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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

O DEPOIMENTO ESPONTÂNEO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

As reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, seguiam um roteiro que compreendia variados estudos conduzidos por Allan Kardec, analisando em conjunto com os demais integrantes questões recebidas de várias regiões da Terra, outras propostas a Espíritos evocados além de comunicações espontâneas, atendendo a programação elaborada pelos Espíritos responsáveis pelo objetivo pretendido, ou seja, a geração de um banco de dados que dessem consistência à proposta do Espiritismo. Os resultados sempre foram publicados na REVISTA ESPÍRITA. No número de dezembro de 1859, por exemplo, uma das mensagens psicografadas por um dos médiuns presentes na noite de 20 de setembro daquele ano, surpreendeu pelo seu teor e, em segundo lugar, pela autoria. Dizia o texto: -“Pedi a Deus que me deixasse vir um instante entre vós, para vos dar o conselho de jamais ter disputas religiosas. Não digo guerras religiosas, pois os tempos estão agora muito adiantados para isso. No século em que vivi, isto era uma desgraça geral, e eu não pude evita-la. A fatalidade arrastou-me, e eu empurrei os outros quando deveria tê-los retido. Assim tive a minha punição, a princípio na Terra e há três séculos que espio cruelmente o meu crime. Sede mansos e pacientes para com aqueles a quem ensinardes. Se a princípio não querem vir a vós, virão mais tarde, quando virem a vossa abnegação e o vosso devotamento. Meus amigos, meus irmãos, nunca seria demais vos recomendar, nada há realmente de mais horrível do que a gente se estraçalhar reciprocamente, em nome de um Deus clemente, em nome de uma religião santa, que não prega senão a misericórdia, a bondade e a caridade!. Em vez disso, a gente se mata, se massacra a fim de forçar as criaturas que se quer converter a um Deus bom, conforme se diz. Em lugar de acreditar em vossa palavra, os que sobrevivem se apressam em vos deixar, em se afastarem, como se fosseis animais ferozes. Sede bons, eu vô-lo repito, e sobretudo cheios de amenidade para com aqueles que não creem como vos”. A assinatura era de Carlos IX, o mandatário que autorizou o massacre havido na França na noite de 24 de agosto de 1572, conhecido historicamente como Noite de São Bartolomeu. Sua responsabilidade, contudo foi parcial, segundo se apura em mensagem do Orientador Espiritual Emmanuel, através do médium Chico Xavier, contida no capítulo 4 do livro O ESPINHO DA INSATISFAÇÃO (feb), de autoria de Newton Boechat. Isto porque a mentora do sinistro plano foi um grupo que cercava sua mãe, a rainha Catarina De Médicis, mais precisamente, uma conselheira de nome duquesa de Nemours. Pretendiam situar a França católica no nível dos países que alcançaram destaque perante o poder central da maior estrutura religiosa do Ocidente à época pela instituição do Tribunal do Santo Ofício, a famigerada Inquisição. O meio era o extermínio dos seguidores do nascente Protestantismo, aproveitando-se da grande concentração deles na capital francesa, ante o casamento politicamente arranjado entre Margot, a filha da rainha, com Henrique de Navarra, adepto da nova corrente religiosa. Pressionado pela ardilosa mãe, que o perturbava e subjugava, Carlos IX, assinou o documento a ele levado. Sua inesperada manifestação na reunião da noite citada, suscitou em Kardec o interesse em entrevistá-lo, o que o fez, obtendo entre outros, os seguintes esclarecimentos: 1- Expiava suas faltas pelo remorso; 2- Depois da existência como Carlos IX, tivera uma, reencanado como um escravo das duas Américas, sofrendo muito, reconhecendo, porém, que tal experiência adiantou-lhe a evolução; 3- Que sua mãe sofreu também, encontrando-se em outro Planeta onde desempenha uma vida de devotamento; 4- Que, a exemplo de Luiz IX, Luiz XI, poderia escrever mediunicamente sua história; 5- Comprometia-se a fazê-lo oportunamente. Para os que querem conhecer um pouco dos bastidores desse pedaço da História mundial, basta ler NAS VORAGENS DO PECADO(feb), do Espírito Charles pela médium Yvonne Pereira, o início da trilogia completada por O DRAMA DA BRETANHA (feb) e O CAVALHEIRO DE NUMIERS(feb) ou A NOITE DE SÃO BARTOLOMEU, escrita pelo Espírito Rochester pela médium Wera Krijanovski.



Eis um comentário de leitor, que encontramos num jornal: “Observando toda essa movimentação do Vaticano para a escolha do novo papa, tenho a impressão que toda religião quer ter a posse exclusiva de Deus. Todas dizem que são inspiradas pelo Espírito Santo e que o caminho da verdade é o seu. É como se Deus estivesse ali, apenas com eles ( neste minúsculo e insignificante planeta), e com mais ninguém; como se tudo girasse em torno de seus interesses e não houvesse mais nada neste gigantesco universo com que Deus não pudesse se ocupar. “


Interessante e oportuno comentário. Essa busca ansiosa de seu deus, a que se refere o leitor, é que levou o homem de todas as épocas a criar as diversas religiões e estabelecer os mais diferentes ritos de adoração. Mas essa diversidade é natural, até porque vivemos de povos diferentes, somos individualmente diferentes, temos diferentes opiniões a respeito de uma mesma coisa e, em vista disso, apontamos diferentes caminhos, mas, no fundo, desejamos atingir a mesma meta, Deus. Tudo na vida é assim, pois somos seres relativos, imperfeitos. Desse modo, essa pretensão de ter a verdade, que existe em todos, é perfeitamente compreensível, pois é perfeitamente humana.


É assim que a Doutrina Espírita entende. Por isso, o Espiritismo respeita todas as religiões, todas as formas de crer. E não só as respeita, mas defende o direito de cada um seguir a religião que mais atende às suas necessidades e anseios. Quando uma religião fala em Deus, ela não só busca a presença divina, mas sente Deus participando de suas atividades. Quando uma pessoa, de qualquer religião, pensa em Deus e ora pedindo ajuda, ela sente Deus junto dela. Foi o que Jesus ensinou. Para isso, a pessoa não precisa estar num determinado templo ou num lugar muito especial. Ela pode se encontrar em qualquer lugar, porque Deus não está aqui ou ali, mas no coração daquele que ora com fé e boa intenção.


Deus, para nós, é a irradiação permanente do Bem que envolve toda a sua obra, e de que todos precisamos para continuar vivendo, aqui ou no mundo espiritual, pois a vida é permanente. Fazendo uma grosseira comparação, Deus é como o Sol, que brilha nas alturas, e que atinge com seus raios, ao mesmo tempo, tanto o cume da mais elevada montanha como o minúsculo grão de areia no vale mais profundo da Terra. É por isso que se diz que “o sol é para todos”. Assim, também, Deus é para todos. Na relação com Deus, portanto, o que vale é a sinceridade do coração, como Jesus recomendou, quando ensinou seu povo a orar.


Por isso, na verdade, não é que as religiões sejam as donas de Deus, mas o contrário: Deus é que dono de tudo e de todos. É dele a razão da vida. Ele é a origem e a finalidade de tudo que existe. Não importa que nosso planeta seja pequenino e aparentemente insignificante no panorama infinito do universo. Nada escapa à presença de Deus, nem mesmo as realidades que desconhecemos e nas quais o conhecimento humano está longe de penetrar. O grande equívoco de todos nós – geralmente quando nos dirigimos a Deus – é pensar que, diante Dele, temos algum privilégio especial em relação a todos seus filhos.

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