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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

POR QUE NÃO?; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Porque todas as mães que choram os filhos mortos e ficariam felizes se se comunicassem com eles, muitas vezes não o podem? Porque a visualização deles lhes é recusada, mesmo em sonhos, a despeito de seu desejo e preces ardentes? Naturalmente são duas perguntas que muitos se fazem diante do entusiasmo daqueles que se surpreendem com o conteúdo de informações e detalhes pessoais constantes das cartas mediúnicas, sobretudo as psicografadas por Chico Xavier. Por sinal, o canal de comunicação objetivamente disponibilizado a partir da identificação e definição da mediunidade pelo Espiritismo, revelou-se um instrumento útil para esse fim, utilizado especialmente por aqueles que, vencidos pela dor da separação, superam as barreiras do preconceito e conceitos nascidos nas escolas religiosas tradicionais ou nas sombras da ignorância. Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA, edição de agosto de 1866, teceu interessantes esclarecimentos sobre os “porquês” das perguntas com que iniciamos essas considerações. Pondera ele: “ -Além da falta de aptidão especial que, como se sabe, não é dada a todos, há, por vezes, outros motivos, cuja utilidade a sabedoria da Providência aprecia melhor que nós. Essas comunicações poderiam ter inconvenientes para as naturezas muito impressionáveis; certas pessoas poderiam delas abusar e a elas se entregar com um excesso prejudicial à saúde. Em semelhante caso, sem dúvida a dor é natural e legítima; mas, algumas vezes, é levada a um ponto desarrazoado. Nas pessoas de caráter fraco muitas vezes essas comunicações reavivam a dor, em vez de a acalmar. Daí porque nem sempre lhes é permitido receber, mesmo por outros médiuns, até que se tenham tornado mais calmas e bastante senhoras de si para dominar a emoção. A falta de resignação, em casos tais, é quase sempre uma causa do retardamento. Depois, é preciso dizer que a impossibilidade de se comunicar com os Espíritos que mais se ama, quando se o pode com outros, é, muitas vezes, uma prova para a fé e a perseverança e, em certos casos, uma punição. Aquele a quem esse favor é recusado deve, pois, dizer-se que sem dúvida a mereceu. Cabe-lhe procurar a causa em si mesmo, e não atribui-la à indiferença ou ao esquecimento do Ser lamentado. Enfim, há temperamentos que, não obstante a força moral, poderiam experimentar o exercício da mediunidade com certos Espíritas, mesmo simpáticos, conforme as circunstâncias. Admiremos em tudo a solicitude da Providência, que vela pelos menores detalhes e saibamos submeter-nos à sua vontade sem murmúrio, porque ela sabe melhor que nós o que nos é útil e providencial. Ela é para nós como um bom pai, que não dá sempre a seu filho o que ele deseja. As mesmas razões ocorrem no que concerne aos sonhos. Os sonhos são as lembranças do que o Espírito viu em estado de desprendimento, durante o sono. Ora, essa lembrança pode ser bloqueada. Mas aquilo de que a gente não se lembra não está, por isto, perdido para a alma. As sensações experimentadas durante as excursões que ela faz no mundo invisível, deixam, ao despertar, impressões vagas e a gente não cita pensamentos e ideias cuja origem, muitas vezes, não se suspeita. Pode, pois, ter-se visto, durante o sono, os seres aos quais se tem afeição, entreter-se com eles e não guardar a lembrança. Então se diz que não se sonhou. Mas se o Ser lamentado não se pode manifestar de uma maneira extensiva qualquer, nem por isso estará menos junto dos que o atraem por seu pensamento. Ele os vê, ouve suas palavras e, muitas vezes, adivinha-se sua presença por uma espécie de intuição, um sentimento íntimo, e, até mesmo por certas impressões físicas. A certeza de que não está no nada; de que não está perdido nas profundezas do espaço, nem nos abismos do inferno; de que é mais feliz, agora isento dos sofrimentos corporais e das tribulações da vida; de que o verão, após uma separação momentânea, mais belo, mais resplendente, sob um envoltório etéreo imperecível, e não sob a pesada carapaça carnal; eis a imensa consolação que recusam os que creem que tudo acaba com a vida; eis o que oferece o Espiritismo”.




Fábio trouxe-nos a seguinte questão: será que a reencarnação não é uma forma de o Espiritismo explicar o pecado original de outras religiões? Digo isso, porque, pelo que a Doutrina Espírita ensina, todos somos herdeiros de nossos pecados.

