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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

O CASO FRANCISCO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

A morte pôs fim aos doze anos de vida do menino Francisco, nove dos quais marcados por sofrimento atroz. Primeiro dos dois filhos de uma família boa e honesta, desde os três de idade, apesar dos cuidados afetuosos de que era cercado e dos socorros da ciência, nada foi capaz de suavizar seu contínuo sofrimento, que o atingiram. Acometido de paralisia e de hidropsia; seu corpo mantinha-se coberto de chagas, invadidas pela gangrena, fazendo que suas carnes caíssem em tiras. Muitas vezes, no paroxismo da dor, ele exclamava: -“Que fiz eu, meu Deus, para merecer tanto sofrer? Desde que estou no mundo, entretanto, não fiz mal a ninguém!”. Instintivamente, intuía que o sofrimento devia ser uma expiação; mas, na ignorância da lei do encadeamento das vidas sucessivas, não remontando seu pensamento além da vida presente, ele não se dava conta da causa que poderia justificar nele tão cruel castigo. Uma particularidade digna de nota foi o nascimento de uma irmã, justamente quando ele tinha cerca de três anos. Foi nesta época que se manifestaram os primeiros sintomas da terrível moléstia da qual deveria sucumbir. Desde aquele dia, ele passou a nutrir pela recém-nascida repulsa tal, que não podia suportar sua presença e à sua vista pareciam redobrar seus sofrimentos. Muitas vezes ele se recriminava desse sentimento que nada justificava, porque a pequena não o partilhava: ao contrário, ela era para ele suave e amável. Indagava, então, de sua mãe: -“Porque a vista de minha irmãzinha me é tão penosa? Ela é boa para mim apesar de não poder impedir-me de a detestar”. Apesar disso, não suportava que lhe fizessem o menor mal, nem que a magoassem; longe de se alegrar com suas penas, afligia-se quando a via chorar. Era evidente que dois sentimentos nele se combatiam; compreendia a injustiça de sua antipatia, mas seus esforços para superá-la eram impotentes. Esse o assunto incluído na REVISTA ESPÍRITA de maio de 1867, por Allan Kardec, possibilitando várias reflexões sobre o tema. A base, uma série de comunicações obtidas por uma amiga da família, pela qual, por sinal, ele era muito afeiçoado. Entre as várias manifestações, duas foram destacadas pelo teor, que fornecia elementos para entender-se não só o motivo de suas vicissitudes, bem como o incompreensível conflito em relação à irmã, detestando-a e, ao mesmo tempo, protegendo-a. Numa dessas mensagens extravasou: -“Pequei, sim!. Sabeis o que é ter sido assassino, ter atentado contra a vida de seu semelhante? Não o fiz pela maneira que os assassinos empregam, matando rápido, com uma corda ou com uma faca ou qualquer outro instrumento. Não, não foi dessa maneira. Matei, mas matei lentamente, fazendo sofrer um Ser que eu detestava!. Sim, detestava esta criança que julgava não me pertencer!. Pobre inocente!. Tinha merecido esta triste sorte? Não, meus pobres amigos, não tinha merecido ou, pelo menos, não me cabia fazê-la sofrer esses tormentos. Entretanto eu o fiz, e eis porque fui obrigado a sofrer como vistes”. Noutra ocasião, perguntado sobre a antipatia pela irmãzinha, explicou que “não o sabia no estado de vigília, sem o que seu tormentos teriam sido cem vezes mais horríveis; tão horríveis quanto tinham sido na Vida Espiritual, em que a via incessantemente. Mas credes que meu Espírito, nos momentos em que estava desprendido, não o soubesse? Era a causa de minha repulsa.; e se me esforçava por combate-la, é que instintivamente sentia que era injusta. Eu não era ainda bastante forte para fazer bem àquela que eu não conseguia evitar de detestar, mas não queria que lhe fizessem mal: era o começo de reparação”. Noutro ponto, dirigiu-se aos pais: -“Meus bons pai, uma palavra de consolação. Obrigado! Oh, Obrigado!, a vós que me ajudastes nesta expiação e que carregastes uma parte. Suavizaste, tanto quanto de vós dependia, o que havia de amargo em meu estado. Não vos magoeis: é coisa passada; estou feliz, eu vo-lo disse, sobretudo comparando o estado passado com o presente. Amo-vos a todos; agradeço-vos; beijo-vos; amai-me sempre. Encontrar-nos-emos e, todos juntos, continuaremos esta vida eterna, procurando que a vida futura resgate inteiramente a vida passada”. Francisco E. 


Wilson Rocha, do Bairro Salgueiro, disse ter ouvido, na Cultura, uma frase que lhe chamou a atenção e que dizia o seguinte: “No princípio era a música; e a música era Deus”.


Wilson, não sabemos quem disse isso, mas sabemos que o autor dessa frase parafraseou João Evangelista que, por sua vez, escreveu “No princípio existia o Verbo. E o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Dos apóstolos de Jesus, João o que atingiu idade mais avançada. Dizem que ele viveu mais de 100 anos. João foi o único dos 4 evangelistas conhecidos que se apoiou na filosofia, quando falou de Jesus. Nos seus escritos vemos muito da filosofia grega, especialmente de Platão, e ele foi, por sinal, quem escreveu o último dos quatro evangelhos, cuja elaboração deve ter ocorrido entre o final do primeiro século e o início do segundo. Para se situar, esclarecemos que: o século 1º foi do ano 1 ao ano 100, e o segundo século, do ano 101 ao ano 200 de nossa era.


O verbo, de que fala João, é a palavra. A palavra (falada ou escrita) tem um sentido amplo, porque ela encerra um pensamento e uma vontade. João quis dizer que a obra de Deus é a manifestação da sua vontade, ou de sua palavra, e que – pela sua beleza, majestade e perfeição – o verbo ou a palavra pode ser confundido com o próprio Deus. A pessoa que você cita, Wilson, inspirou-se portanto em João, apenas trocando a palavra “Verbo” pela palavra “Música”, naturalmente quer mostrar a majestade da música, que é uma das manifestações do belo ou da beleza, também considerado um atributo de Deus.


Logo, isso faz sentido, Wilson, até porque, ao pensarmos em Deus, o que nos vem à mente é a perfeição, e a perfeição engloba tudo que é sublime: a Beleza, o Amor, a Verdade e a Justiça nas suas mais elevadas expressões. Se podemos dizer que o Verbo era Deus, podemos afirmar que a Beleza, ou o Amor, ou a Verdade, ou a Justiça também são Deus. É o que pudemos entender da frase que você nos enviou. E obrigado pela mais esta participação.


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