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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

O MAGNETISMO PERANTE A ACADEMIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Entre os artigos publicados por Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA, de janeiro de 1860, há um intitulado O Magnetismo Perante a Academia, em que escreve, de forma bastante original, sobre a forma como, após vinte anos de espera, o Magnetismo, disfarçado de Hipnotismo, conseguiu ser considerado pela Academia de Ciências francesa. De forma até bem humorada, revela-o como filho do primeiro, este, por sinal, “proscrito do Olimpo grego, porque tinha ferido os privilégios de Esculápio e marchado ao seu lado, gabando-se do poder de curar sem o seu concurso”. Antevê o fracasso da nova tentativa do Magnetismo, através do Hipnotismo, de ser aceito pelos homens da Ciência pela predominância das ideias materialista, ponderando que “vão dizer qualquer coisa, mas que, seguramente, não é Magnetismo”, embora viessem a examinar “o fato de todas as maneiras, ainda que por mera curiosidade”. Demonstrando a origem de seu ceticismo, reproduz um artigo – considerado por ele como notável -, assinado por Victor Meunier, destacado da revista científica SIÉCLE, de 16 de dezembro de 1859. Nele, o autor comenta: “-O Magnetismo animal, conduzido à Academia pelo Dr Paul Broca, apresentado à ilustre companhia pelo sr. Velpeau, experimentado por vários cirurgiões de hospitais, é a grande novidade do dia. As descobertas como os livros, tem o seu destino. A de que vamos tratar não é nova. Data de uns vinte anos, e nem na Inglaterra, onde nasceu, nem na França, onde, no momento, não se ocupa de outra coisa, lhe faltou publicidade. Um médico escocês, o Dr Braid, a descobriu e lhe consagrou um livro: “Neuropnologia ou o fundamento do sono nervoso, considerado em relação com o magnetismo animal”. Um celebre médico inglês, o Dr Carpenter, analisou detidamente a descoberta do Dr Braid no artigo SONO da Enciclopédia de Anatomia e Fisiologia. Um ilustre cientista francês, o Dr Littré, reproduziu a análise do Dr Mueler. Enfim, nós mesmos consagramos um dos nossos folhetins da Presse, de 7/7/1852 ao Hipnotismo, nome dado pelo Dr Braid ao conjunto de fatos de que se trata. A mais recente das publicações relativas ao assunto data, pois, de sete anos. E eis que, quando o julgavam esquecido, ele adquire esta imensa repercussão. Há no Hipnotismo duas coisas: um conjunto de fenômenos nervosos, e o processo por meio do qual são produzidos. O processo empregado outrora, se não me engano, pelo Abade Faria, é de grande simplicidade. Consiste em manter um objeto brilhante em frente aos olhos da pessoa com a qual se experimenta, a pequena distância da raiz do nariz, de modo que só o possa olhar enviesando os olhos para dentro; ela deve fixar os olhos sobre ele. A princípio as pupilas se contraem, depois se dilatam bastante e, em poucos instantes, produz-se o estado cataléptico. Levantando-se os membros do paciente, estes conservam a posição que se lhes dá. É apenas um dos fenômenos produzidos; dos outros falaremos oportunamente”. O autor descreve experiências visando assegurar-se da realidade do Hipnotismo e se a insensibilidade hipnótica resistiria à prova das operações cirúrgicas. Constatadas essas evidências, destaca a necessidade de aprofundamento das pesquisas sobre as causas dos efeitos observados:1- Exaltação da sensibilidade – o olfato é levado a um grau de sensibilidade pelo menos igual ao que se observa nos animais de menor olfato. 2- Sentimentos sugeridos - pondo-se o rosto, o corpo ou os membros do paciente na atitude que convém à expressão de um sentimento particular e logo se desperta o estado mental correspondente. 3- Ideias provocadas – Levantem-se a mão do paciente acima da cabeça, dobrem-se os dedos sobre a palma, e é suscitada a ideia de subir, de se balançar ou puxar uma corda. 4- Acréscimo de força muscular – Se se quiser suscitar uma força extraordinária num grupo de músculos, basta sugerir ao paciente a ideia da ação que reclama essa força e lhe assegurar que o pode realizar com a maior facilidade, caso queira”. Concluindo sua matéria, Allan Kardec diz: “- Aos fatos a palavra; as reflexões virão depois”. O tempo, contudo, consagrou o acerto do prognóstico sobre a vitória do materialismo e sua visão organicista da vida humana.  



