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segunda-feira, 15 de março de 2021

SUPRESAS DA MEDIUNIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Poeta épico grego, ao qual se atribui a autoria de ODISSÉIA e ILÍADA, Homero, ainda na atualidade é tema de polêmicas acaloradas por parte dos estudiosos de sua vida e obra. Pois, na REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1860, encontramos interessante matéria onde Allan Kardec apresenta o resultado de interessante comunicação em forma de diálogo estabelecido através de dois médiuns avaliados por ele como confiáveis - até pelo seu nível cultural.  Comunicação obtida espontaneamente e sem que o médium de forma alguma pensasse no poeta grego, provocou diversas perguntas. Vejamos alguns trechos da interessante conversa: -“ Passei a juventude nos alagados de Mélès; banhei-me e embalei-me muitas vezes em suas ondas. Daí por que, na minha juventude, eu era chamado de Melesigênio.”  1. Sendo este nome desconhecido, rogamos ao Espírito que se dignasse explicá-lo de maneira precisa. Resp. – Minha mocidade foi embalada nas ondas; a poesia me deu cabelos brancos. Sou eu a quem chamais Homero. Observação – Grande foi a nossa surpresa, pois não fazíamos nenhuma ideia do sobrenome de Homero; depois o encontramos no dicionário mitológico. Continuamos as perguntas. 2. Poderíeis dizer a que devemos a felicidade de vossa visita espontânea? Não pensávamos absolutamente em vós neste momento, pelo que vos pedimos perdão. Resp. – É porque venho às vossas reuniões, como se vai sempre aos irmãos que têm em vista fazer o bem. 4. Os poemas da ILÍADA e da ODISSÉIA, que temos, são exatamente os que compusestes? Resp. – Não; foram modificados. 5. Várias cidades disputaram a honra de vos ter sido o berço. Poderíeis esclarecer-nos a respeito? Resp. – Procurai a cidade da Grécia que possui a casa do cortesão Clénax. Foi ele quem expulsou minha mãe do lugar de meu nascimento, porque ela não queria ser sua amante; assim, sabereis em que cidade eu nasci. Sim, elas disputaram essa suposta honra, mas não disputavam por me haverem dado hospitalidade. Oh! eis os pobres humanos; sempre futilidades; bons pensamentos, jamais!”. Analisando o depoimento, Allan Kardec observa: - “O fato mais importante desta comunicação é a revelação do sobrenome de Homero; e é tanto mais notável quanto os dois médiuns, que deploram a insuficiência de sua instrução – o que os obriga a viver do trabalho manual – não podiam ter a menor ideia a respeito. E tanto menos se pode atribui-lo a um reflexo qualquer do pensamento, considerando-se que no momento estavam sós. A respeito, faremos outra observação: Está provado, para todo espírita, mesmo para os menos experientes, que se alguém soubesse o sobrenome de Homero e, numa evocação, como prova de identidade, lhe pedisse para o revelar, nada obteria. Se as comunicações não passassem de um reflexo do pensamento, como não diria o Espírito aquilo que sabemos, enquanto ele próprio diz aquilo que ignoramos? É que ele também tem a sua dignidade e a sua susceptibilidade e quer provar que não está às ordens do primeiro curioso que apareça. Suponhamos que aquele que mais protesta contra o que chama capricho ou má vontade do Espírito, se apresente numa casa declinando o nome. Que faria, se o acolhessem e lhe pedissem à queima-roupa que provasse ser ele mesmo? Voltaria as costas. É o que fazem os Espíritos. Isto não quer dizer que se deva crer sob palavra; mas quando se querem provas de identidade, é necessário que os tratemos com a mesma consideração que dispensamos aos homens. As provas de identidade fornecidas espontaneamente pelos Espíritos são sempre as melhores. Se nos estendemos tanto a propósito de um assunto que não parecia comportar tantas considerações, é que se me afigura útil não negligenciar nenhuma ocasião de chamar a atenção sobre a parte prática de uma ciência cercada de mais dificuldades do que geralmente se pensa, e que muitas pessoas julgam possuir porque sabem fazer bater uma mesa ou mover-se um lápis”.


