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sábado, 17 de outubro de 2020

AURA; MAGNETISMO, EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


 


  Antônia Maria Rodriguem pediu que falássemos sobre o conhecido episódio em que Jesus expulsa os mercadores do templo. Ela diz que não pode concordar com o fato de que Jesus tenha agredido fisicamente aqueles homens, mesmo não concordando com eles. Não era do feitio de Jesus qualquer ato de violência, pois sua doutrina pregava o amor até mesmo aos inimigos, e a violência foi o que ele mais condenou. Desse modo, A Antônia acha que houve um exagero dos evangelistas ao descrever aquela cena.

  Este episódio é tratado pelos quatro evangelistas, Antônia, mas o evangelho de João parece o mais contundente, pois ele diz assim: “Estava próxima a páscoa dos judeus, quando Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombos, e os cambistas assentados. E tendo feito um chicote de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas, e espalhou o dinheiro dos cambistas; e derrubou as mesas. E disse aos que vendiam pombos: Tirai estes daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de venda.”

  Não poderíamos esperar perfeição nos relatos dos evangelistas. Eles todos eram apenas discípulos ou seguidores de Jesus, e seus escritos se baseiam tanto em relatos contados por testemunhas presenciais, como em histórias que se espalharam a respeito de Jesus.  Além do mais, os evangelhos não foram escritos por Jesus e nem mesmo no seu tempo, mas muitos anos depois de sua morte. Naquela época muito pouco se escrevia e quase tudo o que se sabia aprendia-se da boca do povo.

Por isso mesmo, Allan Kardec, logo na introdução de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, afirma que de Jesus só podemos ter certeza daquilo que ele ensinou – ou seja, de sua doutrina moral, fundamentada na lei do amor -, pois os fatos não eram registrados imediatamente, predominando o que hoje chamamos de “tradição oral” – isto é, os acontecimentos eram passados de boca em boca, sofrendo com isso muitas alterações e exageros ou mesmo se ajustando à forma usual das histórias contadas pelo povo dentro da tradição judaica.  Eis porque a atenção do Espiritismo se concentra na doutrina de Jesus e não propriamente nos fatos de sua vida.

Evidentemente, sair chicoteando pessoas era prática que Jesus condenava. Daí não podermos considerar que as palavras de João retratem a realidade daquele momento com precisão. O que presumimos ter ocorrido, naquelas circunstâncias, é Jesus se manifestando energicamente contra o comércio à porta do templo, usual na época, verificando que as pessoas estavam ali para obter lucros financeiros e não para exercitar virtudes morais. Eram comercializados, inclusive, os animais que seriam sacrificados no cerimonial do templo.

Fazia parte de seus ensinos criticar os excessos que ocorriam no meio religioso, inclusive a violência que se praticava contra os animais sacrificados – e tudo isso em nome de Deus. Como sempre, a religião estava servindo mais aos interesses materiais do que propriamente às necessidades do povo, que buscava compreender as leis de Deus, inclusive as razões de seu próprio sofrimento. Atitudes de rebeldia era comum em Jesus, mas sem violência e sem comprometimento com o mal.  Nesse episódio do templo, mais uma vez,  ele se insurgia contra as práticas que vinham ocorrendo há séculos, e que desvirtuavam  a finalidade da religião.

Como sabemos, Antônia, relatar um fato nunca é coisa muito fácil, por mais simples que seja esse fato. Como não somos máquinas - mas seres humanas guiadas por idéias, desejos, aspirações e sobretudo por estados emocionais -  cada um que conta o mesmo fato sempre coloca na narrativa o seu toque pessoal, dando destaque ao que parece mais importante. Haja vista que dos quatro evangelistas, que contam este mesmo episódio, somente João se refere ao chicote; os outros não.

Do nosso ponto de vista, o chicote, tanto quanto a derrubada das mesas e a expulsão violenta dos mercadores, são figuras de linguagem que nos ajudam a entender o efeito moral causado pelas palavras firmes e incisiva de Jesus, como verdadeiras chicotadas,   ao criticar a presença do comércio no templo, que deve ter repercutido fundamente nas pessoas como manifestação de inconformismo e intolerância.  
















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