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terça-feira, 28 de julho de 2020

RELATIVIDADE DA IDEIA DE DEUS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


- “O Espírito no início de sua fase humana, estupido e bruto, sente a centelha divina em si, pois, adora um Deus, que materializa conforme sua materialidade”, escreveu Allan Kardec em uma de suas ponderadas análises contidas na edição de fevereiro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA. Noutra oportunidade, comentou que “a vida humana é uma escola de aperfeiçoamento espiritual e uma série de provas. Por isso é que o Espírito deve conhecer todas as condições sociais e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina”. Nesse contexto, vão surgindo as religiões, organizações humanas que, apesar de resultarem quase sempre de revelações espirituais, institucionalizam tais pensamentos que geralmente se desvirtuam e desfiguram pela ambição dos receptores e administradores da nossa Dimensão. Num planeta como a Terra, classificado como de Expiação e Provas em mensagem mediúnica assinada pelo Espírito que nas convenções da escola religiosa que serviu é identificado como Santo Agostinho, considerando a condição evolutiva predominante, a reencarnação determina sempre, procriação e alimentação, isto é, necessidades da matéria a satisfazer e, assim, entraves para o Espírito”, submetendo as individualidades a provas comoo poder e a riqueza, como a pobreza e a humildade”, que durante várias vidas sucessivas resultam em expiações conhecidas como dores, idiotismo, demência, etc, pelo mal cometido em vida anterior”. O sentimento e pensamento religioso, vai, portanto, refletindo sempre nossa condição evolutiva. Daí a sua persistência após a chegada ao Mundo Espiritual após a morte. No interessante trabalho intitulado CARTAS DE UMA MORTA (lake,1935),segundo livro com produções psicográficas de Chico Xavier, a entidade Maria João de Deus que, entre outras atividades desenvolvidas em nosso Plano foi mãe do médium em meio aos nove filhos a que deu a luz, revela que “são inúmeras as congregações de Espíritos mais apegados às ilusões da Terra que através de muitas organizações se dedicam à salvaguarda de seus ideais religiosos na primeira esfera existente no orbe terráqueo. A Igreja romana, por exemplo, tem aí conventos, irmandades, que defendem seus pontos de vista, e, assim de facção em facção, pode-se compreender a imensidade da luta dos trabalhadores da Verdade. Nas colônias de antigos remanescentes da África,” - conta ela – “vim conhecer costumes esquisitos, como bailados estranhos, ao som de músicas bizarras que me deram a impressão de fandangos, tão da preferência dos escravos no Brasil”. Décadas depois, em meio ao acervo constituído das milhares de cartas/mensagens psicografadas publicamente em reuniões na cidade de Uberaba (MG), perante público procedente de várias partes do País, ostentando diferentes níveis intelectuais, evidencia-se isso. Na assinada pelo jovem Roberto Muskat, filho de família ligada às tradições do Judaísmo, desencarnado aos 19 anos, pouco tempo após seu retorno ao Plano Espiritual, recordando suas primeiras impressões, relata ter participado no educandário-hospital em que convalescia de cerimonias cultivadas pelos seguidores de sua religião. Outro detalhe importante é que o abrigo se encontra em “Erets Israel, ou Terra do Renascimento, cuja beleza é indescritível”. Já Helio Ossamu Daikura, carinhosamente apelidado Tiaminho, integrante de família de Budistas, desencarnado em acidente de transito aos 5 anos, segundo o Espírito Bezerra de Menezes em bilhete psicografado aos pais, esteve “abrigado em Templo dirigido pelo Reverendo Sinnet, grande missionário do Bem, na revelação Budista”. Já a artista Clara Nunes, desencarnada trinta dias após se submeter a cirurgia considerada simples que lhe impôs o coma e a desencarnação por reação alérgica a anestésico a ela ministrado, relatou em carta psicografada à irmã ter acordado “num barco engalanado de flores, seguido de outras embarcações, nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos. Hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras. Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória. Muito pouco a pouco, me conscientizei e passei da euforia ao pranto da saudade, porque a memória despertava para a vida na retaguarda(...). Os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam. Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim, com paternal bondade, e me convidou a pisar na terra firme”. Como se vê, a natureza realmente não dá saltos. Diante disso, consegue-se entender a ponderação de Allan Kardec segundo a qual, “a facilidade com que certas pessoas aceitam as ideias espíritas; das quais, parece, tem intuição, indica que pertencem ao segundo período”, ou seja, aquele em que o Ser começa a se desprender das preocupações eminentemente sensórias e perseguir as conquistas intelectuais.

