que o inocente parece pagar pelo pecador; é claro, considerando que nesta vida o inocente é quem não cometeu o erro e sofreu o castigo, e o pecador quem praticou o erro e não sofreu suas consequências, muitas vezes por incompetência da justiça humana.

 Mas, se considerarmos que já vivemos antes desta vida e vamos viver outras existências além dela, com certeza o sofrimento de hoje – se não tiver causa nesta encarnação, tem causa em vida ou vidas anteriores e, portanto, não é injusto. Desse modo, para quem não tem conhecimento espírita, o que vemos nas diferentes situações da vida, em que a injustiça parece prevalecer, é apenas a aparência: não sabemos o que se passou antes.

 Allan Kardec deixa muito clara essa situação, quando fala das causas atuais e das causas anteriores das aflições, conforme lemos no EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo 5. Ali fica claro que, sendo perfeita a Lei de Deus, ela nunca se engana. Desse modo, é possível conhecermos situações que o inocente está sofrendo injustamente.

  Aliás, uma das questões que as pessoas mais levantam diz respeito à aparente injustiça que predomina sobre a Terra. Perguntam, por exemplo, porque uma pessoa boa sofre tanto, enquanto uma pessoa má parece viver sem maiores problemas. Só a reencarnação pode explicar semelhante incoerência. Nosso ângulo de visão ainda é muito estreito. Só acreditamos numa vida única e no que veio acontecendo durante esta existência, muitas situações que acontecem parecem injustas.

 Mas isso não se aplica, evidentemente, aos Espíritos superiores, que têm grandes missões na Terra. Eles também estão sujeitos à Lei de Causa e Efeito, mas por causa de seu alto grau de elevação espiritual, quando assumem uma missão, eles aceitam a condição de sofrimento para dar exemplo, para ensinar o homem o caminho do bem. Grandes missionários, como Jesus, sofreram muito, mas não por causa de erros, mas por necessidade de ensinar a humanidade. É claro que essas missões são de elevada importância para que eles evoluam ainda mais.

 Para concluir, Marta, podemos dizer, portanto, que a Lei de Deus é perfeitamente justa. Podemos sofrer por causa de erros cometidos no passado, para nos submeter a provas a fim de evoluir, para dar lições de vida à humanidade. Não é válido, do ponto de vista espírita, a afirmativa que diz “os inocentes pagam pelos pecadores”, mas, sim, a assertiva do Cristo, que diz “a cada um segundo as suas obras”. As consequências de nossas ações sempre virão, agora ou depois, cedo ou tarde, nesta ou em outras encarnações.

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