faça sua pesquisa

segunda-feira, 13 de julho de 2020

O OUTRO LADO DA QUESTÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


Afirma a Ciência que três segundos é o tempo que uma informação leva para ser arquivada em nossa memória e que esta é quem orienta nossas ações. A propósito da memória Allan Kardec escreveu que no início de sua caminhada evolutiva, “limitado em suas ideias e aspirações, tendo circunscrito seus horizontes, o homem precisa gravar todas as coisas e identifica-las, a fim de guardar delas apreciável lembrança e basear seus estudos nos dados que haja reunido. Pelo sentido da visão foi que lhe vieram as primeiras noções do conhecimento. Foi a imagem de um objeto que lhe ensinou a existência desse objeto. Quando conheceu muitos objetos, tirou deduções das impressões diferentes que eles lhe produziam no íntimo do Ser, fixou na inteligência a quintessência deles por meio do fenômeno da memória. Ora, que é a memória, senão uma espécie de álbum mais ou menos volumoso, que se folheia para encontrar de novo as ideias apagadas e reconstituir os acontecimentos que se foram? Esse álbum tem marcas nos pontos capitais. De alguns fatos o individuo imediatamente se recorda; para recordar-se de outros, é-lhe necessário folhear por longo tempo o álbum. A memória é como um livro!. Aquele em que lemos algumas passagens facilmente nô-las apresenta aos olhos; as folhas virgens ou raramente perlustradas tem que ser folheadas uma a uma, para que consigamos reconstituir um fato sobre o qual pouco tenhamos demorado a atenção. Quando o Espírito encarnado se lembra, sua memória lhe apresenta, de certo modo, a fotografia do fato que ele procura”. Essa dinâmica está amplia-se quando considerada a realidade da influência dos Espíritos em nossos pensamentos e atos, como revela a questão 459 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, pois, segundo pondera Allan Kardec, “em geral, os encarnados que nos cercam nada veem; o álbum se acha em lugar inacessível ao olhar deles; mas os Espíritos o veem e folheiam conosco. Em dadas  circunstâncias, podem mesmo, deliberadamente, ajudar a nossa pesquisa, ou perturbá-la. O que se produz de um encarnado para um desencarnado também se verifica do desencarnado para o vidente. Quando se evoca a lembrança de certos fatos da existência de um Espírito, apresentasse-lhe a fotografia desses fatos; e o vidente, cuja situação espiritual é análoga à do Espírito livre, vê como ele e, até, em determinadas circunstâncias, vê o que o Espírito não vê por si mesmo, tal como um desencarnado pode folhear a memória de um encarnado, sem que este tenha disso consciência e lembrar-lhe fatos de há muito esquecidos. Quanto aos pensamentos abstratos, por isso mesmo que existem, tomam corpo para impressionar o cérebro; tem de agir naturalmente sobre este e, de certo modo, gravar-se nele. Ainda neste caso, como no primeiro, parece perfeita a semelhança entre os fatos da Terra e do espaço”. Entendido este ponto, Kardec acrescenta: “Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre aqueles outros como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento como o ar nos traz o som. Pode-se, pois, dizer, com verdade, que há ondas nos fluidos e radiações de pensamento, que se cruzam sem se confundirem, como há, no ar, ondas e radiações sonoras. Ainda mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico como num espelho, ou, então, como essas imagens de objetos terrestres que se refletem nos vapores do ar, tomando aí um corpo e, de certo modo, fotografando-se (...). É assim que os mais secretos movimentos da alma repercutem no invólucro fluídico. É assim que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos corporais. Estes veem as impressões interiores que se refletem nos traços fisionômicos: a cólera, a alegria, a tristeza; a alma, porém, vê nos traços da alma os pensamentos que não se exteriorizam”. Salienta Kardec que “embora vendo a intenção e pressentindo a execução do ato consequente, não pode determinar o momento em que será executado; seus pormenores; nem afirmar que pode se realizar; por estar sujeito a: 1- circunstâncias posteriores; 2- ao livre arbítrio da pessoa e, 3- acima de tudo, a uma Vontade Superior que pode, em sua sabedoria, permitir-lhe a revelação ou impedi-la; caso em que um véu impenetrável é lançado sobre a mais perspicaz percepção psíquica”.

