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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

O PODER DA VONTADE SOBRE AS PAIXÕES ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 O caso é relatado por Allan Kardec no número de julho de 1863 da REVISTA ESPÍRITA. Conta ele: -“Um rapaz de vinte e três anos, o Sr. A..., de Paris, que se iniciou no Espiritismo dois meses antes, captou o seu alcance com tal rapidez que, sem nada ter visto, o aceitou em todas as suas consequências morais. Dirão que isto não é de admirar da parte de um jovem, e não prova senão uma coisa: a leviandade e um entusiasmo irrefletido. Seja. Mas prossigamos. Esse moço irrefletido, como ele próprio reconhece, tinha um grande número de defeitos, dos quais o mais saliente era uma irresistível predisposição para a cólera, desde a infância. Pela menor contrariedade, pelas causas mais fúteis, quando entrava em casa e não encontrava imediatamente o que queria; se uma coisa não estivesse no seu lugar habitual; se o que tivesse pedido não estivesse pronto em um minuto, enfurecia-se e tudo quebrava. Era a tal ponto que um dia, num paroxismo de cólera, explodindo contra a mãe, disse-lhe: “Vai-te embora, ou eu te mato!” Depois, esgotado pela superexcitação, caía sem consciência. Acrescente-se que nem os conselhos dos pais, nem as exortações da religião tinham podido vencer esse caráter indomável, compensado, aliás, por uma grande inteligência, uma instrução cuidadosa e os mais nobres sentimentos,(...) Bastaram alguns dias para fazer desse jovem um ser meigo e paciente. A certeza adquirida da vida futura, o conhecimento do objetivo da vida terrestre, o sentimento da dignidade do homem, revelada pelo livre-arbítrio, que o coloca acima do animal, a responsabilidade daí decorrente, o pensamento de que a maior parte dos males terrenos são a consequência de nossos atos, todas essas ideias, hauridas num estudo sério do Espiritismo, produziram em seu cérebro uma súbita revolução; pareceu-lhe que um véu foi retirado de seus olhos; a vida se lhe apresentou sob outra face. Então, certo de que tinha em si um ser inteligente, independente da matéria, disse de si para si: “Este ser deve ter uma vontade, ao passo que a matéria não a tem; portanto, ele pode dominar a matéria.” Daí este outro raciocínio: “O resultado de minha cólera foi tornar-me doente e infeliz, e ela não me dá o que me falta; logo é inútil, já que não estou mais adiantado. Ela me produz mal e nenhum bem me dá em compensação; mais ainda: poderia impelir-me a atos repreensíveis, criminosos talvez.” – Ele quis vencer, e venceu. Desde então, mil ocasiões se apresentaram que, antes, o teriam enfurecido e ante as quais ele ficou impassível e indiferente, para grande estupefação de sua mãe. Sentia o sangue ferver e subir à cabeça, mas, por sua vontade, o fazia refluir, forçando-o a descer. Um milagre não teria feito melhor. (...) Seu Espírito era responsável por sua violência, ou apenas sofria a influência da matéria? Eis a nossa resposta: Vosso Espírito é de tal modo responsável que, quando o quisestes seriamente, controlastes o movimento sanguíneo. Assim, se o tivésseis querido antes, os acessos teriam cessado mais cedo e não teríeis ameaçado vossa mãe. Além disso, quem é que se encoleriza? O corpo ou o Espírito? Se os acessos viessem sem motivo, poder-se-ia crer que eram provocados pelo afluxo sanguíneo; mas, fútil ou não, tinham por causa uma contrariedade. Ora, evidentemente não era o corpo que estava contrariado, mas o Espírito, muito suscetível. Contrariado, o Espírito reagia sobre um sistema orgânico irritável, que não teria sido provocado se tivesse ficado em repouso. Façamos uma comparação. Tendes um cavalo fogoso; se souberdes governá-lo, ele se submete; se o maltratardes, ele se enfurece e vos derruba. De quem a falta: vossa ou do cavalo? Para mim, é evidente que vosso Espírito é naturalmente irascível; mas como cada um traz consigo o seu pecado original, isto é, um resto das antigas inclinações, não é menos evidente que, em vossa precedente existência, tivésseis sido um homem de extrema violência, e que provavelmente teríeis pago muito caro, talvez com a própria vida”.


Esta questão foi formulada pela Miraide Pacheco Albero, da Casa Espírita Allan Kardec. Ela disse que tem lido nas obras espíritas casos de encarnações planejadas pelos Espíritos, como é o caso de Segismundo, do livro “Missionários da Luz” de André Luiz. Ela quer saber como se dão as chamadas “reencarnações compulsórias”.


Esta questão é muito interessante e oportuna e, portanto, merece reflexão. Nesse mesmo livro, MISSIONÁRIOS DA LUZ, o instrutor Alexandre esclarece André Luiz, dizendo: “ Assim como desencarnam diariamente milhares de pessoas sem a menor noção do ato que experimentam, somente as almas educadas têm compreensão real da verdadeira situação que se lhes apresenta em frente da morte do corpo”.


E Alexandre completa, dizendo: “A maioria dos que retornam à existencia corporal ... é magnetizada pelos benfeitores espirituais, que lhes organizam novas tarefas redentoras, e quantos recebem tal auxílio são conduzidos ao templo maternal como crianças adormecidas”. Observe, bem!.. Aqui, Alexandre está se referindo aos Espíritos que não participam do planejamento de sua reencarnação. Na verdade, eles não estão bastante amadurecidos ou não têm condições para isso. Por isso, são os benfeitores que planejam a encarnação para eles.


Entendemos, assim, que quando a reencarnação não pode ser planejada pelo próprio reencarnante, porque lhe falta condições para tal, ela geralmente é dirigida por Espíritos mentores, que atuam especificamente nas chamadas “câmaras reencarnatórias”. Tais Espíritos são preparados para uma nova experiência, que lhe permita desenvolver-se em algum aspecto de sua evolução. Naturalmente, são Espíritos de um nível de esclarecimento muito baixo e que, como crianças guiadas por pais ou professores, precisam de orientação quanto ao caminho que devem seguir.


As reencarnações compulsórias variam ao infinito, pois depende da condição espiritual de cada um. Nelas podemos apontar as encarnações de emergência que, como o próprio nome está dizendo, devem acontecer por causa de uma necessidade imperiosa. Muitas vezes, diferentemente das encarnações planejadas, não há tempo suficiente para estabelecer metas com antecedência, pois os Espíritos Benfeitores trabalham também com probabilidades, como são os casos em que a encarnação surge de uma gravidez indesejável, que ocorreu em virtude de um encontro casual.


No livro, EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, ao abordar casos de Espíritos de baixa condição moral, devido ao magnetismo hostil da mente, André Luiz afirma que eles são submetidos quase que inteiramente às leis da hereditariedade, mesmo porque não há tempo para qualquer ação antecipada da Espiritualidade nesse sentido, assim como acontece com a semente que cai da árvore em solo fértil e germina incontinenti. Esse aspecto é importante, porque o Espírito fica dependendo mais do direcionamento do código genético dos pais do que propriamente de si mesmo. 




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