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sábado, 5 de fevereiro de 2022

A VOLTA DO TAXISTA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Faltava pouco para as 20 horas do dia 17 de fevereiro de 1975, na cidade de Apucarana, Paraná, quando o motorista de táxi João Reis de Andrade, um senhor de 61 anos, pegou uma corrida solicitada por três passageiros até Campo Mourão, localidade 130 quilômetros distante. Embora não costumasse pegar corridas à noite, muito menos quando a esposa não estava em casa (e ela havia se deslocado com umas das filhas para São Paulo a fim de visitar uma cunhada que perdera o filho recentemente), o Sr. João aceitou esta e, antes de partir, passou em casa para avisar aos filhos, informando que não se preocupassem, pois os passageiros eram conhecidos, quando, na verdade, nunca os tinha visto. Ao se aproximar do destino, porém, apesar das súplicas do Sr. João, um dos passageiros o matou violentamente a golpes de faca com a concordância de outro, escondendo o corpo em sítio próximo a Campo Mourão, em uma plantação de soja, com a qual o cobriram já sem vida. Tudo aconteceu antes das 24 horas daquele dia 17 e o corpo só seria encontrado no dia 19 sendo sepultado no dia 20. Espírita desde 30 anos antes, o senhor João pouco tempo antes do seu desenlace, dizia que já cumprira seu dever, começando a preparar a família, falando que não completaria seus 62 anos, desencarnando realmente dois meses antes. A esposa Benedita que lhe compartilhava os ideais em torno do Espiritismo, e os dez filhos que foram educados sob a mesma influência, embora abalados com a crueldade dos bandidos, não se entregaram à revolta e, sempre que possível, iam à Uberaba, Minas Gerais, na expectativa de obter informações através de Chico Xavier. Dezessete meses depois, em meio às cartas recebidas por Chico na reunião de 9 de julho de 1976, chegavam, por fim, as tão esperadas notícias do senhor João. Como atravessou o traumatizante momento, o que ocorreu logo após, qual seu sentimento diante da violência sofrida, como interpreta os fatos com base nos conhecimentos que o Espiritismo lhe deu, são alguns dos pontos que destacamos da emocionante carta que escreveu através de Chico Xavier: -“Sempre disse, em casa, que Deus me faria uma benção se tivesse de deixar o meu corpo em serviço, e aconteceu como eu previa. Aqueles nossos estudos e comentários em torno de prece e reencarnação, me auxiliaram nos momentos mais duros de atravessar. Penso que não deveria tocar no assunto, mas tenho consentimento para isso porque não desejo pensamentos de mágoa contra ninguém. Aqueles dois companheiros no carro não seriam os executores das Leis de Deus? O carro era meu instrumento de trabalho, a riqueza do pai de família, simples e feliz, que sempre fui. Naturalmente, quando me senti despojado da máquina que valia tanto e que me ajudava a sustentar a família, quis reagir, reclamar... Hoje, não tenho memória para dizer os detalhes da ocorrência, mas lembro-me de que um golpe me retirou qualquer faculdade de reação. Orei, reclamando vocês todos, esposa querida e filhos meus! Sabia, porém, que havia soado a hora, a hora que ninguém espera e sempre chega... Tentei pedir clemência e dizer que entregava tudo, mas me poupassem a vida, no entanto, a voz não saía mais. Notei que mãos vigorosas me deitavam numa plantação que me oferecia repouso. No íntimo, sabia que não me achava distante de Campo Mourão, no entanto, a situação em que me achava, não me permitia senão apelar para Deus e seus mensageiros, porque por dentro de mim, adivinhava que o corpo era uma vestimenta que não mais me serviria para o trabalho. Adormeci pensando na família, e procurando esquecer qualquer sentimento que me azedasse as ideias.

Antonia Rodrigues, questiona o conteúdo de um romance que acaba de ler. O livro trata de fatos, que teriam acontecido na época da Inquisição Religiosa, e a autora aproveita para tecer muitas críticas à Igreja. Segundo Antonia, a forma incisiva, como são feitas essas críticas, extrapola os princípios de respeito e de caridade que devemos ter em relação aos erros do próximo. Desse modo, ela acha que o livro fere um princípio da Doutrina Espírita, e quer nosso comentário.


Antonia, não lemos e, portanto, não conhecemos essa obra. Confiamos, no entanto, nas suas observações, porque sabemos que você é uma grande leitora das obras espíritas e que usa o bom senso para fazer seus comentários. No caso que você nos coloca, é claro que o Espiritismo nos recomenda o espírito crítico ao lado da moderação. Quem somos nós para ficar atirando pedras nos erros, que achamos que foram dos outros, quando podem ter sido de nós mesmos? Quem pode assegurar que nós, os espíritas de hoje, não estávamos na Inquisição, muitas vezes fazendo as vezes de delatores, e levando muita gente à fogueira?


De fato, você tem razão. Não podemos ficar aí nos arvorando de bonzinhos ou santos, diante dos erros históricos dos quais certamente participamos. Não endossamos erros de ninguém, muito menos os nossos. Houve erros clamorosos na História da Humanidade e a Inquisição, sem dúvida, foi um deles. Entretanto, hoje, a própria Igreja está reconhecendo isso e, aos poucos, deixando claro que situações como aquelas não podem mais se repetir – nem por parte da igreja, nem por qualquer outra instituição religiosa. Agora mesmo, o papa está visitando países do Oriente Médio e pregando a paz entre árabes e judeus, condenando a intolerância e a violência, que são perpetrados em nome de Deus.


Além disso, se a nossa crítica for muito contundente, com certeza, vamos ferir suscetibilidades, principalmente por parte dos leitores que professam outras religiões. Afinal, a obra espírita é para todo mundo e não só para os espíritas. Ela deve ter o condão de esclarecer e de se mostrar o bastante confiável, do ponto de vista moral, para receber a devida consideração. Uma obra, que se preocupa apenas e tão somente em atacar e explorar pontos fracos dos outros, nunca será vista com imparcialidade, imparcialidade que ela mesma suscita, na medida em que se compraz mais em destruir do que em construir.


Sua intervenção foi muito oportuna. Gostaríamos que todos os ouvintes, que encontrassem alguma impropriedade em obras psicografadas, entrassem em contato conosco, colocassem os problemas, pois a leitura do espírita deve ser sempre uma leitura crítica – não no sentido de criticar para ferir, mas de apontar os problemas para encontrar uma melhor solução. Contamos, portanto, com a participação dos ouvintes, que quiserem nos enviar comentários sobre as obras.



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