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terça-feira, 18 de outubro de 2022

ATUALÍSSIMO ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Abrindo a pauta da REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1859, Allan Kardec apresenta interessante matéria intitulada “DEVEMOS PUBLICAR TUDO QUANTO OS ESPÍRITOS DIZEM?” que se mostra atualíssima, especialmente diante da profusão de títulos que disputam lugar nos expositores das livrarias ou catálogos de editoras e distribuidoras, demonstrando acirrada disputa por qual apresenta “revelações” ou “novidades” mais originais. Como livros espíritas se tornaram até meio de vida, revisões doutrinárias ou fundamentadas no bom senso, inexistem. O alvo é um público ávido por contéudos que chegam a ser estapafúrdios. As ponderações de Kardec sugerem reflexões. Diz ele: “- Esta pergunta nos foi dirigida por um dos nossos correspondentes. Respondemo-la da maneira seguinte: Seria bom publicar tudo quanto dizem e pensam os homens? Quem quer que possua uma noção do Espiritismo, por superficial que seja, sabe que o mundo invisível é composto de todos aqueles que deixaram na Terra o envoltório visível. Despojando-se, porém, do homem carnal, nem todos se revestiram, por isso mesmo, da túnica dos anjos. Há Espíritos de todos os graus de conhecimento e de ignorância, de moralidade e de imoralidade – eis o que não devemos perder de vista. Não esqueçamos que entre os Espíritos, assim como na Terra, há seres levianos, desatentos e brincalhões; falsos sábios, vãos e orgulhosos, de um saber incompleto; hipócritas, malévolos e, o que nos parecia inexplicável, se de algum modo não conhecêssemos a fisiologia desse mundo, há sensuais, vilões e crapulosos que se arrastam na lama. Ao lado disto, sempre como na Terra, temos seres bons, humanos, benevolentes, esclarecidos, de sublimes virtudes. Como, entretanto, nosso mundo não está na primeira nem na última posição, embora mais vizinho da última que da primeira, disso resulta que o mundo dos Espíritos abrange seres mais avançados intelectual e moralmente que nossos homens mais esclarecidos, e outros que ainda estão abaixo dos homens mais inferiores. Desde que esses seres têm um meio patente de comunicar-se com os homens, de exprimir seus pensamentos por sinais inteligíveis, suas comunicações devem ser um reflexo de seus sentimentos, de suas qualidades ou de seus vícios. Serão levianas, triviais, grosseiras, mesmo obscenas, sábias, científicas o sublimes, conforme seus caráter e sua elevação. Revelam-se por sua própria linguagem. Daí a necessidade de não aceitar cegamente tudo quanto vem do mundo oculto, e submetê-lo a controle severo. Com as comunicações de certos Espíritos, do mesmo modo que com os discursos de certos homens, poder-se-ia fazer uma coletânea muito pouco edificante(...). Ao lado dessas comunicações francamente más, e que chocam qualquer ouvido um pouco delicado, outras há que são simplesmente triviais ou ridículas (...). O mal é dar como sérias, coisas que chocam o bom senso, a razão e as conveniências. Nesse caso, o perigo é maior do que se pensa. Para começar, tais publicações tem o inconveniente de induzir em erro as pessoas que não estão em condições de examiná-las e discernir entre o verdadeiro e o falso, principalmente numa questão tão nova como o Espiritismo. Em segundo lugar, são armas fornecidas aos adversários que não perdem a oportunidade para tirar deste fato argumentos contra a alta moralidade do ensino espírita; porque, diga-se mais uma vez, o mal está em apresentar seriamente coisas que são notórios absurdos (...). As pessoas que estudaram a fundo a ciência espírita sabem qual a atitude que convêm a este respeito. Sabem que os Espíritos zombeteiros não tem o menor escrúpulo de enfeitar-se com nomes respeitáveis. Mas sabem também que esses Espíritos só abusam daqueles que gostam de se deixar abusar, que não sabem ou não querem esclarecidas suas astúcias pelos meios já conhecidos (...). Os Espíritos vão aonde acham simpatia e onde sabem que serão ouvidos (...).Publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte, seria, em nossa opinião, dar prova de pouco discernimento”.