 Cintia Aparecida da Conceição, que frequenta o Caminho de Damasco, em Garça/SP pergunta como é possível, nos dias de hoje, uma pessoa passar a ser ignorada por uma colega de trabalho a partir do momento em que disse ser espírita. Será que o espírita deve revelar sua opção religiosa ou deve se calar para não sofrer esse tipo de preconceito?

 Cintia, de fato é inaceitável que, estando no século XXI, quando a Constituição do país e todos os documentos que se referem às relações sociais condenam veementemente a discriminação, ainda exista quem ignore seus deveres de cidadão perante as leis do país. Pior ainda, quando se refere ao preconceito religioso, porque as religiões que se prezam – e principalmente aquelas que se dizem cristãs – deveriam ser a fonte inspiradora da luta contra qualquer tipo de preconceito.
 A lei federal nº  7.716 de 1989, no seu artigo 1º, afirma: “Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, pois, como nação democrática, que reconhece a igualdade entre todos os seus cidadãos, temos por obrigação combater a desigualdade de tratamento a partir da execução da própria lei.
 No entanto, quando se trata de discriminação religiosa, o problema ainda é mais grave, pois as religiões – pelo fato de estimularem a aproximação do homem de Deus  e das coisas sagradas – devem ser as primeiras a condenar atitudes preconceituosas. Ninguém foi tão enfático nesse sentido quanto Jesus que, há 2 mil anos,  não permitiu que nenhum de seus apóstolos se voltasse contra grupos religiosos que tinham um pensamento diferente.
 Há um episódio no evangelho em que João e Tiago vieram reclamar que encontraram um homem que pregava e curava em seu nome e que o proibiram de prosseguir. Jesus, porém, lhes disse que não deveriam impedi-lo, acrescentando que “quem não é contra  nós é por nós”, ou seja, se estamos buscando um mesmo objetivo, embora em caminhos diferentes ou grupos diferentes, devemos respeitar ( e mais que respeitar, devemos amar) os que não trilham nosso caminho.
Ora, o papel da religião – principalmente nos dias atuais – deve ser o se congregar forças, de unir sentimentos por uma causa comum e jamais de estabelecer separações, e muito menos de mover perseguições por motivos religiosos. Perseguições religiosas, intolerância, agressões, são fatos do passado, que deveriam ser esquecidos, porque hoje já podemos entender aonde Jesus queria chegar, visando necessariamente a paz e a boa vontade entre os homens.
 Dias atrás tivemos um evento importante nesse sentido, quando várias religiões se reuniram no Parque Ibirapuera, em São Paulo, para um ato ecumênico em favor da paz. O evento está documentado em vídeo, que pode ser visto no YouTube, quando os líderes religiosos, ali reunidos, se manifestaram, todos falando a linguagem da paz e do amor entre os homens, a mesma que Jesus nos deixou há tantos séculos
 Sabemos que nós todos ainda trazemos alguns ranços de preconceito no coração por causa dos séculos de vivência de separações e hostilidades contra os diferentes. Contudo, sabemos que o preconceito é uma aberração, é um absurdo do ponto de vista ético-moral e do ponto de vista da razão e do bom senso. Não estamos mais na idade de criar motivos de separação, ignorar, prejudicar ou agredir alguém que professa uma crença diferente da nossa.
Por outro lado, conhecendo os princípios espíritas, devemos ter consciência de que, se nada acontece por acaso, não é por acaso que também venhamos a nos deparar com pessoas que nos atingem de algum modo, ignorando-nos ou nos discriminando por não aterem compreendido as leis da vida. Provavelmente estamos aprendendo alguma coisa em matéria de tolerância, pois já fizemos algo semelhante no passado. Hoje, porém, já estamos em condições de nos defender sem espírito de vingança, não apenas em nosso próprio favor, mas em benefício do bem geral.
  Jesus nunca se defendeu quando acusado, mas nunca deixou de falar em favor dos fracos e oprimidos, baseando-se no lema “Conhecereis a verdade e a verdade nos libertará”. Portanto, deveríamos aproveitar essas ocasiões para ensinar alguma coisa em nome de Jesus, a começar pelo diálogo pacífico e sincero. E, quando isso não for possível ou se mostrar infrutífero, buscar o amparo da lei de forma a torná-la instrumento de ordem e canal de esclarecimento.




















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