  Eu não posso acreditar em tudo que dizem e nem em tudo que está escrito. É o caso da Bíblia, por exemplo. Vi um religioso fazer uma pregação dramática. de pôr medo,  sobre a volta de Jesus e o fim do mundo. Ele lia um texto em que Jesus anunciava uma catástrofe geral. Confesso que fiquei impressionado com a pregação. Ali Jesus dizia que o céu escurecerá, que as estrelas cairão do céu e que ele, Jesus, surgirá nas nuvens glorioso. Coisas desse tipo. Ora, você não falam que Jesus era um espírito superior? Não dizem as religiões que ele era o filho de Deus? Se ele tinha todo esse poder, não deveria dizer tais coisas, que são simplesmente absurdas: estrelas não caem e sol não é uma lâmpada que se apaga com tanta facilidade...

 A Bíblia, como qualquer outro livro sagrado que marcou o caminhar religioso dos diferentes povos, passa-nos importantes informações da antiguidade, para que dela retiremos aquilo que é essencial e importante para a nossa vida. Ela não tem o compromisso de dizer toda a verdade de uma forma clara e objetiva para todo mundo, porque a verdade é algo que a humanidade vem conquistando devagar ao longo dos séculos.

 Jesus, há dois mil anos, sendo um Espirito Superior, como os espíritas concebem, desde que integrado na cultura de seu povo, não poderia dizer senão o que os ouvintes estavam em condições de compreender. Você não deve tentar ensinar para uma criança de pré-escola um conteúdo do ensino superior, não é mesmo? Se Jesus dissesse mais que disse ou com mais profundidade, ele não teria sido um bom mestre;  e de duas uma: ou ninguém o entenderia ou deturpariam por completo sua mensagem.

 A verdade se descortina paulatinamente à medida que o homem esteja em condições de compreendê-la. Imagina se você, cidadão do século XXI, tivesse de conviver por algum tempo com uma tribo que nunca teve contato com a civilização, com a missão de dar um impulso aos seus conhecimentos. Certamente, teria que partir do no nível cultural desse povo para, muito devagar, obter algum pequeno avanço. Aliás, o desrespeito aos valores e sentimentos dos índios, ao longo da história,  é um dos fatores que mais contribuíram para prejudicá-los

 Pense em Jesus, vindo das altas esferas espirituais, para ajudar a humanidade a direcionar seu caminho. Com certeza, Jesus não esperava que sua vinda e seu sacrifício produzissem resultados imediatos ou milagrosos, mas que, aos poucos, com o amadurecimento da humanidade, com as conquistas da religião, da filosofia e da ciência, ao longo dos séculos, o homem fosse penetrando cada vez mais na essência de seus ensinamentos, visando ao progresso moral.

 Os escritos sobre Jesus apenas retratam aquilo que, na época, puderam compreender, levando em consideração a limitação dos conhecimentos e os preconceitos que a sociedade alimentava. Quem escreveu os evangelhos foram judeus, que aceitaram a doutrina de Jesus, mas que a transmitiram conforme suas interpretações, procurando conformá-las à direção que vinha sendo dada pelo próprio judaísmo. Vemos que Paulo enfrentou sérios problemas para preservar o pensamento de Jesus de práticas que vinham sendo consagradas durante séculos.  

Esse episódio, de que você fala, conhecido como o sermão profético, tem muita coisa das citações dos antigos profetas ( como de Isaías, por exemplo)  e deve ter sido escrito sob a inspiração das escrituras judaicas. No entanto, não podemos esquecer que Jesus também era judeu, que estava integrado num povo que tinha suas limitações de conhecimento e que, portanto, tinha de falar a linguagem que esse povo entendia, assim como você, para falar com uma criança, usa a linguagem da criança.


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