Se Jesus disse que a salvação só pode vir por ele (“Eu sou o caminho, a verdade e a vida) e só será salvo quem acreditar e viver nele, o que mais precisamos saber para obter a salvação? (João Batista, Bairro Salgueiro)

Para o Espiritismo, João, a salvação realmente só vem pelo caminho que Jesus indicou, que é o caminho do amor ao próximo e do amor a Deus. Acontece que a sua mensagem não era apenas para um pequeno povo que existiu há 2 mil anos atrás, posto que ela se tornou uma bandeira para toda a humanidade, para os povos de todas as religiões, porque paz e amor, caro ouvinte, é aspiração de todos nós.

Se as coisas ocorressem conforme entenderam e esperavam , tudo teria se resolvido naquela mesma época, o que efetivamente não aconteceu, pois o mundo não acabou e Jesus não voltou para separar os bons dos maus, conforme se esperava. Aliás, esperava-se que ele voltasse logo em seguida, durante aquela mesma geração, que fizesse o julgamento ( só dos judeus, porque os outros povos não estavam no seu plano) e que, definitivamente, fossem definidos quem se salvaria e quem se perderia para sempre.

Como vemos, nada disso ocorreu. Por quê? Porque as palavras de Jesus não foram bem entendidas ou foram mal interpretadas. Se você ler O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, vai entender isso. Na verdade, o mundo não se acabou, Jesus não voltou nem ao final do primeiro século, nem no segundo, nem no terceiro, nem nos muitos que se sucederam. Isso porque o que ele dizia era para um futuro bem distante, através de muitos e muitos séculos que se sucederiam, uma longa estrada de aprendizado para a humanidade.

O papel do Espiritismo, que veio no século 19, foi dar um novo impulso à visão religiosa de todos os povos, a partir do que Jesus anunciou, pois o campo de conhecimento humano veio se abrindo cada vez mais. Passados vinte séculos de Jesus, já estamos numa nova era, percebendo que ele tinha razão porque não podia adiantar para a humanidade de seu tempo o conhecimento que só hoje podemos ter. Por isso, ele prometeu o Espírito Consolador para vir reviver o que disse e acrescentar outras verdades que os homens de sua época não poderiam entender. Esse é o papel do Espiritismo nos dias de hoje.

Para as religiões antigas, a salvação era algo muito próximo e uma conquista para depois desta vida, que poucos poderiam alcançar, e que só era obtida pela fé. Para a Doutrina Espírita a salvação é um conquista espiritual de todos nós a partir desta vida e através da evolução pelo amadurecimento do Espírito na prática do bem. Jesus, de fato, não podia adiantar para seu povo, aquilo que só hoje podemos entender. Ele falou apenas o suficiente para acordar as pessoas da sua inércia moral, mostrando que a união com Deus não é apenas adoração, mas sobretudo ação.

Dentro do estreito conhecimento religioso da época, as pessoas tinham uma noção muito acanhada de Deus, do homem e da vida. Não sabiam exatamente porque vivemos neste mundo, de onde viemos e para onde vamos depois. Não podiam explicar por que as pessoas tinham destinos tão diferentes na vida, por que uns nasciam ricos e outros pobres, porque uns sadios e outros doentes, por que uns sofriam mais que outros, porque uns tinham uma vida tão curta e outros tinham uma vida longa, qual o propósito de Deus nisso tudo.

Essas questões, no entanto, sempre intrigaram o ser humano e o levaram, muitas vezes, a duvidar da justiça divina. A chave para esse entendimento não estava na religião dos hebreus, mas de todos povos. Mais do que isso: a compreensão do que realmente é a vida estava por vir com o desenvolvimento do pensamento filosófico, com o surgimento da ciência, que viriam bem depois. Então, entendemos por que Jesus afirmou que não disse tudo, conforme lemos no evangelho de João.

Mas os planos de Jesus para o humanidade não se esgotaram com a sua encarnação neste mundo. Eles continuaram, pois Jesus continua no comando, ajudando o homem a construir seu próprio caminho. O sofrimento por que passa a humanidade ao longo dos séculos decorre da necessidade do amadurecimento, o que o Espiritismo veio explicar, porque os Espíritos encarnam e desencarnam, em sucessivas experiências nesta vida, amadurecendo e contribuindo para o amadurecimento da humanidade.

Nossa meta, João, é Deus, mas um deus que estamos criando dentro de nós, à medida que compreendemos a essência do amor, praticamos o amor, construímos um mundo melhor e uma humanidade mais feliz, para o cumprimento dos desígnios da Providência. Amando o próximo, como amamos a nós mesmos, praticando a caridade no seu sentido mais amplo entre nós, entre as comunidades e entre as nações, estaremos impulsionando a Terra para que seja de fato o Reino a que Jesus tanto se referiu.




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