- Desde os primórdios da humanidade, Fábio, quando o ser humano começava a raciocinar ou a pensar com inteligência e lógica, ele passou a fazer indagações a respeito de tudo e principalmente a respeito de si mesmo. Desde então, ele vem procurando essa explicação para o mundo, para a vida, para o sofrimento e para o destino humano. Isso é muito natural porque somos seres racionais.

Isso porque a mente humana instintivamente procura a ordem. Isso parece estar em nós, porque certamente vem de Deus, razão pela qual todos observamos o mundo e buscamos explicações que possam justificar o porquê de tudo que existe. Desses questionamentos surgiram a religião, a filosofia e, mais tarde, a ciência. A religião, praticamente, existe há milhões de anos nas formas mais primitivas. A filosofia, por sua vez, surge mais ou menos 5 séculos antes de Cristo e a ciência data de alguns poucos séculos para cá.

De tudo, o que mais nos intriga, Fábio, é o sofrimento, e foi isso que levou o homem a conceber a existência de seres superiores que teriam poder sobre nossa vida. Daí os deuses e as religiões em todo o mundo. Entre os hebreus, a religião se apoiou na crença em um único deus que, inicialmente, teria criado o homem e a mulher e os colocou num lugar de delícias. Mas esse casal não reconheceu isso e pecou contra esse deus, ficando, a partir de então, com a marca inapagável desse pecado.

Segundo a Bíblia, esse pecado transmitiu-se para as gerações humanas. Com isso, nascendo sob o estigma do pecado, o homem já nascia sofrendo suas consequências e assim ficava esclarecida a razão do sofrimento humano. Quem retomou esse conceito, alguns anos depois de Jesus, foi Paulo de Tarso, que continuou explicando o sofrimento como consequência desse pecado original. No entanto, a crença no pecado original não é racional e nem suficiente para explicar a bondade e a justiça de Deus.

Como alguém pode nascer com pecado, se nunca pecou? Que justiça é essa? Nós, que somos imperfeitos, não reconhecemos que alguém possa ser culpado de um crime que não cometeu, quanto mais Deus, que é bom e perfeito. Nem mesmo na justiça humana se pode transferir uma culpa de um indivíduo para outro: a culpabilidade é pessoal e intransferível. Seja o mérito, seja a culpa, nenhuma dessas qualidades pode passar de uma pessoa para outra, muito menos de uma para outra geração.

O Espiritismo nos ensina, no entanto, que a vida terrena não é única. A vida do Espírito é única porque o Espírito não morre, mas a vida terrena é passageira e às vezes muito rápida, razão pela qual o Espirito passa por inúmeras vidas. Criado simples e ignorante – ou seja, como um ser primitivo – ele vem reencarnando ao longo do tempo para desenvolver suas potencialidades, de maneira que nesse encadeamento de vidas sucessivas o que prevalece é o caminho que cada um vem fazendo, gozando de seu livre-arbítrio ou sua liberdade de escolha.

Quando uma criança vem ao mundo, portanto, ela não vem como um Espírito novo, mas como um Espírito que já existia antes, razão porque ela já nasce com certas tendências, com certas capacidades e com certas limitações, além de renascer numa determinada época, num determinado povo e numa determinada família. Todas essas variáveis constituem, na verdade, a somatória de uma série de fatores decorrentes de seu caminhar e de suas necessidades evolutivas.

A reencarnação é a única resposta para as diferenças humanas, como tempo de vida na Terra, inteligência, ideias e ideais, aptidões, sentimentos, limitações, etc. É a única doutrina que derruba por terra todo preconceito contra o quer que seja: raça, posição social, dotes físicos e intelectuais, etc. Pela reencarnação, compreendemos porque as pessoas não podem ser iguais, porque as culturas e os povos são diferentes. Mas entendemos também porque todos são necessários para se entreajudarem, criando sempre novas perspectivas para a humanidade.

Pela reencarnação passamos a compreender porque cada geração nova é mais inteligente e capaz que a geração anterior, porque a evolução o progresso abrange todos os setores da vida humana – como a religião, as artes, a ciência, a filosofia, a indústria, o comércio, a agricultura, a tecnologia. Pela reencarnação compreendemos a necessidade das mudanças, reformas, das novas ideias e da renovação constante da humanidade. Pela reencarnação compreendemos a necessidade e a evolução das religiões.




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