Esta questão é um tanto ampla e sobre ela cabem algumas considerações. Precisamos deixar claro que não é papel do
Espiritismo se dedicar a cura de doenças, apesar de existirem médiuns de cura
ou grupos espíritas que se dedicam especificamente ao tratamento de doentes.
Primeiro, porque, na concepção espírita, a doença pode significar a “cura do
espírito”, ou seja, a doença vem em consequência de uma necessidade do espírito
no seu caminhar, através das reencarnações, para obter uma condição melhor no
futuro.
É muito difícil para a
família – e, principalmente, para os pais – aceitar e conviver com uma situação
em que tenham filhos com esse tipo de problema, sem questionarem o porquê e sem
sofrerem as angústias que advêm da inconformação e mesmo da revolta,
principalmente nos primeiros momentos. Isso vai acontecer mais entre os pais
que não acreditam na reencarnação e que, por isso mesmo, crendo que a vida é
única, sentem-se preteridos por Deus em relação aos outros pais.
Em segundo lugar, chamamos
“cura” a uma alteração mais ou menos profunda de um quadro clínico (físico ou
mental), a que chamamos doença ou enfermidade. Desse modo, há curas e curas. Há
curas que apenas atenuam os sintomas, deixando-os mais leves e mais suportáveis,
e há outras que podem fazer desaparecer por completo os sintomas, mesmo que
seja temporariamente. Afinal, você há de convir conosco que nenhuma cura, por
mais extraordinária que seja, pode nos livrar da morte.
No entanto, as doenças não
ocorrem por acaso. Como diz Allan Kardec, elas decorrem da imperfeição do corpo
(quando a doença é física) e da imperfeição da alma (quando é psicológica ou
mental). Há espíritos, que reencarnam com certas limitações ou imprecisões
fisiológicas, por causa de abusos cometidos no passado e outros porque eles
mesmos sentiram necessidade de experimentar, enquanto encarnados, esse tipo de
experiência. Tanto assim que há pacientes calmos e outros impacientes e
revoltados. Em todos esses casos, os pais têm um papel fundamental e terão um grande
avanço espiritual se souberem agir com amor e dedicação.
Além do mais, precisamos
ter mente que existe uma diferença entre doença mental e deficiência mental,
segundo a classificação científica. O deficiente é aquele que já nasce com
limitações mentais (como é o caso da Síndrome de Down) e, ao longo da vida, ele
vai conviver com esse problema, apesar dos cuidados que lhe podem ser
proporcionado pela família, pela escola e pela sociedade. Já o doente mental é
aquele que manifesta a doença durante a vida – caso da esquizofrenia - que pode surgir numa determinada idade, geralmente
com transtornos de comportamento.
No entanto, qualquer que
seja a raiz do problema, por deficiência ou por doença, o tratamento espiritual
do paciente é sempre oportuno, ao lado da terapia médica e psicológica, é
claro. Enquanto a medicina trata das causas aparentes da enfermidade, por
insuficiência ou deficiência no funcionamento do cérebro, o Espiritismo busca
atingir as causas espirituais mais profundas, mas sem compromisso de cura,
porque isso depende da trajetória de cada Espírito. O tratamento espirita é
feito através de passes, água fluídica e preces. Há casos em que as melhoras
são bem significativas.
Podemos considerar, ainda,
que as providencias terapêuticas e educacionais, que hoje já podemos dispensar
aos pacientes psiquiátricos e deficientes mentais, são muito importantes para o
Espirito. Elas vem ao encontro de suas necessidades, pois toda melhora ou toda
cura obtida numa encarnação vai refletir na sua condição espiritual,
estimulando os centros nervosos do períspirito para equacionamentos futuros.
Portanto, cara ouvinte, em
relação à cura, nem a medicina, nem o Espiritismo podem dizer o que será
possível atingir. Cada situação depende de uma série de fatores e providências,
mas nunca podemos descartar o valor da fé da família e o empenho de todos para
facilitar o acesso de tratamentos médicos e espirituais que vão ajudar o
paciente, algumas vezes, aliviando sua carga de aflição e trazendo conforto para
todos.
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