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sábado, 22 de outubro de 2022

O QUE ENSINA O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Em sua REVISTA ESPIRITA de agosto de 1865, Allan Kardec inicia a pauta com um artigo intitulado O QUE ENSINA O ESPIRITISMO, respondendo às pessoas que perguntam quais as conquistas novas que devemos ao Espiritismo. Num trecho de seus comentários, diz que “é incontestável que o Espiritismo ainda tem muito a nos ensinar. É o que não temos cessado de repetir, pois jamais pretendemos que ele tenha dito a última palavra”. Em outro, que “para alcançar a felicidade, Deus não pergunta o que se sabe, nem o que se possui, mas o que se vale e o bem que se terá feito. É, pois, no seu melhoramento individual que todo espírita sensato deve trabalhar, antes de tudo. Só aquele que dominou suas más inclinações aproveitou realmente o Espiritismo e receberá sua recompensa”. Alinha 10 argumentos, demonstrando a lógica de seus raciocínios: 1 – Inicialmente, ele dá, como sabem todos, a prova patente da existência e da imortalidade da alma. É verdade que não é uma descoberta, mas é por falta de provas sobre este ponto que há tantos incrédulos ou indiferentes quanto ao futuro; é provando o que não passava de teoria que ele triunfa sobre o materialismo e evita as funestas consequências deste sobre a sociedade. Tendo mudado em certeza a dúvida sobre o futuro, é toda uma revolução nas ideias, cujas consequências são incalculáveis. Se aí, se limitassem os resultados das manifestações, esses resultados seriam imensos. 2 – Pela firme crença que desenvolve, exerce uma ação poderosa sobre o moral do homem; leva-o ao Bem, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nas provações da vida e o desvia do pensamento do suicídio. 3 – Retifica todas as ideias falsas que se tivessem sobre o futuro da alma, sobre o céu, o inferno, as penas e as recompensas; destrói radicalmente, pela irresistível lógica dos fatos, os dogmas das penas eternas e dos demônios; numa palavra, descobre-nos a vida futura e nô-lo mostra racional e conforme à justiça de Deus. É ainda uma coisa de muito valor. 4 – Dá a conhecer o que se passa no momento da morte; este fenômeno, até hoje insondável, não mais tem mistérios; as menores particularidades dessa passagem tão temida são hoje conhecidas; ora, como todo mundo morre, tal conhecimento interessa a todo mundo. 5 – Pela Lei da Pluralidade das existências, abre um novo campo à filosofia; o homem sabe de onde vem, para onde vai; com que objetivo está na Terra. Explica a causa de todas as misérias humanas, de todas as desigualdades sociais; dá as mesmas leis da natureza para base dos princípios de solidariedade universal, de fraternidade, de igualdade e de liberdade, que só se assentavam na teoria. Enfim, lança a luz sobre as questões mais complexas da metafísica, da psicologia e da moral. 6 – Pela teoria dos fluidos perispirituais, dá a conhecer o mecanismo das sensações e das percepções da alma; explica os fenômenos da dupla vista, da visão à distância, do sonambulismo, do êxtase, dos sonhos, das visões, das aparições, etc; abre um novo campo à Fisiologia e à Patologia. 7 – Provando as relações existentes entre os mundos corporal e espiritual, mostra neste último uma das forças ativas da natureza, um poder inteligente e dá a razão de uma porção de efeitos atribuídos a causas sobrenaturais, e que alimentaram a maioria das ideias supersticiosas. 8 – Revelando o fato das obsessões, faz conhecer a causa, até aqui desconhecida, de numerosas afecções, sobre as quais a ciência se havia equivocado, em detrimento dos doentes, e dá os meios de os curar. 9 – Dando-nos a conhecer as verdadeiras condições da prece e seu modo de ação; revelando-nos a influência recíproca dos Espíritos encarnados e desencarnados, ensina-nos o poder do homem sobre os Espíritos imperfeitos para os moralizar e os arrancar aos sofrimentos inerentes à sua inferioridade. 10Dando a conhecer a magnetização espiritual, que era desconhecida, abre ao magnetismo uma via nova e lhe trás um novo e poderoso elemento de cura. Conclui, por fim, que “o Espiritismo deu sucessivamente e em alguns anos todas as bases fundamentais do novo edifício. Cabe agora a seus adeptos por em obra esses materiais, antes de pedir novos. Deus saberá bem lhes fornecer, quando tiverem completado sua tarefa”.

Comentário de um ouvinte: “Quando jovem eu imaginava que todos os homens, que ocupavam cargos públicos, eram pessoas de bem. Não é preciso dizer que não penso mais assim, depois de tudo o que estou vendo hoje: corrupção por todo lado, sinto que é difícil acreditar que isso vai melhorar... Será que, ao invés de progredir, não estamos piorando?”

A sua desilusão, na verdade, é a desilusão de muita gente. Cinco ou seis décadas atrás, ainda respirávamos um ar de certa ingenuidade em relação ao mundo em que vivíamos, principalmente em relação aos homens públicos. De nossa parte, não acreditamos que os homens de hoje são piores do que aqueles, mas cremos que, no passado, sabíamos bem menos do que sabemos hoje.

No entanto, como afirma o Espiritismo, cada coisa vem a seu tempo e muita coisa mudou de lá para cá. Hoje somos obrigados a saber mais, impulsionado pelo fenômeno da evolução – tanto da evolução material ( o crescimento, o progresso tecnológico do mundo), como da evolução moral ( hoje podemos fazer uma ideia melhor do que é certo e do que é errado) e temos oportunidade de agir mais e melhor.

Não devemos nos assustar: o processo evolutivo é assim mesmo. Naquela época tínhamos outros problemas que não temos hoje e, agora, somos obrigados a encarar uma realidade mais complexa, que está exigindo mais de cada um de nós. O mal existe sim; parte por conta da ignorância humana, parte pelas imperfeições morais do homem, que ainda não conseguiu se libertar de seu egoísmo. No fundo, todos somos mais ou menos egoístas. Os Espíritos disseram a Kardec que os bons predominariam no mundo quando resolvessem agir, freando as investida dos maus.

Por outro lado, costumamos criticar o mundo em que vivemos, mas esquecemos de nos colocar como um dos integrantes desse mundo e sentir que a responsabilidade é de cada um de nós. Os males da humanidade é a somatória dos males de todos os habitantes da Terra. Se intimamente cada um não está bem consigo mesmo, se os membros da família não se entendem, se a comunidade não se une para resolver problemas, se a nação ainda convive com uma guerra de interesses pessoais e partidários, é porque ainda estamos distante de alcançar a paz.

No passado era mais fácil para os corruptos passar por homens de bem, era mais fácil mascarar o mal e iludir o povo. Hoje, mais esclarecidos e munido de melhores instrumentos, já nos é possível, pelo menos, vislumbrar algum caminho para a solução. Mas essa solução não é tão fácil e nem tão imediata assim: quando o bem começa a se impor, o mal se levanta com impulso maior e costuma fazer muito barulho.

Desse modo, nós que acreditamos em Deus e na filosofia moral de Jesus, não devemos recuar. O bem há de prevalecer um dia na Terra, mas a sua conquista depende de cada um de nós. É no coração de cada um que o mundo começa a se transformar. Cuidemos melhor de nossa conduta diante do próximo e da sociedade, evitemos o mal e pratiquemos o bem, fazendo com que nos sintamos úteis como mensageiros da paz e do amor, onde estivermos. Esta é a recomendação de Jesus.




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