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segunda-feira, 29 de março de 2021

PONTO DE PARTIDA, POIS, NÃO EXISTEM MILAGRES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

-“Seria conhecer bem pouco os homens, pensar que uma causa qualquer pudesse transformá-los por encanto. As ideias se modificam pouco a pouco, com os indivíduos, e são necessárias gerações para que se apaguem completamente os traços dos velhos hábitos. A transformação, portanto, não pode operar-se a não ser com o tempo, gradualmente, pouco a pouco. Em cada geração uma parte do véu se dissipa”, responderam os Espíritos a Allan Kardec quando questionados (pergunta 800) sobre a possibilidade, por exemplo, do Espiritismo “vencer a indiferença dos homens e seu apego às coisas materiais”. Vivia-se apenas metade do século 19 e o materialismo já se constituía no grande obstáculo ao progresso da paz e da felicidade na sociedade humana. Sua destruição, aliada à destruição dos preconceitos de seita, de casta e de cor, conduziriam naturalmente os homens à grande solidariedade que os deve unir como irmãos. Ponderando que “nem o próprio Cristo convenceu seus contemporâneos com os prodígios que realizou”, apontaram a razão, a lógica, como o meio através do qual as mudanças se operariam. O próprio Jesus disse ser necessário “a ocorrência do escândalo” para - quem sabe - sair-se da inércia, da acomodação, da zona de conforto, em que parcela menor da sociedade se mantem.  Porque a maioria sofre apenas os efeitos do descaso dos egoístas e orgulhosos. Necessário, porém, dar o primeiro passo. Inteligências astutas e dissimuladas, em nome de ideologias pessoais, certamente estudam o movimento das massas no sentido de encontrar a melhor forma de manobrá-las na direção de conhecidos interesses. Provavelmente vençam mais uma vez.  A Educação Moral não é nem cogitada por aqueles cujos gritos acordam os letárgicos, liderando-os não se sabe em que direção. Em comentário à questão 685 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Kardec escreve: -“ Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, em freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato?”. Linhas antes, ele ponderara: “Não basta dizer ao homem que ele deve trabalhar., é necessário também que o que vive do seu trabalho encontre ocupação, e isso nem sempre acontece. Quando a falta de trabalho se generaliza, toma as proporções de um flagelo, como a escassez. A ciência econômica procura o remédio no equilíbrio entre a produção e o consumo, mas esse equilíbrio, supondo-se que seja possível, sofrerá intermitências e durante essas fases o trabalhador tem necessidade de viver. Há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar caracteres, aquela que cria hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos”. Concluindo suas ilações, Kardec diz: “-Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si e para os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisso está o ponto de partida, o elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos”. Como se vê não é tarefa de um governante durante seu mandato, nem de uma geração. Resultados a médio e longo prazo. Será que o imediatismo derivado da ambição permitirá  que se trabalhe para o futuro, no agora? 


  

 Considerando a forma como a Doutrina Espírita vê a infância, como ficaria, por exemplo, a situação de uma criança de 11 ou 12 anos, que cometesse um crime? Com o ficaria a consciência dela? E como ver a responsabilidade dos pais nesse caso? (JU)

 De acordo com a lei humana, enquanto criança e adolescente nenhum ato infracional praticado pelo individuo, mesmo o mais atroz, é considerado crime. Neste caso, o menor de idade é passível de medidas sócio educativas perante a sociedade.  Isso não impede que um determinado homicídio seja praticado por um menor, até mesmo por um menor de 11 ou 12 anos, tecnicamente na transição da infância para a adolescência.

 De acordo com o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, uma infração dessa natureza teria como consequência a internação do menor numa instituição de caráter educacional, como é o caso da Fundação Casa (antiga FEBEM), onde ele permanecerá por alguns anos com a finalidade de reeducar-se para a vida social.

 O ECA tem por objetivo proteger os direitos dos menores e considera que seus desvios de conduta, trazendo problema para a sociedade e particularmente para ele-o infrator,  devem-se  mais à falha da sociedade, porque, tecnicamente, o menor ( criança e adolescente) não teria a necessária maturidade para agir com conhecimento de causa.

 Do ponto de vista espiritual, a realidade é mais ampla e tem outras implicações, mas, de qualquer forma, não podemos desconsiderar como atenuante ao Espírito que o ato violento vai pesar menos na sua consciência do que se fosse praticado por um adulto, já que o Espírito está temporariamente vivendo num corpo em desenvolvimento e com uma consciência moral ainda não tão bem preparada para a vida.

 Diante da lei de Deus há uma diferença significativa entre um ato praticado de forma consciente ou deliberada e outro em que se não tinha plena consciência do que se estava fazendo. No entanto, o que vai decorrer do mal praticado depende da condição espiritual do agente. É possível que o assassinato se deu de forma apenas acidental; é possível que tenha faltado o cuidado necessário para evitá-lo e é possível, ainda, que o ato atendeu a um impulso momentâneo decorrente de uma crise raiva ou até de ligações desastrosas do passado entre o autor e a vítima do homicídio.

 Aos 11- 12 anos o indivíduo já tem noção de causa e efeito, já é capaz de fazer associações de ideias, de medir consequências (ainda que imperfeitamente) e de ter alcançado certo nível de compreensão de valores morais, notadamente os que aprendeu com seus pais. Como isso vai repercutir em sua mente, contudo, depende do nível espiritual alcançado e do poder de intervenção dos pais na sua educação.

 Um ato dessa natureza, nesta idade, certamente será impactante para a pessoa e terá repercussão negativa em sua vida adulta, podendo gerar transtornos emocionais mais ou menos graves. Ela corre o risco de desenvolver um comportamento psicótico ligado à culpa, dependendo do grau de moralidade que alcançou nesta vida. Mas não é tão simples fazer um prognóstico de um caso como esse, embora, em linhas gerais, é o que tende a acontecer.

 Com relação aos desvios de comportamento de crianças e adolescentes, convém lembrar a necessidade de os pais, desde cedo, procurar desenvolver nos filhos ideias elevadas do ponto de vista moral,  podendo para tanto recorrer aos seus princípios religiosos, que têm grande peso na conduta das pessoas. Pais, que falam de religião, mas não se esforçam por viver o princípio do amor ao próximo, terão dificuldades de conseguir bons comportamentos dos filhos. 

 

  

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