 Esta questão, que vamos responder agora, sobre “curas e cirurgias no Espiritismo” foi trazida pelo nosso, Antonio Carlos.

 Curas espirituais é um tema muito valorizado no meio religioso, e por várias razões. Primeiro, porque todo mundo fica doente e todo mundo precisa de cura; segundo, porque a chamada medicina espiritual é tão antiga quanto a humanidade e, portanto, durante milênios foi a única que existiu de fato; terceiro porque a fé é um importante componente nos processos de cura, mesmo que essa cura seja promovida pela medicina convencional; e quarto porque a medicina tem suas limitações.
Para muitos doentes – particularmente aqueles que já foram desenganados pelos médicos – a única esperança é Deus que, na ação prática no campo da fé estaria representado pelos Espíritos, pelos santos da Igreja, por Jesus, pelos orixás ou pelo Espírito Santo, dependendo da crença e da necessidade de cada um. Além do mais, existem os problemas relacionados com o atendimento médico na rede pública, como a pobreza e com a fome.
 É claro que o Espiritismo não podia ficar ausente desta problemática social e humana, ainda mais quando reconhece que existem fenômenos autênticos de cura, que a doutrina não atribui a milagres ( diferentemente do que acontece com as religiões), mas a intervenções naturais e a faculdades específicas de médiuns e que se devem à intervenção de Espíritos ligados à área da saúde. Todavia, como Jesus no seu tempo, o Espiritismo não veio para resolver esse tipo de problema, mas para ajudar as pessoas no seu desenvolvimento espiritual, sabendo que todos vão morrer um dia.
 A cura – que pode ser mais bem entendida como melhora ou afastamento temporário do problema, ou mesmo adiamento da morte  – não é um fato isolado. Tanto quanto a enfermidade, ela vem em razão da necessidade da pessoa no seu crescimento espiritual , pois, para o Espírito, mais importante que a cura do corpo ( que é passageira, transitória) é a cura da alma, porquanto a vida continua. Este é o papel da doutrina. Por isso mesmo, não é raro acontecer de o paciente que vem ao centro à procura de cura, acabar por se entusiasmar com a Doutrina.
 Era isso que Jesus fazia no seu tempo para propagar sua mensagem. Curar os enfermos não era lhes dar apenas uma trégua ou um alívio ( já que o corpo iria morrer mais cedo ou mais tarde), mas trazê-lo à verdade superior, que é o amor ao próximo, que é a prática do bem e a consciência de que esta vida é passageira, que logo não estaremos  mais aqui. Em razão disso é que o centro espírita pode se dedicar a cura do corpo, mas não deve vê-la como sua meta principal. A cura da alma é sua meta.
 Existem fenômenos cura? Existem cirurgias espirituais? Sim, existem, porque são fenômenos que podem ocorrer sob determinadas condições em que a Espiritualidade pode agir. Mas o Espiritismo não faz promessas de cura, não pode prever ou garantir nada nesse sentido. O fundamento da mediunidade está n’O LIVRO DOS MÉDIUNS, de Allan Kardec, onde Kardec aponta os cuidados que se devem tomar nesse sentido, chamando a atenção para a existência da fraude e do charlatanismo com que os mal intencionados iludem e exploram pessoas de boa fé.
 Há no meio espírita, contudo, uma forte residência ao uso de instrumentais cirúrgicos em determinados grupos, quando se quer que a operação se pareça com uma cirurgia praticada em hospitais. Ora, se as cirurgias podem ser realizadas espiritualmente ou sem intervenção de mãos humanas, não há porque os médiuns venham a se expor a tais exibições (proibidas por lei), mesmo que seja apenas para convencer o público da legitimidade do procedimento.
  Tempos atrás, ouvindo entrevista de um destacado cirurgião brasileiro – que, inclusive, ocupou o cargo de Ministro da Saúde num dos governos anteriores – o repórter lhe perguntou se acreditava em curas espirituais.  Ele respondeu que não era uma pessoa religiosa, embora respeitasse todas as religiões, mas que – pelo contrário – era um homem cético, um cientista –contanto, acrescentou que, em sua longa experiência médica, sempre deparou com um ou outro caso de cura, para o qual  a medicina não tinha explicação.

















Nenhum comentário:

Postar um comentário