PRESTEM ATENÇÃO NESTA QUESTÃO. “Se o homem fosse divino por natureza -– como explicaria ser ele capaz de pecado? A doutrina da reencarnação leva, então, à conclusão de que o mal moral provém da natureza divina. O que significa a aceitação do dualismo maniqueu e gnóstico. A reencarnação leva necessariamente à aceitação do dualismo metafísico, que é tese gnóstica que repugna a razão e é contra a fé. É essa tendência dualista e gnóstica que leva os espíritas, defensores da reencarnação, a considerarem que o mal é substancial e metafísico e não apenas moral. O que se novo é a tese da Gnose.”

Primeiramente queremos esclarecer os termos gnose e maniqueísmo. O maniqueísmo é uma doutrina que surgiu na Pérsia, 3 ou 4 séculos antes de Cristo e que tinha por base a crença de que o mundo seria regido por dois poderes: o poder do bem e o poder do mal, que viviam em constante conflito. Foi desse sistema que surgiu entre os hebreus a crença no demônio, como entidade autônoma, capaz de se opor a Deus na disputa pelas almas humanas. O Gnosticismo ou gnose veio depois de Cristo e utilizava princípios filosóficos para entender e fundamentar a fé, tendo sido muito combatido pela Igreja.

Voltamos à pergunta. Caro ouvinte, não acreditamos no mal como um ente autônomo que se opõe ao bem, do mesmo modo que não aceitamos que exista um reino do mal (comandado pelo demônio), que faça frente ao reino do bem, comandado por Deus. Isto é que se chama dualismo: duas forças opostas disputando poder. Mas, não é tão simples assim. O mal para nós, no processo evolutivo dos seres, é acidental, não é substancial. Logo, ele não existe por si mesmo. Tudo se encaminha para o bem, que é Deus. Porém, nós que somos imperfeitos, vemos mal em tudo que está a caminho do bem, mas ainda não se realizou.

Deus, que é a perfeição absoluta, criou-nos para adquirirmos a própria perfeição por conta e mérito exclusivos nossos. É nesse sentido que passamos de encarnação em encarnação, palmilhando esse longo caminho, à medida que procuramos entender as leis que regem esse processo. É o que a reencarnação permite. O bem é o que nos auxilia; o bem o que nos prejudica: é assim que usualmente, em nosso limitado entendimento, interpretamos os acontecimentos da vida. No entanto, para Deus, que é a perfeição, não existe o mal, pois o bem é absoluto e, portanto, tudo que acontece no universo é necessário e bom.

Mas, do nosso acanhado ponto de vista, precisamos fazer essa diferenciação, pois, como seres limitados, a fim de penetrarmos no conhecimento de alguma coisa compará-la com outra coisa contrária. É por isso que criamos a noção de bem e de mal, de grande e pequeno, de bonito e feio, etc.,. mas cada uma dessas noções, que acompanham nossa vida, é relativa às experiências que já adquirimos e às circunstâncias do momento que estamos vivendo.

Portanto, não há o dualismo de que você fala, ou seja, o bem e o mal se fundem numa realidade mais ampla, nem sempre compreensível para nós neste estágio evolutivo em que nos encontramos. Tanto assim que, na prática, algo que nos parece um bem hoje poderá ser interpretado como um mal amanhã, e algo que aparenta um mal agora pode se revelar como um bem no futuro. Deus criou suas leis e nos deu inteligência, autoconsciência e livre-arbítrio para aprendermos a discernir e assumir o próprio destino. Por isso, tudo que nos acontece depende de nossas ações e de suas repercussões nessas leis.

A reencarnação é o mecanismo pelo qual cada Espírito, ao longo de sua longa jornada evolutiva, vai adquirindo as necessárias experiências para seu aperfeiçoamento constante. Sem a reencarnação, a vida e tudo que nela passamos - em 5, 10, 30, 60 ou 100 anos de vida aqui na Terra – não faria sentido, pois as experiências de uma só encarnação não nos colocariam a todos em pé de igualdade de tratamento perante a justiça de Deus.



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